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TOTEM E TABU
Prof. Ma. Alice Melo Pessotti
(adaptado)
2

O HORROR AO
INCESTO
O horror ao incesto
3

• Homem primitivo é contemporâneo.


• Muitos de nós ainda vivemos em meios nos quais
chamamos de selvagens.
O horror ao incesto
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• Aborígenes da Austrália.
Selvagens mais atrasados e miseráveis, segundo os
antropólogos;
Povo isolado;
Não constroem abrigos permanentes;
Não cultivam solo e animais domésticos;
Vivem da caça e raízes;
Decisões: conselho de anciões.
Duvidas sobre uma possível crença de um ser superior.

• Existe um rigoroso controle a fim de evitar o incesto.


O horror ao incesto
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• Sistema do Totemismo
A tribo é dividida em grupos menores;
Cada grupo possui um totem;
O totem mantém relação peculiar com o clã;
O totem é um antepassado comum ao clã;
É seu espírito guardião e auxiliar;
Perigosos para os outros clãs.

• Obrigatoriedade em seguir o Totem.


Evitar sanções.
O horror ao incesto
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• É herdado tanto na figura feminina quanto na


masculina.
A relação com o totem é a base das suas obrigações
sociais.

• O totem é celebrado com festivais de tempos em


tempos.
Aborígenes: Relações baseadas nas obrigações sociais,
mais que sua filiação tribal ou consanguinea.
O totem não está vinculado a um local: componentes de
vários totens
O horror ao incesto
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• Existem leis que são contra relações sexuais e o


casamento entre pessoas do mesmo Totem.
Surgimento da exogamia.
Severa obrigatoriedade em torno dessa proibição.
Dificuldades em perceber como ela passa a fazer
parte do Totem.
Acredita-se que um dia a exogamia não teve relação com
o totem.
Passou a ser vinculada ao totem diante da necessidade
das restrições matrimoniais.
Fato: ligação existe e é muito forte.
O horror ao incesto
8

• Significados dessa proibição

(A) A violação da proibição é vingada de maneira


muito enérgica pelo clã.
• Todas as violações são tratadas com repulsa e
punidas com a morte.

(B) Parece improvável que as punições sejam de


natureza prática.
O horror ao incesto
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(C) Os totens são hereditários, mas não são mutáveis


pelo casamento.

Pai (Canguru) + Mãe (Emu) = Filho (Emu)


Descendência
pela linhagem
feminina.
O horror ao incesto
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(D) A exogamia assegura que o homem não mantenha


relações sexuais com nenhuma mulher do clã.
• Todos que descendem do mesmo totem são parentes
consanguíneos.
• Formam uma família única e isso é encarado como
impedimento absoluto para as relações sexuais.
O horror ao incesto
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• Esses selvagens tem um imenso horror ao incesto.


Peculiaridade: substituem o parentesco real pelo totêmico.

• Dúvidas na análise antropológica:


Enigma da substituição da família real pelo clã totêmico.
Apesar disso, existe certo grau de liberdade no casamento.
• Festivais: quebra dos direitos conjugais exclusivos entre
homem e mulher.
Proibição do incesto seria incerta, portanto, necessidade de
uma base mais ampla.
O horror ao incesto
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• Os termos indicam que as relações eram grupais.


Denominação de “pai” e “mãe” seriam destinadas a
todos aqueles que poderiam ter gerado essa criança, de
acordo com a lei tribal.
Casamento em grupo.

• O parentesco dos australianos não indicariam


consanguinidade, mas relacionamentos sociais.
Nós: amigos dos pais são tios.
O horror ao incesto
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• O casamento em grupo precedeu o casamento


individual.

