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Sumário
Introdução
sombras
3. O chefe controlador
4. O queridinho do chefe
favoritos
5. O chefe ausente
você
6. O colega ultracompetitivo
8. A panelinha
panelinha
9. O ladrão de créditos
complicados
Sobre a autora
Sobre a Sextante
O que você vai aprender
Compreenda que nem todo conflito é ruim: Talvez você passe a ter
um ótimo desempenho após ser desafiado por um colega agressivo ou
forçado a trabalhar com alguém que não suporta. Nós podemos, e com
frequência conseguimos, nos sair bem perante os desafios. Não pres‐
suponha que se sentir desconfortável seja necessariamente ruim.
O problema
Sem que ninguém perceba, há muito tempo você vem mostrando a seu
superior como fazer o trabalho. Ele depende de sua ajuda para tudo,
desde interpretar os relatórios mensais para entender a demanda do
mercado até acalmar acionistas irritados. O problema é que só o nome
dele aparece à frente dos projetos. Você se sente um contrarregra por trás
das cortinas – é você quem comanda o espetáculo, mas é ele quem
aparece no palco e recebe os aplausos.
Quando a pessoa que deveria ajudar a alavancar sua carreira esconde suas
contribuições inteligentes, é normal se sentir desvalorizado. Mesmo que o
chefe não esteja prejudicando ou impedindo seu crescimento na empresa de
propósito, ca difícil manter a motivação – a nal, você sabe que seus
esforços não são nem sero reconhecidos.
Alguns gestores simplesmente não gostam de compartilhar os holofotes.
Outros se aborrecem quando as qualidades de um subordinado competente
acabam expondo as de ciências deles. Talvez você tenha que enfrentar essas
situações com um chefe novo na empresa que se sinta ameaçado por seu
conhecimento organizacional e seus laços de amizade com os colegas. Ou
talvez o chefe o tenha herdado após uma fusão ou reestruturação e
descoberto que você traz novas habilidades cruciais para a equipe,
habilidades que todos imaginavam que ele já possuía.
O que fazer
Assuma o problema
O que aconteceu:
trabalho havia sido feito por ele. Por fim, dizia que eu devia mantê-
lo bem informado.
O que eu fiz:
o crédito por tudo, também passei a deixar claro para todos quais
mails que enviava para ele. Também comecei a falar mais nas
mostra indiferente, ora carente e que o isola das outras pessoas. Alex
não ter agido pelas costas do chefe paranoico. Essa atitude fez o
chefe pensar que Alex não era confiável o bastante para obter
independência e visibilidade.
Converse com alguém que já trabalhou para seu atual chefe. (Caso esteja na
empresa há algum tempo, talvez você conheça quem já tenha administrado
bem esse relacionamento. Do contrário, talvez precise pedir a colegas
con áveis que indiquem alguns nomes.) Ao explicar a questão ao ex-
subordinado, diga que está ansioso para realizar bem as tarefas e quer saber
como foi a experiência dele trabalhando e aprendendo com seu chefe.
Considere essa oportunidade um tutorial, não um momento para
reclamar: peça ao ex-subordinado dicas sobre o estilo de seu chefe – como
ganhar a con ança dele; como deixá-lo à vontade e fazê-lo delegar a você
tarefas que estimulem seu desenvolvimento; como incentivá-lo a colocar
você em projetos multidisciplinares. Mas lembre-se de que, mesmo que se
sinta seguro e con e no colega, tudo que for dito poderá cair nos ouvidos do
chefe; portanto, meça bem suas palavras.
Se o ex-subordinado lhe der más notícias – ou seja, se seu chefe for
realmente um idiota –, pelo menos você estará avisado. Saberá que a questão
não é pessoal e que outra pessoa compreende sua situação.
Por muitos anos, Katie, uma pesquisadora, sofreu sob o comando de um
supervisor que a tratava com desprezo. Ela fora escolhida para essa posição
de prestígio pelo chefe do chefe direto dela e concluiu que este se ressentia
disso. Não querendo criar problemas, Katie se manteve calma e tentou fazer
um bom trabalho. Mas certo dia, durante uma conversa com um dos ex-
subordinados dele, descobriu que o chefe não tinha nada em particular
contra ela – era apenas um mau gestor e um sujeito infeliz. Isso fez Katie
criar coragem para enfrentá-lo durante reuniões individuais. “Foi muito útil
saber que o problema não era só comigo”, relembra ela. “Parei de levar para
o lado pessoal e comecei a pensar em formas de fazê-lo mudar de atitude.”
Certi que-se de que os colegas de seu chefe saibam quanto você trabalha e
se preocupa com a empresa. Se ele não lhe dá oportunidades de demonstrar
sua capacidade, você mesmo deve criá-las. Herminia Ibarra, professora de
liderança no Insead (Instituto Europeu de Administração de Empresas),
sugere que você construa aos poucos a própria rede de relacionamentos com
pro ssionais in uentes. Procure conhecer algumas pessoas de fora de seu
grupo de contatos mais imediato (leia o Capítulo 16, Formando alianças).
Os relacionamentos podem nascer de maneira casual – você pode puxar
conversa sobre lmes ou hobbies – ou por meio de apresentações formais.
No segundo caso, se não descobrir um modo fácil de entrar em contato com
determinado pro ssional, lembre-se da teoria dos seis graus de separação:
alguém do meu círculo pode me apresentar à pessoa com quem desejo ter
contato?
Mas não basta ter apenas um aliado, por mais poderoso que ele seja. Seu
chefe ainda terá meios de prejudicar sua reputação com outras pessoas na
empresa se você não tiver mais ninguém no alto escalão para defendê-lo.
Paula aprendeu isso da maneira mais difícil. Após uma grande
reestruturação na empresa, ela manteve o emprego e ganhou uma nova
chefe, Liz. Embora Liz precisasse da experiência de Paula para se sair bem
no novo cargo, em pouco tempo a relação entre as duas se deteriorou, pois
Paula começou a chamar a atenção do CEO. Quando ele pediu a Paula que
coordenasse um projeto sozinha, Liz passou a atacá-la – criticava-a nas
reuniões gerais e procurava erros nos dados que ela apresentava. No
começo, Paula via o CEO como seu porto seguro, por isso continuou
trabalhando com Liz, sob o comando dele. Com o tempo, porém, Liz
começou a prejudicar a reputação de Paula, que aos poucos perdeu a
con ança do CEO e acabou sendo demitida.
Segundo o consultor de liderança Ron Ashkenas, caso Paula tivesse
formado laços com mais algumas pessoas in uentes um ou dois níveis
gerenciais acima dela, caria menos vulnerável aos ataques de Liz.
Confronte-o
Se você não conseguiu mudar a dinâmica com seu chefe de forma sutil,
talvez seja hora de falar abertamente com ele sobre o problema. É arriscado,
mas pode ser sua última e melhor chance de consertar a situação, a rma
Ashkenas. Mas cuidado: não tenha essa conversa se não estiver preparado
para mudar de emprego; o tiro pode sair pela culatra caso seu chefe
realmente tenha algo contra você. Por outro lado, da forma como está, você
provavelmente não deseja continuar no emprego.
Aborde seu chefe da maneira mais construtiva possível. Deixe claro que
está do lado dele. Diga que deseja encontrar as melhores formas de apoiá-lo.
Se você confrontá-lo de cara amarrada, de braços cruzados e reclamando de
quanto se sente desvalorizado, ele não demonstrará boa vontade. Mesmo
que você de fato esteja sendo desvalorizado, seu chefe não vai reagir com
serenidade à sua postura e cará na defensiva.
Depois de imprimir um tom positivo à conversa, colocando as
necessidades dele em primeiro lugar, deixe claro que você também deseja
crescer. Explique que espera se desenvolver dentro da empresa – de
preferência, sob a orientação dele –, mas diga que também vai levar em
consideração oportunidades no mercado, após determinado período (dê a
ele um tempo razoável – talvez um ano).
Forneça dados concretos com os quais ele pode trabalhar – descreva
seus objetivos pro ssionais mais amplos e como pretende chegar lá.
Suponha que você esteja ansioso para desenvolver habilidades analíticas:
ofereça-se para assumir tarefas em que precise reunir e interpretar dados.
Você pode, por exemplo, analisar os índices de renovação de clientes para
tentar descobrir algum padrão que valha a pena ser discutido. Pergunte a
seu chefe se ele tem sugestões para o desenvolvimento de suas habilidades
no posto que ocupa atualmente ou se ele recomenda maneiras de fazer os
executivos passarem a enxergar você como um pro ssional de alto potencial.
Ao pôr as cartas na mesa, você deve estar preparado para a possibilidade
de que a situação não se desenrole da maneira esperada, mas pelo menos
terá dado a si e a seu chefe todas as oportunidades para corrigir os rumos do
relacionamento.
Capítulo 2
O chefe que coloca você contra seus
colegas
O problema
Seu chefe o faz competir com seus colegas pelo respeito e pela atenção
dele. Esse cenário incentiva uma disputa feroz, pois só um de vocês pode
ganhar o prêmio cobiçado, quer este seja a chance de liderar uma equipe,
conseguir uma promoção ou simplesmente ser o centro das atenções por
um instante. Ele criou um ambiente horrível e desumano num grupo em
que, não fosse por essa situação, haveria coleguismo.
Alguns chefes podem não perceber que estão criando esse problema, mas
muitas vezes essa tática de gestão é proposital – pedir a várias pessoas que
resolvam um desa o e fazer com que a tarefa se torne uma competição
implícita. Mesmo quando não há uma promoção em jogo, os executivos
costumam estabelecer os papéis e as responsabilidades de cada um de
maneira ambígua, como se fosse um teste. Querem descobrir quem será
capaz de suportar a pressão, quem fará o que for preciso e quem pisará nos
companheiros para tomar a dianteira.
A história de que Abraham Lincoln montou uma “equipe de rivais” é
bastante famosa. Ele aproveitava a energia competitiva do grupo para extrair
o máximo de cada um e obter os melhores resultados como grupo. Alguns
chefes fazem o mesmo. Segundo a consultora em liderança Jessica Pryce-
Jones, em certas empresas – como bancos de investimento e rmas de
consultoria – essa prática é considerada um rito de passagem. O chefe pensa:
“Eu construí meu caminho até o topo através de uma concorrência saudável,
então por que vocês não podem fazer o mesmo?”
O que aconteceu:
O que eu fiz:
Vou cuidar disso.” Imaginei que ele houvesse falado com minha
colega, porque, por dois ou três meses, ela parou de agir assim.
reunião com o dono da empresa hoje e nosso papo foi ótimo.” Isso a
problema e isso não lhe trouxe felicidade, só culpa. Ela teria se saído
O que fazer
Esse tipo de ambiente é frustrante para você e para seus colegas e pode
prejudicar o desempenho de todos. Quando as pessoas fazem de tudo para
superar umas às outras, acabam perdendo de vista o objetivo maior. A
seguir, listo algumas formas de estabelecer uma dinâmica amigável e mais
colaborativa, mesmo quando seu chefe estimula con itos (conscientemente
ou não).
Faça um acordo
Peça ajuda
O problema
Seu chefe o sufoca. No começo você pensava: “Ele insiste em ler todos os
documentos que redijo antes que eu os distribua e faz questão de
participar de todas as minhas reuniões porque sou novo na empresa.”
