Você está na página 1de 33

“ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FANUEL”

GUARDA MIRIM DE TELÊMACO BORBA

AULA 11:
PREVENÇÃO A LAVAGEM
DE DINHEIRO
Disciplina: SERVIÇOS BANCÁRIOS
Professora: FERNANDA G.
MENDES Módulo: 3° MÓDULO
Data: 07/12/2023
É uma expressão que se refere a práticas
econômico-financeiras que têm por finalidade
dissimular ou esconder a origem ilícita de
determinados ativos financeiros ou bens
patrimoniais, de forma a que tais ativos aparentem
uma origem lícita ou a que, pelo menos, a origem
ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É dar
fachada de dignidade a dinheiro que tem origem no
tráfico de drogas, no descaminho de armas, no
sequestro, no terrorismo e outras atividades ilícitas.
Lavagem de Dinheiro processo pelo qual o criminoso
transforma recursos ganhos em atividades ilegais em
ativos com uma origem aparentemente legal.
2
A expressão inglesa “Money Laundering” resulta do
fato que o dinheiro adquirido ilegalmente é sujo
devendo ser lavado ou branqueado. Uma origem
lendária leva a Al Capone que teria comprado em
1928, em Chicago, uma cadeia de lavanderias
(laundromats), da marca Sanitary Cleaning Shops. Esta
fachada legal ter-lhe-ia permitido fazer depósitos
bancários de notas de baixo valor nominal, habituais
nas vendas de lavanderia, mas resultantes afinal
do comércio de bebidas alcoólicas interdito pela
Lei Seca e de outras atividades criminosas como a
exploração da prostituição, do jogo e a extorsão.
3
De fato, a expressão "laundering" aparece pela
primeira vez no jornal inglês "Guardian" e
populariza-se nos anos 1970 quando do Caso
Watergate. Um informante, batizado de "Garganta
Profunda" (William Mark Felt), aconselhou o
repórter Bob Woodward, do Washington Post: "- Siga
o dinheiro".

4
O Comitê de Reeleição do então Presidente dos
Estados Unidos, Richard Nixon, envolvera-se em
transações financeiras que direcionavam fundos
ilegais de campanha para o México e depois de
volta para os Estados Unidos, através de uma
companhia em Miami. A história foi contada no filme
Todos os Homens do Presidente, com Robert Redford
e Dustin Hoffman.

5
A questão da lavagem de dinheiro como um problema
social de caráter internacional surgiu no final dos
anos 80, mais exatamente com a Convenção de
Viena em 1988 e foi rapidamente inserida em
variados instrumentos internacionais que exigiram a
respectiva criminalização. O impulso inicial foi
motivado pelas consequências dos lucros do tráfico de
drogas.
Nos anos 1990 surge a tendência de usar essa
aproximação para a prevenção e o combate ao
crime organizado e particularmente sua associação
com a corrupção política, judicial, policial, enfim,
que facilite a criminalidade.
6
Em 1989, foi criado o Grupo de Ação Financeira sobre
Lavagem de Dinheiro (GAFI/FATF), no âmbito da
Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), com a
finalidade de examinar medidas, desenvolver e
promover políticas de combate à lavagem de
dinheiro. Nesse sentido, o GAFI/FATF publicou as
40 Recomendações para prevenção e combate à
lavagem de dinheiro e, posteriormente, outras nove
recomendações voltadas para o combate ao
financiamento do terrorismo. O Brasil passou a
integrar o GAFI/FATF em 1999, como observador,
tornando-se membro efetivo em 2000.
7
Paralelamente, a constatação da necessidade de
cooperação internacional e da criação de um fórum
de ajuda mútua, com dados sobre operações
suspeitas disponíveis em uma rede de segurança
máxima, levou à criação do Grupo de Egmont, em
1995, que congregou Unidades de Inteligência
Financeira (UIFs) de vários países.

8
O combate à lavagem de dinheiro em âmbito
internacional se iniciou, principalmente, pela
preocupação do destino dos valores obtidos pelo
crime de tráfico ilícito de entorpecentes e
substâncias psicotrópicas, que por fim geram
riqueza aos criminosos que utilizam os meios de
lavagem de dinheiro para tornar seu dinheiro "limpo

9
Vasto número de operações de lavagem de dinheiro
são realizadas em paraísos fiscais, países que
possuem uma regulamentação fiscal e monetária das
atividades bancárias muito brandas ou às vezes
inexistentes, isentam tributos, taxas, sendo
considerados refúgios para o capital estrangeiro,
características estas que motivam a prática da lavagem
de dinheiro.