• A exogamia totêmica parece ter sido um meio


eficiente de impedir o incesto grupal.
Esta não é a única proibição: a maioria das tribos
foram divididas em frátrias.
O horror ao incesto
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• Frátrias:
Exógama;
Abrange certo número de clãs totêmicos;
Sub-divididas em duas subfratrias e 6 clãs
totêmicos.
O horror ao incesto
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a b

c d e f

a b c d e f 1 2 3 4 5 6
O horror ao incesto
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• O objetivo destas disposições foi afastar mais ainda a


possibilidade do incesto.
Resultado de uma legislação intencional que aparece com o
intuito de prevenir o incesto diante do declínio do totem.

• O sistema de classes matrimoniais foi tomado pela


igreja católica.
Proibir o incesto natural e de grupo.
Proibir o casamento entre grupos de parentes mais
distantes.
O horror ao incesto
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• Os povos primitivos são mais cuidadosos com a


prevenção do incesto.
Mais tentados a cometê-lo.

• Também existe um cuidado com a relação entre os


parentes próximos.
Cunho religioso.
O horror ao incesto
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• Questões edípicas estão envolvidas nas relações.


Genro, sogra e filha.

• O incesto é uma característica infantil.


O primeiro objeto do menino são incestuosas: a irmã e a
mãe.
Enquanto cresce, se liberta dessas ações incestuosas.
O neurótico apresenta certo grau de infantilismo
 Falhou em libertar-se das condições psicossexuais que
predominava na infância ou a elas retornou.
 Inibição ou regressão do desenvolvimento.
O horror ao incesto
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• Mulher pode tornar-se insatisfeita por causa da


monotonia de sua vida emocional.
Mãe pode se salvar disso quando identifica-se com o
filho.
Proveito psicológico que os pais tiram do filho: se
mantém jovens nele.
O horror ao incesto
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• As fixações incestuosas da libido continuam a


desempenhar papel fundamental na vida
inconsciente.

• Desejos incestuosos:
Perigos imediatos para os selvagens.
Medidas severas devem ser aplicadas.
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TABU E AMBIVALÊNCIA
EMOCIONAL
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Tabu e ambivalência emocional


• Dois sentidos do tabu: - sagrado.
- misterioso, proibido,
perigoso.
• Algo inabordável.
• Se impõem por conta própria.
Não se baseiam em fundamentos religiosos ou morais.
Diferentes das proibições morais: (a) não tem fundamento e
são de origem desconhecida; (b) São aceitas como coisas
naturais para aqueles que compartilham.
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Tabu e ambivalência emocional


• Wundt
Código de leis mais antigos do homem.
Anterior a qualquer religião.

• Classes de tabu
Resultado de poder misterioso (mana) de pessoas ou
coisas.
Comunicados (a) adquiridos ou (b) impostos por
sacerdotes, chefes.
Intermediários na apropriação de pares matrimoniais.
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Tabu e ambivalência emocional


• Objetivos do tabu.
• Tabus diretos
 Proteção de pessoas importantes;
 Salvaguarda dos fracos;
 Precaução contra perigos – cadáveres, alimentos;
 Guarda dos marcos da vida – nascimento, casamento, iniciação;
 Proteção dos humanos perante aos deuses;
 Proteção de crianças pequenas e em gestação.

• Prevenir as ações de ladrões.


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Tabu e ambivalência emocional


• Ferida ao tabu:
Punição automática pelo próprio tabu violado.
Posteriormente: poder divino.

•É a transmissibilidade do tabu que explica as


tentativas de expulsá-lo por meio de cerimônias
purificatórias.
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Tabu e ambivalência emocional


• Tabus temporários
Ligados a eventos temporários.
Menarca, parto.

• Tabus permanentes
Ligados a sacerdotes e chefes, pessoas mortas e qualquer
coisa que lhes pertençam.
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Tabu e ambivalência emocional


• Interesse:
Todas as proibições aos quais os povos estão inseridos
Submetem-se ais tabus sem saber suas origens como
algo natural.