Mas, agora que você não está mais em fase de aprendizado, a rédea curta
continua e faz você se sentir oprimido e constrangido. Outro dia, ele
chegou a repreendê-lo por conversar no corredor com um colega sobre
uma ideia que vem concebendo. Você trabalha duro, é competente e
inteligente. Como vai escapar da sombra de seu chefe?
Seu chefe está agindo assim por uma razão, embora talvez ele mesmo não
tenha consciência disso. Re ita sobre o que pode estar provocando esse
comportamento. Tente ir fundo na análise – é pouco provável que ele seja
simplesmente mau-caráter e esteja boicotando seu crescimento de propósito.
Talvez ele aja assim por fatores que não têm nada a ver com você
especi camente, como falta de compreensão do papel de gestor; talvez o
chefe dele também pratique o microgerenciamento; talvez ele nunca tenha
parado para questionar o próprio estilo de gestão; ou ele pode ser inseguro.
O que fazer
Procure perceber o que preocupa seu chefe. Caso ele se sinta intimidado
pelos próprios superiores, pense em maneiras de aliviar essa pressão – por
exemplo, elaborando relatórios que o preparem melhor para reuniões com
eles. Ou talvez ele tema que as pessoas não o considerem essencial e esteja se
esforçando para provar quanto você e os outros precisam dele. Se for esse o
caso, você pode eliminar esses temores. Dorie Clark, consultora em
comunicação e branding e autora de Reinventing You (Reinventando-se),
sugere demonstrar que você valoriza as orientações do chefe. Peça feedback.
Conte-lhe as notícias que ouvir e leve suas ideias a ele antes de compartilhá-
las com outros. Quando seu chefe car seguro de que você irá até ele sem
precisar ser convocado, talvez afrouxe as rédeas.
À medida que o conhecer melhor, você descobrirá em que pontos ele é
mais sensível. Segundo Clark, re etir sobre situações que já deixaram seu
chefe ansioso (surpresas no orçamento, mudanças de cronograma, etc.)
levará você a encontrar maneiras de acalmá-lo. Com essa informação, será
possível montar um esquema para manter seu chefe informado nas áreas
mais relevantes. Veja com ele quais devem ser suas prioridades e por quais
métricas seu progresso é avaliado, e pergunte quantas vezes ele deseja
receber atualizações.
Esse sistema proativo, feito sob medida para seu chefe, vai tranquilizá-lo.
Isso é importante, pois normalmente o gestor que pratica
microgerenciamento age assim porque se sente inseguro. “Chamo esse tipo
de ‘chefe-espião’”, revela Stewart Tubbs, ex-diretor da Faculdade de
Administração da Universidade Eastern Michigan. Transforme esse
comportamento ao agir com proatividade: diga a seu chefe que deseja que
ele sinta que pode contar com você e seu trabalho. Reporte-se a ele com
frequência – antes de ele sequer pensar em checar o que você está fazendo. E
use uma linguagem que sinalize que está escutando ativamente. Tubbs se
lembra de um jovem que dizia “Considere feito” ao nal de cada reunião
com o chefe. Outra dizia “Entendido” para mostrar que estava interessada e
preparada. Mas não basta falar para tranquilizar o chefe, explica Tubbs. Você
só vai conquistar a con ança dele se demonstrar competência. Os jovens
citados nos exemplos cumpriam suas tarefas, de modo que, ao longo do
tempo, as garantias verbais adquiriram um caráter signi cativo e os chefes
acabaram relaxando.
Ter uma visão do seu futuro na empresa pode ajudá-lo na interação com seu
chefe no presente. Portanto, inicie uma conversa sobre seus objetivos
pro ssionais a longo prazo. Marque uma reunião com ele ou pergunte se
pode usar uma das reuniões de avaliação de desempenho para falar sobre
sua função. Explique que deseja conversar com ele com mais regularidade –
e clareza – sobre seu crescimento e também sobre outras maneiras de
colaborar com o departamento. Dê exemplos dos tipos de projeto nos quais
gostaria de trabalhar e do papel que pretende exercer. Diga que está pronto
para ter mais independência e que quer receber oportunidades para
demonstrar isso. Deixe claro como o feedback dele é importante para seu
crescimento. Fale sobre as ideias que tem para concretizar sua visão e peça
sugestões.
Mantenha a conversa construtiva e voltada para o futuro. Segundo
Walker, não é reclamando do passado que você vai abrir a mente de seu
chefe nem despertar nele o desejo de apoiá-lo. Para isso, você precisa ser
positivo e se responsabilizar por seu trabalho. Faça-o saber que aprecia a
orientação dele mas está ansioso para abrir um pouco suas asas.
O que aconteceu:
muitos recursos e seu modelo nem sequer havia sido testado. Eles
O que eu fiz:
semana.
pois sabia que chefes sempre reagem bem a esse tipo de proposta.
Ashkenas revela que os colegas mais jovens de sua rma tiveram essa
conversa com ele e os resultados foram positivos. Ele admite que luta para
vencer a tendência a microgerenciar: “Acho que não sou maníaco por
controle, mas vivo preocupado com a qualidade”, confessa. Seus colegas
foram sutis, mas ele entendeu o recado. (“Ron, você ainda quer ver os slides
nais e os documentos com antecedência?”; “Tem problema se eu trabalhar
direto com o cliente para nalizar logo isso?”) Quando seus colegas lhe
disseram isso e demonstraram ser capazes de preservar seus padrões de
qualidade, ele encontrou maneiras de recuar.
Para eliminar os temores do chefe, enfatize que está disposto a seguir os
passos dele. É muito provável que ele goste de sua abordagem entusiasmada
e respeitosa e não resista. Caso resista, porém, não adianta brigar, a rma
Ashkenas: “Se seu gestor não está pronto para abrir mão do controle total, é
porque precisa de mais tempo para con ar em você.” Volte a tocar no
assunto depois. Ou, como diz Ashkenas, talvez essa necessidade de estar
sempre envolvido seja tão profunda e emocional que ele jamais mudará.
No entanto, se seu chefe for receptivo, agradeça, mas tenha em mente
que essa reunião é apenas o começo. Deixe-o a par de sua evolução durante
as reuniões de avaliação, aconselha Walker. Use esses encontros para
compartilhar com ele suas ideias – não apenas o que você vai fazer, mas por
quê. Em última análise, seu gestor precisa acreditar que você não só vai
seguir as instruções dele, mas também que resolverá os problemas de
maneira que considere satisfatória. Ao m de cada reunião, proponha os
passos seguintes e obtenha a aprovação dele.
O problema
O que aconteceu:
O que eu fiz:
verdade, não sabia o que eu era capaz de fazer. Então, é claro que,
até ali, ele não tinha outros dados em que se basear. Com o passar
domingo, meu chefe ligou para o escritório e por acaso eu estava lá.
O que fazer
Não adianta reclamar que é injusto seu chefe ter um queridinho. Isso não
muda a situação. Na verdade, pode até piorá-la. “Você vai parecer um
chorão”, esclarece a consultora em liderança Jill Flynn. Tanto seu gestor
quanto seus colegas podem enxergar essa postura como prova de que você
tem problemas de convivência (leia o Capítulo 2, O chefe que coloca você
contra seus colegas). Seu chefe pode não querer lhe atribuir projetos em
colaboração com o queridinho por temer que você se comporte mal, e o
queridinho pode perceber sua vibração negativa e se afastar de você –
tornando-o, efetivamente, um pária.
O problema
Seu chefe “morreu.” Ele está lá fisicamente, mas não em espírito. Não faz
reuniões mensais com a equipe nem conversa com os subordinados sobre
as questões críticas que têm tirado o sono da diretoria. Por isso, você e
seus colegas costumam ser os últimos a saber das grandes iniciativas e
mudanças na empresa. Ele não pede mais recursos, aumento ou
promoções para você e seus pares – na verdade, parece nem se preocupar
com a equipe. Se ele desistiu da própria carreira, tudo bem, mas com esse
comportamento ele está basicamente desistindo da sua também. Esse
modo de agir o torna um profissional quase invisível na empresa e você
não sabe o que fazer para alguém perceber suas contribuições e lhe dar
uma chance de crescer.
Alguns chefes têm tanta xação pelo Próximo Grande Passo em sua
impressionante escalada rumo ao topo que se desinteressam pelo papel
atual. Outros perdem a motivação para agir como gestores quando sentem
que o próprio futuro é limitado. Ressentidos com a empresa, adotam uma
postura passivo-agressiva: se recusam a gerenciar os subordinados e veem
nesse comportamento uma forma de se vingar de tudo que foram obrigados
a suportar. Eles param de correr atrás de recursos para o setor –
grati cações, novas contratações, etc. – e, em silêncio, permitem que o
desempenho da equipe seja um asco.
É comum ver chefes em m de carreira se tornarem indiferentes ao
trabalho. Acontece que, com o passar do tempo, as pessoas se sentem
esgotadas, especialmente em posições de alta pressão. Se for esse o caso do
seu chefe, talvez ele não tenha mais energia para se preocupar e
provavelmente esteja apenas contando o tempo até poder se aposentar e
descansar.
Seja como for, provavelmente o problema não tem a ver com você. É
uma questão do seu chefe.
O que fazer
O que aconteceu:
Olhando para trás, acho que só fui contratado porque meu chefe
uma pequena empresa havia quase duas décadas. Soube que ele
que meu chefe não trabalhava o mesmo número de horas que nós.
O que eu fiz:
ficava tranquilo.
vender a empresa. Foi então que meu chefe voltou a trabalhar duro.
John estava numa posição difícil, mas tirou dela o melhor proveito
era o chefe, mas não respondia pelo cargo. Podia aprender, fazer
seus passos. Mas trabalhar para um chefe ausente não é bem uma
inerente ao cargo.
Ofereça-se para assumir tarefas que seu chefe deteste, aconselha Stewart
Tubbs, ex-diretor da Faculdade de Administração da Universidade Eastern
Michigan. Claro que sempre existe a chance de ele car ressentido ao
perceber sua ambição e energia; então, como fazer para incentivá-lo a lhe
delegar essas tarefas? Tubbs sugere que você convide seu chefe para um café
ou almoço e pergunte se pode fazer algo para aliviar a carga de trabalho
dele, mesmo que no início seja apenas uma experiência. Digamos que você
esteja ansioso para aprender novas habilidades. Apresente a proposta de
forma a parecer vantajosa para ambos – você deseja ajudá-lo, mas também
quer se desenvolver. Segundos Tubbs, a maioria dos chefes ca feliz em
delegar tarefas a um subordinado que deseje assumi-las, sobretudo se o
subordinado prometer que submeterá os projetos ou relatórios ao chefe –
dessa forma, caberá a este decidir com quem e como deseja compartilhá-los.
Preencha as lacunas
O problema
Chame reforços
O que aconteceu:
enquanto meus pares dos outros setores tinham mais de 40. Então
divisão.
