Heidegger entende que a “questão do ser” atrelada à finitude existencial humana (em linhas gerais, ao ente) ganharia um salto qualitativo: “... o ser finalmente chegou, estamos sob a força de comando de uma nova realidade” (HEIDEGGER apud SAFRANSKI, 2005, p.280). Este “salto” permitiu ainda que o filósofo se voltasse ao espírito-humano ocidental e a ideia de um “novo início” aparece no horizonte de seu pensamento. Heidegger Este [novo] começo é o início da filosofia grega. Aqui, pela primeira vez, o homem ocidental eleva-se de uma base popular e, em virtude de sua linguagem, resiste à totalidade do que é, o qual ele questiona e concebe como o ser. Toda ciência é filosofia, se ela sabe e deseja - ou não. Toda a ciência permanece ligada a esse começo da filosofia. A partir dele, extrai a força de sua essência, supondo que ainda permaneça igual a este começo (HEIDEGGER) Heidegger Heidegger, admirado com o novo regime se volta para o espírito histórico humano e percebe que há uma decadência fundamental que deve ser reparada e iniciada novamente, é o novo início, como intuição para a nova forma de pensar a historicidade: a história do ser. George (2015, p.01-02) escreve: “O olhar crítico-filosófico de Heidegger sobre a tradição que deu origem à modernidade se seguiu imediatamente à sua desconcertante intimidade com o nacional socialismo”. Desde que Heidegger era vivo, sua controvertida participação no movimento Nazista na Alemanha da Segunda Grande Guerra, até hoje, rende muitas páginas. Heidegger Heidegger pode ser considerado um ‘reacionário político’, A consciência reacionária se rebela contra a solidão e a anomia, contra o racionalismo e o materialismo e contra os artifícios do progresso e da tecnologia humanos. Ao procurar melhorar a condição de empobrecimento espiritual e emocional provocada pela vida moderna nas sociedades industriais, a consciência reacionária marca uma fuga atávica de praticamente qualquer aspecto da experiência que possa ser chamado de moderno. Nesse vôo, a busca por um retorno à natureza, ou o abraço do instinto sobre a razão, ou a busca de reconhecer vínculos entre pessoas que são raciais e não históricas, são comuns (ZIMMERMAN, 1990, p.79-81). Heidegger Nesse sentido, ele se coliga à esfera de sentimento nacionalista que se posiciona como um ego ferido, devido às perdas da Primeira Grande Guerra, e recoloca como alguém que tem certa aversão ao mundo produzido pelo modo de vida pós-guerra. Suas críticas ao mundo moderno, como os valores econômicos iluministas e o ideal de progresso por meio da objetivação e tecnologização, ao contrário, não o levaram a uma radical rejeição, tal como outros reacionários. Ele se posicionava muito mais desde “uma ordem mundial na qual os alemães pudessem estabelecer um novo modo de trabalhar e produzir. Enquanto ansiava por uma renovação. Heidegger A crise da Alemanha vivida no pós-Grande Guerra pela imposição dos tratados pós-guerra, leva Heidegger, em 1930, a perceber que os encaminhamentos da nação alemã necessitavam de uma ‘revolução’, um novo pensar entendido como um novo começo. É neste modo de pensar reacionário que Heidegger reconhece que o modelo de desenvolvimento assumido pelo capitalismo na qual a Alemanha estava subjugada se revelava ‘desenraizado’ e suas críticas, desde então, se volta contra o pensamento moderno enquanto tal. Em sua busca pela renovação da Alemanha, Heidegger usou quase todos os termos importantes, incluindo degeneração, niilismo, declínio, necessidade de raízes, decisão, transformação espiritual, martírio, revelação, renovação, conquista da salvação da Alemanha e debatido com as obras de muitos dos autores importantes, incluindo Spengler, Jünger e Klages, do movimento político reacionário que ajudou a levar Hitler ao poder. Heidegger Há um estado de decadência da cultura e do modo de viver provocado pelo pensamento degenerado da modernidade e da tecnologia. O encontro grego primordial com o ser de entidades rapidamente degenerou na metafísica produtivista que culminou na tecnologia moderna. O que a Alemanha exigia em seu tempo de crise, na opinião de Heidegger, não era um cultivo superficial dos clássicos gregos, mas um novo encontro com o ser das entidades, um encontro que surgiria em uma era radicalmente nova e não metafísica para Alemanha e oeste. Nos anos 30, ele concluiu que seu pensamento poderia fornecer a liderança espiritual