• Razões para estudar o tabu:


Os tabus antigos estão próximos a nós;
Nossos sistemas morais estão ligados a eles;
Podem lançar luz sobre nosso imperativo categórico.
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Tabu e ambivalência emocional


• Fontes reais do tabu
Instintos humanos mais primitivos e duradouros.
Poder objetivado do poder demoníaco que acredita-se
jazer oculto em um objeto-tabu.
Proibição de qualquer coisa que possa provocar esse
poder.
Tabu adquire força própria.
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Tabu e ambivalência emocional


• Crítica de Freud à Wundt:
Wundt: Poder dos demônios pelo poder, apenas.
Freud: Wundt não remonta o conceito de tabu às suas
fontes e não revela suas raízes mais primitivas.
Medo e demônios não podem serem considerados como
as coisas mais primitivas.
Os demônios são criados/tirados de algo.
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Tabu e ambivalência emocional


• Caráter sagrado e impuro do tabu.
Influência ulteriores tornou-os diferenciados e opostos.

• Posteriormente, cisão entre veneração e horror.


Transplantação da esfera do tabu/demônios para a esfera
dos deuses.
Questão mitológica:
Sagrado X impuro – sucessão de dois períodos da
mitologia.
Objetos se tornam inferiores aos novos: objetos de
veneração tornam-se de horror.
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Tabu e ambivalência emocional


• Obsessivos - doença do tabu.
As proibições de ambos são destituídas de motivo;
São mantidos por medo;
A proibição não remete apenas a contato físico;
Proibições são deslocadas para objetos;
Se tornam intocáveis: infecção poderosa.
As proibições obsessivas envolvem renuncias e
restrições tão extensivas quanto a do tabu.
Ações são proibidas em ambas.
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Tabu e ambivalência emocional


Semelhanças
1. Falta às proibições qualquer motivo atribuível.

2. Mantidas por uma necessidade interna.

3. São deslocáveis – o proibido gera risco.

4. Criam obrigações de atos cerimoniais.


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Tabu e ambivalência emocional


• Tabus:
Distorcidos e deslocados;
As origens não são encontradas: vem da ordem
inconsciente.
Proibições impostas aos primitivos.

Violência: meio de evitar práticas aos quais haviam forte


inclinação.
Existe o desejo, mas temem a prática.
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Tabu e ambivalência emocional


• Restrições do tabu – contato
Fobias de contato.
Toque seria o primeiro meio de controle aos objetos ou
pessoas tabu.

• Transmissibilidade de tabu para objetos materiais é


reflexo da tendência da neurose em deslocar para os
objetos.
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Tabu e ambivalência emocional

• Poder do maná
Lembrança do próprio desejo e indução à proibição.
Lembrança e punição se unem.
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Tabu e ambivalência emocional


Resumindo:
1. Tabu é uma proibição primeva, imposta por uma autoridade
de dirigida contra os anseios mais poderosos dos seres
humanos.
2. Desejo inconsciente de violá-lo.
3. Poder mágico – capacidade de provocar a tentação.
4. Contágio: exemplos são contagiosos – desejo se desloca.
5. Expiação baseada na renuncia, ou seja, renúncia é a base da
obediência.
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Tabu e ambivalência emocional

• Concordância psicológica entre tabu e neuroses.


Oriundos de impulsos ambivalentes.
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Tabu e ambivalência emocional


Determinantes psicológicos do tabu:

(A)TRATAMENTO DOS INIMIGOS


• Rituais de apaziguamento, restrições e expiação diante da
morte dos inimigos.
 Temor dos fantasmas dos assassinos;
 Os tabus são advindos desse medo.
 Os impulsos que expressam para com os inimigos são
hostis;
 São manifestações de remorso, admiração e peso na consciência
por ter causado a morte do inimigo.
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Tabu e ambivalência emocional


• As restrições ao assassino serão impostas frequentemente e
com severidade.
O cheiro do sangue do inimigo traria doenças e morte.
Isolamento do homem carrasco – atual.