O que eu fiz:
empresa) e disse que sabia o que ele havia feito. Gaguejando, Matt
sabia que sua ambição não diminuiria, mas, dali em diante, não o
forma, Janet era a chefe ideal para Matt – fazia sentido adicionar os
pontos fortes dele à sua divisão e dar a ele bastante espaço para
crescer. Por outro lado, ela também teve culpa. Consciente de que
a ele, permitindo-lhe passar por cima dela. Janet pareceu fraca, não
devia ter tido uma conversa franca com Matt assim que o contratou.
um obstáculo.
Encante e desarme
Caso perceba que seu colega competitivo se sente ameaçado por você,
encontre maneiras de apoiá-lo. Digamos, por exemplo, que vocês sejam
professores recém-contratados em período de experiência. Você é talentoso
na sala de aula e seu colega tem di culdades nesse quesito, mas é um
excelente pesquisador. Sugira uma aliança e trabalhem em conjunto,
aproveitando os pontos fortes um do outro, visando o bem comum dos dois.
“Diga ao colega que você quer a opinião dele sobre os seus materiais do
curso”, sugere Uzzi. “Ou diga que gostaria que ele comparecesse a uma de
suas aulas para lhe dar feedback. Ambos vão se bene ciar de um novo olhar
e novas ideias. Quando você envolve o colega em seu trabalho, transforma
um rival em colaborador. E, quando compartilha uma atividade, constrói
con ança.” Ao propor uma postura de troca, você evita que seu colega o
perceba como uma ameaça e, ao longo do tempo, faz com que a relação se
baseie em respeito mútuo.
Defenda-se
O problema
Você sofre bullying de seu colega de trabalho. Enquanto você fala nas
reuniões, ele rabisca, envia e-mails, cochicha com os colegas. Tudo isso
distrai os outros e, às vezes, você acaba esquecendo o que ia dizer. Ele
também já gritou com você na frente de outras pessoas por motivos
bobos. Você teme interagir com ele e vive na expectativa do próximo
ataque. Não há como simplesmente ignorá-lo e você não consegue se
concentrar no trabalho. Tudo isso pode parecer bobagem para quem não
enfrenta esse problema, mas você sente que está sofrendo assédio moral.
Algumas pessoas não fazem de propósito. Então, antes de tudo, certi que-se
de que não está imaginando motivos que não existem. Se um colega sempre
o critica em público, re ita sobre o que ele talvez queira alcançar, sugere o
consultor de liderança Ron Ashkenas. Será que ele pode ter boas intenções?
Será que está mesmo pegando no seu pé ou apenas se esforçando para
garantir um trabalho de alta qualidade?
Procure um colega de con ança e converse com ele sobre seus
sentimentos ou mesmo peça-lhe que compareça a uma reunião em que o
problema costuma aparecer. Pode ser que um ponto de vista diferente do seu
o ajude a perceber que o intimidador não tem a intenção de provocá-lo.
Talvez ele esteja apenas inseguro em um novo posto e acabe se excedendo,
ou talvez não tenha inteligência emocional para perceber quanto as palavras
e atitudes dele ferem. Se ele não percebe que está passando uma imagem
ruim, você pode puxá-lo de lado e perguntar se está tudo bem. “Você
parecia irritado com o relatório. Existe algum assunto que precisamos
discutir?” Assim como em muitos dos problemas abordados neste livro, é
perfeitamente possível que seu colega esteja tão envolvido nos próprios
pensamentos ou ansiedades que nem perceba como se comporta em relação
a você. O simples fato de você mencionar o problema pode conscientizá-lo.
Com base no feedback de terceiros, talvez você conclua que o problema
está no próprio colega que pratica o bullying. Sabendo disso, ca mais fácil
ignorar o comportamento inadequado. Quem intimida costuma escolher
pessoas que pareçam fracas, mas, quando você mostra que não tem medo de
críticas e está disposto a se defender, ele pode recuar.
Embora o objetivo não seja criar uma gangue rival para revidar ataques,
você se torna mais poderoso quando forma um grupo que se apoia
publicamente. Caso note que outras pessoas se tornaram alvo dos ataques,
conte a elas sobre o comportamento que observou e compartilhe sua
experiência. Procurem uma forma de unir forças. Vocês podem, por
exemplo, combinar se defender mutuamente quando forem confrontados ou
se ajudar a antecipar as críticas e a lidar com elas. Na pior das hipóteses,
você terá colegas a quem recorrer quando sentir necessidade de desabafar.
Quebre o padrão
Quando alguém comete bullying com você, é fácil car preso a um padrão
de ações negativo. Ele sempre repete determinadas atitudes e você sempre
reage da mesma maneira – reclamando com um colega após a discussão ou
tentando imitar as atitudes intimidadoras dele, como car rabiscando uma
folha de papel ou revirando os olhos quando ele fala.
Como acabar com esse círculo vicioso? O jeito mais fácil é mudar seu
comportamento. Quando tiver algum problema, saia do escritório e dê uma
volta. Ou surpreenda a pessoa que pratica bullying: envie para um terceiro
um e-mail elogiando ou agradecendo ao colega com quem tem problema.
Quebre o ciclo de negatividade com algo positivo.
O que aconteceu:
slides. Quando viu que eu não tinha feito do jeito pedido, surtou.
O que eu fiz:
erro. Isso não o fez desaparecer, mas pelo menos mantive distância.
cliente importante.
Jason teria dado um aviso: não iria simplesmente fugir após sofrer
Confronte o intimidador
E se alguém mais experiente, como seu chefe, praticar bullying com você?
Da mesma forma, é preciso impor limites. Do contrário, o relacionamento
assumirá uma dinâmica de senhor e escravo.
A consultora em liderança Jessica Pryce-Jones se lembra de uma cliente
que enfrentou esse problema – uma executiva sênior de um banco de
investimento cujo chefe vivia fazendo exigências absurdas. “Ele dizia: ‘Quero
você no escritório às 6h30 da manhã para checar minha apresentação.’ Ou:
‘Preciso ter como entrar em contato com você às 23h.’”
Ela era cordial e atenciosa por natureza, mas foi cando ressentida
quando o chefe começou a se aproveitar de seu temperamento. Pryce-Jones
aconselhou-a a pensar em situações nas quais seria completamente razoável
dizer não – por exemplo, quando ele pedisse que ela virasse a noite se
preparando para um evento. Se ele zesse uma solicitação descabida como
essa, ela poderia recusar, explicando simplesmente que não o atenderia e
dizendo o que faria no lugar. Pryce-Jones a encorajou a tentar agir dessa
forma algumas vezes e avaliar como se sentia. Depois de recusar alguns
pedidos, ela passou a ter uma noção mais clara de seus limites – e cou
muito menos ressentida com o chefe. Isso lhe deu mais energia para cumprir
as tarefas que aceitava encarar. Tomar decisões de maneira ativa a
empoderou e aumentou sua con ança.
Crie coragem para dizer não algumas vezes, deixando claro que não é
uma pessoa permissiva. Se você está preocupado com sua segurança ou se o
ambiente de trabalho é hostil, o certo é comunicar o fato ao RH.
Capítulo 8
A panelinha
O problema
com o chefe. Nunca fui destratada, mas eu era invisível para elas.
O que eu fiz:
que havia entrado no grupo e que elas gostavam de mim. Com isso,
vínculos em happy hours não era minha praia. Então, por vontade
até muito depois do horário podia jantar e voltar de táxi para casa
ficavam até tarde e ali formei laços muito mais estreitos que os que
mais à vontade.
Rebecca fez a coisa certa?
o trabalho.
O que fazer
Forme alianças
Talvez a amizade lhe pareça arti cial e uma perda de tempo no ambiente
pro ssional. Você pode estar se perguntando: por que relegar meu trabalho
a segundo plano só para fazer amigos? A realidade, porém, é que formar
alianças o tornará um pro ssional mais e ciente.
Em primeiro lugar, você vai obter apoio para suas ideias. Por mais
respeitado que seja individualmente, você se torna mais poderoso quando
conta com aliados. Suponha que você esteja propondo um novo banco de
dados CRM. Precisará do apoio de seus colegas do setor de TI, pois eles
estarão envolvidos na escolha e manutenção do soware se o projeto se
tornar realidade. Nesse caso, é bom ter um amigo no TI, alguém que o ajude
a pensar em maneiras de conseguir o apoio de sua equipe, antes de você
apresentar a ideia para os executivos da empresa.
Em segundo lugar, as pessoas compartilham mais informações quando
se sentem conectadas. Se ouvirem falar de alguma grande decisão ou
mudança organizacional, você saberá mais cedo e terá mais tempo para se
preparar. Caso não faça parte de uma aliança, as pessoas simplesmente não
vão pensar em deixá-lo por dentro de nada.
Para formar alianças que fortaleçam suas ideias e o mantenham
informado, você precisará criar uma rede de maneira cuidadosa e e ciente
(leia o Capítulo 16, Formando alianças). Os consultores de liderança
Kathryn Heath, Mary Davis Holt e Jill Flynn sugerem que você peça a seu
chefe, e a um ou dois mentores con áveis, nomes de funcionários da
empresa que deveria conhecer melhor. Marque almoços e informe-se sobre
os projetos preferidos deles e os desa os que enfrentam.
Flynn surgere: “Obtenha uma visão mais ampla da empresa em que
trabalha. Quais são seus desa os? Quem são os líderes? Tenha essas
perguntas sempre em mente.” Dessa forma você poderá aproveitar as
oportunidades para conversar com os colegas sobre essas questões. Mas seja
sutil na abordagem. “Você não deve marcar uma conversa e simplesmente se
sentar e car tomando notas, como se estivesse numa entrevista”, sugere
Flynn. “Nesse caso, uma situação formal deve ser o último recurso.”
Certa vez, Flynn orientou uma moça que queria aprender com um
executivo poderoso da companhia em que trabalhava. O executivo em
questão era muito ocupado, mal a conhecia e eles quase não interagiam no
trabalho. Então a cliente de Flynn descobriu uma forma natural de colaborar
com ele e construir um relacionamento: ofereceu-se para ajudá-lo num
importante treinamento que ele produzia uma vez por ano. Ela se dispôs a
auxiliar na organização, fazendo as mais diversas tarefas, o que fosse
necessário. Agradecido, ele aceitou a oferta, e esse foi o início de uma
produtiva relação em que ele funcionou como um mentor para ela.
Crie oportunidades de socializar com os colegas que deseja conhecer.
Outra cliente de Flynn descobriu que algumas pessoas importantes em sua
empresa voltavam de trem para casa. Então, durante algumas semanas,
observou o horário em que eles iam embora. Certo dia, quando os viu
saindo, juntou-se a eles e puxou conversa. “Funcionou”, diz Flynn. “Eles se
sentiram à vontade e ela aprendeu muito.”
O importante é que sua abordagem seja e pareça autêntica – não é bom
que pensem que você está invadindo a privacidade deles –, e é fundamental
iniciar o relacionamento antes de precisar dele. Dessa forma, ninguém
pensará que você é apenas um interesseiro. Você não se sentirá à vontade
para começar uma amizade quando ela for necessária e acabará evitando
alianças em vez de construí-las. Isso pode gerar um impacto devastador em
sua carreira, a rma Kent Lineback, coautor de Being the Boss. Poucos
pro ssionais chegam ao topo da carreira sem o apoio de aliados. Ele é
fundamental, por exemplo, quando você se candidata a uma promoção
muito concorrida ou quando conta com uma equipe de con ança a quem
recorrer para arrasar em um projeto fundamental.
