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Ética Empresarial e Governança

Corporativa
Profa.: Cynthia Sisconetto
Aula 03 e 04
Responsabilidade dos Administradores
Art. 158 da Lei 6.404/76
Conforme a Lei das S.A. o administrador “Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas
não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato
regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que
obrigações que contrair em nome da causar, quando proceder:
sociedade e em virtude de ato regular de I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;
gestão. Contudo, do mesmo artigo extrai-se II - com violação da lei ou do estatuto.
§ 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros
que o administrador poderá responder administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em
civilmente pelos danos ou prejuízos que descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para
causar, quando, ainda que dentro das suas impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o
administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata
atribuições, proceder com culpa ou dolo, ou de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela
violar lei ou o estatuto social. dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no
conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembleia-geral.’’
Responsabilidade do Compliance Officer
Diretor de Compliance Clara atribuição no
não é responsável por Estando o Compliance Officer Estatuto e
toda e qualquer diretamente relacionado à função de normativos internos
irregularidade facilitam uma
cometida na garantir que todos os procedimentos Maior rigor
eventual
quando a
Companhia realizados pela empresa estejam de irregularidade foi
responsabilidade.
A assinatura de
documentos que acordo tanto em relação às normas e frequente e
implicam em regulamentações internas, quanto às envolve valores
irregularidade relevantes
externas, pode ele ser responsabilizado
aumenta a
probabilidade de criminalmente em caso de
punição descumprimento destas?
Indícios de
O Diretor de
irregularidades devem
Compliance, assim
ser analisados e
como o DRI, possui o Deve haver comunicados a outras
dever de se informar comprovada instâncias como
sobre as principais omissão em seu Conselho de
operações da dever de Administração / Comitê
Companhia. fiscalizar – de Ética.
similar ao DRI;
Deveres dos Administradores
• Dever de Diligência;

• Dever de Lealdade;

• Dever de Informar;
Case 1 – Conflito de Interesses
Ler o Resumo dos fatos e avaliar se houve ou não Conflito de Interesses – Caso Eike – MMX e MPX
Business Judgment Rule
Princípio surgido no direito norte-americano, é um padrão norteador da imputação de
responsabilidade do administrador perante os atos praticados na administração de uma
companhia, garantindo que, respeitados alguns requisitos relacionados aos deveres de
conduta, ele não será responsabilizado pelo julgador caso as decisões sejam desastrosas
para a companhia ou para seus acionistas

(i) a decisão deve ter sido desinteressada e de forma independente;

(ii) deve ser respeitado o dever de diligência;

(iii) a decisão deve respeitar a boa-fé; e

(iv) não deve haver abuso de discricionariedade por parte do administrador.


Informações Privilegiadas
Publicada em 23 de agosto de 2021 e vigente desde 1º de setembro de 2021, a Resolução CVM nº 44/21 surgiu com o propósito de adequar a
literalidade da norma com a sua interpretação, as principais alterações/ alinhamento foram:

Inclusão de hipóteses de Presunção de Acesso/Uso à/de informação privilegiada por acionistas controladores (diretos ou indiretos) e
administradores (CA, CF e Diretoria) em relação à companhia e, também, por terceiros que tenham relação comercial, profissional ou de
confiança com a companhia;

Alteração da definição de Informação Privilegiada para esclarecer que as análises de certas operações, a partir do momento em que iniciados
quaisquer estudos relativos à matéria, são consideradas como informações relevantes;

O Período de Vedação passou a ser objetivo: 15 dias que anteceder a data da divulgação das informações contábeis trimestrais e
demonstrações financeiras anuais da companhia.

Dispensa de elaboração de Política de Divulgação em determinados casos; e

 Flexibilização relativa aos Planos individuais de Investimento e Desinvestimento.


Informações Privilegiadas
As alterações mais significativas constam no Artigo 13 da Resolução nº 44/21, que estabelece a vedação ao uso indevido de
informações privilegiadas, por qualquer pessoa que a ela tenha acesso, e alude sentido a presunções de caráter relativo, em substituição
às vedações explícitas ao acesso e ao uso de informações privilegiadas. Logo, o tema compreende uma sistemática de presunções, e não
de premissas e vedações absolutas, como estipulado anteriormente.

