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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA


CURSO DE AGRONOMIA

Carga de bovinos vivos e Abate Halal como produto de


exportação para países muçulmanos

Professor: João Ignacio do Canto


Acadêmicos: Agner Bastiani, Alessandro Schacht e Marcos Vinicius Cerezolli.
Disciplina: Bovinocultura de Corte

PASSO FUNDO, OUTOBRO DE 2013.


Carga de Bovinos Vivos
Normalmente o cálculo que se faz para decidir, qual o
melhor caminhão para se transportar bovinos, é o da
quantidade de animais que cada caminhão pode
acomodar.

As contusões de carcaça, começam no embarque,


seguem ocorrendo durante a viagem e podem também
ser ocasionadas no desembarque.
Em alguns casos, deve-se optar pela mudança da rota
de viagem entre o confinamento ou a fazenda e a
planta frigorífica, quando é possível a alternativa.
Sempre que possível, deve-se optar pelas estradas
asfaltadas, pois há um ganho de tempo.
No asfalto o caminhão (ou a carreta) freia menos, o
ritmo da viagem é mais constante e a velocidade média
é maior o que aumenta a ventilação na “gaiola” e
melhora o conforto térmico para os bovinos.
O que importa não são os quilômetros que o caminhão
trafegará e sim quantas horas ele ficará na estrada.
Quanto menos tempo o bovino ficar enclausurado no
caminhão, menos água, eletrólitos e conteúdo rumenal
ele perderá.
Menor será o estresse e maior será a reserva de
glicogênio que este animal terá, sendo este fator
primordial para a qualidade da carne.
O ideal para o bovino é ficar até 8 horas em transporte,
respeitando-se a densidade de carga ideal ao redor de
400 kg/m2, mas isso ainda depende de outros fatores.
É apenas um direcionamento.
Fatores que podem melhorar as condições dos
bovinos que chegam às plantas frigoríficas
Redução do tempo sem água a que o bovino será
submetido: trazendo o boi para o embarque o mais perto
possível da hora de chegada dos caminhões. Essa deve
ser uma ação coordenada entre fazenda e frigorífico.
Na qualidade e rapidez do embarque: o ato de embarcar
é estressante para os bovinos. É fora da rotina. No dia do
embarque o curral tem de estar em ordem, adaptado
para os bovinos. A equipe de manejo tem de estar
treinada, ter calma e evitar o uso de choques, de gritos e
de ações improvisadas.
O tipo da carreta influenciará o tempo de embarque:
caminhões e carretas de um andar são mais fáceis de
serem carregados que carretas de dois andares. Entre
as carretas de dois andares as que possuem escada ou
rampa em linha reta com o embarcadouro são bem
mais fáceis de embarcar que as que possuem escada
“de lado”.
A viagem: O ideal é que a viagem do confinamento (ou
da fazenda) ao frigorífico seja direto, sem paradas.
Quando a carreta para, o calor dentro da gaiola (onde
estão os bois) sobe muito, aumentando o desconforto
dos animais.
Evitar que o transportador pare é a melhor opção.
Os motoristas devem receber refeição de boa qualidade
nas fazendas, antes de sair para o frigorífico, diminuindo
assim, a chance ou necessidade de parar.
Reduzir o tempo de viagem é o objetivo, mas sem
sacrificar o motorista.
A maior perda de peso ocorre nas primeiras três horas
da viagem, mas segue ocorrendo até o final.
As perdas de peso e a queda na qualidade da carcaça se
acentuam de acordo com o aumento no tempo de
viagem.
Fatores como temperatura ambiente, condição das
estradas, sexo dos animais, densidade de carga e o
tempo sem alimentação e água podem acentuar ou
diminuir estas perdas de peso.
Transporte de gado é um assunto complicado, mas
para que as perdas diminuam os pecuaristas têm de se
envolver mais e acompanhar o gado até o momento do
desembarque no curral do frigorífico.
Na chegada às plantas de abate, muitas vezes chegam
vários caminhões ao mesmo tempo o que pode levar a
longas esperas para desembarcar, prejudicando ainda
mais o estado dos bovinos transportados.
Abate Halal como produto de exportação
para países muçulmanos
Halal em árabe significa “legal” ou “permitido”;