O próprio Lineback tem plena consciência disso. Anos atrás, não se deu
o trabalho de construir relacionamentos fora de sua divisão, embora fosse
gerente sênior. “Eu simplesmente não queria”, lembra. Certo dia, durante
uma reunião estratégica de avaliação, Lineback compartilhou suas ideias
sobre a direção que a empresa deveria tomar e cou chocado ao perceber
que ninguém demonstrou o menor entusiasmo. Ele havia trabalhado na
proposta cuidadosamente com membros de seu grupo, mas não tinha
conversado nem socializado com quem participaria da reunião. Na hora,
ninguém se sentiu obrigado a lhe dar um voto de con ança e ele não teve
ninguém a seu lado. Após a reunião, um consultor chamou Lineback de lado
e lhe explicou: “Você não construiu nenhuma ponte.”
“Eu sabia que ele tinha razão”, comenta Lineback. “Percebi na hora. Eu
não queria que outros líderes dessem pitaco na minha ideia porque achava
que isso iria diluí-la, bagunçá-la. A culpa foi minha. Depois de um tempo,
você percebe que precisa estar conectado.”
Você não deve se conectar com seus colegas apenas por conveniência ou
porque deseja in uenciá-los. É necessário ser transparente sobre seu
objetivo – seja ele obter uma visão mais ampla da empresa, conhecer outros
caminhos pro ssionais na organização ou qualquer outra coisa. Mas
também deixe claro que está disposto a retribuir o apoio.
Essa estratégia funcionou para Heath e Flynn, que formaram uma
aliança quando trabalhavam em divisões diferentes da mesma empresa. Ao
longo dos anos, elas encontraram maneiras de se apoiar mutuamente,
descobriram oportunidades uma para a outra e gostavam de trabalhar
juntas. No início, Heath era subordinada a Flynn, mas tempos depois elas se
tornaram pares. “Não é uma relação social, mas somos melhores amigas no
trabalho”, explica Heath. Tentando descobrir como evoluir na empresa, elas
compartilhavam comentários ou novidades que pudessem ser úteis.
“Trocávamos informações”, explica Heath.
Por mais de uma vez, elas con aram uma na outra para discutir
oportunidades fora da empresa. “Certa vez, eu estava me preparando para
assumir outro emprego e ela disse: ‘Você está fugindo de alguma coisa...’”,
lembra-se Heath. “Éramos muito francas e diretas uma com a outra. Você
precisa ter alguém que lhe diga a verdade, e nós desempenhávamos esse
papel.”
Tempos depois, elas aproveitaram a parceria de sucesso e abriram uma
empresa de consultoria, a Flynn Heath Holt Leadership (com Mary Davis
Holt). Se você construir relacionamentos fortes e verdadeiros com pessoas
que respeita – como foi o caso delas –, o tempo investido trará benefícios de
longo prazo para você e seus aliados.
Capítulo 9
O ladrão de créditos
O problema
As pessoas podem acabar levando o crédito pelo seu trabalho sem perceber.
Quando estão fazendo uma apresentação ou falando com um superior,
cam tão envolvidas que simplesmente perdem a oportunidade de dar o
crédito a colegas importantes. Além disso, ambientes cuja norma é o
trabalho em equipe podem di cultar a identi cação das contribuições. A
maioria dos chefes não vai atrás desses detalhes, porque para eles o
importante é que o trabalho seja feito.
Além disso, a cultura de algumas pro ssões impede que se obtenha
crédito pelo próprio trabalho antes de alcançar determinado nível na
hierarquia. Na consultoria de gestão, por exemplo, geralmente é o sócio
sênior do projeto que recebe os elogios do cliente, não importa se ele fez o
trabalho ou apenas supervisionou tudo a distância. Nas publicações do meio
acadêmico, o nome do professor titular é quase sempre o primeiro da lista
de autores, embora a maior parte da pesquisa tenha sido feita pela equipe.
Mesmo no sistema judiciário, aplicados e inteligentes assistentes ajudam a
moldar a opinião de seus chefes, mas recebem pouco ou nenhum crédito
por isso.
Às vezes, porém, o ladrão de créditos tem outra motivação: ele é
inseguro ou está desesperado para se destacar aos olhos dos superiores e
imagina que pode passar impune se for sorrateiro, a rma o especialista em
liderança e networking Brian Uzzi.
O que fazer
Alivie a tensão
É sempre melhor resolver as coisas direto com o colega. Fazer intrigas sobre
um ou dois incidentes bobos pode contrariá-lo e colocá-lo na defensiva.
“Você não vai querer criar um inimigo por causa de uma bobagem”,
aconselha Clark. Mas, se você tentou conversar e mesmo assim ele se
recusou a ver seu lado da situação e continuou com o mesmo
comportamento, procure seu chefe. Do contrário, você perderá a motivação.
Ao conversar com o chefe, mantenha um tom neutro. Fale sobre o
impacto desse comportamento na empresa, não apenas sobre você, pois isso
pode soar mesquinho ou emotivo. O comportamento de seu colega pode ter
feito outros evitarem trabalhar com ele, ou talvez sua equipe tenha a fama de
ser brigona e ine ciente. Fale sobre suas tentativas de resolver o problema
sozinho, sugira uma ou duas soluções e peça a opinião de seu chefe.
O que aconteceu:
O que eu fiz:
meu nome. Discutimos bastante. Como ele não cedeu, envolvi uma
mais iria querer trabalhar com ele. Por fim, o sujeito concordou.
Não apenas deixou de usar o slide como parou de fazer a
40 slides, uma única linha com meu nome em uma página. Para
respeitosa, lhe pediu apenas uma linha com seu nome nos créditos
Mesmo que seu chefe nem sequer o parabenize por suas realizações, ele
perceberá seu impacto no resultado geral. Ele tem um histórico de
recompensar aqueles que fazem por merecer? Caso tenha, provavelmente
vale a pena ser paciente. Do contrário, talvez vocês precisem conversar.
Você pode receber os créditos merecidos sem deixar seu chefe sem graça,
mas esse é um procedimento delicado. A especialista em desenvolvimento
organizacional e recursos humanos Susan Heath eld se lembra de uma
cliente que conseguiu isso. Ela havia sido designada para trabalhar em um
projeto que visava aumentar o lucro da empresa. Ao longo do tempo, fez a
maior parte da pesquisa, mas foi o chefe quem anunciou quase todas as
conclusões. A estratégia fazia sentido, porque ele precisava obter apoio para
as ideias, mas a cliente de Heath eld queria que os líderes da empresa
soubessem que ela havia desempenhado um papel fundamental, então
encontrou maneiras delicadas de citar dados de apoio e informações básicas
durante as reuniões. Ela não passou por cima do chefe, mas demonstrou,
com sutileza, seu nível de conhecimento e de envolvimento com o projeto.
“Depois de um tempo, os chefões perceberam quem conhecia o assunto”,
a rma Heath eld. Com isso, a empresa a promoveu a supervisora do projeto
em tempo integral e ela recebeu “muitos elogios e o merecido crédito”,
acrescenta Heath eld.
Claro que, numa situação dessas, ser diplomático é fundamental. Não
tente desmoralizar seu chefe diante dos outros. “Talvez seu chefe esteja
levando crédito por seu trabalho porque tem uma profunda necessidade de
reconhecimento”, a rma Kent Lineback, coautor de Being the Boss. Assim,
ele jamais o perdoará por envergonhá-lo em público e provavelmente
retaliará. Em vez disso, aconselha Lineback, converse com seu chefe em
particular. Explique que se sente motivado ao receber os merecidos créditos
por suas ideias. Se mesmo após você tocar no assunto ele não começar a
citar seu nome, é provável que jamais mude. A menos que, nesse trabalho,
você receba recompensas a longo prazo (como no exemplo da MTV), talvez
seja hora de procurar outro emprego.
Capítulo 10
Lidando com o ex-colega que não
O problema
É comum que antigos pares não reajam bem a uma mudança de posição
como essa. Parte do problema nasce da complexa questão da autoestima, diz
Carol Walker, diretora da Prepared to Lead. Nós nos comparamos aos
colegas para avaliar, por exemplo, quanto já alcançamos e quanto somos
respeitados. Na maioria das vezes, nem percebemos que fazemos isso.
Entretanto, quando os indicadores mudam – algo que acontece quando um
colega se torna o chefe –, nossa autoimagem é alterada, ressalta Walker.
Ninguém gosta de se ver por baixo em relação a outro indivíduo.
Assim, é provável que sua promoção tenha signi cado um golpe no ego
do colega: a nal, ele não foi escolhido para o cargo e com isso pode passar a
ter menos acesso aos líderes. Se sua promoção criou um novo nível de
gerenciamento, por exemplo, ele pode, na prática, ter descido um degrau no
organograma, passando a ter de se reportar a alguém com um cargo inferior.
Essa é uma perda muito real e, como resposta à mudança, ele talvez se
comporte mal. A situação pode car especialmente difícil para ambos se ele
for mais velho. Você talvez se sinta culpado sobre a promoção e consciente
de sua juventude; ele pode ser sentir constrangido por ter sido preterido por
alguém menos experiente. De início, esse con ito torna qualquer interação
desconfortável. E, se vocês eram amigos, as coisas cam ainda mais
complicadas, pois você luta para manter os laços pessoais enquanto tenta
estabelecer os parâmetros da nova relação pro ssional.
O que fazer
Converse abertamente
Se você perceber que seu colega está chateado, fale com ele imediatamente.
O ideal é afastar o ressentimento no momento da sua promoção. No início,
talvez baste mostrar um pouco de sensibilidade e dizer: “Sei que vamos
precisar desenvolver uma nova relação pro ssional. Espero que possamos
falar de forma franca sobre isso.” Adiar a conversa não a tornará mais fácil –
pelo contrário, só permitirá que os sentimentos ruins se assentem. Talvez
você não se sinta à vontade para discutir de forma tão explícita a mudança
de papéis, mas o fato é que a liderança agora é sua, portanto é sua
responsabilidade assumi-la.
O que aconteceu:
colegas cujos cargos antes eram mais altos que o meu. A partir de
promoção, mas estava tão despreparado que não parei para pensar
em como lidar com a situação dos meus colegas. Meu chefe avisou
mudança não havia sido bem digerida, mas essa foi minha primeira
ficou, mas seria melhor que tivesse ido embora, pois reagiu à minha
propositais.
O que eu fiz:
fiquei aliviado.
Michael não fez nada certo. Estava tão despreparado para ser chefe
Corrija o curso
Não que simplesmente torcendo para seu chefe não perceber que você e
seu subordinado direto estão tendo problemas de adaptação, aconselha
Walker. Deixe claro que a transição tem sido difícil e que está lidando com o
problema. Ele pode ter previsto di culdades, mas preferiu ver se você
descobriria um caminho por conta própria antes, mostrando que realmente
o considera no comando agora. No entanto, pedir orientação não vai fazer
você parecer “imaturo” em seu novo cargo. Veja isso como uma
oportunidade de destacar sua capacidade de resolver problemas. Descreva
sua estratégia, mas deixe claro que deseja saber a opinião e as sugestões dele.
