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BROCHURA INFORMATIVA SOBRE

LAVAGEM DE CAPITAIS
E FINANCIAMENTO DO TERRORISMO

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JUNTOS NA PREVENÇÃO E NO COMBATE,
POR UM CABO VERDE MAIS SEGURO!

JULHO/2018
JUNTOS NA PREVENÇÃO
E NO COMBATE À LAVAGEM DE CAPITAIS N ÃO
D IGA
E AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO!

APRESENTAÇÃO

As políticas de prevenção da lavagem de capitais e do


financiamento do terrorismo são essenciais para dissuadir que
infratores disfrutem dos bens, valores e produtos oriundos das
suas atividades ilícitas e, simultaneamente, desestimular
práticas criminosas.

Um dos meios mais eficazes de prevenir tais práticas consiste em


obter informações que certos sectores comerciais e atividades
profissionais nao financeiras produzem durante a realizacao dos
seus negócios.

A presente brochura foi preparada pela Unidade de Informação


Financeira (UIF) e teve a preocupação essencial de traduzir em
linguagem acessivel o que de mais relevante possa auxiliar,
designadamente, as entidades sujeitas a compreender a
legislação vigente sobre a prevenção e combate à lavagem de
capitais e ao financiamento do terrorismo. A sua utilização para
qualquer outro fim é desaconselhada.

Redigida de forma simples e sintética, esta brochura é


meramente pedagógica, portanto, não pretende abranger todos
os procedimentos ou deveres contidos na legislação vigente em
Cabo Verde sobre a prevenção e combate à lavagem de capitais
e do financiamento do terrorismo.

Boa leitura!

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PREVISÃO LEGAL

A política de prevenção e combate à seguintes diplomas:


lavagem de capitais e ao financiamen-
to do terrorismo adota ações de Lei nº 38/VII/2009, de 20 de Abril,
prática administrativa e compromissos alterada e republicada através da
inerentes aos princípios gerais em lei nº 120/VIII/2016, de 24 de
Março que estabelece as medidas
destinadas a prevenir e reprimir o
crime de lavagem de capitais, bens
e valores (artigo 39º) bem como o
seu agravamento (artº 40).

Lei nº 27/VIII/2013, de 21 de janei-


ro, republicada através da lei nº
119/VIII/2016, de 24 de março, que
estabelece as medidas de nature-
za preventiva e repressiva contra o
terrorismo, seu financiamento e
sua organização;

Decreto-Lei nº 1/2008, de 14 de
cumprimento das legislações nacio- Janeiro, reconfiguradas pelo
nais e internacionais, em particular as Decreto-lei nº 9/2012, que cria a
recomendações do Grupo de Ação Unidade de Informação Financeira
Financeira (GAFI), através dos (doravante designada como UIF).

LAVAGEM DE CAPITAIS E FINANCIAMENTO DO TERRORISMO:


QUAL O PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO?

É garantir a boa administração da capitais põe em perigo o sistema


justiça, eliminando ou evitando o económico-financeiro e o terrorismo e
acesso aos bens ilicitamente obtidos. seu financiamento buscam subverter
Outrossim, velar pela ordem económi- o Estado de direito democrático e as
ca, na medida em que a lavagem de liberdades individuais.

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UNIDADE DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA (UIF)