• Dois princípios se combinam


Extensão do tabu do homem morto a tudo que tenha
entrado em contato com ele
Medo do seu fantasma.
Ambivalência emocional para com o inimigo.
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Tabu e ambivalência emocional


B. TABU EM RELAÇÃO AOS MORTOS
• Tabu aparece no contato com os mortos e no
tratamento dos que os prateiam
 Impureza.
 Até os reis estavam condenados ao tabu.
 Violação: doenças e morte.
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Tabu e ambivalência emocional


• Os enlutados também passam por essas restrições.
Os espíritos devem ser afastados;
Tabu dos nomes: palavras são as próprias coisas.
Crianças: duas coisas tendo o mesmo sentido, o mesmo
nome.
Psicanálise: sentidos ics atribuídos aos nomes.

Pronunciar o nome da pessoa morta é manter contato com


ela.
Disfarçam-se para que o espírito não os reconheça.
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Tabu e ambivalência emocional


• Razão para tabu tão rígido.
Cadáver e sua degeneração.
Tristeza.
Medo do retorno no espírito.

• Wundt:
Pessoas queridas virariam demônios.
A morte é considerada um infortúnio – os mortos
estariam insatisfeitos.
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Tabu e ambivalência emocional


Freud - Psiconeuroses
• Sentimento de culpa e autocensura decorrente da
morte.
• Algo não deixaria o sujeito totalmente insatisfeito
com a morte.
• Suposição de tê-la ocasionado.
Amor muito grande – hostilidade escondida.
Ambivalência emocional humana.
A presença de um grau elevado nessa ambivalência
emocional seria a disposição da neurose obsessiva.
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Tabu e ambivalência emocional


• Povos primitivos
Semelhança no raciocínio.
A hostilidade é deslocada para os próprios mortos –
projeção.
Negação do sentimento de hostilidade.
A alma alimenta este sentimento e os põe em prática
no luto.
Disfarce - proteção contra os demônios.
Submetem-se a castigos e remorso, renúncia e
restrições.
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Tabu e ambivalência emocional


• Tabu se desenvolve perante uma atitude emocional
ambivalente.

• Projeção dos sentimentos hostis.


Existia o sofrimento.
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Tabu e ambivalência emocional


• Luto
Desligar dos mortos as lembranças e esperanças dos
sobreviventes.
Sofrimento diminui e, com ele, o remorso e as
autocensuras.

• Proibições do tabu
Originárias da ambivalência.
Também a consciência.
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ANIMISMO, MAGIA E
ONIPOTÊNCIA
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Animismo, magia e onipotência


• Animismo: caráter vivo a objetos inanimados.
Primitivos – animais, vegetais e espíritos ganham vida
como causas dos fenômenos naturais.
Os humanos também são compostos por espíritos: alma.
Morte – tratada como imortalidade.
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Animismo, magia e onipotência


• Alma veio acalentar dúvidas sobre fenômenos
especulativos – morte.
Wundt – produto psicológico de uma mente mitocriadora.
Animismo seria uma expressão espiritual do estado
natural do homem.

• O animismo é um estilo de pensamento.


Não é uma religião, mas contém os fundamentos sobre os
quais as religiões foram criadas.
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Animismo, magia e onipotência


• Criou-se esse sistema a partir da necessidade de
controlar o mundo.
Junto ao animismo existia um conjunto de instruções para
obter domínio sob os homens.
Ligação mágica: nome de um espírito, carne de um
animal.

• O desejo humano é o que leva à magia.


O homem primitivo está muito próximo ao seu desejo.
Realiza por meios mágicos o próprio desejo.
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Animismo, magia e onipotência


• Não há oportunidade, na fase do pensamento
animista, de apresentar qualquer prova objetiva do
verdadeiro estado de coisas.
A dúvida começa a surgir, como tendência à expressão da
repressão.
Admitem que os espíritos não podem ser evocados.
Precisa de fé.
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Animismo, magia e onipotência


• Supervalorização do pensamento.
As coisas se tornam menos importantes que o pensamento
sobre as coisas: tudo o que for feito ao pensamento das
coisas, acontecerá com as coisas.