O caráter relativo da presunção garante o direito de prova em contrário mas, por outro lado, o ônus da prova ficou invertido. Assim, a
ilicitude dos atos é presumida e cabe ao acusado a comprovação de sua inocência.

Art. 13 da Resolução nº 44/21

“É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a
finalidade de auferir vantagem, para si ou para outrem, mediante negociação de valores mobiliários”.
Informações Privilegiadas
As alterações mais significativas constam no Artigo 13 da Resolução nº 44/21, que estabelece a vedação ao uso indevido de
informações privilegiadas, por qualquer pessoa que a ela tenha acesso, e alude sentido a presunções de caráter relativo, em substituição
às vedações explícitas ao acesso e ao uso de informações privilegiadas. Logo, o tema compreende uma sistemática de presunções, e não
de premissas e vedações absolutas, como estipulado anteriormente.

O caráter relativo da presunção garante o direito de prova em contrário mas, por outro lado, o ônus da prova ficou invertido. Assim, a
ilicitude dos atos é presumida e cabe ao acusado a comprovação de sua inocência.

Art. 13 da Resolução nº 44/21

“É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a
finalidade de auferir vantagem, para si ou para outrem, mediante negociação de valores mobiliários”.
Case 2 – Insider
O Colegiado da CVM condenou o então acionista e presidente do Conselho de Administração da OSX Brasil S.A., por negociar com ações de
emissão
da companhia.

Ø Breve Relato: Trata-se do Processo Administrativo Sancionador CVM RJ2013/13172 instaurado com o objetivo de apurar a
responsabilidade de Eike Fuhrken Batista pela eventual utilização de informações privilegiadas, na qualidade de acionista controlador e
presidente do conselho de administração da OSX Brasil S.A., na negociação de ações de emissão da própria companhia. Segundo a
acusação, Eike Batista aprovou alteração do plano que contemplava significativa redução de investimentos, monetização de ativos e
reorganizações societárias após alienação de ações de emissão da companhia, sendo que “é sabido que um investidor que tomasse
conhecimento do plano antes de sua divulgação ao mercado saberia da grande probabilidade de queda nas ações quando as informações fossem
divulgadas”.

Ø Defesa: A defesa alega que durante reunião com a diretoria, “não existia qualquer conclusão com relação à possível atualização do Plano e a que
medidas seriam adotadas pela companhia, portanto, as informação detidas até então por Eike Batista não possuiriam os elementos necessários que
pudessem influenciar de modo ponderável na compra e venda de ações de emissão da companhia”.

Ø Decisão: Em 13/06/2017, o Colegiado da CVM decidiu condenar Eike Fuhrken Batista ao pagamento de multa no valor de
R$21.013.228,00, por infração ao art. 155, §1º, da Lei 6.404/76 e art. 13 da Instrução CVM 358 (que foi revogada pela Resolução CVM nº
44/21). Neste caso, fora ponderado que, pelo fato de o acusado se tratar de insider primário (controlador/administrador), em linha com os
precedentes do Colegiado e o arts. 155, da Lei 6.404/76, e 13, da Instrução CVM 358, haveria contra ele uma presunção relativa de que a
negociação ocorreu na posse da informação privilegiada e com a finalidade de obter vantagem indevida.
Case 3 – Insider
O Colegiado da CVM condenou Eike Batista, na qualidade de presidente do conselho de administração e acionista controlador da OGX Petróleo
e Gás Participações S.A. e da OSX Brasil S.A (subsidiária), por negociar com ações de emissão da OGX Petróleo.

Ø Breve Relato: Trata-se do Processo Administrativo Sancionador CVM RJ2014/0578 instaurado com o objetivo de apurar a
responsabilidade de Eike Fuhrken Batista pela eventual utilização de informações privilegiadas na negociação de ações de emissão da OGX.
Neste caso, reconheceu-se que o acusado teria total conhecimento de todas as informações referentes ao andamento da sociedade em
seus campos de exploração, apenas por ser presidente do conselho de administração da companhia. Constatou-se, ainda, que o material
enviado pela diretoria aos conselheiros de administração abrangia informações que discorriam acerca necessidade de intervenção pela
inviabilidade dos campos de exploração e que, pela gravidade das informações acerca das operações de exploração dos campos, seria
impossível crer que ele, acionista controlador e presidente do conselho de administração, não tivesse sido informado de tais conclusões.

