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Ano letivo

Atividade
2022/2023

enzimática e
temperatura
Trabalho no âmbito da
disciplina de Biologia

Professora Ângela Cunha

Trabalho realizado por: Alexandre Silva N.º1,


Bernardo Mendes N.º3, Dinis Esteves N.º6,
Rodrigo Esteves N.º23 12.ºCT2
RESUMO
Com o intuito de verificar qual o efeito da temperatura na
atividade enzimática, foi realizada uma atividade laboratorial no dia 4
de outubro de 2022 para provar a hipótese que responde à seguinte
questão problema: “Porque é que em situações de febre, a atividade
enzimática é deficiente, contribuindo para uma sensação de mal-estar
corporal?”.

A hipótese defende que as variações bruscas da temperatura


conduzem a diminuições da atividade enzimática e, por isso,
contribuem para um mal-estar corporal aquando de uma febre.
Esta atividade consistiu em adicionar uma
solução de amido em cinco tubos de ensaio, colocá-
los na sua respetiva temperatura, adicionar-lhes
amílase salivar e, por fim, testá-las com o licor de
Fehling (A+B).

O resultado confirmou parcialmente a


hipótese, visto que o tubo 5´ apresentou uma cor de
tijolo. Devido a isto, constatou-se que esta atividade
esteve sujeita a certos erros como a possível Fig.1- Teste do Licor de Fehling (A+B)

contaminação do material de laboratório, a pouca


quantidade de soluto utilizada e a deficiente
conservação da temperatura dos tubos de ensaio.
.
ÍNDICE
Introdução…………………………………………………….5-8
Objetivo geral…………………………………………………9
Questão Problema…………………………………………...10
Hipótese……………………………………………………….11
Variáveis………………………………………………………12
Previsão de resultados………………………………………13
Protocolo laboratorial (14):
• Materiais……………………………................................15

• Procedimento……………………………………………...16-20
Resultados……………………………………........................21-23
Discussão de resultados……………………………………...24-38
Conclusão ……………………………………………………...39-41
INTRODUÇÃO
O licor de Fehling (A+B) é uma solução de cobre que testa se uma
determinada solução possui açúcares redutores ou não na sua constituição. Se o
resultado for positivo, o licor de Fehling deixa de ser azul (a cor original) e adquire
uma cor de tijolo intensa. Se o resultado for negativo, o licor permanece azul.
Os açúcares redutores possuem um grupo de aldeídos livres. Estes,
quando interagem com o licor de Fehling, reduzem-no e criam óxido de cobre, daí
a cor de tijolo do licor aquando de um resultado positivo.

Teste Positivo Negativo

Licor de Fehling Cor de tijolo Azul


(A+B) intensa
O amido além de ser uma molécula
fundamental para o bom funcionamento do corpo,
é também uma macromolécula e, por isso, faz
parte da maioria das dietas, contudo, assim como
nas outras macromoléculas, esta não pode ser
absorvida diretamente (devido ao seu tamanho).
Por isso, o amido tem que ser dividido
em moléculas mais simples, as moléculas de
glicose. Para isso, são usadas enzimas, neste caso
a amílase. Esta encontra-se na saliva (amílase Fig.2- Molécula de Glicose

salivar), no pâncreas (amílase pancreática) e no


intestino delgado (amílase intestinal).
Neste caso, foi utilizada a amílase salivar que atua sobre um
substrato específico, o amido. Assim, por outras palavras, esta enzima
transforma um açúcar não redutor (amido) num açúcar redutor (glicose-
composta por duas moléculas de maltose).

Fig.3- Digestão do amido através da amílase salivar


As enzimas são proteínas que possuem estrutura terciária
ou estrutura quaternária. Elas servem para catalisar reações de
desdobramento de macromoléculas em micromoléculas, com vista a
uma absorção mais eficiente destas pelo organismo.

Em geral, a temperatura média interna do corpo humano é


de 35-37°C e esta coincide com a temperatura onde a taxa de
atividade catalítica das enzimas é mais alta.

Com este trabalho pretendemos adquirir e aprofundar


saberes acerca da matéria em estudo.
OBJETIVO GERAL
Determinar qual o efeito das
variações de temperatura sobre a
atividade enzimática.

Fig.4- Estrutura da Amílase Salivar


Questão problema
Porque é que em situações de febre a atividade
enzimática é deficiente, contribuindo para uma
sensação de mal-estar corporal?