necessária para o sucesso da ‘revolução’ nacional- socialista, que prometia iniciar um novo começo. A missão e a oportunidade da Alemanha “era passar por uma transformação que tornaria possível um novo relacionamento com a tecnologia, um relacionamento em que o trabalhador não fosse mais escravo de suas demandas, mas se tornaria um autêntico produtor de coisas Heidegger A defesa do projeto Nazista de um Estado Totalitário por Heidegger, hoje pode ser vista como um espaço alternativo entre o liberalismo e o comunismo, ou ainda um espaço de encontro entre a tecnologia e a humanidade. O que parece ter ocorrido, ainda que para os críticos mais radicais não se justifique, é uma certa decepção de Heidegger com a proposta desenvolvimentista dos Nazi. O que seria uma alternativa para o desenvolvimento, tornou-se a própria afirmação do desenvolvimento, cuja tecnologia moderna deve guiar a existência. Essa decepção pode ser sentida nos textos que seguem o final da década de 30 e toda década de 40, desembocando, por sua vez, nos textos altamente críticos da década de 50. De algum modo, essa fracassada experiência política, se assim se pode ler a experiência de Heidegger com o Nazismo, não o afastou dos movimentos internos que radicam o mundo moderno tecnológico. Ao contrário, sua experiência o faz mergulhar no pensamento moderno tentando entender radicalmente seu limite, inclusive os limites de suas próprias experiências A entrevista para a Revista Spiegel do ano de 1966, publicada postumamente, dá algumas pistas dessa opção do desenvolvimento nazista em Heidegger. Escola de Frankfurt Jürgen Habermas "A teoria do agir comunicativo" Estudo da Democracia - teoria do agir comunicativo (ação comunicativa) e da esfera pública. A dominação do homem sobre a natureza converte-se em dominação do homem sobre o homem – em favor da técnica daí a des-razão. Comunicação é anterior e fundamental que forma a vida social e o "eu“ – o mundo é determinado pelas trocas comunicativas. Daí a ética do discurso que fundamenta o caráter político-democrático do controle social. Por isso Democracia e Estado de Direito são Democracias deliberativas. Ação comunicativa é interação social e socialização que fazem os indivíduos se sentirem pertencendo aos grupos sociais. Escola de Frankfurt Jürgen Habermas Na sociedade coexistem - o sistema e o mundo da vida: – o 1º é a 'reprodução material‘ determinada pelos meios e os fins; poder político e valores econômicos. -O 2º é 'reprodução simbólica‘ (linguagem) com redes de significados marcados por processos comunicativos onde a linguagem leva a solidariedade (para garantir o entendimento dos falantes). A racionalidade comunicativa vai se aprendendo e o erro leva a desenvolver capacidades mais complexas. A ética é a garantia do discurso de todos na participação pública pelo discurso (não tem conteúdo) o conteúdo se constrói. ‘’Pretensões de validade'‘ para a mútua compreensão: Pretensão de Inteligibilidade (ser inteligíveis); Pretensão de Verdade (ser verdadeiro); Pretensão de Sinceridade (quem fala tem que ser sincero); Pretensão de Correção Normativa (para o contexto de normas e valores existentes). Escola de Frankfurt Jürgen Habermas. Dao integração social e democracia – cidadania. Buscar a MELHOR solução para os problemas – CONSENSO. Tem participação mais igualitária e ativa dos cidadãos nos litígios – mais justiça. Ação estratégica – interesses individuais – seus objetivos – armas, ameaças e seduções (a cooperação é para tirar vantagem) – sem espaço para ouvir argumetos. Ele propõe Ação comunicativa – entendimento mútuo; harmonizar pela discussão e consenso – diálogo – facilitador da coordenação das ações – democracia. Escola de Frankfurt Jürgen Habermas. Esfera pública – não instituição e espaço social. É o espaço onde está a livre circulação de tudo o que envolve a sociedade. São radares que percebem e identificam problemas da sociedade que chama atenção da instituição para que se “mecha”. Ai está o entendimento onde os indivíduos propõem soluções para seus problemas. É onde acontece a ação comunicativa – interações onde a comunicação leva ao consenso. As leis são legítimas quando vem deste consenso feito em igualdade de condições – soberania popular daí justo. “(...) o direito só mantém força legitimadora enquanto puder funcionar como uma fonte de justiça (...)” (Habermas, Direito e Democracia, Volume I, p. 184)".