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Educação Ambiental

CORRENTES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO


AMBIENTAL
- RESUMO DIDÁTICO -
SÉRGIO LUÍS
BOEIRA
Política Nacional de Educação Ambiental
Em 27 de abril de 1999, foi aprovada a Lei 9.795, que estabeleceu a Política Nacional de
Educação Ambiental. Segundo essa lei, a educação ambiental deve estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades de processo educativo, em caráter formal e não
formal. A educação ambiental deve então ser implementada no ensino formal, em instituições
públicas e privadas, em todos os níveis. A lei entretanto só preceitua a educação ambiental
como disciplina específica em cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao
aspecto metodológico da educação ambiental.
Ecopedagogia
Na década de 1990 o Instituto Paulo Freire, sob a liderança de Francisco Gutiérrez e Moacir
Gadotti, lança o movimento da ecopedagogia. A aprendizagem ecológica deveria basear-se na
vida cotidiana. Ecopedagogia é aprendizagem do sentido das coisas a partir do cotidiano. Busca
redescobrir o valor da biodiversidade e da diversidade cultural, considerando o planeta como
única comunidade, a Terra como mãe e como organismo vivo em evolução. Busca desenvolver o
senso de justiça socioeconômica, considerando a natureza também como vítima de espoliação.
Educação para o Desenvolvimento Sustentável
A “Educação para a sustentabilidade” é uma denominação vinculada à III Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em Tessalônica em 1997 (Grécia). Conferências
de Belgrado (1975), Tbillisi (1977), Moscou (1987) são consideradas válidas mas ainda pouco
aprofundadas. ONU definiu anos de 2005 a 2014 como a Década da Educação Ambiental para o
Desenvolvimento Sustentável (DESD). Esta iniciativa foi muito criticada no V Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental, em 2005. Discutiu-se a perda de criticidade e a necessidade de considerar
a “sustentabilidade” uma noção mais abrangente do que “desenvolvimento sustentável”.
Transversalidade e Educação Ambiental
A transversalidade é uma abordagem pedagógica que busca integrar saberes disciplinares do
saber-fazer, do saber-conviver e do saber-ser, incluindo aspectos simbólicos, estéticos,
espirituais e meditativos do ser humano. Busca articular procedimentos, competências,
habilidades, valores e conceitos necessários ao desenvolvimento de uma ecopedagogia ativa e
participativa em benefício da sustentabilidade da vida. Consta como proposta dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) como metodologia inter e transdisciplinar para inserção da
educação ambiental em diversas disciplinas e não como disciplina isolada.
Ecologia Humana e Método Vivencial
Referencia-se na obra de Edgar Morin como um paradigma para a religação dos saberes,
visando-se uma compreensão complexa e dialógica como base para a ecologia humana, a partir
da inter e da transdisciplinaridade. O método vivencial é baseado em oficinas e vivências
pedagógicas em projetos de EA buscando-se a interação entre contextos natural e cultural, a
partir de processo com etapas de sensibilização, criação e reflexão. Busca-se criar contextos que
estimulem os envolvidos a interpretar novas informações e construir suas próprias respostas.
Corporeidade e Educação Ambiental
Nessa perspectiva toma-se a consciência corporal, a estética do gesto, o ritmo e a respiração,
como base de uma sensibilização que objetiva uma condição humana não fragmentada. Busca-se
uma reconexão entre o mundo interior e o exterior. Há referências aos biólogos Varela e
Maturana, da Escola de Santiago, nessa perspectiva. Toda experiência é considerada um
fenômeno individual, como uma solidão que só é transcendida no mundo criado na interação
coletiva, em que vincula dimensões corporais e estéticas. A percepção emerge da motricidade.
Toda percepção é ação. As ações são operações de um sistema vivo presente no mundo.
Alfabetização Ecológica
Essa perspectiva parte de uma obra de Fritjof Capra, que propõe a transformação das escolas
em comunidades de aprendizagem cooperativa, como sistemas vivos vibrantes, que recriam
princípios e valores inspirados nos sistemas naturais. Da mesma forma que os integrantes de um
ecossistema estão interligados numa teia de relações em que todos os processos vitais são
interdependentes, numa comunidade de aprendizagem é tecida uma rede de relações
cooperativas visando-se a alfabetização ecológica, a sustentabilidade.
Educação Integral e Educação Ambiental
A educação integral visa um ser humano capaz de conectar-se em suas várias dimensões,
naturais, espirituais e sociais. Sri Aurobindo, pensador indiano, assim como o filósofo Arne
Naess, que propôs a Ecologia Profunda (Deep Ecology), são referências, aqui. Segundo essa
abordagem, quando descobrimos interiormente ou espiritualmente os nossos laços ancestrais
não precisamos de lições de moral para demonstrar cuidado com a vida.
Referência
CATALÃO, V. L. Desenvolvimento sustentável e educação ambiental no Brasil. In: PÁDUA, J. A.
(Org.). Desenvolvimento, justiça e meio ambiente. E. Belo Horizonte: Ed. UFMG: São Paulo: Ed.
Peirópolis, 2009, p. 242-270.

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