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A PSICANÁLISE DOS
CONTOS DE FADAS,
BRUNO BETTELHEIM
(1985)
1 UM PUNHADO DE MÁGICA
A luta pelo significado
 
“Hoje, como no passado, a tarefa mais importante
e também mais difícil na criação de uma criança é
ajuda-la a encontrar significado na vida”
(BETTELHEIM, 1985, p. 11).
 
“Quando as crianças são novas, é a literatura que
canaliza melhor esse tipo de informação”
(BETTELHEIM, 1985, p. 12).
 
“Partindo desse fato, tornei-me
profundamente insatisfeito com grande
parte da literatura destinada a desenvolver a
mente e a personalidade da criança, já que
não consegue estimular nem alimentar os
recursos de que ela mais necessita para lidar
com seus difíceis problemas interiores. Os
livros e as cartilhas onde aprende a ler na
escola são destinados ao ensino das
habilidades necessárias, independente do
significado” (BETTELHEIM, 1985, p. 12).
“A ideia de que, aprendendo a ler, a
pessoa mais tarde, poderá
enriquecer a sua vida é vivenciada
como uma promessa vazia quando
as estórias que a criança escuta ou
está lendo no momento são ocas”
(BETTELHEIM, 1985, p. 13).
“Sob estes aspectos e outros, no conjunto da literatura infantil –
com raras exceções – nada é tão enriquecedor e satisfatório para
a criança, como para o adulto, do que o conto de fadas folclórico.
Na verdade, em nível manifesto, os contos de fadas ensinam
pouco sobre as condições específicas da vida na moderna
sociedade de massa; estes contos foram inventados muito antes
que ela existisse. Mas através deles aprender mais sobre os
problemas interiores dos seres humanos, e sobre as soluções
corretas para seus predicamentos em qualquer sociedade, do que
com qualquer outro tipo de estória dentro de uma compreensão
infantil. Como a criança em cada momento da sua vida está
exposta à sociedade em que vive, certamente aprenderá a
enfrentar as condições que lhe são próprias, desde que seus
recursos interiores permitam” (BETTELHEIM, 1985, p. 13).
O DILEMA...
 
“É característico dos contos de fadas colocar
um dilema existencial de forma breve e
categórica. Isto permite à criança aprender o
problema em sua forma mais essencial, onde
uma trama mais complexa confundiria o
assunto para ela. O conto de fadas simplifica
todas as situações” (BETTELHEIM, 1985, p.
15).
SOBRE O MAL NOS CONTOS DE FADAS...
 
“ O mal não é isento de atrações – simbolizado
pelo poderoso gigante ou dragão , o poder da
bruxa, a astuta rainha na ‘Branca de Neve’ – e
com frequência se encontra temporariamente
vitorioso. Em vários contos de fadas um
usurpador consegue por algum tempo tomar o
lugar que corretamente pertence ao herói –
assim como as irmãs malvadas em
‘Borralheira’’’ (BETTELHEIM, 1985, p. 15).
EXEMPLO DE ADEQUAÇÃO LEITORA
 
“Em ‘Rapunzel’ sabemos que a feiticeira trancou Rapunzel na
torre quando ela atingiu a idade de doze anos. Assim, a sua
história é de certa forma, a de uma garota pré-púbere e de
uma mãe ciumenta que tenta impedi-la de ganhar a
independência – um problema adolescente típico, que
encontra solução feliz quando Rapunzel se une ao príncipe.
Mas um menino de cinco anos obteve um reasseguramento
bem diferente desta estória. Quando soube que sua avó, que
cuidava dele na maior parte do dia, teria que ir para o
hospital devido a uma doença grave – sua mãe estava
trabalhando o dia todo e não havia pai no lar – ele pediu para
que lessem a estória de Rapunzel. Neste momento crítico de
sua vida, dois elementos do conto eram importantes para ele.
Primeiro, havia a proteção contra todos os perigos que a mãe
substituta dava à criança, uma ideia que lhe era muito
atraente naquele momento.
De modo que aquilo que normalmente poderia ser como
uma representação de um comportamento negativo, egoísta,
foi capaz de ter um significado dos mais reasseguradores
em uma circunstancia específica. E ainda mais importante
para o menino era outro motivo central da estória: que
Rapunzel achou os meios de escapar de sua condição em seu
próprio corpo - as tranças pelas quais o príncipe subia até
o quarto dela na torre. Que o corpo da gente possa prover
salva-vidas reassegurou-o de que, se necessário, ele
encontraria similarmente no próprio corpo a fonte de sua
segurança. Isso mostra que um conto de fadas – porque se
endereça de forma mais imaginativa aos problemas
humanos essenciais, e o faz de modo indireto – pode ter
muito a oferecer a um menininho mesmo se a heroína de
estória é uma garota adolescente” (BETTELHEIM, 1985, p.
25).

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