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Primeiro — O dos Castelos

• Portugal: é o campo pronto a ser

fecundado

Segundo — O das Quinas

• Cristo, símbolo do sofrimento é o


exemplo das provações a passar

Primeiro — O Dos castelosAquele diz Itália onde é pousado;


Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando, Fita, com olhar esfíngico e fatal,
E toldam-lhe românticos cabelos O Ocidente, futuro do passado.
Olhos gregos lembrando. O rosto com que fita é Portugal.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
• posição estática, imobilismo, olhar é “esfíngico”, enigmático, e
adormecimento fatal — é o destino já traçado para
• lembra o passado, numa atitude Portugal, o rosto da Europa, aquele
meditativa que tem uma missão para o futuro –
• Portugal fita o Ocidente ( e não o o Ocidente futuro do passado – o
Oriente, que é sinónimo de luz) • é renascer, depois desta paragem e
período de escuridão, que apenas nostalgia
repousa na meditação do passado • o
Segundo — O das Quinas

• Nada se consegue sem esforço


Os Deuses vendem quando dão. vasta: Ter é tardar.
Compra-se a glória com
desgraça. Ai dos felizes, porque Foi com desgraça e com
são vileza Que Deus ao Cristo
Só o que passa! definiu: Assim o opôs à
Natureza
Baste a quem baste o que lhe E Filho o ungiu.
basta O bastante de lhe bastar! • A glória de Portugal foi alcançada com
sangue, com sofrimento
A vida é breve, a alma é
• Para que a sua missão seja cumprida vai ser • Tal como Cristo, o ungido de Deus, Ele que
preciso sofrer também sofreu, quando assumiu a natureza
• Sublinha a importância da alma sobre o humana
corpo, o que fica para além da “vida breve”
— o aspeto espiritual; a matéria retém,
atrasa o desenvolvimento, que deve estar • Cristo, símbolo do sofrimento, é o exemplo
centrado no espírito das provações que o povo português terá de
passar para cumprir a sua missão

II. Os castelos – 7 poemas


intimidade e de espiritualidade

Número 7: • remete para a fundação da


nacionalidade
• número unificante: sete são os dias • Sete foram os castelos tomadas
da semana aos Mouros
• número mágico associado ao poder • São o símbolo da fundação da
e à criação — foi ao sétimo dia que nacionalidade
Deus descansou, depois de criar o
Mundo • São sete poemas referentes a sete
figuras históricas ou lendárias que
ajudaram a criar a nação
• como a casa, o refúgio, os castelos portuguesa
oferecem proteção, situam-se num
local elevado — espaço de II. Os castelos
Primeiro — Ulisses • Ulisses, o herói lendário, o
fundador mítico de Lisboa •
Herói ligado ao mar, sugerindo o
O mito é o nada que é espírito marítimo do povo
português e as suas futuras
tudo. .... viagens
Este, que aqui aportou, • realça o poder da lenda, do
Foi por não ser mito – é ele que alimenta a
existindo. Sem existir realidade, é o que fica para
além da vida “metade de nada”
nos bastou.
..... Segundo — Viriato

Assim a lenda se Se a alma que sente e faz


escorre A entrar na conhece Só porque lembra o que
realidade, esqueceu, Vivemos, raça,
porque houvesse Memória em
E a fecundá-la decorre.
nós do instinto teu.
....
Nação porque reencarnaste,
Povo porque ressuscitou • O fundador da Lusitânia
Ou tu, ou o de que eras a haste • É o primeiro, aquele que anuncia
— Assim se Portugal formou. o reino
• O símbolo da resistência ao
Teu ser é como aquela fria invasor • O primeiro herói da
Luz que precede a madrugada, Lusitânia — a terra que virá a ser
E é já o ir a haver o dia Portugal
Na antemanhã, confuso nada.

Terceiro — O Conde D. Henrique


À espada em tuas mãos
Todo o começo é achada Teu olhar desce.
involuntário. Deus é o “Que farei eu com esta
agente,
O herói a si assiste, espada?” Ergueste-a, e fez-se.
vário E inconsciente.
• O que deu origem ao Condado
Portucalense
• Chegou por vontade divina • Ele que veio lutar pela Fé (era um
• O homem é apenas um cruzado) acabou por ser o
instrumento nas mãos de Deus iniciador de um reino

Quarto — D. Tareja
Mas todo vivo é eterno infante Onde estás e não há
o dia.
As nações todas são mistérios. Cada uma é todo o
mundo a sós. Ó mãe de reis e avó de impérios. Vela • Inicia a dinastia de Borgonha • Ela é
por nós! a mãe do reino
• Mãe daquele que Deus fadou para
Teu seio augusto amamentou Com bruta e natural ser o iniciador de um império
certeza O que, imprevisto, Deus fadou. Por ele reza!