• Pode-se dizer, então, que o princípio que dirige a


magia, a técnica da modalidade animista de
pensamentos, é o princípio da onipotência de
pensamento.
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Animismo, magia e onipotência


Onipotência de pensamentos
• Neuróticos obsessivos são supersticiosos.
 Em todas as neuroses, o que determina a formação dos
sintomas é a realidade de pensamento.
 O que ele pensa ser realidade não precisa ter concordância
com a realidade externa.
 Repetição daquilo que acontece em sua imaginação.
 O neurótico obsessivo é acometido por um grande
sentimento de culpa.
Justificativa: desejo ics de morte (que não se refere a atos intencionais).
Conjunção com o selvagem: o neurótico acredita que o grupo pode alterar o
mundo externo por simples pensamento.
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Animismo, magia e onipotência


• Atos obsessivos primários
Caráter mágico.
Afastam as desgraças – morte.
Supervalorização dos atos psíquicos
Pensamento sexualizado seria a origem da sua fé na
onipotência do pensamento, na confiança na
possibilidade de controlar o mundo.
Narcisismo intelectual e onipotência dos
pensamentos.
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Animismo, magia e onipotência


• O animismo revela a intenção de impor leis que
regem a vida mental às coisas reais.
Os espíritos e demônios são projeções emocionais.

A primeira realização teórica do homem – criação dos


espíritos – parece ter surgido da mesma fonte que as
primeiras restrições morais a que se achava o sujeito – as
observâncias do tabu.
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Animismo, magia e onipotência

Resumindo...
• Três principais características do tabu:

Animismo
Objetos animados por demônios ou espíritos;
Formação da ideia de alma – religiões.
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Animismo, magia e onipotência

Magia
Necessidade de controlar o mundo – rituais para a
produção da chuva.
Leis da natureza são substituídas pela
psicológicas – atos obsessivos tem caráter
mágico.

Onipotência de pensamentos:
Crenças nos desejos – bebês satisfazem-se por
meio de alucinações.
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Animismo, magia e onipotência


Essas características são comparadas ao narcisismo.
• Essas diferentes concepções de homem são
comparadas às fases do desenvolvimento libidinal.
Animista
 Narcisismo.
Fase religiosa
 Fase da escolha de objeto (ligação entre cças e pais)
Fase científica:
 Maturidade, renuncia do principio do prazer, ajuste à realidade e
volta para o mundo externo em busca de objetos de desejo.
Animismo, magia e onipotência
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• Totemismo seria a base da organização social de todas


as culturas.
Relações de respeito e proteção entre os integrantes do clã.
Necessidade de respeitar os tabus que protegem o totem,
sendo qualquer violação punida por doença grave ou morte.

• Semelhanças entre relações da criança e dos homens


primitivos para com animais.
Hans – sentimentos ambivalentes em relação ao pai são
deslocados para um animal.
O mesmo aconteceria com o totem – ocuparia o lugar do pai
primevo.
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Animismo, magia e onipotência


• Psiconeuroses e totemismo seriam produtos das
condições em jogo no Complexo de Édipo.
Substituto do pai, assim como na religião e na moral.

• A proibição ao incesto
Preservação da vida em grupo.
Desejos sexuais dividiram os homens.
Renunciavam as mulheres que desejavam
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Animismo, magia e onipotência


• A religião totêmica surgiu a partir do sentimento de
culpa.
Finalidade de impedir a destruição real do pai.

• Ambivalência se repete na religião.


Remorso e expressões de triunfo pelo pai.
A morte do pai da horda fez surgir um ideal que corporificava
poder ilimitado ao pai primevo.
Esse ideal seria encontrado nas religiões, em que Deus
representaria o pai glorificado e também afetaria as
organizações sociais, de forma que a sociedade voltaria a se
organizar numa base patriarcal (família).
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O RETORNO DO
TOTEMISMO NA
INFÂNCIA
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O retorno do totemismo na infância


• Totemismo
Ocupa lugar de sistema religioso dos grupos primitivos.
A cultura totêmica teria preparado o caminho para uma
civilização mais adiantada.