Se você reclamar do comportamento de seus subordinados mas não der
detalhes do que está fazendo para resolver a questão, seu chefe vai pensar
que você não está assumindo as responsabilidades. Caso ele ofereça ajuda,
não tenha medo de aceitar. Seu novo subordinado vem tentando puxar seu
tapete? Quando ele tentar passar por cima de você e falar direto com seu
chefe sobre qualquer assunto, peça a seu superior que redirecione seu
subordinado de volta a você. Mas, ao conversar com seu chefe, use um tom
de voz calmo e constante: mostre-se sensível, paciente e no controle da
situação. Abordando o problema de forma rápida e pro ssional, seu chefe
enxergará suas habilidades de gestão.
_________
E se o colega continuar agindo da mesma forma mesmo depois de você
testar todas essas dicas? Aí, sim, é hora de exercer sua nova e legítima
autoridade, a rma Stewart Tubbs, ex-diretor da Faculdade de
Administração da Universidade Eastern Michigan.
“Enfrentei essa situação com duas pessoas que queriam meu cargo”,
revela Tubbs. “Eles não estavam dispostos a cooperar comigo quando fui
nomeado. Depois de um tempo, tive que me sentar com eles e dizer:
‘Podemos fazer isso da maneira fácil ou da difícil. Na fácil, vou apoiá-los,
vocês vão me apoiar de volta e vamos trabalhar juntos. Na difícil, se vocês
não mudarem a postura, vamos ter que começar a adotar o caminho da
formalidade. Teremos avaliações de desempenho todo mês. Se vocês
continuarem se rebelando e deixarem de cumprir suas tarefas, vou instaurar
processos disciplinares formais no RH. Levando tudo em consideração,
pre ro fazer tudo do jeito fácil.’” Tempos depois, os colegas preteridos
deixaram a universidade sem nunca terem aceitado a nova situação, mas
Tubbs sentiu que tinha feito o possível para recuperar as boas relações antes
de recorrer a medidas drásticas.
Você pode dizer isso à sua maneira, com suas palavras, mas, se já tentou
de tudo e não obteve sucesso, provavelmente precisará usar sua autoridade
para pôr m à questão.
Seção 3
Desafios políticos dentro da empresa
Capítulo 11
Sobrevivendo às festas da empresa
O problema
Duas vezes por ano, sua empresa promove um dia de atividades fora da
sede, mas esse tipo de “diversão forçada” não é sua praia. Você até gosta
da maioria de seus colegas, mas treme só de pensar nas dinâmicas de
grupo, nas brincadeiras ou em ter que rir educadamente das piadas sem
graça de seu chefe enquanto come churrasco queimado e salada de
batata. Você prefere não participar, mas todos devem ir e sua ausência
certamente será notada.
O que fazer
É claro que, embora esteja tentando relaxar e ser você mesmo, é preciso
manter o decoro. Você é adulto e conhece os próprios limites, mas
certamente já viu pessoas exagerarem na bebida em eventos assim. Uma
bebida pode acalmá-lo ou ajudá-lo a suportar aquele colega pedante, mas
em eventos como esse é fundamental ser mais disciplinado do que seria com
amigos próximos. Seus colegas não vão prestar atenção no você está
bebendo, mas certamente vão notar se começar a rir de tudo ou a fazer
comentários indiscretos. E todos vão se lembrar de seus erros graves por um
bom tempo.
E se você acordar na manhã seguinte e perceber que pode ter passado dos
limites na festa da empresa? “Se zer algo constrangedor, simplesmente
assuma”, aconselha Alvey. Não precisa enviar um e-mail para a empresa
inteira, mas tenha a coragem de se desculpar com quem testemunhou seu
comportamento.
Se você fez bobagem na frente de um grupo, converse com as pessoas
individualmente. Não fale demais – não é preciso se auto agelar. Alvey
recomenda uma frase curta e direta, no estilo: “Sei que meu comportamento
pode ter colocado você em uma posição difícil, mas essa nunca foi minha
intenção.” Ou, caso adequado, tente algo mais descontraído, como: “Não
en o mais o pé na jaca!”
Admita o erro, peça desculpas e siga em frente. “Psicologicamente,
parece mais fácil tentar se esquivar e evitar as pessoas, mas essa não é a
melhor postura”, explica Clark. Você se tornará o assunto da empresa. As
pessoas vão sussurrar à sua chegada e talvez você perceba que estão rindo ou
olhando para você. É muito melhor acabar com o problema com um pedido
de desculpas. Dessa forma, os sorrisos e olhares maliciosos não o pegarão
desprevenido, pois você já terá assumido o que fez.
Se possível, desculpe-se pessoalmente. Mas, se sentir que é melhor
mandar um e-mail (talvez porque só assim você se sinta capaz de se
expressar), omita os detalhes vergonhosos – mensagens escritas são eternas
e podem ser encaminhadas.
Se seu erro foi muito grave, um pedido de desculpas talvez não baste.
Recentemente, Weissenberger trabalhou com uma empresa de mídia que
demitiu um funcionário em sua primeira semana de trabalho porque ele
cou bêbado num evento e foi pego aos beijos com uma subordinada.
“Quando você estraga sua reputação, é difícil recuperá-la”, explica
Weissenberger. “Não é impossível, mas ca bem complicado.”
Capítulo 12
Enfrentando as ondas de demissão
O problema
Até as empresas mais fortes passam por reestruturações, e isso acontece por
uma série de motivos: os CEOs estão sempre pressionados a produzir mais
com menos pessoal; os novos líderes querem imprimir sua marca na
empresa; as organizações refazem seus modelos de negócios para se manter
competitivas no mercado. Quando os tempos mudam, até os departamentos
mais estáveis e con áveis podem ser considerados obstáculos ao progresso.
É claro que vamos querer que nossos chefes nos informem sobre
qualquer ideia que envolva demissões, mas essas informações às vezes são
sigilosas. Provavelmente eles não gostam de ter essas reuniões – sabem que
estão prestes a tomar decisões que mudarão a vida de terceiros –, mas a
última coisa de que precisam é ver o caos se instaurar enquanto de nem o
que fazer. Ainda há trabalho, e uma empresa não pode perder a dinâmica
diária. Além de tudo, questões legais e de segurança podem impedir que os
líderes compartilhem informações – a empresa não pode correr o risco de os
funcionários levarem dados, contatos valiosos ou propriedades intelectuais
para fora dela quando descobrirem que vão perder o emprego.
Quando as demissões chegarem, a divulgação da notícia e as dispensas
de fato devem ocorrer no prazo mais curto possível, para que não se perca o
controle da informação. Isso independe da compaixão que um chefe bem-
intencionado queira demonstrar diante de seus subordinados.
O que fazer
Prepare-se mentalmente
Se você está se preparando para uma possível demissão, grande parte de seu
estresse vem do fato de você não ter controle sobre seu destino. Grandes
decisões que afetarão seu futuro não estão em suas mãos. Embora você
provavelmente não possa impedir uma reestruturação, é possível preparar-se
para enfrentá-la, o que vai aliviar um pouco sua ansiedade.
Comece a imaginar cenários: o que você vai fazer se perder o emprego?
E se mantiver o emprego, mas sem poder contar com a equipe, precisando
fazer o trabalho que antes era de seis pessoas? Desenvolva planos que vão de
uma tentativa de reposicionamento na empresa, passando por entrevistas
com headhunters para buscar uma recolocação no mercado, a tirar um ano
sabático para re etir sobre o que fazer. De qualquer forma, é sempre bom
manter o currículo atualizado. Se você não vem fazendo isso, releia-o com
cuidado e veja se pode melhorá-lo acrescentando novas experiências,
habilidades e responsabilidades.
Além disso, avalie suas economias – quanto tempo você pode car sem
trabalhar? (Se o momento é de cortes, melhor nem pensar em comprar um
imóvel ou assinar um contrato de aluguel que aperte suas economias, por
exemplo.) Caso não tenha um pé-de-meia, avalie seus gastos e veja onde
pode economizar. Tudo isso o ajudará a recuperar o controle das nanças e
lhe dará uma mentalidade mais construtiva. Você cará menos inclinado a
se envolver em comportamentos potencialmente arriscados, como se
lamentar com colegas, fazer comentários amargos para o chefe ou passar o
dia procurando emprego na internet em vez de cumprir suas obrigações.
Procure ter uma noção do tempo que durará o processo de
reestruturação, para saber por quanto tempo precisará manter a resiliência,
aconselha Pryce-Jones. Se tiver um bom relacionamento com o chefe,
pergunte sobre o prazo para as decisões pendentes, ou, com discrição, tente
descobrir isso por meio de sua rede de contatos.
Não presuma que seu chefe e os superiores dele saibam do seu valor. Mostre
isso a eles, sugere a coach de liderança Susan Alvey. Elabore uma lista de
suas contribuições para a empresa e sente-se com seu chefe para revê-las,
mesmo que a possível reestruturação ainda não tenha sido revelada. Ele
certamente perceberá que você detectou a mudança no ambiente, mas não
há razão para você não mostrar seu valor, desde que não pareça desesperado
ou insistente. Você está apenas indicando que entende que ele tem decisões
difíceis a tomar e que deseja car. Entregue-lhe um currículo atualizado ou
apenas uma lista com suas principais qualidades e feitos, mas especi que
como contribuiu para o sucesso da empresa. Ele poderá encaminhar seu
documento ou se basear nele ao formular um plano. Caso seu chefe esteja
em dúvida sobre quais nomes colocar na lista, talvez se sinta feliz por ter
motivos para manter você a bordo.
Você não deve sugerir candidatos para essa lista. Seu chefe
provavelmente sabe onde está o “peso morto”, e o fato de você apontá-lo
mostra que não é um bom colega. Esse também não é o momento de dizer
que se sente subvalorizado e que uma demissão iria afetá-lo. (“Eu sou o
provedor da família.”) Caso realmente precise tomar a difícil decisão de
dispensar funcionários, essa é a última coisa que ele vai querer ouvir – na
verdade, essa atitude pode fazer você parecer mais vulnerável, pois lhe
confere uma aura patética. Em vez disso, sugere Alvey, enfatize o lado
positivo: lembre seu chefe de projetos e realizações que demonstrem sua
adaptabilidade e a amplitude e a profundidade de suas habilidades.
Seu objetivo é apresentar um forte argumento para ele entender por que
você merece um lugar na nova e reduzida equipe. Quanti que o valor que
você adiciona à empresa, sugere Clark. Se, por exemplo, você traz receitas
que compensam grandes custos, monte uma planilha simples que comprove
isso. Se for difícil calcular seu impacto nanceiro – por exemplo, se você
trabalha no setor de comunicação –, encontre uma forma de mostrar a ele
como acompanhar os resultados. Por exemplo, registre o número de acessos
que o site da empresa recebeu e como o número de seguidores do Twitter da
empresa aumentou desde que você começou a liderar os esforços nas mídias
sociais. Se tem um cargo operacional, documente as melhorias de
produtividade que alcançou. Não precisa citar todas as suas realizações, mas
destaque alguns pontos e prepare-se para aprofundar a discussão se seu
chefe solicitar.
O que aconteceu:
visão para a unidade, ficou claro que meu papel logo se tornaria
obsoleto.
