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LACUNAS DA

LEI E
INTEGRAÇÃO
DO DIREITO
Nesses casos, em que não se verifique disposição legal que regule
expressamente a questão, pode-se dizer que há “lacuna da lei”, ou seja,
omissão da norma legal.
TEORIAS QUE TENTAM EXPLICAR A COMPLETUDE DO ORDENAMENTO

1)Há quem defenda a existência de lacunas no ordenamento jurídico. No entanto, na


realidade, a omissão é da lei, pois a lacuna será suprida por
certas técnicas e outras fontes do Direito. Desse modo, o ordenamento
jurídico, em si, como um todo, prevê as formas de preencher as lacunas da lei, o que
resulta na sua completude como sistema.

2)pensamento de Kelsen no sentido de que não há lacuna no sistema jurídico, pois é


possível considerar todo e qualquer comportamento como regulado (de modo positivo
ou negativo) pela ordem jurídica. Nesse entendimento, quando a ordem jurídica não
estatui qualquer dever de um indivíduo e realizar determinada conduta, permite
essa conduta, significando que regula negativamente.
No entanto, deve-se destacar o entendimento de que as lacunas são
inquestionáveis no Direito.

A integração das normas jurídicas, portanto, serve para


colmatar eventual ausência de norma para um caso, sem que isso implique
em eventual caráter obrigatório, não vinculando outras decisões em casos
análogos.
As formas de integração do
Direito são, essencialmente, a
analogia, os costumes e os
princípios gerais do Direito.
Nesse sentido, de acordo com o
artigo 4º da LINDB: “Quando a
lei for omissa, o juiz decidirá o
caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios
gerais de direito”.

Essa ordem deve ser


obedecida? Há divergência
COSTUMES
“O Costume, por sua vez, é a conduta reiterada a partir da falsa impressão de
existir norma jurídica a respeito da matéria. Trata-se de conjunto de preceitos
não positivados (não escritos). Formados de maneira instintiva pelo grupo social
e impondo, em certo nível, em obediência geral. Enfim, é a prática repetitiva e
uniforme de determinado comportamento em virtude de se imaginá-lo
obrigatório. Dessa noção conceitual, é fácil retirar os dois elementos
caracterizadores do costume: o objetivo (prática reiterada) e o subjetivo ou
psicológico (a convicção de estar seguindo uma norma jurídica). (FARIAS,
Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: parte geral e
LINDB, 15ª ed., Salvador: JusPodivm, 2017, p.132)
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO

“Finalmente, os princípios gerais de Direito, como o próprio nome indica, são os postulados
extraídos da cultura jurídica, fundando o próprio sistema da ciência jurídica. São ideais
ligados ao senso de justiça. Emanam do Direito Romano, sintetizados em três axiomas: não
lesar ninguém (neminem laedere), dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere) e viver
honestamente (honeste vivere). (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de
DireitoCivil: parte geral e LINDB, 15ª ed., Salvador: JusPodivm, 2017, p.121)
-Podem ser expressos ou implícitos na Constituição e nas leis, como ocorre com
o princípio constitucional da igualdade, enquanto outros estão implícitos no
ordenamento jurídico.
-Podem ser aplicados pelo juiz na atividade jurisdicional, ao decidir o caso em
concreto.
-Exercem relevante função de orientar a interpretação e a aplicação das regras
jurídicas.
-Entende-se que os princípios gerais de direito integram o próprio ordenamento
jurídico, estando nele presentes de forma explícita ou implícita.
Nesse enfoque, os princípios gerais de direito apresentam natureza normativa.
As normas jurídicas, como gênero, podem ser de duas espécies, quais sejam:
regras e princípios.
EQUIDADE
A equidade é entendida como a
“justiça do caso concreto”. Por meio
dela, o juiz suaviza o rigor da norma
jurídica abstrata, tendo em vista as
peculiaridades do caso concreto.
Na realidade, a equidade pode ter aplicação sob formas distintas,
apresentando funções diversas:
1)quando a lei autoriza que o juiz decida por equidade. Nesse caso, pode-se
entender que a equidade figura como fonte do Direito. De acordo com o
artigo 140, parágrafo único do Novo Código de Processo Civil, o juiz só
pode decidir por equidade nos casos previstos em lei.
2)a equidade também exerce função integrativa, podendo ser aplicada na
omissão da lei que regule o caso em concreto. A equidade, assim, é vista
como elemento de integração, suprindo lacunas do Direito. Nesse caso,
ausente lei que regulamente uma determinada situação, esgotados ou
insuficientes os meios de integração previstos no artigo 4º da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (analogia, costumes, princípios
gerais do Direito), a equidade pode ser utilizada para regular o caso em
concreto
Hipóteses em que o sistema jurídico admite o julgamento por equidade:

1) art. 85, §8º do Código de Processo Civil, autoriza o juiz a decidir com esteio
na equidade sobre a fixação da verba honorária devida pelo vencido na ação,
quando a causa não tiver repercussão econômica ou quando se trata de
proveito econômico irrisório, como uma ação de guarda de filhos.

2)o artigo 413 do Código Civil permite o uso da equidade pelo juiz para fins de
redução do valor da cláusula penal (multa contratual) quando a obrigação for
cumprida em parte ou quando tiver sido fixada em percentual excessivo....
(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:
parte geral e LINDB, 15ª ed., Salvador: JusPodivm, 2017, p.136)
ANALOGIA

Consiste em aplicar a hipótese não prevista na especialmente em lei disposição


relativa a caso semelhante. Desse modo, a aplicação da analogia exige três
requisitos:
a)O fato em questão, a ser decidido, não é regulado de forma especifica e
expressa pela lei;
b) A lei regula hipótese análoga, similar.
c)Semelhança essencial entre a situação não prevista e aquela prevista na lei,
ou seja, deve existir entre os dois casos semelhança relevante, tendo em
comum a mesma razão jurídica.
Limites à utilização da analogia:

1)leis penais incriminadoras, tendo em vista o princípio da legalidade da lei


penal, conforme art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal (“não há crime
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”), e art. 1º
do Código Penal. Nesse sentido não é permitido o uso da analogia para criar
delito penal ou cominar pena criminal que não estejam previstos
expressamente na lei.

2)também não se aplica no que se refere às leis excepcionais, ou seja, que


regulem exceções, pois os casos ali não previstos são regidos pela lei
geral.

3)No que se refere ao Direito Tributário, tendo em vista o princípio da


legalidade, previsto no artigo 150, inciso I da CF de 1988, o emprego da analogia
não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei, conforme art.

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