Fig.5- Situação febril


Hipótese

Quaisquer variações bruscas da temperatura


resultam em diminuições da atividade
enzimática, contribuindo para um mal-estar
corporal aquando de uma febre.
Variáveis

Variável independente Variação da temperatura

Variável dependente Cor do licor de Fehling


Previsão de resultados
Inicialmente, a solução contida no tubo 1’ (amílase a 0°C),
ficará com uma tonalidade cinzento-azulada, que com o tempo
transformar-se-á numa cor de tijolo desvanecida.

As soluções contidas nos tubos 2’ e 4’ (amílase a 30°C e 44°C


respetivamente) irão apresentar uma cor de tijolo.

A solução contida no tubo 3’ (amílase a 37°C) apresentará uma


cor de tijolo intensa.

A solução contida no tubo 5’ (amílase a 74°C), adquirirá uma


tonalidade azul.
Protocolo Laboratorial
Materiais
-3 suportes de tubos de ensaio -Solução tampão de pH 7 -1 marcador

-12 tubos de ensaio -6 gobelés -1 vidro de relógio

-6 pipetas volumétricas (50 mL) -1 tina de vidro -1 espátula

-6 pompetes -2 placas de aquecimento -1 balança digital


semi-analítica
-5 pipetas de Pasteur -1 banho maria de laboratório
-1 copo de metal
-Saliva -4 varetas de vidro
(250mL)
-Licor de Fehling (A+B) -Cubos de gelo
-2 lamparinas
-Solução de amido -5 cronómetros digitais
-2 pinças de madeira
-Água destilada -1 termómetro digital
Procedimento
1- Previamente (24h antes), preparar uma solução de amido:

- Pesar 1g de amido e transferi-la para um copo de metal de 250 mL;

- Adicionar cerca de 15 mL de água para formar uma pasta;

- Acrescentar água quente para que a solução perfaça 100 mL;

- Manter a solução em ebulição até que dela resulte uma solução transparente;

- Deixar arrefecer e aguardar 24 horas;

Fig.6- Possível
“cozimento” de amido
2- Preparar 5 tubos de ensaio;

3- Com um marcador identificar cada tubo de ensaio (tubo 1, 2, 3, 4 e 5);

4- Aprontar um gobelé com saliva;

5- Em cada tubo de ensaio, adicionar 1mL da solução de amido com recurso a


uma pipeta volumétrica;

6- Com uma pipeta volumétrica, adicionar também 1mL da solução tampão de


pH 7 a cada um dos tubos de ensaio;

7- Encher um gobelé com água destilada;

8- Acrescentar ainda 2mL de água destilada a cada tubo, com recurso a uma
pipeta volumétrica;
9- Encher três gobelés com água;

10- Colocar em simultâneo:

- tubo 1, numa tina contendo gelo (temperatura de 0°C);

- tubo 2, em banho-maria a 30°C, com recurso a uma placa de aquecimento e a


um gobelé com água;

- tubo 3, em banho-maria a 37°C, com recurso a um banho maria de


laboratório;

- tubo 4, em banho-maria a 44°C, com recurso a uma placa de aquecimento e a


um gobelé com água;

- tubo 5, em banho maria a 74°C, com recurso a uma placa de aquecimento e a


um gobelé com água;
11- Deixar os tubos nas condições referidas durante 25 minutos;

12-Após os 25 minutos, em cada tubo, colocar-se cerca de 1 mL de


saliva, utilizando uma pipeta de Pasteur, e homogeneizar a solução
com uma vareta de vidro;

13- Preparar mais 5 tubos de ensaio (1’,2’,3’, 4’ e 5’);

14- Com uma pipeta de Pasteur, colocar 5 gotas de licor de Fehling


(A+B) em cada tubo (referidos anteriormente);

15- Depositar 1 mL das soluções previamente preparadas nos novos


tubos de ensaio de acordo com a seguinte regra: 1-1’; 2-2’; 3-3’; 4-4’;
5-5’, com o auxílio de uma pipeta de Pasteur;
16- Aguardar 5 minutos e seguidamente proceder ao
aquecimento das soluções (aquecer até a solução entrar
em ebulição);

17- Registar os resultados;

18- Discutir os resultados.

Fig.7- Adicionamento do Licor de Fehling (A+B) nos tubos de


ensaio
Resultados
Teste do licor de Fehling
Tubos/°C Registo da Registo da cor Registo da cor final
cor inicial intermédia
1’/0°C Azul Cinzento Tijolo desvanecido
azulado
2’/30°C Azul Tijolo Tijolo
3’/37°C Azul Tijolo mais Tijolo mais
acentuado acentuado
4’/44°C Azul Tijolo Tijolo
5’/74°C Azul Tijolo ténue? Tijolo ténue?