O que eu fiz:
propus mudar meu papel para apoiar com mais eficiência os novos
ela agiu como se dissesse: “Estou com vocês.” Isso mostrou que é
Caso ainda não se sinta à vontade depois de revisar com o chefe suas
habilidades e contribuições, talvez valha a pena discutir alternativas para as
demissões. Você se ofereceria para trabalhar por meio período para manter
seu emprego? Aceitaria dividir suas funções com alguém para que os dois
mantenham o emprego? “É uma estratégia arriscada”, adverte Alvey, porque
você pode acabar abrindo mão de algo desnecessariamente. Mas, no nível
abstrato, é possível ter uma conversa franca sobre o assunto: “Faria diferença
se algumas pessoas trabalhassem apenas meio expediente?” Fale sobre as
possibilidades, sem necessariamente se oferecer para o sacrifício. Caso você
convença seus colegas a conversar sobre o assunto com o chefe, o esforço da
equipe pode ser bem-sucedido sem in igir um custo alto demais a cada
indivíduo. Mas, se seus colegas carem assustados e não concordarem, não
fale sozinho: talvez você acabe sendo o único prejudicado.
construtiva
Quando pensamos em con ito, muitas vezes vem à mente a ideia de guerra:
facções rivais em disputa por uma questão importante. Mas existem
diferentes tipos de con ito. Nem todos são lutas por poder, propriedade ou
mesmo pessoas. Muitas vezes, as tropas são formadas no ambiente de
trabalho e podem ser tão beligerantes quanto na guerra: um colega
considera algo injusto e explode numa reunião ou uma discussão sai do
controle. O fato de a maioria dos ambientes de trabalho ser civilizada e
tranquila não signi ca que não haja con itos.
Re ita sobre a seguinte história. Robin e Eli trabalharam juntos
remotamente em um projeto, em diferentes fusos horários. Robin passava as
manhãs de nindo em que parte do projeto trabalharia naquele dia com Eli.
Quando Eli cava on-line, horas mais tarde, não procurava saber o que
Robin havia feito; em vez disso, queria que listassem juntos, em tempo real,
os pontos mais importantes a serem abordados no dia. Isso aborrecia Robin.
Qual o sentido de passar horas adiantando as tarefas se mais tarde Eli iria
ignorar seu trabalho e controlar as ações? De início, Robin se submeteu e
mudou a forma de trabalhar, mas com o tempo foi cando irritada, passou a
criticar as sugestões de Eli ou bufar enquanto ele refazia o trabalho dela.
Essa dinâmica passivo-agressiva durou semanas, até que Robin
simplesmente parou de trabalhar. Eli nem notou, mas depois de um tempo
Robin explodiu e o fez perceber. Algumas vezes, o con ito é silencioso.
Os con itos são um problema geral: de acordo com um estudo de 2008
feito pela CPP Global, pro ssionais de todos os níveis gastam em média 2,8
horas por semana lidando com con itos improdutivos. Isso equivale a mais
de 350 bilhões de dólares por ano em desperdício de salários. Um con ito
improdutivo pode ser algo tão simples quanto se sentir ligeiramente
menosprezado ou participar de um mal-entendido em relação a um
processo – como no caso de Robin –, ou tão grave quanto um confronto
durante uma apresentação para um cliente. Desperdiçamos tempo e
dinheiro da empresa não só quando nos envolvemos nessas brigas, mas
também quando evitamos um confronto e permitimos que a situação piore.
Con itos no ambiente de trabalho não só nos impedem de desempenhar
bem nossas funções como prejudicam a vida pessoal, consumindo nosso
precioso tempo livre com preocupações e nos fazendo despejar a frustração
na família, o que acaba gerando mais estresse.
Então, por que não ter uma conversa construtiva para poder seguir em
frente? Em geral, evitamos abordar questões delicadas porque poucas
pessoas gostam de lidar diretamente com con itos. “O ser humano tem a
necessidade básica de ser amado”, explica o consultor de liderança Ron
Ashkenas. “Quando você entra num con ito, surge um desconforto, o medo
de que o relacionamento seja prejudicado.” Além dessa necessidade humana
fundamental, outras razões complicadas nos desencorajam de buscar o
confronto. Talvez você não esteja seguro de sua posição na hierarquia
informal da empresa. Talvez, no passado, já tenha tentado resolver con itos,
sem sucesso. No seu íntimo, você pode esperar que, com o passar do tempo,
o problema desapareça. Ou talvez imagine que seu chefe perceberá a
situação e intervirá.
O problema é que os con itos raramente vão se resolver se você evitá-los
ou deixar que se solucionem por conta própria. A boa notícia é que até o
indivíduo mais avesso a con itos pode desenvolver métodos produtivos para
enfrentar – e resolver – questões espinhosas. As orientações a seguir vão
ajudá-lo a gerenciar con itos de maneira mais construtiva.
Antes de tudo, é preciso reconhecer que nem todos os con itos são ruins.
Na verdade, eles podem ser saudáveis para uma empresa, estimulando a
criatividade, a inovação, o trabalho em equipe e a resolução de problemas.
Um bom exemplo é a tensão clássica entre a equipe de vendas e a de criação
de produtos: é comum que representantes de vendas agressivos façam
promessas que as equipes de produto não são capazes de cumprir. Ou pelo
menos é o que parece – até que o desejo de satisfazer o cliente leve a
inovações na fabricação e no design do produto, e, às vezes, até à criação de
algo totalmente novo.
“Equipes formadas por pro ssionais de alto desempenho estão
naturalmente sujeitas a tensões causadas pela competitividade e pela
rivalidade”, sugere Mark de Rond, professor assistente de estratégia e
organização na Judge Business School, da Universidade de Cambridge. Essas
tensões, porém, não devem ser evitadas. Elas aumentam a produtividade e
ajudam as equipes a melhorar o desempenho, pois resultam da diversidade
de competências, abordagens e opiniões dentro do grupo, o que ajuda a
ampliar a visão, explica De Rond, que realizou pesquisas abrangentes sobre
equipes de alto desempenho.
Mas, mesmo reconhecendo que existem diversos benefícios em
trabalhar com diferentes pontos de vista, e sabendo que às vezes o con ito
leva a um trabalho de mais qualidade, como se sentir à vontade para lidar
com ele?
Talvez você não se sinta à vontade para lidar com con itos porque não gosta
da ideia de “atacar” alguém, mas é possível confrontar um indivíduo sem
criticar sua personalidade. Quando você se concentra no problema, não na
pessoa envolvida, consegue desa ar o colega sem que suas palavras soem
como um ataque, explica Ashkenas. Para isso, faça perguntas pertinentes e
suposições desa adoras, usando frases como “Você já pensou sobre isso?”
ou “Corrija-me se eu estiver errado, mas...”. Expressões do tipo são muito
diferentes de um “ataque” e conduzem a uma troca de ideias mais tranquila.
(Para mais informações sobre a condução de conversas difíceis, leia o
Capítulo 14, Conduzindo conversas difíceis.)
Quando você se concentra no resultado do trabalho e em seus possíveis
problemas – não em diferenças de personalidade –, é natural que se sinta à
vontade para confrontar os colegas, pois não terá a sensação de que alguém
está tentando desestabilizá-lo de propósito. Ainda assim, con itos são
inevitáveis. A seguir, veja como lidar com eles.
Identifique e resolva o conflito
Objetivos diferentes
Vamos ver como um con ito causado por objetivos diferentes pode se
desenrolar.
O jeito errado
Veja como um con ito de pontos de vista pode acontecer na vida real.
O jeito errado
Digamos que você e seu colega Roger recebam um convite para se juntar à
equipe que vai recriar o site da empresa, que vende produtos pela internet. A
ordem do CEO é criar uma página impactante usando os melhores recursos
internos possíveis. Mas o que signi ca “os melhores recursos internos
possíveis”? Para você, é direcionar recursos para o projeto e pedir aprovação
para os principais aspectos da funcionalidade do site. Você está disposto a
atrasar o lançamento desde que os departamentos de vendas, marketing e
nanceiro quem satisfeitos com o funcionamento do carrinho de compras
da loja do site. Mas parece que Roger acha que “melhores recursos internos
possíveis” signi ca que todos precisam opinar. Em vez de marcar
apresentações formais para manter as pessoas atualizadas, ele está fazendo
reuniões com pessoas e setores escolhidos aleatoriamente – por exemplo,
perguntando aos colegas do nanceiro o que acham das fontes e paletas de
cores. Essa estranha estratégia ameaça atrasar o cronograma. Além do mais,
de que adianta pedir a opinião de grupos que não têm nenhuma experiência
na área? O CEO os colocou na equipe porque vocês são conhecidos por
concluir projetos difíceis no prazo. Você está nervoso com a abordagem de
Roger e, por outro lado, ele acha que sua abordagem ignora as opiniões dos
funcionários.
Você confronta Roger: “Chega dessas apresentações detalhadas sobre o
site para todo mundo! Você está mais preocupado em parecer o gestor
super-herói do que com o impacto que todo esse feedback vai ter nas
pessoas que realmente precisam implementar e utilizar o site.” Roger ca
chocado e magoado. Acha que está seguindo as ordens do CEO, de usar os
recursos da empresa, coletando opiniões e mantendo um projeto complexo
em andamento. Como vocês chegaram a pontos de vista tão diferentes?
Presuma que seu colega tem um bom motivo para ter uma opinião tão
diferente da sua; ele não deve estar fazendo com a intenção de aborrecê-lo.
Peça que ele lhe explique como enxerga o problema e, em seguida, faça o
mesmo. Analisar o entendimento de cada um (“Para você, o que signi ca
‘melhor uso dos recursos internos’?”) vai ajudá-los a gerenciar as
expectativas e o comportamento futuro de cada um. No caso de Roger,
pergunte: “Pode me ajudar a identi car quais setores da empresa você
considerou importantes a ponto de fazer uma apresentação e quais decidiu
ignorar?” Ouça a resposta dele. Pode ser que as conversas informais entre
Roger e o departamento nanceiro tenham indicado que eles achavam
melhor não assistir a uma apresentação de slides de uma hora mas fazer
recomendações de maneira mais particular. Você não precisa concordar
com essa opinião, mas deve reconhecê-la: “Entendo por que você conversou
em particular com o nanceiro, tendo em vista as restrições dos
cronogramas deles.” Em seguida, esclareça o que está por trás da sua
perspectiva: “Mas deixe-me explicar por que acho importante consultar
pessoas de diferentes divisões somente dentro de suas áreas de
conhecimento.”
Pode ser que nenhum de vocês concorde com a perspectiva do outro,
mas pelo menos você vai saber por que discordam. E a partir daí as
conversas poderão levar a uma visão alternativa. Juntos, vocês serão capazes
de criar uma solução produtiva: é possível organizar reuniões gerais com
grupos-alvo, mas permitir que a participação seja voluntária. Após os
encontros, vocês podem enviar um resumo para os membros do núcleo da
equipe e pedir feedback antes de baterem o martelo, tudo isso dentro do
cronograma.