Dê tua prece outro destino A quem fadou o instinto Mas esse reino por ela fundado está
teu! O homem que foi o teu menino Envelheceu.
envelhecido, precisa de rejuvenescer.

Quinto — D.Afonso Henriques


Dá, contra a hora em que,
errada, Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
Pai, foste cavaleiro. A espada como bênção!
Hoje a vigília é nossa. • O 1ª Rei de Portugal, o
Dá-nos o exemplo inteiro
fundador de um reino •
E a tua inteira força!
A sua força é precisa no
momento que passa
puro, Busca o oceano por achar;
Sexto — D. Dinis E a fala dos pinhais, marulho
obscuro, É o som presente desse mar
Na noite escreve um seu Cantar de futuro, É a voz da terra ansiando pelo
Amigo O plantador de naus a haver; mar.
E ouve um silêncio múrmuro consigo: É o
rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
• O fundador de uma cultura
Arroio, esse cantar, jovem e • a génese dos
Descobrimentos mar, das naus, das viagens
✓É o Portugal ainda jovem (arroio)
✓É o rei trovador, mas é também o que sonha já com o mar – sonho
rei que mandou plantar o pinhal de profético do auge do crescimento
Leiria — antecipando as naus das do Reino
descobertas: o pinhal é metáfora do
Sétimo (I) — D.João o primeiro
ser,
Que houveste a glória e deste o
O Homem e a hora são um só
exemplo De o defender,
Quando Deus faz e a história é
• O iniciador da dinastia de
Avis
feita. ...

• Sempre a mão divina a


Mestre, sem o saber, do fazer a história
Templo Que Portugal foi feito

Sétimo (II) — D.Filipa de Lencastre


Madrinha de Portugal!
• Iniciadora da dinastia de
Que enigma havia em teu seio Que só Avis
génios concebia? Que arcanjo teus • A mãe de reis e infantes
sonhos veio Velar, maternos, um dia? ligados à expansão e às
descobertas marítimas
Volve a nós teu rosto sério, Princesa do
Santo Gral, Humano ventre do Império,