• Totem
Respeito ligado à superstição.
Relação intima entre homens e totens.
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O retorno do totemismo na infância


Três tipos de totem:
• Totem do clã– todos do clã possuem um totem;
herança de geração a geração;

• Totem do sexo – comum a todos do mesmo sexo.

• Totem individual – pertencente ao individuo


isolado.
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O retorno do totemismo na infância


• Totem seria semelhante a uma religião.
São tratadas como indicações de sangue, fé e crenças.
Acreditam ser descendentes dele.
O totem protege: se o totem ferir a um homem, o mesmo é
expulso do grupo.
Rituais imitativos.

União mística do selvagem com seu totem.


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O retorno do totemismo na infância


• Mas também teria aspectos sociais.
Delimitações das relações que homens e
mulheres deveriam manter uns para com os
outros e com membros de outros grupos.
Imposição feita por respeitar severamente a uma
restrição.
Membros: irmãos – ajuda mútua.
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O retorno do totemismo na infância


• Origens do totemismo
Teorias nominalistas
Necessidades dos clãs de se diferenciarem pelos
nomes.

• Teorias sociológicas
Necessidades das relações sociais, portanto, razões
práticas.

• Teorias psicológicas
Homem como ser dual, composto por uma alma.
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A ORIGEM DA
EXOGAMIA E SUA
RELAÇÃO COM O
TOTEMISMO
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 69

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Dois pontos de vista
A exogamia é inerente ao totemismo.
Não há vinculação – convergência fortuita.

• Cronologicamente, a exogamia surgiu depois do


totemismo.
Exogamia seria interditora do incesto.
Estes regulamentos fazem a marca de um desígnio
deliberado.
Estas proibições afetam as classes mais jovens.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 70

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Westermack
Aversão inata às relações sexuais entre pessoas que convivem
com muita intimidade desde à infância.
Endogamia: prejudicial à espécie (biologicamente).
A Lei proíbe ao homem de fazer aquilo que seus instintos os
inclinam.
 O essencial já está proibido anteriormente à lei.

A satisfação dos desejos seriam prejudiciais à sociedade.


 Desejo deve ser abandonado
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 71

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Solução histórica
Darwin – os homens cuidavam para que os jovens
homens não tivessem acesso às suas mulheres.
Era expulso e fazia o mesmo percurso.
Tempos depois essa lei seria instituída.
 Nenhuma relação sexual poderia ser estabelecida entre os membros
do mesmo lar.
 Depois, isso seria o totem.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 72

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• O medo das crianças em relação aos animais sofreriam
o seguinte deslocamento:
Medo do animal (menino) – medo do pai deslocado para o
animal.
Os medos demonstram medo ligado aos progenitores.
Complexo de Édipo – complexo nuclear das neuroses.
 Hans – as crianças deslocam para os animais alguns sentimentos em
relação ao pai.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 73

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Fobia das crianças
Totemismo invertido.
Exceção – Árpád
 Identificou-se com seu animal totêmico.
 Atitude emocional em relação a este.

• O sistema totêmico é produto das condições em jogo


no Complexo de Édipo.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 74

SUA RELAÇÃO COM O


Psicanálise TOTEMISMO
 O animal totêmico seria um substituto do pai.
 Fato contraditório de que a morte do animal totêmico seja
proibido, sua matança é uma ocasião festiva.
 É morto, mas é pranteado.
 Esta celebração seria a repetição e comemoração do ato criminoso (assim
como o pai da horda primeva), que foi o começo de tantas outras coisas:
Organização social, restrições morais, religião.
 Aquele que infringiu o tabu, tornava-se culpado os dois únicos crimes que
interessava à sociedade
 Morte do pai.
 Relação sexual com a mãe.
 Como a horda primeva.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 75

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO

1º. A lei tem fundamento emocional.