10
Atualmente a lavagem de dinheiro é um meio
para regularizar valores oriundos de diversos
crimes, que, inclusive, costumam ter início em um
país e migrarem por vários outros até sua
consumação, para tanto foram criadas normas com
base na Convenção pretendendo um intercâmbio
legal e de experiências entre os países.

11
Dois aspectos:
Permite que criminosos perpetuem suas atividades ilícitas,
facilitando o acesso aos lucros oriundos de negócios
escusos; Mancha as instituições financeiras, minando a
confiança pública, sua integridade, credibilidade e imagem.
A lavagem de dinheiro acontece em praticamente todos os
países do mundo e sempre envolve a utilização de
instituições financeiras. Um esquema simples geralmente
envolve transferir dinheiro entre vários países para
esconder sua origem. A expressão inglesa money
laundering (lavagem de dinheiro) resulta do fato de que o
dinheiro adquirido ilegalmente é sujo devendo ser lavado
ou branqueado

12
1º) Distanciamento dos fundos de sua origem evitando
uma associação direta deles com o crime;
2º) Disfarce de suas várias movimentações para dificultar
o rastreamento desses recursos;
3º) Disponibilização do dinheiro novamente para os
criminosos depois de ter sido suficientemente
movimentado no ciclo de lavagem e poder ser
considerado "limpo".

13
Caracteriza-se como crime de lavagem de dinheiro: Ocultar ou
dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. Pena
reclusão de 3 a 10 anos + multa.
Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a
utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal:
I - os converte em ativos lícitos;
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia,
guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes
aos verdadeiros.

14
Aumentos substanciais no volume de depósitos de
qualquer pessoa física ou jurídica sem causa
aparente.
Troca de grandes quantidades de notas de
pequeno valor por notas de grande valor.
Proposta de troca de grandes quantias em
moeda
nacional por moeda estrangeira e vice-
versa.
Compras de cheques de viagem e cheques
administrativos, ordens de pagamento sem
evidencias de propósito claro.
Movimentação de recursos em praças localizadas 15
Movimentação de recursos incompatível com o
patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação
profissional e a capacidade financeira presumida do
cliente.
Numerosas contas com vistas ao acolhimento de
depósitos em nome de um mesmo cliente, cujos
valores, somados, resultem em quantia significativa.
Abertura de conta em agencia bancaria localizada
em
estação de passageiros.
A utilização de cartão de crédito em valor não
compatível com a capacidade financeira do usuário.

16
1ª Fase – Colocação é a colocação do dinheiro no
sistema econômico.
Objetivo ocultar a origem do dinheiro o criminoso
procura movimentar o dinheiro em países com
regras mais permissivas e naqueles que possuem
um sistema financeiro liberal.
Efetivação depósitos, compra de instrumentos
negociáveis ou compra de bens.
Dificuldade na identificação da procedência do
dinheiro fracionamento dos valores que transitam
pelo sistema financeiro e a utilização de
estabelecimentos comerciais que usualmente
trabalham com dinheiro em espécie.
17
2ª Fase – Ocultação consiste em dificultar o
rastreamento contábil dos recursos ilícitos.
Objetivo quebrar a cadeia de evidências ante a
possibilidade da realização de investigações sobre a
origem do dinheiro.
Efetivação movimentação de forma eletrônica,
transferindo os ativos para contas anônimas –
preferencialmente, em países amparados por lei de
sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas
"fantasmas".

18
3ª Fase – Integração os ativos são incorporados
formalmente ao sistema econômico.
Objetivo legalizar o dinheiro “lavagem”.
Efetivação as organizações criminosas fazem
investimentos em empreendimentos que facilitem
as atividades ilegais podendo várias
organizações prestarem serviços entre si.
Uma vez formada essa “teia de lavagem”, torna-se
cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.

19
CRIMES DE RECEPTAÇÃO
 Receptação: Crime contra o patrimônio,
consistente em adquirir, receber ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro de
boa-fé a adquira, receba ou oculte.
 Receptador: Aquele que pratica o crime de
receptação. Comprador habitual com finalidade
de lucro, de objetos furtados ou roubados, cuja
procedência não ignora.
 Receptar: Recolher, ocultar ou comprar coisas
furtadas ou roubadas.
20
CRIMES DE RECEPTAÇÃO
O artigo 180 do Código Penal preconiza que:
“Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa
que sabe ser produto de crime, (receptação
própria) ou influir para que terceiro, de boa fé,
a adquira, receba ou oculte. Em suma, observa-se
que as condutas típicas para que o crime se
consuma-se encontram-se disciplinadas acima e
são: adquirir, receber, conduzir e ocultar.
Geralmente os crimes de roubo, furto,
apropriação indébita ou peculato, desembocam
nestas condutas, configurando-se o crime de
receptação.”
21
CRIMES DE RECEPTAÇÃO
Vamos entender alguns termos correntes no jargão
legal:
 Receptação dolosa privilegiada
Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela detenção, diminuí-la de um terço a
dois terços, ou aplicar somente a pena de
multa. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica
ou qualquer outra que tenha valor econômico;