A Unidade de Informação Financeira Apoio técnico pericial: presta apoio


(UIF) é a unidade central nacional com às autoridades judiciárias, aos
competência para receber, requerer, órgãos da polícia criminal, e às
analisar e difundir a informação resul- entidades com competência de
tante de comunicações de operações prevenção ou repressão dos crimes
suspeitas do cometimento dos crimes de lavagem de capitais e financia-
de lavagem de capitais e financia- mento do terrorismo; FT;
mento do terrorismo.
A UIF obedece ainda aos deveres de:
As atribuições da UIF consistem em:
Especialidade: As informações
Receber: receção das Comuni- financeiras geridas pela UIF devem
cações de Operações Suspeitas ser utilizadas apenas e exclusiva-
(COS) tanto sobre a lavagem de mente para fins de inteligência no
capitais como sobre o financiamen- combate à LC e ao FT;
to do terrorismo.
Independência: A UIF tem o dever
Analisar: analisa informações oriun- de independência em relação à
das de várias fontes a fim de identifi- influência ou ingerência indevida
car padrões e significados; seja política seja administrativa,
tanto do sector público como do
Difundir: se se confirmar padrões sector privado.
que indiciem práticas criminosas,
produz um Relatório Analítico Final Confidencialidade: É vedada à UIF
(RAF) sobre o caso, que é depois a quebra da privacidade das
remetido ao Procurador-Geral da informações financeiras que recebe
República. e analisa, devendo manter em sigilo
a identidade do empregado ou
A UIF tem ainda as funções de: dirigente da entidade que as forne-
ceu.
Sensibilização: promove e executa
ações de divulgação e educação do À UIF compete também cooperar
público em matéria de prevenção e com as congéneres internacionais e
combate à lavagem de capitais e ao demais entidades competentes,
financiamento do terrorismo; internas e internacionais, e ainda

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elaborar e difundir recomendações capitais e financiamento do terrorismo
para a prevenção da lavagem de previstas na lei.

O QUE É LAVAGEM DE CAPITAIS (LC)?

É o processo de conversão ou trans- Trata-se de um processo complexo e


ferência de vantagens do crime com o dinâmico, desencadeado com o objeti-
objectivo de ocultar a origem, o dono vo de integrar capitais ilícitos na econo-
ou o destino de bens, produtos e/ou mia geral e transformá-los em bens ou
valores adquiridos de forma ilegal, ao serviços que possam ser vistos como
escondê-lo dentro de atividades da comunidade legal
económicas, num bem, produto e/ou
valores aparentemente legal.

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O QUE É TERRORISMO?

É a execução de atos que visam contra a segurança dos transporte e


ofender ou pôr em perigo a respetivas infraestruturas e das
independência ou a integridade comunicações;
territorial de um país, destruir, alterar
ou subverter o Estado de direito Produção dolosa de perigo comum,
democrático, criar um clima de através de incêndio, explosão,
agitação ou perturbação social, forçar libertação de substâncias radioati-
as autoridades públicas a praticar ou vas ou de gases tóxicos ou
abster-se de praticar certos atos ou asfixiantes;
ainda a tolerar a intimidação de certas
pessoas, grupos ou a população em Investigação e desenvolvimento de
geral, mediante: armas biológicas ou químicas, que
impliquem o emprego de energia
Atentados contra a vida, a integri- nuclear, armas de fogo, biológicas
dade física ou a liberdade pessoas, ou químicas.

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ORGANIZAÇÃO TERRORISTA

Quem promover ou fundar um grupo de prisão de 6 a 12 anos. De igual


desta natureza é punido com pena de modo, a prática de atos que visam a
prisão de 8 a 15 anos. A pena de prisão criação de uma organização terrorista
para quem chefia ou dirige tais organi- é punida com pena de prisão: 1 a 8
zações é de 10 a 20 anos, enquanto a anos.
adesão ou o apoio é punido com pena

FINANCIAMENTO DO TERRORISMO

É o acto praticado por pessoa individ- transformados em fundos, com a


ual ou coletiva, por quaisquer meios, intenção de serem utilizados ou
direta ou indiretamente, de fornecer, sabendo que podem ser utilizados,
recolher ou detiver, gerir fundos ou total ou parcialmente, no planeamen-
bens de qualquer tipo, bem como to, na preparação ou para a prática de
produtos ou direitos suscetíveis serem atos terroristas.

