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EPISTEMOLOGIAS AFRODESCENDENTES

Maximiliano
Como seria a África?
Até que os leões inventem as suas próprias
histórias, os caçadores serão sempre os heróis
das narrativas de caça.
ProvérbioAfricanos
Quais são os tipos de conhecimentos?
1. Científico – testável, verificável, generalizável, hipotético e produzido por
métodos sistemáticos, principalmente por meio de observação e
experimentação.

2. Filosófico – crítico, reflexivo e subjetivo. Eis os pilares para a produção


de um conceito sobre a realidade.

3. Religioso – dogmático, revelador e, por muitas vezes, absoluto.

4. Empírico – experiencial e baseado, sobretudo, na tentativa ou erro.


Tipo de Base do Aquisição do O que valida o Quem transmite o
Conhecimento Conhecimento Conhecimento conhecimento conhecimento

Científico Sistematização Investigação Método Cientista

Filosófico Razão Reflexão Argumento Filósofo

Religioso Crença Narrativas míticas Dogmas Religioso/teólogos

Tentativa de acerto Cotidiano


Empírico
ou erro Tradição Pessoas comuns

Qual o mais importante?


Problematizando
• O modelo de ciência moderna dos países do Norte tornou-se hegemônico
(positivista e cartesiano) não só na produção acadêmica, como também na
prática de validação e consideração dos saberes sociais.

• A ciência adota a racionalidade ocidental enquanto modelo monológico,


impondo parâmetros hegemonicamente masculino, branco, europeu e/ou
norte-americano.
• Dessa forma, todas as experiências e produções que não fazem parte dos
cânones científicos são marginalizadas e descredibilizadas, principalmente
quando vindas dos povos do Sul, produzindo, assim, um fenômeno
chamado epistemicídio.

• O epistemicídio diz do descrédito, silenciamento e aniquilamento de


experiências e produções. Essas são consideradas como crendices,
misticismos, superstições, intuições, idolatrias ou algum tipo de
pseudoconhecimento.
• Assim, é causado um desmantelamento identitário, cognitivo e emocional
de diversos grupos e comunidades. Essas consequências são desastrosas,
levando à ruína da estrutura subjetiva, social e cultural, sobretudo das
populações afrodescendentes;

“O fato de que africanos foram transferidos fisicamente da África para as


Américas e escravizados criou um deslocamento intelectual, filosófico e
cultural que durou quase 500 anos nas Américas” (Asante, 2016)
DIANTE DISSO...

• Torna-se fundamental a problematização/inclusão das diversas


possibilidades e produções de conhecimento, principalmente oriundas de
experiências de povos que vêm sofrendo tentativa de apagamento;

• Para isso, sugere-se, inicialmente, uma aproximação com as experiencias


pós-coloniais. Essas dizem de um processo de luta contínua pela produção
de construções alternativas de saber, visando, superar o modelo dominante
que, na maioria dos casos, não atende as necessidades das populações
marginalizadas.
• É importante ressaltar que o pensamento pós-colonial não deve ser
interpretado como uma recusa ao saber produzido no Norte global, mas
como a sua ampliação.

“É contraponto e resposta à tendência histórica da divisão de trabalho no


âmbito das ciências sociais, na qual o Sul Global fornece experiências,
enquanto o Norte Global as teoriza e as aplica (Ballestrin, 2013, p. 108)”.
• Dentro disso, está a Afrocentricidade, uma perspectiva que rejeita a
cosmovisão europeia como normativa, padrão e universal. Além de buscar
ações contra a dominação cultural e econômica dos países do Sul;

• Ou seja, pressupõe que a comunicação, os comportamentos e atitudes –


do povo africano – devem ser analisados dentro do contexto e das
especificidades da cultura africana.
ALGUNS DOS PRINCIPAIS PRECEITOS DA AFROCENTRICIDADE:

• Ações baseadas na coletividade, na cooperação; na solidariedade; na


promoção cultural; na produção e compartilhamento de afetos; no resgate da
memória; e na afirmação da identidade coletiva.

• Afrocentricidade também se estabelece na condição de antirracista,


antiburguesa e antissexista. Eis algumas dimensões fundamentais à
superação de contradições históricas vivenciadas por grupos em situação de
opressão.
A Afrocentricidade representa uma possibilidade de maturidade intelectual,
uma forma de ver a realidade que abre novas e mais excitantes portas para a
comunicação humana. É uma forma de consciência histórica, porém mais do
que isso, é uma atitude, uma localização e orientação (Asante, 2016).
Referências

ASANTE, Molefi. Afrocentricidade como crítica do paradigma hegemônico


ocidental: introdução a uma ideia. Trad. Renato Noguera, Marcelo, J. O.
Moraes e Aline Carmo. Ensaios filosóficos, Volume XIV - dez, 2016.
1. Analise as sentenças abaixo tendo, como parâmetro o pensamento decolonial:

I- O conceito de decolonialidade defende a desconstrução do eurocentrismo nos estudos


acadêmicos.
II- O pensamento decolonial investe na visibilidade histórica dos povos subalternizados.
III- Há, a partir da noção de decolonialidade, a crítica à dominação epistêmica dos
conceitos elaborados pelos colonizadores.

A alternativa que responde CORRETAMENTE é:

A. Apenas a I
B. Apenas a II
C. A I e II
D. A I, II e III
( ) A colonialidade se refere a uma dominação no campo das mentalidades e do imaginário
social; assim, o colonizador anula o outro em toda a sua instância e coloca no
esquecimento os processos históricos anteriores à colonização ocidental.

( ) A colonialidade estabelece conceitos forjados a partir da lógica eurocêntrica, como é o


caso do conceito de raça, que operou transformações na mentalidade, capazes de alterar
valores, conhecimento e cultura.

( ) Ao partir de um novo olhar epistemológico, o decolonial não apenas reivindica


posições pós-coloniais para os problemas que afligem o mundo contemporâneo, mas
também, ao fazer isso, evidencia inseparavelmente sua implicação direta com a edificação
violenta de um padrão de poder instaurado com o colonialismo moderno.
( ) Observa-se a crescente expansão de estudos que procuram dar visibilidade e
protagonismo a vozes excluídas, marginalizadas e, sobretudo, colocadas (não de
forma ingênua) histórica e politicamente em bordas hierarquicamente arranjadas.

( ) As vozes decoloniais emergem, com efeito, não dos centros hegemônicos, mas
dos limites, das periferias, “atacando” os saberes/poderes historicamente instituídos
pelo longo curso de imposição colonial de que todos nós fomos e somos atores.

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