22
CRIMES DE RECEPTAÇÃO
 Receptação dolosa qualificada

A receptação é punível, ainda que desconhecido


ou isento de pena o autor do crime de que proveio
a coisa. Adquirir, receber, transporta, conduzir,
ocultar, ter em depósito, demonstrar, montar,
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial,
coisa que deve saber ser produto de crime;

23
CRIMES DE RECEPTAÇÃO
 Receptação Culposa
Prática de conduta com previsibilidade sem
previsão de resultado definido como crime culposo
e ocorrência do resultado para falta de adoção ou
cautelas.
"Adquirir ou Receber" coisa que a pessoa não
sabe da sua origem legítima da coisa, o que
podem conduzir o agente a fazer isso é a
natureza da coisa; a desproporção entre o valor
e o preço, isso pode agravar o nome de terceiro
como proprietário.

24
CRIMES DE RECEPTAÇÃO
 Perdão judicial

Trata-se de receptação culposa, se o criminoso é


primário, pode o juiz, tendo em consideração as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Isso e
mais que um caso de perdão judicial, não se
exigindo que a coisa seja de pequeno valor.

25
As instituições financeiras são obrigadas a:
Identificar seus clientes e manter cadastro
atualizado dos clientes – pessoas físicas ou
jurídicas.
Manter registro de toda transação em moeda nacional ou
estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de
crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser
convertido em dinheiro.
Arquivar por 5 anos os cadastros e registros das
transações financeiras.
BACEN manterá registro centralizado, formando o
cadastro geral de correntistas e clientes de instituições
financeiras, bem como de seus procuradores.
26
Conselho de Controle de Atividade Financeira –
Unidade de Inteligência Financeira do Brasil
Órgão criado no âmbito do Ministério da Fazenda
atua eminentemente na prevenção e combate à
lavagem de dinheiro e ao financiamento ao
terrorismo.

27
Competências:
Receber, examinar e identificar as ocorrências
suspeitas de atividades ilícitas;
Comunicar às autoridades competentes crimes de
“lavagem”, ocultação de bens, direitos e valores, ou
de qualquer outro ilícito;
Coordenar e propor mecanismos de cooperação e de
troca de informações que viabilizem ações rápidas e
eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de
bens, direitos e valores;
Disciplinar e aplicar penas administrativas.

28
As instituições financeiras devem comunicar
ao COAF, na forma determinada pelo Banco
Central do Brasil:
As operações realizadas ou serviços prestados
cujo valor seja igual ou superior a R$10.000,00
que possam configurar indícios de crime.
Movimentações financeiras em espécie igual ou
superior a R$ 100.000,00.
Atos suspeitos de financiamento do terrorismo ou
de lavagem de dinheiro.

29
A Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e
Lavagem de Dinheiro (ENCLA) criada em 2003 pelo
Ministério da Justiça estabeleceu como meta a
definição e regulamentação das obrigações do
sistema financeiro em relação às Pessoas
Politicamente Expostas (PPE).
Consideram-se pessoas politicamente expostas os
agentes públicos que desempenham ou tenham
desempenhado, nos cinco anos anteriores, no Brasil ou
em países, territórios e dependências estrangeiros,
cargos, empregos ou funções públicas relevantes,
assim como seus representantes, familiares e outras
pessoas de seu relacionamento próximo, conforme
definido pela ENCLA. 30
As instituições financeiras devem considerar como
pessoas politicamente expostas:
Empregados com função pública relevante – chefes de
Estado e de Governo;
Políticos;
Servidores do Poder Público e da Justiça;
Magistrados ou militares de alto escalão;
Dirigentes de empresas públicas;
Dirigentes de partidos políticos;
Prefeitos e os presidentes de Câmara Municipal das
capitais de Estado;
Seus parentes de primeiro grau.
31
A distinção de Pessoas Politicamente Expostas e o
estabelecimento de rotinas de monitoramento de sua
movimentação financeira visa a prevenção da
corrupção da corrosão dos valores morais e éticos da
sociedade e da articulação de crimes de lavagem de
dinheiro.
Trafico de drogas;
Terrorismo e seu financiamento;
Contrabando ou trafico de armas e munição;
Sequestro;
Atentados contra a administração publica;
Atentados contra o Sistema Financeiro Nacional;
32
CONTINUAMOS NA PRÓXIMA AULA!!

• Dúvidas??
• Entre em contato
• fernanda@guardamirim.org.br
• (42) 99924-6229

33

Você também pode gostar