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AS FASES DO PROCESSO DE LAVAGEM DE CAPITAIS
E FINANCIAMENTO DO TERRORISMO

O processo, quer de lavagem quer de posteriormente, são trocados ou


financiamento do terrorismo, envolve, vendidos;
em regra, três fases:
- transmissão eletrónica de fundos
A fase de colocação, corresponde à (trata-se do método mais impor-
entrada do capital ilícito no sistema tante, eficaz e de fácil ocultação).
financeiro e não financeiro. O
agente procura, sobretudo, o A fase de integração, visa a entrada
estrangeiro, em regra, paraísos dos bens nos circuitos económicos
fiscais (para evitar ou dificultar o legítimos. Isto é realizado com a
estabelecimento de relações); compra de bens, como imóveis,
valores mobiliários ou outros ativos
A fase de ocultação, ou conversão, financeiros e artigos de luxo.
envolve um conjunto de operações
tendentes a esconder a origem dos
Estas três fases também estão
capitais ilícitos, a distanciar estes da
presentes nos esquemas de finan-
sua proveniência, nomeadamente,
ciamento do terrorismo, exceto o
através de numerosas transações
fato de que a terceira fase (a
financeiras, como por exemplo:
integração) envolve a distribuição
de fundos aos terroristas e às suas
- criação de rastos documentos organizações de apoio, enquanto a
falsos com vista a ocultar a verda- lavagem de capitais, como atrás
deira fonte, propriedade e local dos referido, evolui na direção oposta –
fundos ilícitos; a integração dos fundos de origem
criminosa de origem criminosa na
- conversão do dinheiro em espécie economia legítima.
em instrumentos financeiros,
mesmo que já tenha havido recurso
a eles na fase de colocação e, em
consequência, são utilizados ordens
de pagamento, cheques caixa,
ações, etc.;

- aquisição de bens materiais com o


dinheiro em espécie, bens que,
posteriormente, são trocados ou

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DEVERES DAS ENTIDADES SUJEITAS

No âmbito da Lei da Lavagem de Dever de exame (artigo 26º);


Capitais, as entidades sujeitas devem
implementar políticas e procedimen- Dever de comunicação (artigo 34º)
tos adequados ao respetivo sector de
atividade, bem como cumprir os Dever de declaração de transportes
seguintes deveres: físicos transfronteiriços;

Dever de avaliação e abordagem Dever de abstenção (artigo 32º);


dos riscos (artigo 10º n.4);
Dever de colaboração e informação
Dever de identificação e verificação (artigo 31º)
de identidade (artigo 12º)
Dever de confidencialidade; (artigo
Dever de diligência relativa à clien- 33º)
tela (artigo 15º)
Dever de controlo (artigo 28º);
Dever de recusa (artigo 21º)
Dever de formação (artigo 29º).
Dever de conservação de docu-
mentos (artigo 25º);

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QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DO INCUMPRIMENTO
DA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS ?

O incumprimento por parte das


entidades sujeitas pode resultar em
responsabilidades de natureza diver-
sa, nomeadamente:

Criminal:

- Prisão - pessoa singular

- Multa - Pessoa coletiva

- Dissolução judicial - pessoa


coletiva
Prisão

Civil

- Pessoa singular e coletiva

Contraordenacional - Pessoa singular


e coletiva

Pessoas coletivas Pessoa singular


Contra ordenações
Mínimo Máximo Mínimo Máximo

Graves 500.000 5.000.000 250000 2.500.000

Especialmente graves 750.000 6.000.000 400.000 3.000.000

Leves 100.000 2.000.000 50.000 1.000.000

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Relativamente ao financiamento do Em caso de negligência, a pena de
terrorismo: prisão é de até 1 ano ou de multa de
até 500 dias

A violação do dever de congela- O valor de cada dia de multa é de


mento, direta ou indiretamente, é 5.000$00 para pessoa singular e
punida com pena de prisão de 3 a 5 20.000$00 pessoa coletiva ou
anos ou pena de multa até 500 dias equiparada

ENTIDADES DE REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DAS ENTIDADES SUJEITAS

Entidades de Regulação e Supervisão Entidades Reguladas e Supervisionadas

Banco de Cabo Verde Instituições Financeiras

Pessoas físicas ou coletivas que exploram


A Inspeção Geral de Jogos
casinos, jogos de fortuna ou azar e lotarias

Ordem dos Advogados Advogados e solicitadores

Direção Geral dos Registos, Notariado e


Notários e Conservadores dos Registos
Identificação

Direção Nacional das Receitas do Estado Direção das Alfândegas

Promoção Imobiliária e mediação imobiliária;


