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DIREITO

COMERCIAL I
TP 1

Comerciantes
Estatuto dos comerciantes
(importância prática)
actos podem ser subjectivamente
comerciais art. 2º
aplica-se o art. 15º às dívidas comerciais
dos comerciantes casados + regime art.
1691º 1,d) CCiv
prazo de prescrição de certos créditos é o
do art. 317º b) CCiv
obrigações impostas pelo art. 18º
prova de certos factos facilitada (v.g. 396º
empréstimo; 400º penhor)
Sujeitos qualificáveis
como comerciantes

Pessoas singulares – art. 13º, 1


(actividade)
Pessoas colectivas – art. 13º, 1
(objecto estatutário)
Sociedades comerciais – art. 13º, 2
(“automático”)
Pessoas colectivas (outras)- 13º1

 Quais
 EPE: “São entidades públicas empresariais as pessoas coletivas de direito público, com natureza
empresarial, criadas pelo Estado para prossecução dos seus fins” art. 56º RJSPE (DL n.º 133/2013, 3/10)
 ACE: “As pessoas singulares ou colectivas e as sociedades podem agrupar-se, sem prejuízo da sua
personalidade jurídica, a fim de melhorar as condições de exercício ou de resultado das suas actividades
económicas” Base I Lei 4/73, de 4 de Junho
 AEIE: “O objectivo do agrupamento é facilitar ou desenvolver a actividade económica dos seus membros,
melhorar ou aumentar os resultados desta actividade; não é seu objectivo realizar lucros para si próprio. A
sua actividade deve estar ligada à actividade económica dos seus membros e apenas pode constituir um
complemento a esta última” art. 3º REGULAMENTO (CEE) No 2137/85 DO CONSELHO de 25 de Julho de 1985
 Cooperativas: “As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de livre constituição, de capital e
composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos seus membros, com obediência aos
princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação das necessidades e aspirações económicas,
sociais ou culturais daqueles” art. 56º Ccoop. (L n 119/2015, de 31/8)
Que actividade/actos? A actividade directa/indirectamente qualificada
por lei como objectivamente comercial

Mas actos
• subjectivos: jamais
• formais: não, não pode denotar exercício de profissão
• acessórios: depende
• e nem todos os objectivos, substanciais e autónomos (v.g. 344º ou 463º5)
Questões Práticas

Diga se são comerciantes e porquê:


1. A Fundação de Aurélio Amaro Diniz, cujo fim principal consiste na manutenção
e exploração de um Hospital
2. A CP - Comboios de Portugal, E.P.E., responsável pela prestação de serviços de
transporte ferroviário nacional e internacional de passageiros;
3. A CESPU – Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário, CRL;
que explora vários estabelecimentos de ensino superior particular e cooperativo
4. A Associação para a Defesa da Gastronomia Alentejana, que mantém um
lucrativo restaurante aberto ao público em geral
Caso n.º 1

Os pais de Dinis, na qualidade de representantes do


filho menor, adquiriram, há cerca de três anos, um
estabelecimento que se dedica à venda de peças de
artesanato local. Pouco tempo depois, venderam a
Elvira, médica, vários objectos para a decoração da
sua casa. Elvira até hoje não pagou o preço devido.
Quid iuris?
Caso n.º 2

A Fundação de Aurélio Amaro Diniz (cfr. caso prático 1) recusa-se a pagar uma avultada
dívida que tem junto de Equipamédico, SA, fornecedores de material hospitalar, alegando
que a última remessa de material não se encontra em condições de ser utilizada.
1) Pode a Equipamédico, SA, pedir a declaração de insolvência da Fundação?
2) No último balanço da Equipamédico, SA, constata-se que esta sociedade tem um passivo
superior ao activo. Pode o credor Infortudo, Lda., pedir a declaração de insolvência daquela
sociedade anónima?
3) Se a Equipamédico, SA, vier a ser declarada insolvente, quais as consequências a que
ficam expostos os respectivos administradores?
Insolvência Sujeitos passivos

 Enumeração:

 Pessoas singulares ou colectivas art. 2º, 1, a)


 Entidades de natureza colectiva não personalizadas art. 2º, 1, c) a f)
 Patrimónios autónomos art. 2º, 1, b), g) h)
 Exclusões:
 Exclusão total art. 2º, 2, a)
 Aplicabilidade condicionada art. 2º, 2, b)

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Insolvência Pressupostos objectivos
 Pressuposto geral: impossibilidade de cumprir
obrigações vencidas art. 3º, 1
critério do fluxo de caixa (cash flow)
densificação com apoio do art. 20º, 1, a) e b)
 Pressuposto especial: passivo manifestamente
superior ao activo art. 3º, 2
critério do balanço comercial (balance sheet)
apenas vale para certos sujeitos
pode ser contraditado art. 3º, 3
 Insolvência iminente art. 3º, 4
apenas vale para o devedor que se apresenta à insolvência
(justificação) 11
Insolvência Legitimidade activa
 Do devedor
 pelo próprio art. 18º
 órgão social de administração ou liquidação art. 19º + 6º, 1, a)
 representante legal do incapaz art. 19º + 6º, 1, b
 Dever de apresentação à insolvência art. 18º,1
 excepção art. 18º,2
 presunção inilidível art. 18º,3

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Insolvência culposa

 Pressupostos da qualificação da insolvência como culposa – art.


186º CIRE
 Conduta dolosa ou gravemente culposa do devedor (ou certas pessoas) + nexo de causalidade
entre conduta e situação de insolvência
 Só relevam condutas ocorridas nos 3 anos anteriores ao início do processo de insolvência
 Mas os autores dessas condutas podem ser (i) o devedor (ii) os seus administradores de direito
ou de facto
 Nota: toda a norma do art. 186º foi pensada para pessoas colectivas (máxime, sociedades),
procedendo depois os n.ºs 4 e 5 a uma adaptação às pessoas singulares

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Consequências da insolvência culposa– art. 189º
CIRE
Preliminar: identificação das pessoas afectadas e fixação do respectivo grau de culpa

Inibição para administrar patrimónios alheios

Inibição para exercício do comércio + ocupação de cargos em órgãos de pessoas colectivas

Perda de créditos sobre a insolvência e/ou a massa insolvente

Indemnização dos credores

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Caso n.º 3

Luís, proprietário de uma farmácia e casado com Manuela em regime de


comunhão de adquiridos, aceitou uma letra sacada pela sociedade de locação
financeira X, para garantir o pagamento das rendas relativas ao leasing de um
automóvel.
Poderá a sociedade responsabilizar também Manuela pelo pagamento da letra?
Código Civil

Artigo 1691.º
(Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges)
1. São da responsabilidade de ambos os cônjuges:
d) As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio, salvo se se
provar que não foram contraídas em proveito comum do casal ou se vigorar entre os
cônjuges o regime de separação de bens

Artigo 1695.º
(Bens que respondem pelas dívidas da responsabilidade de ambos os cônjuges)
1. Pelas dívidas que são da responsabilidade de ambos os cônjuges respondem os bens
comuns do casal, e, na falta ou insuficiência deles, solidariamente, os bens próprios de
qualquer dos cônjuges.
Código Comercial

Artigo 15.º
(Dívidas comerciais do cônjuge comerciante)
As dívidas comerciais do cônjuge comerciante presumem-se
contraídas no exercício do seu comércio.
Regime CCom.
 Art. 15º CCom. credores apenas têm que provar que:
• que sujeito é comerciante
• que dívida é comercial
• Não têm de estabelecer a conexão com o comércio do seu autor (isto é, que dívidas
foram contraídas no exercício do comércio) -> prova que pode ser difícil nos actos
subjectivos ou formais!
 É possível ao cônjuge ilidir a presunção
• provando que, apesar de qualificada como comercial, a dívida não foi verdadeiramente
contraída no exercício do comércio do devedor
• o que afasta a aplicação do 1691º-1-d) (embora possa fazer “cair” noutra alínea do
mesmo artigo)

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