ENQUADRAMENTO DOS POEMAS Os poemas "O quinto império" e "As ilhas afortunadas" situam-se na terceira parte da "Mensagem": "O encoberto".
A temática da terceira parte é caracterizada por:
•Um presente sentimento de sofrimento e mágoa, devido ao pensamento de que falta cumprir Portugal, e de que este precisa de uma regeneração; •O ocultismo para a criação do herói (daí o "encoberto"), que se apresenta como D. Sebastião. O herói será a figura necessária para e realizar o sonho da criação de um quinto império. AS ILHAS AFORTUNADAS Que voz vem no som das ondas Que não é a voz do mar? É a voz de alguém que nos fala, São ilhas afortunadas, Mas que, se escutamos, cala, São terras sem ter lugar, Por ter havido escutar. Onde o Rei mora esperando. E só se, meio dormindo, Mas, se vamos despertando, Sem saber de ouvir ouvimos, Cala a voz, e há só o mar. Que ela nos diz a esperança A que, como uma criança Dormente, a dormir sorrimos. AS ILHAS AFORTUNADAS - ANÁLISE ESTRUTURAL Que voz vem no som das ondas A Que não é a voz do mar? B É a voz de alguém que nos fala, C Rima interpolada Mas que, se escutamos, cala, C Por ter havido escutar. B Estrutura E só se, meio dormindo, • Três quintilhas (estrofes de cinco versos) Sem saber de ouvir ouvimos, • Rima interpolada (quatro últimos versos) Que ela nos diz a esperança • Versos de sete sílabas métricas (redondilha maior) A que, como uma criança Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas, Recursos expressivos
São terras sem ter lugar, • Interrogação retórica (1º e 2º verso); Onde o Rei mora esperando. • Metáfora (9º e 10º verso); Mas, se vamos despertando, • Anáfora (versos 1 e 2 / versos 11 e 12) Cala a voz, e há só o mar. AS ILHAS AFORTUNADAS - ANÁLISE ESTRÓFICA
"Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar? • Remete ao espírito de descobrimento escondido entre as ondas do mar, representado por D. É a voz de alguém que nos fala, Sebastião; • As restantes estrofes esclarecem que é uma voz Mas que, se escutamos, cala, críptica, e que só é audível em certos momentos; Por ter havido escutar." AS ILHAS AFORTUNADAS - ANÁLISE ESTRÓFICA
"E só se, meio dormindo,
• A voz só se percebe num período de Sem saber de ouvir ouvimos, inconsciência; Que ela nos diz a esperança • A voz fala com os portugueses, dando esperança para acreditar que Portugal voltará a fazer A que, como uma criança grandes feitos;
Dormente, a dormir sorrimos."
AS ILHAS AFORTUNADAS - ANÁLISE ESTRÓFICA • As ilhas são apenas simbólicas, e representam a "São ilhas afortunadas, grandiosidade da nação portuguesa, ou o estado em que Portugal antes teve; São terras sem ter lugar, • Menciona um rei (D. Sebastião), que espera neste Onde o Rei mora esperando. lugar; Mas, se vamos despertando, • Esta voz serve apenas para manter vivos estes desejos e todos os feitos e conquistas de Portugal, Cala a voz, e há só o mar." e para incentivar Portugal para conseguir chegar mais além. O QUINTO IMPÉRIO Triste de quem vive em casa, Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa, E assim, passados os quatro Faça até mais rubra a brasa Tempos do ser que sonhou, Da lareira a abandonar! A terra será teatro Do dia claro, que no atro Triste de quem é feliz! Da erma noite começou. Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raiz Grécia, Roma, Cristandade, Ter por vida a sepultura. Europa — os quatro se vão Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Eras sobre eras se somem Que morreu D. Sebastião? No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem! QUINTO IMPÉRIO - ANÁLISE ESTRUTURAL Triste de quem vive em casa, A Contente com o seu lar, B Sem que um sonho, no erguer de asa, A Rima interpolada Faça até mais rubra a brasa A Da lareira a abandonar! B
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura. Estrutura Nada na alma lhe diz • Cinco quintilhas (estrofes de cinco versos) Mais que a lição da raiz — Ter por vida a sepultura. • Rima interpolada (quatro últimos versos) e rima perfeita Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. A • Versos de sete sílabas métricas (redondilha maior) A Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem A A Rima perfeita Pela visão que a alma tem! A Recursos expressivos E assim, passados os quatro • Oxímoro (1 e 2º versos / 6º verso) Tempos do ser que sonhou, A terra será teatro • Metáfora (9º e 10º verso); Do dia claro, que no atro • Repetição (11º e 12º versos); Da erma noite começou. • Antítese (19º e 20º versos); Grécia, Roma, Cristandade, • Enumeração (21º e 22º versos); Europa — os quatro se vão • Interrogação retórica (25º verso). Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Que morreu D. Sebastião? O QUINTO IMPÉRIO - ANÁLISE ESTRÓFICA
"Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar, • O autor sente-se triste com quem abandona o Sem que um sonho, no erguer de asa, sonho (referido como uma brasa) e quem tem Faça até mais rubra a brasa poucas ambições;
Da lareira a abandonar!" O QUINTO IMPÉRIO - ANÁLISE ESTRÓFICA
"Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura. • Tristeza de quem é feliz, e que vive por viver; Nada na alma lhe diz • Inevitabilidade da morte; Mais que a lição da raiz — Ter por vida a sepultura." O QUINTO IMPÉRIO - ANÁLISE ESTRÓFICA
"Eras sobre eras se somem • A passagem do tempo e a diversas mudanças que
No tempo que em eras vem. se dão; • O descontentamento é humano e algo que define Ser descontente é ser homem. as pessoas; Que as forças cegas se domem • O espírito indomável humano perante a cruel indiferença do universo; Pela visão que a alma tem!" O QUINTO IMPÉRIO - ANÁLISE ESTRÓFICA
"E assim, passados os quatro
• Referência à passagem do tempo, mais Tempos do ser que sonhou, especificamente os impérios antigos; A terra será teatro • Aterra é e continuará a ser palco para novas Do dia claro, que no atro experiências e novas eras;
Da erma noite começou."
O QUINTO IMPÉRIO - ANÁLISE ESTRÓFICA
"Grécia, Roma, Cristandade,
• Referência a “quatro impérios”, regiões e ideias Europa — os quatro se vão que antes dominaram uma grande área; Para onde vai toda idade. • O sonho de grandeza de Portugal; Quem vem viver a verdade • A necessidade de voltar a acreditar nesse sonho.
Que morreu D. Sebastião?"
QUESTÕES O quinto império Refira a expressividade da enumeração e da interrogação retórica presentes na última estrofe. A enumeração é utilizada na última estrofe do poema para referir quatro grandes impérios que foram deixando de existir com a passagem do tempo; A interrogação retórica é utilizada na última estrofe do poema para enunciar o mito de D. Sebastião, levantando a questão de se este realmente morreu, e se junto com ele, pereceu também o sonho da expansão e da criação de um quinto império. As ilhas afortunadas Explique o sentido dos dois últimos versos do poema. Os dois últimos versos do poema, mostram que a voz misteriosa nada mais faz do que levar a nação a manter presentes nos seus pensamentos todos os feitos e conquistas de Portugal. Sistematização