Ø Defesa: A defesa alega que as vendas de ações questionadas não teriam sido feitas por ele de posse de informação privilegiada
simplesmente porque inexistiria fato minimamente preciso, ou conclusivo, a ser divulgado ao mercado à época dos fatos.

Ø Decisão: Em 27/05/2019, o Colegiado da CVM decidiu condenar o acusado Eike Fuhrken Batista (i) a pena de multa no montante de
R$536.506.289,08, correspondente a duas vezes e meio o montante da perda evitada relativo a cada cargo; e (ii) inabilitação temporária pelo
prazo de sete anos para o exercício do cargo de administrador ou de conselheiro fiscal de companhia aberta, de entidade do sistema de
distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários, por manipular o preço
das ações da OGX em benefício próprio, reconhecendo que a matéria, por si só restaria relevante.
Case 4 – Insider
O Colegiado da CVM aceitou Termo de Compromisso proposta pelo presidente do Conselho de Administração da Marfrig, para
encerrar Processo Administrativo Sancionador em que apurava-se responsabilidade do mesmo pela negociação de valores
mobiliários em posse de informaçõesrelevantes ainda não divulgadas ao mercado, para benefício próprio.

Ø Breve Relato: Trata-se do Processo Administrativo Sancionador 19957.001931/2020-14, instaurado com o objetivo de
apurar a eventual responsabilidade de Marcos Molina, por utilizar informação relevante, ainda não divulgada, em negócios
realizados em seu nome e em nome de sua esposa, com ações ordinárias de emissão da Companhia. A CVM apura se Molina
utilizou informações ainda não divulgadas para comprar ações do frigorífico antes de aempresa anunciar a aquisição da
National Beef, em 2018. Segundo a área técnica da CVM, totalizaram 23 operações no período vedado, que teriam gerado
benefício de 6.734 milhões de reais ao administrador.

Ø Proposta: Molina apresentou uma proposta de termo de compromisso à CVM para encerrar o caso e ofereceu pagar R$ 20
milhões, argumentando que o compromisso é “oportuno e conveniente”, já que “não se configuram supostas irregularidades e não
houve prejuízo informacional ao mercado ”.

Ø Resolução: Em 23/11/2021, após recusar prévia proposta, por unanimidade, o Colegiado decidiu aceitar a proposta de
termo de compromisso apresentada, uma vez que o acordo seria oportuno pela quantia proposta, correspondente a 3 vezes
o valor do benefício, em tese, auferido, o que estaria em linha com o valor máximo usualmente pago em casos desta
natureza.
ESG
Melhores Praticas Ambiental, Social e de Governanca.

Por muito tempo, grandes empresas, organizações, governos e investidores consideraram os riscos “G” (governança), com foco em aspectos
como contabilidade financeira e relatos de práticas, o papel de liderança do conselho e sua composição, corrupção, éticas de negócios e
remuneração de executivos. Porém, na última década, a influência da parte “ES” (ambiental e social) aumentou consideravelmente.

Eventos recentes que retomaram o tema:

-Brumadinho;

-Incêndio na Amazônia;

-Vazamento de Óleo na costa;

-Coronavirus
ESG

A B3 e a S&P Dow Jones, maior provedor de índices do mundo, anunciaram o lançamento do


índice S&P/B3 Brasil ESG. O indexador utiliza critérios baseados em práticas ambientais,
sociais e de governança (representadas pela sigla em inglês ESG) para selecionar empresas
brasileiras para sua carteira.
ESG
“Um estudo realizado pela Ágora Investimentos concluiu que a adoção de uma
agenda ESG traz diversos impactos positivos para uma empresa, como vantagens
competitivas, melhora de reputação, maior lucratividade e até uma melhora em
seu valuation ao longo do tempo.”

Desde a criação do índice, a carteira ISE3 apresentou rentabilidade positiva de 296%,


contra 223% da carteira formada pelas ações que compõem o índice Ibovespa – uma
diferença bastante considerável.
ISE
Formado por papéis de 30 companhias: AES Tietê, B2W, Banco do Brasil,
Bradesco, Braskem, BRF, CCR Ecorodovias, Cemig, Cielo, Copel, Duratex,
EDP, Eletrobras, Engie, Fleury, Itaú Unibanco, Itaúsa, Klabin, Light, Lojas
Americanas, Lojas Renner, Movida, MRV, Natura, Petrobras Distribuidora,
Santander, Telefônica, Tim e Weg.

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