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Tratamento a Bordo
Se o pescado for proveniente de captura, os barcos, devem ser mantidos limpos e
higienizados durante todo o tempo. Devem possuir sistema de refrigeração e, se possível,
congelamento a bordo. Uma opção de baixo custo é transportar em caixas isotérmicas de PVC,
com gelo de boa qualidade em quantidade suficiente para a conservação adequada do pescado da
captura ao desembarque.
Peixes
Cuidados para a conservação do pescado
Recipiente para
O pescado deve ser conservado totalmente envolvido em
gelo de qualidade, ou em câmaras frigoríficas. O produto
armazenar o
deve ser armazenado em caixas plásticas limpas,
etiquetadas e colocadas sobre estrados. Espécies diferentes
pescado
devem ser separadas em caixas e pilhas diferentes. O
produto deve estar bem distribuído, de forma que não
sofra os efeitos do empilhamento. As câmaras ou locais de
armazenagem devem estar sempre fechados, limpos e
higienizados.
Separar os produtos de acordo com a espécie e em locais onde os consumidores não fiquem em
contacto directo com o produto;
Caso o consumidor queira tocar o pescado, o que não é aconselhável, para avaliar suas
características externas, ofereça-lhe luvas descartáveis ou sacos plásticos limpos;
Manter o pescado em câmaras para o armazenamento, pois o pescado nunca deve ficar exposto;
O local deve dispor de gelo suficiente, de boa qualidade e água potável para higienização das
instalações e dos manipuladores;
A deterioração em pescado inicia-se logo após a morte e resulta em alterações das características
relacionadas principalmente ao odor, sabor e textura, e que afectam directamente a condição de
comestibilidade e aceitação. A velocidade dessas mudanças pode ser maior em decorrência de
manipulação, processamento ou estocagem inadequados (CHEN et al., 2017).
Segundo Beirão et al. (2004), as principais causas da deterioração dos peixes estão relacionadas
com a liberação de muco em sua superfície, instalação de rigor mortis, autólise e decomposição
bacteriana. Além dessas transformações, o pescado mostra-se suscetível à oxidação lipídica
(ALEXANDRE et al.,2021). A liberação de muco, em geral, é a primeira etapa de deterioração de
pescado. Entretanto, o começo, duração e término de cada tipo de transformação não segue
necessariamente uma ordem estrita, visto que podem ocorrer simultaneamente (ARAÚJO,
SOARES & GÓIS, 2010).
Liberação de muco
O rigor mortis está associado aos estágios iniciais de deterioração do pescado, em que
ocorre o enrijecimento do músculo do peixe devido à redução de níveis de ATP na
musculatura (TEIXEIRA & GARCIA, 2014).
O processo completo pode ser compreendido em três etapas, conforme relatado por
Oetterer (1998):
Rigor mortis: Fase em que não há mais nenhuma reserva de glicogénio e que
geralmente ocorre em menos de 24 horas (ORDÓÑEZ, 2005). É liberada a miosina que estava
combinada com o ATP. A miosina livre se combina com a actina e forma a acto miosina,
caracterizada por ser uma estrutura irreversível devido à ausência de energia (ATP) para hidrolisar
essa ligação. Ocorre contracção das mio fibrilas e encurtamento do músculo fazendo com que a
carne fique enrijecida e com maior acidez (CONTRERAS-GUZMÁN,1994; TAVARES et al.,
1988).
Pós-rigor: instala-se a partir do momento em que a acto miosina é degradada por
enzimas pré eolíticas digestivas. Há o amolecimento da carne e aparecimento dos peptídeos,
aminoácidos livres, amidas, imidas, dentre outros compostos, com a degradação proteica. Nessa
fase, a autólise e decomposição microbiana começam a se desenvolver (OETTERER, 1998;
ORDÓÑEZ, 2005).
Autólise
Esse processo é responsável pela perda inicial da qualidade do peixe fresco, cujo
papel é posteriormente assumido pela actividade bacteriana. Após as reacções
proteolíticas, a amónia é a base volátil mais representativa e possui odor desagradável.
Ocorre liberação de açúcares, aminoácidos, ácidos graxos, e outros compostos,
constituindo um excelente meio nutritivo para o desenvolvimento bacteriano (ARAÚJO
et al., 2010; BEATO, 2002).
Actividade microbiana
A actividade microbiana do pescado pode ser controlada até certo limite pelo
emprego de processos tecnológicos adequados, visto que suas características intrínsecas como
composição química, actividade de água e pH, favorecem a proliferação e desenvolvimento
microbiano (LEROI & JOFFRAUD, 2011).
A região das brânquias é a parte mais susceptível à acção bacteriana e pode exalar
odor desagradável indicando os primeiros sinais de deterioração. Outras regiões susceptíveis
incluem os intestinos e o limo superficial (JAY, 2005).