Personalidades diferentes
O jeito errado
Digamos que você seja pontual. Faz questão de chegar na hora marcada, ou
até mais cedo, a todas as reuniões. Você chega preparado, tira da sala os
aparelhos eletrônicos que não serão utilizados e não se perde em conversas
paralelas. Já seu colega Alan costuma chegar 10 minutos atrasado, entra sem
pressa, pede desculpas e olha com ar de expectativa para você, esperando
que o deixe a par do que aconteceu. Todos os que chegaram na hora certa
são obrigados a ouvir a recapitulação do que foi falado há apenas alguns
minutos. As pessoas reviram os olhos – acham que você não tem a menor
consideração pelo tempo delas. Você está muito irritado com Alan. Além da
frustração geral, agora seu planejamento está atrasado.
Certo dia, quando Alan chega atrasado para a reunião, você para e
chama a atenção dele diante de todos: “Alan, que gentileza a sua juntar-se a
nós!” Ou, antes da reunião, começa a lotar o e-mail dele com lembretes, ou
se aproxima da mesa dele perto da hora de começar. Você está tão focado no
aborrecimento com Alan que não presta atenção às outras cinco pessoas que
sempre chegam às reuniões preparadas e na hora marcada.
Existem muitas variações desses três tipos de con ito, por isso é normal que
pareça mais fácil simplesmente evitar o confronto. Mas analisar o que cria a
tensão ajuda a amenizá-la. Se estiver preparado para procurar entender os
motivos do con ito – dando sempre a seu colega o benefício da dúvida e
apresentando um modo e caz de resolver o problema sem criar
“vencedores” e “perdedores” –, você desenvolverá as habilidades de um
pro ssional e colega respeitado.
Como último recurso, você pode levar o problema ao chefe, a rma Weiss.
Antes, porém, re ita sobre os motivos pelos quais vocês não conseguiram
resolvê-lo sozinhos. A maioria dos chefes não está disposta a comprar as
batalhas do subordinado. Por outro lado, se tudo que você e seu colega
tentaram falhou, avise-o que vai falar com o chefe e que deseja que ele
participe, de modo que não pareça que você está reclamando pelas costas
dele. Procure-o num momento tranquilo e veja se vocês podem pelo menos
de nir o problema juntos, para ajudar o chefe a ajudá-los.
Tenha em mente que vocês estão tentando fazer a coisa certa, mas
discordam sobre o que é essa coisa certa e sabem que estão de mãos atadas.
“John, acho que você e eu não estamos chegando a lugar algum na resolução
do problema. Está disposto a ir comigo e pedir ao nosso chefe que nos ajude
a encontrar uma solução?” Transparência gera con ança.
Concordem em conversar com o chefe juntos e combinem os detalhes:
os dois vão até ele pedir uma conversa? Vão redigir um e-mail em comum
para o chefe? Ao abordar seu superior dessa forma, vocês mostram que
estão agindo em conjunto na busca por uma solução.
Ninguém quer ser visto como aquele colega complicado ou in exível.
Quando conversarem com o chefe, expliquem que vocês parecem ter
objetivos (ou estilos de trabalho ou pontos de vista) diferentes e estão em
um impasse. Não é o momento de reclamar da outra pessoa – seja
diretamente ou por meio de comportamentos passivo-agressivos (por
exemplo, dizendo coisas como: “Parece que John acha que vale a pena correr
o risco de perder um cliente importante para não ter que mudar o modelo
histórico de todos os nossos contratos.”).
Em vez disso, comunique a questão com toda a clareza, focando no
problema, não na personalidade de seu colega: “Estamos travados e
precisamos de sua ajuda para resolver isso.” Descreva o con ito e seu
impacto na organização. “Tal cliente gera uma receita enorme para nós
anualmente. Sei que precisamos ter cuidado para não nos descuidarmos de
proteções legais importantes e acabar criando um precedente ruim, mas, se
não de nirmos logo os termos desse contrato, vamos correr o risco de
perder o cliente.” Explique brevemente o que vocês já tentaram. Se você
expuser a questão com neutralidade junto com seu colega e informar que já
tentaram resolver o problema sozinhos, seu chefe se sentirá mais disposto a
ajudar. Ele pode conhecer outros recursos internos – como serviços de
mediação de con itos ou orientações gerais da empresa para a resolução de
problemas, ou pode simplesmente decidir o que deve ser feito e ambos terão
de acatar a solução.
Por que tememos enfrentar uma conversa, mesmo sabendo que ela pode
facilitar nossa vida? É porque tememos perder mais do que aquilo que
desejamos alcançar. “É da natureza humana”, explica Jim Detert, professor
de Cornell que pesquisou por que os funcionários têm medo de falar.
“Nutrimos grandes preocupações quanto ao nosso bem-estar nanceiro e
material. O medo de cair no ostracismo é um dos maiores medos que os
seres humanos enfrentam. No fundo, é esse medo que nos impede de
desa ar os colegas.”
Temos uma série de temores: perder o respeito dos colegas, perder o
controle durante uma conversa, ter algum erro exposto, ser excluído ou ser
despedido por discordar do status quo. Segundo Detert, o ser humano
também costuma distorcer as lembranças das vezes em que se manifestou
(ou que testemunhou alguém se manifestar) e deu errado, o que ampli ca o
medo.
Esse medo pode ser tão opressivo que muitos fazem de tudo para adiar
ou mesmo evitar esse tipo de exposição. Alguns preferem mudar de emprego
a tentar confrontar um colega ou chefe sobre algo que os incomode. “Essa
tendência a procrastinar é da natureza humana, mas o atraso que isso gera é
totalmente infrutífero”, explica Jean-François Manzoni, do Insead. “A
dinâmica do relacionamento piora. Você acha que está escondendo a raiva,
mas não está. Seu colega sentirá que há algo errado, o que provavelmente
não vai ajudar em nada.”
Entretanto, se você encontrar maneiras de lidar com as conversas
difíceis, seus colegas passarão a respeitar sua franqueza e sua capacidade de
resolver problemas sem torná-los pessoais. E, ao conduzir conversas difíceis
com e ciência, você contribui para a criação de um ambiente em que é
aceitável ter diálogos duros, apresentar pontos de vista opostos e fazer
críticas honestas. Tudo isso é bené co para os pro ssionais e para a empresa
como um todo.
Não existe uma estratégia que se aplique a todos as conversas desa adoras,
mas há diretrizes. O processo deve acontecer em duas fases: a primeira é a
preparação; a segunda é a condução da conversa em si. Lembrando que, se
vocês não forem capazes de resolver as coisas sozinhos, talvez a empresa
conte com recursos capazes de ajudá-los.
Prepare-se
Administre o tempo
É melhor evitar procrastinar uma conversa difícil, mas, às vezes, optar por
não tê-la é a medida mais certa, diz Jeanne Brett, diretora do Centro de
Pesquisas de Resolução de Problemas da Kellogg School of Management.
Caso esteja irritado a ponto de não conseguir controlar seus impulsos, você
não está em um bom momento. “Mesmo no calor da hora, é importante
saber quando não estamos com a cabeça ideal para ter uma conversa
complicada”, explica Brett. Você vai acabar dizendo a coisa errada,
envergonhando a si mesmo ou ao colega ou até criando cenas
constrangedoras na frente de outros. Nesses casos, o conselho de Brett é:
tenha bom senso e tire um tempo para esfriar a cabeça. Dê uma volta na rua.
Saia de perto e vá trabalhar numa sala vazia, ou vá para casa trabalhar em
paz.
Se seu colega confrontá-lo no corredor depois de uma reunião ou entrar
em seu escritório prestes a explodir, Brett sugere que você procure adiar a
conversa. Diga algo como: “Estou vendo que isso é um problema e preciso
de um tempo para pensar em como resolver a questão. Prometo que vou à
sua sala amanhã para discutirmos o assunto.” Demonstre consideração pelos
sentimentos de seu colega dizendo algo como: “Percebi que você está
realmente chateado por causa disso.” Depois, pergunte se é possível
conversar quando ambos estiverem mais calmos. “É difícil não se colocar na
defensiva numa situação dessas, sobretudo quando você é pego de surpresa”,
explica Brett. (Para mais informações sobre confrontos, leia o Capítulo 13,
Administrando con itos de maneira construtiva.)
Quando se sentir pronto, encontre um bom momento para falar com o
colega. Não pode ser segunda-feira logo cedo, quando os dois estão
chegando ao escritório após o m de semana e dão de cara com uma caixa
de entrada repleta de tarefas. Nem no m de sexta, quando estão ansiosos
pelo m de semana. Marque a conversa para uma hora e um local que não
aumentem a tensão natural da conversa. Pode ser logo após o almoço em
uma sala de reuniões neutra ou durante o café numa lanchonete próxima.
Evite ambientes que proporcionem vantagem para qualquer parte; segundo
Detert, convidar as pessoas para uma conversa em sua sala lhe dá uma
vantagem, porque o local está repleto de suas lembranças pro ssionais, você
é quem está sentado atrás de uma mesa (e geralmente numa cadeira maior,
sinalizando seu poder) e assim por diante. O ideal é encontrar um tempo e
um local onde ambos se sintam à vontade para uma conversa saudável.
Durante a conversa
Sua intenção não é complicar mais o con ito, mas às vezes seu colega não sai
da defensiva e a situação piora tanto que se torna impossível resolvê-la por
conta própria. Caso isso aconteça, não perca a esperança.
Procure envolver um terceiro na questão; precisa ser uma gura neutra,
como um superivisor ou um colega respeitado. Explique a divergência e o
impacto que ela causa em sua equipe ou mesmo na organização e pergunte
se ele está disposto a ajudar. Não peça a alguém que escolha lados, mas que
forneça um espaço e um momento neutros para você e seu colega
conversarem da maneira mais racional possível. Você pode, por exemplo,
pedir que esse terceiro pergunte a seu colega se pode marcar uma conversa
particular: “Eu sei que você e fulano têm se desentendido nessa questão.
Podemos todos agendar uma conversa em meu escritório e falar sobre isso?
O problema está começando a afetar todo o departamento.”
Talvez sua empresa conte com soluções discretas para conversas difíceis.
Existem mediadores internos? O RH pode intervir? Que regras ou aspectos
da cultura de sua empresa podem ajudá-lo a enfrentar essa conversa
espinhosa? Se sua empresa é focada na missão, será que o lema “Qualidade
acima de tudo” pode ajudá-los a superar o desentendimento? A empresa
conta com um consultor externo que ouça as partes e ofereça uma
perspectiva neutra sobre o tema, sem que a questão se torne uma conversa
formal?
É bom poder contar com princípios reguladores ao lidar com uma questão
difícil, mas o contexto da discussão também é importante. Você precisa se
posicionar sobre determinado tema? Dar más notícias? Você tem tempo
para se preparar ou foi pego de surpresa? A seguir, listo alguns conselhos
sobre como lidar com diversos cenários do dia a dia.
Ninguém gosta de dar más notícias, especialmente para o chefe. Embora seu
instinto diga que você deve amenizar o impacto da notícia, ou até omiti-la,
os especialistas dizem que essa é a pior atitude possível. Vamos ver como a
capacidade de resolução de problemas pode reduzir o impacto de uma
conversa desagradável.
O jeito errado
O jeito errado
“Acabei de descobrir que Peter recebeu um aumento duas vezes maior que o
meu. Isso é alguma brincadeira? Eu trabalho três vezes mais que ele! Que
história é essa?”