PS: O sinal “?” significa que há uma incerteza quanto à cor real da amostra.
A 0°C (tubo 1’), a solução ficou azulada por
uns instantes, contudo adquiriu
progressivamente uma cor de tijolo
desvanecida.

A 30°C (tubo 2’), a solução ficou com uma cor 5’ 4’ 3’ 2’ 1’

de tijolo.

A 37°C (tubo 3’), a solução ficou com uma cor


de tijolo intensa.

A 44°C (tubo 4’), a solução ficou com uma cor Fig.8- Resultados obtidas da atividade laboratorial
executada
de tijolo.

A 74 °C (tubo 5’), a solução adquiriu uma cor


de tijolo ténue?.
Discussão de resultados
Quando testada uma solução com licor
de Fehling (A+B) e esta fica tijolo, significa que o
resultado do teste foi positivo, ou seja, a solução
contém açúcares redutores. Isto acontece, porque Fig.9- Grupo aldeído

estes possuem um grupo de aldeídos livres. Estes


aldeídos quando interagem com o licor de Fehling
reduzem-no e criam óxido de cobre.
Quando uma solução não possui açúcares
redutores, o teste dá negativo e o licor permanece
Fig.10- Estrutura molecular
azul. do óxido de cobre
O amido é um açúcar não redutor, isto é, não possui grupos de
aldeídos livres. Isto deve-se ao facto do amido ser uma macromolécula, um
polímero, constituída por várias monómeros que são moléculas de glicose. A
glicose é um açúcar redutor, sendo também um monossacarídeo simples,
possuidor de um grupo aldeído livre e um álcool.
Contudo, quando várias moléculas de glicose são unidas (como
acontece no caso do amido), o aldeído livre terminal de uma glicose liga-se com
o aldeído livre inicial da glicose seguinte, estabelecendo-se entre as duas uma
ligação glicosídica.
Assim, os aldeídos
deixam de estar livres, porque
passam a ser uma parte
fundamental da ligação
glicosídica. Estando então os
aldeídos “ocupados”, estes não
podem reagir com o licor de
Fig.11- Molécula de amido
Fehling, designando-se, por isso,
o amido como um açúcar não
redutor.
O amido, pelo facto de ser uma macromolécula, não é absorvido pelo
organismo. Por isso, tem que ser dividido em moléculas mais simples, a glicose.
Para isso, são usadas enzimas, neste caso a amílase salivar. Esta ação de
desdobramento de macromoléculas em micromoléculas é uma das ações
enzimáticas principais no corpo humano.

A utilização da saliva deu-se pelo facto de esta possuir amílase/ptialina


que desdobra o amido em glicose.
As enzimas são proteínas possuidoras de estrutura terciária ou
quaternária. Neste caso concreto, a amílase possui estrutura quaternária.

Estas têm uma temperatura ideal de funcionamento de cerca de 35-


37°C e quaisquer alterações bruscas destes valores afetarão negativamente a
atividade enzimática. Ou seja, se se aumentar muito a temperatura, a enzima
desnatura, perdendo a sua estrutura e perdendo a sua atividade; se se diminuir
muito a temperatura, a enzima inativa, perdendo também a sua atividade
(temporariamente).
A desnaturação é um processo irreversível, ao contrário da
inativação que é um processo reversível.

Fig. 12- Relação entre temperatura e atividade enzimática


Assim, a taxa de atividade
enzimática pode ser medida através do
licor de Fehling (A+B). Ou seja, a taxa de
desdobramento de amido em glicose
(atividade enzimática) vai variar consoante
a temperatura e, por isso, quanto maior for
a quantidade de glicose em solução, mais
Fig.13- Estrutura molecular da glicose
acentuada será a cor de tijolo do licor de
Fehling e vice-versa.
Usaram-se os tubos 1’, 2’, 3’, 4’ e
5’ com o objetivo de poupança de reagentes.
Isto, porque se só se usassem os tubos 1, 2,
3, 4 e 5, a quantidade de licor de Fehling a
utilizar seria muito maior, porque haveria
muito mais solução para ser testada. Assim,
Fig.14- Colorações possíveis de obter no teste
usou-se menos licor de Fehling porque a do Licor de Fehling (A+B)

solução a ser testada estava em pouca


quantidade.
Por isso, podemos concluir que:

