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IMPLICATURAS E A LINGUAGEM
JURÍDICA
Condições-de-verdade e pragmática
A evolução dos estudos da ciência linguística mostra uma
tendência bastante clara. A direção á a busca do
esclarecimento cada vez maior no que se refere à
significação da linguagem natural.
Sempre foi a semântica a parte da linguística que se
preocupou com o significado.
A semântica cumpriu um rumo formalista.
Assim, considerou a linguagem natural como uma
imperfeição lógica que não merecia estudo.
Podemos encontrar em Frege (1978), Russelln(1905) e
Wittgenstein – I (1961) a sustentação desse positivismo
lógico.
SEMÂNTICA DAS CONDIÇÕES-DE-VERDADE
Implicaturasconversacionais é
determinada por certos princípios básicos
do ato comunicativo.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A
ORIGEM DAS IMPLICATURAS -
continuação
As implicaturas conversacionais
generalizadas, por sua vez, não exigem
um contexto especial ou cenário para
surgirem.
(22) Entrei num julgamento.
Sempre que alguém disser (22), estará,
independente do contexto, implicando que
não entrou num julgamento de uma
pessoa conhecida (como Collor).
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A
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A maior parte dos estudos griceanos prendem-se
às implicaturas conversacionais.
(23) (A) Como foi o julgamento particularizadas?
(B) Vão convocar três Ministros do Superior
Tribunal de Justiça.
Para que o ouvinte infira com precisão a
implicatura de (B), qual seja, que o julgamento
ficou empatado entre quatro a quatro , devem
estar no contexto particular da conversação as
seguintes informações:
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(24)
A – O julgamento era aquele do caso Collor, no
qual estavam participando oito Ministros do
Supremo
B – Considerando o nº par de Ministros e a
tendência natural de cada Ministro, era possível e
previsível o empate.
C – O fato de haver necessidade de convocação
de Ministros d outro Tribunal, significa que
houve empate no julgamento objeto da pergunta.
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Para explicação da hipóteses do grupo “A”, tomemos os
seguintes casos:
(25)
(A) Collor vai ser julgado por juízes indicados por
anteriores Presidentes da República.
(B) Ele vai constituir advogado.
(A) deduz por implicatura, que (B), ao se referir à
desnecessidade de Collor se defender, quer implicar que
os julgadores estão predispostos a julgar a favor de
Collor pelo fato de serem juízes nomeados por
anteriores Presidentes da República, que, de alguma
forma, tinham afinidades ideológicas com Collor.
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(26)
(A) Essa juíza é muito linda.
(B) Freud explica isso.
Não há desrespeito ao princípio de cooperação,
(B) infringiu a máxima de relevância por
mudar o tópico da conversação.
(B) Não obedeceu a máxima da quantidade por
não ter dado todas as informações necessárias
para que (A) entendesse como Freud explica
isto.
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(27)
(A) Parece que Collor vai ser condenado.
(B) Parece? Você leu a Veja?
Talvez nesse exemplo haja uma maior influência do
contexto cultural do interlocutores.]Como foi dito, no
Grupo B temos o caso de uma máxima violada, mas sua
violação se explica pela suposição de um conflito com
outra máxima.
A máxima preservada é mais importante que a
abandonada. (B) implica a impossibilidade de
responder mais precisamente preferindo respeitar a
máxima de qualidade.
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(28)
(A) O que significa impeachment?
(B) Consulte uma obra jurídica. embora ofereça
uma informação
Aqui (B) não responde à pergunta, embora
ofereça uma informação relativamente vaga, mas
que implica uma informação segura e sincera.
Ele está tentando salvar o Princípio Cooperativo.
Só não responde diretamente por não saber. Ele
então, sugere um caminho ao seu receptor.
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(29)
(A) Quanto tempo durou o processo?
(B) Anos.
Essa implicatura é bastante comum e não
parece difícil reconhecer que (B), não tendo
condições de dar a informação exata, oferece
alguma satisfação à pergunta. (A) entende
perfeitamente que (B) está dizendo que o
processo foi demorado quando implica e dizer
que não pode dar a resposta certa.
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(30)
(A) Com quem você foi ao julgamento?
(B) Eu estava em boa companhia.
A pergunta de (A) exige os nomes das pessoas
que acompanhavam (B) no memento do
julgamento. (B), porém, prefere algo que
parece estar quebrando a máxima da
relevância e da quantidade, tentando implicar
que não pode ou não quer dar uma resposta
satisfatoriamente clara à pergunta de (A).
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No grupo C, encontramos maior número
de exemplos de tipo de implicaturas. Aqui
teremos casos que envolvem o emprego
de um procedimento pelo qual o falante
abandona uma máxima com o propósito
de obter uma implicatura conversacional.
Nesse grupo é que, em geral, aparece as
figuras de linguagem.
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(31)
(A) O que você pensa dis juízes?
(B) Um juiz é um juiz.
Vemos, aqui, que a resposta, por um lado, sonegou
uma informação em quantidade plena. Preferi uma
afirmação tautológica que voluntariamente
abandona a máxima da quantidade. Contudo, tem o
objetivo de fazer uma implicatura plenamente
compreensível, pois utiliza um contexto de
particularidades ligadas à classe dos juízes.
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Assim, poderíamos dizer que a resposta não-
cooperativa em quantidade num nível mais
profundo implica:
(32) Eu penso que os juízes são
conservadores.
Da mesma forma, em vez de fata de
informação, pode haver implicaturas
utilizando-se a quebra da máxima de
quantidade por excesso, conforme os
exemplos (33) e (34).
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(33)
(A) – Qual foi o resultado do julgamento?
(B) Os Ministros Velloso, Pertence, Néri da
Silveira e Brossar julgaram contra Collor porque
depois de uma análise criteriosa do histórico do
impeachment na legislação brasileira, entenderam
um absurdo que uma interpretação que uma
interpretação isolada da Constituição pudesse
possibilitar qu o ex-presidente fugisse da pena de
perda dos direitos políticos pela simples renúncia.
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Outros quatro Ministros entenderam que a Constituição
é clara a favor de Collor.
(34)
(A) – Quanto tempo demorou o processo de Collor?
(B) – Primeiro, os advogados de Collor fizeram uma
petição de Mandado de Segurança dizendo que o
Senado não poderia ter julgado a perda dos direitos
políticos após a renúncia. Depois, foram pedidas
informações para o Presidente do Senado. Também o
Ministro Sidney Sanches prestou informações porque
ele é que presidia a sessão do Senado. Após, foi ouvido
o Representante do Ministério Público.
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