III. As quinas — 5 poemas

• Personagens históricas que


• 5 - número da Ordem, do feito homem;
Equilíbrio e da Harmonia • Cristo — imagem do
= Perfeição sofrimento para atingir a
• As quinas — símbolo das redenção dos pecados
chagas de Cristo, o Deus humanos; aquele que luta
por um destino que mártires
supera a compreensão • O seu martírio associa-se ao
humana sofrimento de Cristo, porque
apresentam um destino comum: a lutaram em seu nome
luta pela nação e a condição de
Primeira — D. Duarte Rei de Portugal
• Filho de D.João I
Meu dever fez-me, como Deus ao • Reinado curto (5 anos)
mundo. A regra de ser Rei almou meu promoveu a expansão
ser, Em dia e letra escrupuloso e fundo. marítima e a guerra com
Marrocos
Firme em minha tristeza, tal vivi. • Foi no seu reinado que
Cumpri contra o Destino o meu se deu a passagem do
dever. Inutilmente? Não, porque o Cabo Bojador
cumpri.
Segunda — D. Fernando Infante de Portugal
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nunca será
Deu-me Deus o seu gládio porque eu Maior do que a minha alma.
faça A sua santa guerra. • O Infante Santo
Sagrou-me seu em honra e em desgraça, • O mais novo dos membros
Às horas em que um frio vento passa da Ínclita Geração
Por sobre a fria terra.
• Destinado por Deus para lutar por
Pôs-me as mãos sobre os ombros e Ele e por Ele morrer
doirou-me A fronte com o olhar;
• Ele é a grande alma, é o exemplo
E esta febre de Além, que me do português de alma pura e santa •
consome, E este querer grandeza são Ele é o que sofreu, que derramou o
seu nome Dentro em mim a vibrar. seu sangue na luta pela conquista,
pela glória do seu reino
E eu vou, e a luz do gládio erguido
• É o guerreiro sem medo porque
dá Em minha face calma. sabe que Deus está consigo
Terceira — D. Pedro Regente de Portugal
Indiferente ao que há em
conseguir Que seja só obter;
Claro em pensar, e claro no Dúplice dono, sem me
sentir, É claro no querer; dividir, De dever e de ser —
Não me podia a sorte dar Ceuta
guarida Por não ser eu dos seus. • Viajou pela Europa e tomou
Assim vivi, assim morri, a parte nas lutas contra os Turcos •
vida, Calmo sob mudos céus, Culto e conhecedor
Fiel à palavra dada e à ideia • Durante a sua regência lança o
tida. Tudo mais é com Deus. país abertamente na política
dos descobrimentos
• 4º filho de D. João I
• Participou na conquista de • Foi morto na batalha de
Alfarrobeira
Quarta — D. João Infante de Portugal
O inteiro mar, ou a orla vã desfeita
— O todo, ou o seu nada.
Não fui alguém. Minha alma estava
estreita Entre tão grandes almas minhas
• Foi o 7º filho de D.João
pares, Inutilmente eleita, • Administrador da Ordem de
Virgemmente parada;
Santiago da Espada
• Era grande o seu prestígio
Porque é do português, pai de amplos dentro da família real
mares, Querer, poder só isto:
Poema de 1ª pessoa: é o irmãos
próprio que diz não ser Mas foi também um dos
ninguém perante a eleitos
grandeza dos outros seus
Quinta — D. Sebastião Rei de Portugal
Cadáver adiado que procria?
• É o sonho que comanda a
Louco, sim, louco, porque quis descoberta
grandeza Qual a Sorte a não dá.
• É o desejo de ultrapassar os
Não coube em mim minha limites, de ir mais além
certeza; Por isso onde o areal está
• D. Sebastião é o exemplo
Ficou meu ser que houve, não o que há. mítico do sonho, do ideal de
grandeza
Minha loucura, outros que me a • Ele é o agente da procura, da
tomem Com o que nela ia. realização do sonho
Sem a loucura que é o • “No sentido simbólico
homem Mais que a besta D.Sebastião é
sadia, Portugal”
IV — A coroa – 1 poema

• 1 - simboliza o Ser, a Revelação

• Coroa — a unidade por excelência, o centro onde as forças antitéticas


coexistem em harmonia
É Excalibur, a ungida,
Nun’ Álvares Pereira Que o Rei Artur te deu.

‘Sperança consumada.
Que auréola te cerca?
S.Portugal em ser,
É a espada que, volteando,
Ergue a luz da tua espada
Faz que o ar alto perca
Para a estrada se ver!
Seu azul negro brando.

Mas que espada é que, erguida,


Faz esse halo no céu?
• Símbolo do patriotismo • Associa-o ao Rei Artur e aos
guerreiros do Santo Gral
V. O timbre – 3 poemas

• É o símbolo do poder ; liga-se também à ideia de segredo

• É um sinal, uma marca, dada por Deus, assegura ao ser humano a


ascensão a mundos superiores, através do conhecimento

• O Grifo: simboliza a união das duas naturezas – a humana e a divina


Construção de uma obra de caráter divino realizada pelos humanos

• Símbolo da condição de herói


A cabeça do grifo – O infante D. Henrique
• a sabedoria que permite a criação —
sonha a vontade divina
Em seu trono entre o brilho das esferas,
Com seu manto de noite e solidão,
Tem aos pés o mar novo e as mortas eras—
O único imperador que tem, deveras,
O globo mundo em sua mão.
Uma asa do grifo – D. João o segundo

• a conquista de um estádio além


Braços cruzados, fita além o mar. Parece Enche de estar presente o mar e o
em promontório uma alta serra — O céu. E parece temer o mundo vário
limite da terra a dominar Que ele abra os braços e lhe rasgue o véu.
O mar que possa haver além da terra. humano — leva à prática do sonho

Seu formidável vulto solitário


a outra asa do grifo – Afonso de Albuquerque • Afonso
de Albuquerque —

De pé, sobre os países conquistados


Desce os olhos cansados
De ver o mundo e a injustiça e a sorte.
Não pensa em vida ou morte,
Tão poderoso que não quer o quanto
Pode, que o querer tanto
Calcara mais do que o submisso mundo
Sob o seu passo fundo.
Três impérios do chão lhe a Sorte
apanha. Criou-os como quem
desdenha.
realiza o sonho

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