2º. Os desejos sexuais dividem os homens.


A ORIGEM DA EXOGAMIA E 76

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Obrigações em criar o tabu ao incesto
A organização social deve ser mantida.
Horda – surgimento do patriarcado
 Substituído pela organização patriarcal da família.

• Totemismo – primeira tentativa de religião.


Baseia-se no primeiro tabu: tirar a vida do animal totêmico.
Sistema totêmico seria um pacto com o pai.
 Imaginação infantil sobre o pai – proteção, cuidado
 Em troca – respeito à vida do pai.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 77

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
O totemismo continua a tentativa de autojustificação.
 Ajuda a amenizar a situação e torna possível esquecer o
acontecimento de sua origem.

• Religião totêmica
Sentimento de culpa.
Objetivo: diminuição do sentimento de culpa por meio de
apaziguamento com o pai.
Todas as religiões tentam dar conta disso.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 78

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• A ambivalência no complexo-pai persiste no totemismo
e religião.
A religião totêmica servia como recordação do triunfo do
pai.
 A satisfação desse triunfo leva aos rituais.
 A obediência não se mantém.

Corrente afetuosa dos sentimentos para com o pai,


transformada em remorso.
Religião e moral.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 79

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• A solidariedade incorporou a santificação na vida do
clã.
Garantiam a solidariedade entre os irmãos preservando para
que não os tratasse como o pai.
Juntou-se a proibição da religião.

• Horda do clã – torna-se hora fraterna.


A ORIGEM DA EXOGAMIA E 80

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Sociedade baseada num crime comum
Culpada pela religião;
Moralidade: exigências da sociedade e penitencia pelo
sentimento de culpa.

• Psicanálise: Exogamia e totemismo ligados e


tiveram origem simultâneas.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 81

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• De alguma forma, surge o conceito de Deus, que
assume o controle da vida.
Tudo o que quisesse sobreviver, deveria se submeter a ele.

• Totem
Primeira forma de representante paterno.

• Deus
Forma posterior, que ganha vida humana.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 82

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Ex. Pai primevo.
Ausência deixa a saudade.
Pai - poder ilimitado

• Mudança cultural
Sistema de igualdade não sustenta.
 Necessidade de hierarquia.
 Criam-se os deuses.

• A mudança com o pai vai além da religião, rumo a


uma organização social
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 83

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• As diferenças entre os pais primevos e os futuros pais
garantiu a continuidade do sentimento religioso.
Sacrifício do totem
 Atitude ambivalente: vitória do afeto do filho em relação aos
sentimentos hostis.

• Animal totêmico perde o lugar de sagrado.


Renunciado por Deus.
 Sacerdote – intermédio.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 84

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Os impulsos hostis não desapareceram
A ambivalência continua sendo uma das marcas da religião.
Sacrifício humano sendo o substituto do animal.
 Estrangeiros – deuses.

• No desenvolvimento da religião, culpa e rebeldia


continuaram.
Marcas na história, cultura e estruturas psíquicas.
Os primórdios da religião mostram o complexo de Édipo.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 85

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
• Nos neuróticos
Sentimento de culpa produz preceitos e restrições
Expiação pelos crimes cometidos
 Realidades psíquicas, nunca concretas.
A ORIGEM DA EXOGAMIA E 86

SUA RELAÇÃO COM O


TOTEMISMO
Assim...
• Baseado no mito da horda, Freud aponta que a religião
totêmica surge do sentimento de culpa.
• Essa ambivalência também aparece na religião.
 Totem: festival da refeição totêmica; sacrifício.
 Religião: comunhão; morte de Cristo.

• A morte do pai da horda faz surgir um Ideal, que mantinha


poder ilimitado ao pai.
• Na religião: Deus, pai glorificado.
 Afeta a organização social
 Família patriarcal.

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