Apenas os alimentos halal são permitidos para


o consumo dos muçulmanos, que são os
obtidos de acordo com os procedimentos e as
normas ditadas pelo Alcorão. Animais como os
bovinos, caprinos, ovinos, frangos podem ser
considerados halal, desde que sejam abatidos
segundo os Rituais Islâmicos.
O abate Halal deve ser realizado em separado
do não- halal, sendo executado por um
mulçumano, conhecedor dos fundamentos do
abate de animais no Islã.
Todo o preparo, processamento,
acondicionamento, armazenamento e
transporte devem ser exclusivos para os
produtos halal, que obrigatoriamente são
certificados e rotulados conforme leis
específicas.
Normas a serem seguidas para o Abate
Halal
Serão abatidos somente animais saudáveis, aprovados
pelas autoridades sanitárias e que estejam em perfeitas
condições físicas;
A frase “Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais
Misericordioso” deve ser dita antes do abate;
Os equipamentos e utensílios utilizados devem ser
próprios para o Abate Halal;
A faca utilizada deve ser bem afiada, para permitir
uma sangria única que minimize o sofrimento do
animal;

O corte deve atingir a traqueia, o esôfago, artérias e a


veia jugular, para que todo o sangue do animal seja
escoado e o animal morra sem sofrimento.
Na prática, o termo halal significa permitido para
consumo, mas o conceito ultrapassa o simples
consentimento, tratando de princípios que vão do
respeito a todos os seres vivos até questões sanitárias.
Para os islâmicos, o ritual de abate do boi deve ser feito
apenas pela degola, para garantir a morte instantânea
do animal.

Todos os procedimentos com o abate devem ser


realizados por um muçulmano praticante, em geral
árabe, treinado especificamente para essa função.
O oficio do degolador é estritamente ligado às
tradições religiosas e o abate, permeado de ritos. Cada
animal que passa pela mão desse profissional, é
oferecido a Alá antes de ser morto.

Com um facão minuciosamente afiado em punho, ele


pronuncia, em árabe, a frase “em nome de Deus” e
sacrifica o animal.
Esse oferecimento ocorre na intenção de que o animal
não sofra, e que o sacrifício seja apenas para o sustento
de quem dele se alimenta.

É como se fosse um agradecimento pelo alimento e


mostra que o trabalho é voltado exclusivamente à
alimentação humana, sem crueldade pela morte de
outro ser vivo.
Sempre que possível, o animal deve estar posicionado na direção da
cidade sagrada de Meca (Arábia Saudita), intensificando o caráter
ritualístico do ato.

É preciso ainda dissociar os elementos vitais e, por isso, é preconizada


a retirada total do sangue do animal, pois segundo o ritual, “A doença
vive no sangue e sempre se quer um animal saudável”, dessa forma, a
sangria é uma parte importante, assim como os cuidados no pré-abate.
Antes da morte, o boi deve descansar, no mínimo, 12
horas “para não ficar agitado e esvaziar o estômago”.
Deve-se evitar, também, que tenham comido ração
com proteína animal ou recebido hormônios.

O pós morte também é regido pela doutrina e as


carcaças halal são separadas das convencionais. O
contato com o produto convencional é estritamente
proibido, mesmo já embalado.
O mercado halal em todo o mundo é estimado em
mais de US$ 400 bilhões, com crescimento de 15% ao
ano.

Dados da Federação das Associações Muçulmanas do


Brasil (Fambras) apontam que 40% da produção de
carne bovina do Brasil são destinadas ao mercado
halal, tendo o Egito como o principal comprador.
Vídeos
http://www.youtube.com/watch?v=Bxr-s7ghZys –
abate

http://www.youtube.com/watch?v=RzCKN6kMC_g –
reportagem
OBRIGADO
PELA
ATENÇÃO!!!

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