A 74°C, a amílase desnaturou-se parcialmente, o amido foi desdobrado em


parte em glicose e o licor de Fehling ficou com uma cor de tijolo ténue. Contudo, este
não foi o resultado esperado. Isto deve-se a dois possíveis fatores: a solução,
aquando da introdução da saliva, já não estava a 74°C, mas sim, a uma temperatura
inferior; a solução estava em pouca quantidade, daí ter havido uma diminuição de
temperatura a um ritmo mais elevado do que o esperado antes da realização da mesma.
Consequentemente, a temperatura do tubo aproximou-se da temperatura
ótima de funcionamento da enzima, daí a solução ter adquirido uma cor de tijolo ténue.
A 44°C, a amílase sofreu alguma
desnaturação, isto porque o amido foi desdobrado
parcialmente em glicose, daí a solução ter
apresentado uma cor de tijolo.

A 37°C, a amílase funcionou em pleno, o


amido desdobrou-se totalmente em glicose, daí a
solução ter apresentado uma cor de tijolo intensa.
Fig.15- Resultado
Além disso, este é o tubo de controlo. positivo no teste do
Licor de Fehling (A+B)
A 0°C, a amílase foi inativada numa
primeira fase e o amido não foi desdobrado em
glicose, contudo, a amílase recuperou
parcialmente a sua atividade (porque como foi
dito anteriormente, a inativação é um processo
reversível). Numa segunda fase, o amido pôde
ser desdobrado em glicose, daí a solução ter
sido inicialmente azul e, depois, ter ficado com Fig.16- Modo de aquecimento das
soluções
uma cor de tijolo desvanecido.
A febre é um estado de saúde em que a temperatura corporal
interna aumenta bruscamente, ou seja, a temperatura corporal deixa de
ser 35-37°C e passa a ser superior. Isto leva a que as enzimas comecem
a desnaturar, ou por outras palavras, a perder a sua estrutura, fazendo
com que atividade enzimática comece a diminuir. Assim, as várias
macromoléculas que digerimos todos os dias deixam de ser desdobradas
eficientemente em micromoléculas, como consequência, as taxas de
absorção destas diminuem. Isto leva a carências de certos nutrientes, o
que pode conduzir a vários outras doenças associadas.
A solução tampão foi utilizada com o propósito de
evitar contaminações das amostras por outras partículas vindas
do exterior.

No caso do tubo 1’ preparou-se mais do que um tubo


de ensaio com a finalidade de, se caso a primeira tentativa
tivesse corrido mal, pudéssemos repeti-la, aumentando assim a
precisão dos resultados.

PS: Devido ao choque de temperaturas, poderia ter ocorrido a fissuração do tubo de ensaio, visto
que a passagem de 0°C para 20°C (temperatura ambiente) é uma alteração considerável.
Aguardou-se 5 min. entre a introdução de saliva na solução e o teste
com o licor de Fehling (A+B) para que, durante esse hiato temporal, a amílase
salivar pudesse atuar sobre a solução de amido e a desdobrar em glicose. É
ainda importante referir uma propriedade fundamental das enzimas, estas
podem atuar em vários substratos sucessivamente, daí precisarem de
tempo, visto que existem mais substratos do que enzimas em solução.

Só assim é que os resultados finais da atividade seriam fiáveis e


precisos.

Fig.17- Desdobramento do
amido por ação da amílase
salivar
Conclusão
O objetivo geral desta
atividade (“Determinar qual o efeito das
variações de temperatura sobre a
atividade enzimática”) foi em parte
alcançado.

Quanto à hipótese
(“Quaisquer variações bruscas da
temperatura resultam em diminuições
Fig.18- Exemplo de atuação enzimática
da atividade enzimática, contribuindo
para um mal-estar corporal aquando de
uma febre”), esta foi totalmente
confirmada.
Contudo, ocorreram certos erros como a incapacidade de submeter as
soluções a certas temperaturas precisas e a pouca quantidade de solução em
cada tubo, o que afetou os resultados da atividade laboratorial.

Esta atividade apesar de ter-nos permitido obter e aprofundar


conhecimentos acerca desta área, teve alguns constrangimentos como a
insuficiência de reagentes e materiais, o que nos levou a ter uma abordagem
diferente da pretendida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
● http://www.goldanalisa.com.br/arquivos/%7BD ● https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
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%7D_Enzimas_no_Laboratorio_Clinico[1].pdf , [consultado a 07/10/2022]
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● https://www.creative-enzymes.com/resource/eff pic-2-molecular-biology/25-enzymes/enzy
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Fatima_Carvalho_Marinha_Grande_factores_q
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ue_influenciam_a_act._enzimatica_aluno_prof.
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pdf
[consultado a 08/09/2022]
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