Inspeção Geral das Construções e da
Compra e venda de imóveis; Construtoras que
Imobiliária
procedam à venda direta de imóveis

OPACC Auditores, Contabilistas e Consultores Fiscais

Comerciantes de bens de valor elevado,


Inspeção Geral das Atividades Económicas nomeadamente veículos, obras de arte,
antiguidades e joias

Plataforma das ONG Organização sem fins lucrativo

Entidades que não estejam sujeitas à supervisão


UIF
de outra autoridade

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Financiamento do Terrorismo

Agência nacional de Aviação Civil

Direção das Alfandegas

Direção de Estrangeiros e Fronteiras

Autoridades Policiais

COMPETÊNCIAS

Compete às autoridades de regu- Competências específicas para


lação e supervisão: financiamento do terrorismo

Regular, supervisionar, fiscalizar, Atuar imediatamente e tomar as


inspecionar e garantir o cumpri- medidas necessárias e adequadas
mento dos deveres legais ao cumprimento do ato internacio-
nal aplicáveis e execução ordena-
Editar regras de boas práticas e das perla autoridade competente;
garantir que as entidades sujeitas
estão a cumprir as suas obrigações; Emitir instruções e de as comunicar
às entidade públicas ou privadas
Aplicar medidas e sanções às supervisionadas ou coordenadas e
entidades reguladas e supervision- comunicar à autoridade compe-
adas por violação do cumprimento tente do incumprimento por parte
das obrigações; das entidades reguladas/supervi-
sionadas;
Aprovar regulamentos de execução,
orientações e recomendações para Tornar pública nos sítios da internet
ajudar as entidades reguladas e a lista de pessoas e entidades
supervisionadas no cumprimento nacionais e internacionais sancio-
das obrigações. nadas.

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PREVENÇÃO

A prevenção é determinante no colaboradores e suas transações;


combate à Lavagem de Capitais,
cabendo às entidades sujeitas um Guardar e conservar os registos dos
papel decisivo. Por conseguinte, estas documentos clientes e respetivos
devem: colaboradores e suas transações;

Desenvolver e promover programas Comunicar as operações suspeitas;


de capacitação e de conscien-
tização dos funcionários; Elaborar políticas de prevenção à
Lavagem de Capitais
Conhecer seus clientes e respetivos

OPERAÇÕES SUSPEITAS

São consideradas suspeitas e deverão Como e quem deve fazer uma


ser comunicadas à UIF todas as oper- Comunicação de Operação Suspeita
ações que não aparentem serem (COS)?
resultantes de atividades ou negócios
usuais do cliente, ou do seu ramo de A COS deve ser feita pelas entidades
sujeitas, que devem utilizar para tal o
negócio, assim como as operações
formulário disponibilizado pela UIF,
que são incompatíveis com o seu
anexando os documentos suportes
património ou com a sua capacidade
em que se baseiam as suas suspeitas.
económico-financeira e ainda quando A comunicação pode ser feita via:
o cliente oferece resistência ao forne-
cimento de informações ou quando as
informações forem falsas. E-mail: uif.comunicacoes@uif.cv;
Fax: (238) 2 621528;
Suporte em papel para: Rua
Cidade do Funchal, Meio Achada
Santo António, C.P. Nº 1041

Juntos na prevenção e no combate

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FICHA TÉCNICA

Título: “Brochura Informativa sobre Lavagem de Capitais e Financiamento do Terrorismo”.


Coordenação e organização: Unidade de Informação Financeira (UIF)
Design, maquetagem, redação e edição: EME – Marketing & Eventos
Impressão: Tipografia Santos
Tiragem: 1200 exemplares
Copyright © 2018 Unidade de Informação Financeira
A LAVAGEM DE CAPITAIS
E O FINANCIAMENTO DO TERRORISMO
SÃO CRIMES

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A N
DIG

JUNTOS NA PREVENÇÃO E NO COMBATE,


POR UM CABO VERDE MAIS SEGURO!

Financiamento da
União Europeia

Rua Cidade do Funchal, Meio Achada Santo António,


C.P. Nº 1041

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