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Como lidar com preconceito e

assédio nas empresas?


• Redes sociais, marcas, veículos de mídia e pessoas
estão discutindo e denunciando cada vez mais casos
de preconceito e assédio. Os chocantes relatos
envolvem tanto situações do dia a dia quanto do
ambiente corporativo. Diante disso, torna-se
fundamental discutir como as empresas devem lidar
com racismo, assédio sexual e moral e homofobia. A
liderança da sua empresa está preparada?
• Na semana passada, ao abrir meu LinkedIn, me
deparei com um depoimento impressionante do
presidente da Bayer no Brasil. Ele contou que um
conhecido estava aguardando para fazer uma
entrevista de emprego. O entrevistador, ao ver que o
candidato era negro, disse ao RH que não sabia desse
detalhe e que não entrevistava negros.
• O caso ganhou uma repercussão enorme nas redes
sociais e ampliou o espaço da discussão. Ainda que eu
lamente ser necessário que a denúncia seja feita por
um homem branco de alto escalão para viralizar, vejo
com ótimos olhos o debate chegando à liderança das
empresas.
• Problemas de preconceito e assédio no trabalho são
muito mais comuns do que gostaríamos e está longe
do aceitável. Ao contrário do que alguns acreditam,
não é uma prática recente e nem está ocorrendo com
mais ou menos frequência do que antes.
• O que mudou é que, felizmente, cada vez mais pessoas
estão criando coragem e se sentindo à vontade para
falar sobre temas tão delicados. Por outro lado, muitas
empresas e gestores não estão preparados para lidar
com o assunto.
• Nesta semana, o tema voltou a movimentar o
país com a denúncia da figurinista Susslen Tonani
contra o ator José Mayer. O caso, além de ganhar
uma repercussão enorme, gerou a suspensão do
ator pela Rede Globo por tempo indeterminado.
Diversas atrizes da emissora fizeram um
protesto, que foi apoiado formalmente pela
Globo, e o ator escreveu uma carta pública
desculpando-se.
• Este caso de assédio envolvendo uma importante
empresa do país mostra como o tema merece
atenção. Por isso, veja algumas dicas e sugestões
para a liderança da sua empresa lidar com o
preconceito e o assédio no ambiente corporativo.
Identificar e reconhecer o problema
• Antes de mais nada, não precisa ser dito que nenhum tipo de
preconceito deve ser tolerado. No ambiente de trabalho, o
respeito deve existir entre todos os níveis hierárquicos e
pessoas, independentemente de cor de pele, idade, etnia,
orientação sexual, condições físicas ou o que for.
• Mesmo sabendo disso, é preciso reconhecer que o problema
existe e é grave. Em uma pesquisa realizada pelo Opinion Box
no dia da Mulher, 34% das entrevistadas afirmaram que já
sofreram assédio no ambiente de trabalho.
• O número é muito alto para não ser levado a sério. Por isso,
não importa que em sua empresa ainda não tenha ocorrido
nenhum tipo de denúncia ou que não haja qualquer indício de
problemas como assédio e preconceito. Mesmo assim, o tema
precisa ser debatido e levado em consideração.
Toda denúncia ou reclamação é séria
• E se um colaborador ou colaboradora fizer uma reclamação de
assédio ou preconceito? Toda e qualquer reclamação deve ser
levada a sério. Por menor que pareça, por mais estranha que soe, é
sempre preciso ter em mente que a pessoa precisou de muita
coragem para procurar o gestor, o RH ou a diretoria para se expor.
• É evidente que o relato deve ser apurado, as partes envolvidas
precisam ser ouvidas e as providências devem ser tomadas com
cautela. Mas a empresa nunca pode partir do pressuposto de que
não foi bem assim, de que o funcionário ou funcionária pode estar
exagerando e que algo como o relatado jamais aconteceria na
empresa.
• Ouvir com atenção, transmitir segurança e conforto são os
primeiros passos. Os passos seguintes dependem muito do tipo de
reclamação ou denúncia e da gravidade do caso. Mas vale lembrar
que tanto assédio quanto preconceito é crime.
Como a pesquisa de mercado pode
ajudar
• A pesquisa de mercado é um excelente
caminho para identificar problemas em sua
equipe. Ao fazer uma pesquisa de clima
organizacional com seus colaboradores, é
possível tanto abrir espaço para relatos de
preconceito e assédio quanto para outros
problemas que também merecem atenção,
como insatisfação com um colega, com o
gestor ou com a empresa como um todo.
Como fazer pesquisas com
colaboradores
• Para que seus funcionários se sintam à vontade para expor
sua opinião, é preciso garantir a confidencialidade das
respostas. A pesquisa por email ajuda os funcionários a se
sentirem mais à vontade, sem o papel do entrevistador
para inibi-lo.
• Você pode criar um questionário online e enviar para todos
os colaboradores. Nas ferramentas de pesquisa de
mercado online, não é possível identificar individualmente
quem deu cada resposta, o que garante a privacidade de
cada um.
• Explique os objetivos da pesquisa, deixe claro que os dados
são confidenciais e faça uma pesquisa sobre diferentes
temas relacionados ao ambiente de trabalho.
Tipos de pergunta
• Uma pesquisa de clima organizacional pode abordar
diferentes assuntos. Os colaboradores estão satisfeitos com
o ambiente físico? Gostam da função que exercem? Veem
futuro na empresa? Tem bom relacionamento interpessoal
com os outros, independentemente da hierarquia? Se
sentem à vontade para expor ideias e opiniões?
Compreendem e estão satisfeitos com a política de cargos e
salários da empresa?
• Além disso: sentem-se motivados com o trabalho?
Acreditam que têm as mesmas oportunidades que os
colegas? Sentem, ou já sentiram alguma forma de
preconceito? Viram algum colaborador assediando ou
destratando outro colaborador? Acham que tem um
diálogo aberto com a diretoria da empresa?
Não sou um gestor
• Se você não é gestor da sua empresa, mas está atento
a este assunto, também há coisas que você pode fazer
para combater o preconceito e o assédio na sua
empresa. Se vivenciou ou soube de algum caso de
assédio e preconceito, procure o setor de RH ou o seu
gestor e exponha o caso.
• Não deixe de propor também que o assunto seja mais
debatido internamente. Pergunte aos superiores qual
é a política da empresa diante desses casos, mesmo
que nada tenha acontecido. É uma boa forma de medir
o que a empresa pensa sobre o tema. Converse com
seus colegas sobre o assunto e nunca, nunca incentive
práticas como piadas e brincadeiras ofensivas.
O assédio e o preconceito precisam
acabar
• O que estamos propondo aqui são pequenas
formas de acabar com o assédio e o
preconceito e de começar a transformar a
cultura das empresas e das pessoas. É
importante ter em mente que esse tipo
inaceitável de prática depende das pessoas
para acabar. Cada empresa, cada líder e cada
colaborador é um agente de mudança. E
então, vamos começar a mudar?
FIM

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