Procure ter uma visão mais ampla do problema. Se você odiou uma decisão
que foi tomada, será que outras pessoas também odiaram? Se é esse o caso,
por quê? Qual é a verdadeira questão para sua equipe ou para a empresa?
Brett aconselha a dizer algo como “Percebi uma coisa que não é boa para a
empresa e gostaria de ajudar a resolver a situação” em vez de “Estou furioso
com essa decisão tomada em relação a mim”.
Após descobrir que a colega recebeu um aumento muito maior, uma
jovem sócia de um escritório de advocacia usou a abordagem de Brett:
enquadrou o problema como um desa o para toda a organização. Apesar de
chateada, ela percebeu que não seria sensato reclamar do aumento da colega
nem car remoendo a injustiça. A rma não estava tentado prejudicá-la; o
que aconteceu foi que um dos sócios tinha um argumento convincente para
aumentar mais o salário da colega.
A advogada descontente abordou o sócio majoritário e deixou claro que
não estava com inveja do aumento da colega, mas que considerava a atitude
falta de transparência: “Esta empresa não tem uma política clara e justa para
de nir os aumentos.” Ela se ofereceu para fazer uma pesquisa sobre como
outras rmas lidavam com o desa o, para que pudessem aprimorar o
processo. A pesquisa acabou levando à implantação de um sistema novo,
mais transparente e justo, que a deixou satisfeita. Embora não tenha
conseguido uma correção salarial, ela melhorou sua situação para o futuro –
e criou um processo mais e ciente para todos.
Falar sem rodeios em uma situação normal é uma tarefa difícil, mas tecer
críticas públicas à empresa causa até pesadelos. Mas não precisa ser assim.
Com foco na empresa e posicionando-se como um solucionador de
problemas, você transformará a assustadora tarefa de expor suas
preocupações numa reunião importante em algo mais agradável e
produtivo.
O jeito errado
Se um colega atacá-lo...
Não retruque a acessos de raiva. Deixe o colega dizer o que quiser e espere o
ambiente se acalmar. É nesse momento que a capacidade de controlar seus
pensamentos e emoções o ajudará a superar esse desa o. “A maioria das
pessoas simplesmente espelha o comportamento do outro”, explica Brett. “É
preciso ter disciplina para não dar o troco na mesma moeda, mas funciona.”
O jeito errado
“Do que você está falando?! Você não faz ideia do trabalho que deu esse
projeto! Da próxima vez, não vou nem pedir sua opinião!”
Você não precisa se acovardar nem se desculpar por algo que não fez, mas
pode simplesmente optar por não se envolver na batalha. Se seu colega não
lhe permitir dizer sequer uma palavra, às vezes o simples fato de identi car
o contexto ajuda a diminuir a tensão: “Veja bem, nós podemos nos ameaçar
e nos insultar, mas isso não vai resolver o problema. Não vamos chegar a
lugar algum desse jeito.” É muito melhor não alimentar a situação do que
retrucar. Caso você seja atacado, sugira uma conversa posterior. Faça o que
for preciso para manter a calma e evitar uma conversa explosiva.
Mas como nem sempre é possível escolher o momento da conversa (e
algumas pessoas cam ainda mais aborrecidas quando você pede para
conversarem depois), se for preciso, responda da maneira mais neutra
possível, sem ceder e sem aumentar a tensão. Segundo Weeks, numa
situação dessas, “neutro” é algo como: “Não sei o que dizer. Isso foi
totalmente inesperado. O que devemos fazer agora?” Você não amansou a
fera, mas também não cedeu; apenas deixou claro, com toda a calma, que
seu colega está com raiva. Talvez a conversa mais tarde não seja nada
agradável, mas pelo menos você não piorou a situação. Agora você e seu
colega estressado estão pensando juntos, não apenas reagindo.
Por outro lado, se você estiver errado e tiver consciência disso, peça
desculpas de imediato, adverte Weeks. “Sinto muito. Tentei ser engraçado.”
Pronto. Não tente se explicar demais. Simplesmente assuma o erro.
Nem sempre é possível fazer com que conversas difíceis se tornem fáceis e
divertidas como num passe de mágica. Exatamente por isso elas são
desa adoras. Mas, preparando-se para enfrentá-las, você pode torná-las
mais produtivas. Segundo Weeks, a única forma de se sair bem nessas
situações difíceis é encará-las. “Você não aprenderá novas habilidades se
evitar os problemas”, adverte ela. E o pior: o problema não desaparece e você
ainda fará com que ele ganhe uma dimensão desproporcional. Conversas
difíceis são o que são: difíceis, a rma Weeks. Mas isso não signi ca que você
não possa aprimorar sua maneira de enfrentá-las, preparando-se,
mantendo-se neutro e buscando uma solução melhor não só para você, mas
também para a empresa.
Capítulo 15
Trabalhando com pessoas que você
não suporta
Quando pensa na equipe dos seus sonhos, você imagina uma lista de
pro ssionais com quem gostaria de trabalhar, escolhidos a dedo por
compatibilidade e talento. Infelizmente, porém, não é assim que funciona no
mundo real – há grande chance de você ter que trabalhar com uma ou outra
pessoa de quem não goste. Talvez seu colega o aborreça, fale alto, seja um
puxa-saco, arrogante ou presunçoso. Talvez ele seja gentil e pro ssional na
frente do chefe, mas um pesadelo para você e seus colegas quando não há
superiores por perto. Ou talvez tenha manias que o incomodem (aquele
costume irritante de fazer barulho com a caneta).
Inúmeros motivos nos levam a detestar um colega de trabalho. Às vezes,
são legítimos (ela sempre tenta receber tratamento “especial”); às vezes, não
(ele continua fazendo barulho com a caneta). Mas, a menos que a pessoa
esteja infringindo graves limites éticos ou legais – por exemplo, cometendo
assédio sexual –, você precisa encontrar uma forma de conviver com ela. Do
contrário, seu desempenho pode piorar. Mas como o comportamento de
outra pessoa afeta seu desempenho?
Sentimentos negativos não resolvidos podem lhe causar vários
problemas no ambiente de trabalho: incomodá-lo a ponto de impedi-lo de
se concentrar nas tarefas; fazê-lo deixar de apoiar um projeto porque não
suporta a ideia de trabalhar com alguém; reprimir sua insatisfação durante
muito tempo, fazendo-o explodir diante do menor problema e parecer
alguém instável. Você pode acabar imitando a atitude da pessoa que o
aborrece, transformando-se no idiota. Seja como for, envolver-se numa luta
por poder é desperdício de tempo.
Quando você sente raiva, foge de possíveis encontros ou tenta sabotar o
colega que não suporta, entra num caminho que leva ao fracasso. Por outro
lado, lidar com colegas com quem se dá bem e respeita aumenta sua
satisfação no trabalho e o moral de todo o ambiente. Caso não possa
trabalhar com as pessoas de quem gosta, precisa encontrar uma forma de
gostar dos colegas que tem – ou, pelo menos, de não desgostar deles.
Aprender a conviver com todos pode proporcionar benefícios para sua
carreira a longo prazo; se você não suporta alguém que trabalha em sua
área, é provável que se esbarrem em eventos ou por meio de sua rede de
contatos, mesmo que ele vá embora da empresa. Quando você mantém
conexões positivas, tem benefícios que vão muito além desse longo suspiro
de alívio.
Mas como trabalhar com alguém que você simplesmente não suporta?
Nem sempre é possível melhorar a situação, admite Ben Dattner, autor de
e Blame Game (O jogo da culpa). Mas uma reação equivocada pode
piorar as coisas. Nossos especialistas propõem as seguintes estratégias para
aumentar sua chance de acertar.
Ao longo deste livro, nossos especialistas explicaram que, para lidar com
muitas das políticas no ambiente de trabalho, um bom primeiro passo é uma
autorre exão. Mas como esse conselho se aplica aqui? “Você precisa
começar compreendendo que cada pessoa é diferente e possui diferentes
pontos fortes”, explica a especialista em desenvolvimento organizacional e
recursos humanos Susan Heath eld. “Então, quando notar que alguém
apresenta um comportamento que você não suporta, pergunte-se: ‘Qual é o
meu problema que me faz car tão aborrecido com essa pessoa?’” A maneira
mais fácil de trabalhar com alguém que você detesta é optar por não se
permitir ser incomodado. Você tem pouco controle sobre o outro. A única
coisa que pode controlar é sua reação aos comportamentos irritantes que ele
apresentar. Veja como.
Olhe-se no espelho
Cultive a empatia
Mesmo que seu colega faça algo que realmente o aborreça, coloque-se no
lugar dele. Isso o ajudará a entender o que está por trás do comportamento e
a descobrir maneiras de resolver o problema. Por exemplo, se você percebe
que o colega ca hostil em todas as reuniões em que você discute estratégias
futuras para a empresa, pergunte-se o que pode estar por trás do
comportamento. Será que ele está assim porque você não o consulta sobre as
decisões? As ideias dele foram rejeitadas ou ignoradas? Imagine que você
tenha trabalhado meses numa proposta de novos mercados para a empresa e
ninguém tenha sequer se preocupado em considerá-las. A empatia – a
capacidade de entender o que causa os sentimentos – lhe dá ideias capazes
de ajudá-lo a resolver o que estiver errado.
Não é porque uma pessoa o incomoda que ela não possa ser uma peça
valiosa para a empresa. “Presuma o melhor, concentre-se no que o indivíduo
sabe fazer e em como as habilidades dele podem contribuir para a equipe”,
aconselha Sutton. Pense no valor que ele agrega. Talvez ele morra de rir das
próprias piadas, mas seja ótimo com planilhas. De alguma forma, talvez as
piadas dele acalmem seu chefe. Talvez a revisão detalhada que ele fez do seu
relatório tenha mostrado que você é péssimo na digitação, mas também
tenha apontado um importante erro de contabilidade que poderia ter
custado à empresa uma signi cativa perda de receita. Procure motivos para
admirá-lo de maneira legítima.
Quando Colby, um colega recém-contratado, começou a apresentar um
comportamento arrogante, Akiko cou indignada. Se ele não recebia apoio
imediato para suas ideias, logo se frustrava e descontava nos outros. Em tom
agressivo, dizia que sua proposta era brilhante, dando a entender que Akiko
e todos os outros eram idiotas por não enxergarem isso. Certo dia, Akiko
nalmente perdeu a cabeça e se dirigiu a ele com rispidez em uma reunião,
mas logo depois puxou-o de lado e se desculpou. “Eu disse: ‘Quando você
tenta empurrar suas ideias e eu não as entendo de cara, me sinto uma idiota.
Às vezes, só preciso entender melhor o que você está sugerindo.’” Colby
cou espantado por saber que seus argumentos eram vistos dessa forma. No
m das contas, Akiko descobriu que o entusiasmo de Colby pelas próprias
ideias muitas vezes prejudicava sua capacidade de se expressar com clareza e
percebeu que ele se sentia ainda mais frustrado quando as outras pessoas
não o entendiam. Após uma conversa franca, o problema foi resolvido. A
partir de então, quando Colby apresentava uma ideia, Akiko dizia “Deixe-
me fazer algumas perguntas” para sinalizar que não estava entendendo.
Quando isso acontecia, Colby percebia que ela queria ajudá-lo a articular
suas ideias.
Mude a dinâmica
Reaja
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