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ATIVO IMOBILIZADO:

CPC 27

Disciplina: Tópicos Contemporâneos


Prof.ª Kallyse Priscila Soares de Oliveira, Drª
ATIVO IMOBILIZADO
Considerações Gerais

 O CPC 27deve ser aplicado na contabilização de ativos imobilizados,


exceto quando outro Pronunciamento exija ou permita tratamento
contábil diferente.

 O CPC 27 não se aplica:

– Ativos Imobilizados classificados como mantidos para venda


(CPC 31);
– Ativos biológicos relacionados com a atividade agrícola (CPC
29), exceto nos ativos imobilizados para desenvolver tais ativos;
– Reconhecimento e mensuração de ativos de exploração e
avaliação (CPC 34);
– Direitos sobre jazidas e reservas minerais tais como petróleo,
gás natural, carvão mineral, dolomita e recursos não renováveis
semelhantes, exceto nos ativos imobilizados para desenvolver
tais ativos.
ATIVO IMOBILIZADO

Conceitos

 Ativo Imobilizado é o item tangível que:

■ é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou


serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e

■ se espera utilizar por mais de um período.

■Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos


destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercidos com
essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a
ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens.
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Exemplos de Ativo Imobilizado:

■ Terrenos;
■ Edifícios;
■ Máquinas;
■ Navios;
■ Aviões;
■ Veículos a motor;
■ Móveis e utensílios;
■ Equipamentos de escritório;
■ Imobilizados em construção;
■ Etc.
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Reconhecimento

 O custo de um ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se,


e apenas se:

■ For provável que futuros benefícios econômicos associados ao


item fluirão para a entidade; e

■ O custo do item puder ser mensurado confiavelmente.


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Reconhecimento

– Peças de reposição, ferramentas e equipamentos de uso interno são classificados


como ativo imobilizado quando a entidade espera usá-los por mais de um período.

– Os custos do imobilizado incluem todos os custos incorridos inicialmente para


adquirir ou construir um item do imobilizado e os custos incorridos
posteriormente para renová-lo, substituir partes, ou dar manutenção ao mesmo.

■Lei nº 12.973/2014

■ Se o bem adquirido tiver valor unitário for superior a R$ 1.200,00 (mil e


duzentos reais) ou se o prazo de vida útil do bem adquirido for superior a um
ano.

■ Exceto disposições especiais, o custo dos bens adquiridos ou das melhorias


realizadas, cuja vida útil ultrapasse o período de um ano, deverá ser ativado
para ser depreciado ou amortizado (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, § 1º)
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Reconhecimento Inicial

■ Um ativo imobilizado deve ser mensurado inicialmente pelo custo;

 O custo de um ativo imobilizado compreende:

■ Seu preço de aquisição, acrescido dos impostos de importação e


impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os
descontos comerciais e abatimentos;

■ Quaisquer custos diretamentes atribuíveis para colocar o ativo no


local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da
forma pretendida pela administração;
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Reconhecimento Inicial

 O custo de um ativo imobilizado compreende (continuação):

■ A estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e


de restauração do local (sítio) no qual está localizado;

 Os custos de desmontagem, remoção e restauração representam a


obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como
consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades
diferentes da produção de estoque durante esse período.
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Reconhecimento Inicial

 Exemplos de custos diretamente atribuíveis:

■ Custos de benefícios a empregados;

■ Custos de preparação do local;

■ Custos de frete e manuseio (para recebimento e instalação);

■ Custos de instalação e montagem;

■ Custos dos testes para verificar se o ativo está funcionando


corretamente, deduzidos das receitas líquidas de itens produzidos
como amostras;

■ Honorários profissionais.
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Aquisição de Ativo Imobilizado por meio de permuta

 O custo de aquisição de um ativo imobilizado adquirido por meio de


permuta deve ser registrado pelo seu valor justo, a menos que:

■ A operação de permuta não tenha natureza comercial; ou

■ O valor justo do ativo recebido e do ativo cedido não possam ser


mensurados com segurança.

 O ativo adquirido deve ser mensurado pelo valor justo mesmo que a
entidade não consiga dar baixa imediata ao ativo cedido;

 Se o ativo adquirido não for mensurável ao valor justo, seu custo é


determinado pelo valor contábil do ativo cedido.
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Aquisição de Ativo Imobilizado por meio de permuta:

Exemplo: A empresa X tem um imóvel registrado em sua contabilidade


pelo valor contábil de $4.000 e com um valor justo de $7.000. A empresa X
resolveu trocar seu imóvel por outro imóvel, que tem valor justo de $9.000,
e paga um adicional de $2.000 em dinheiro.

Ganho/perda = Valor justo do ativo recebido – valor contábil do ativo


cedido – adicional pago= 9.000 – 4.000 – 2.000 = 3.000

Contas Débito Crédito

Ativo Imobilizado (imóvel recebido em troca) 9.000

Ativo Imobilizado (imóvel dado em troca) 4.000

Caixa/Bancos 2.000

Ganhos na troca de ativos (DRE) 3.000


ATIVO IMOBILIZADO
Depreciação

■ Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um


ativo ao longo da sua vida útil;

■ Os bens do ativo imobilizado devem ser depreciados pelo prazo de sua


vida útil;

■ Terreno é praticamente o único ativo imobilizado que não tem vida


útil limitada, e, portanto, não é depreciado;

■ São causas que justificam a depreciação: desgaste pelo uso, ação do


tempo e obsolescência;

■ Valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua


o custo, menos o seu valor residual;
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Depreciação

– Vida útil é:

■ o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo;


ou

■ o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a


entidade espera obter pela utilização do ativo.

– Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria


com a venda de um ativo, após deduzir as despesas estimadas de
venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o
fim da vida útil;

– Valor contábil é o valor pelo qual um ativo é reconhecido após a


dedução da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável
acumuladas;
ATIVO IMOBILIZADO

Exemplo de cálculo do valor depreciável: Uma entidade adquiriu uma


máquina por $1.000, com estimativa de valor residual de $100. O valor
base para cálculo da depreciação seria:

Valor depreciável = custo de aquisição do ativo – valor residual do ativo


Valor depreciável = 1.000 – 100
Valor depreciável = 900
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Depreciação

– A depreciação poderá ser mensal ou anual;

– O valor da depreciação é obtido multiplicando-se a taxa de


depreciação sobre o valor depreciável do bem;

– A depreciação pode ser normal ou acelerada, dependendo do número


de turnos de utilização do bem a ser depreciado. Cada turno
corresponde a um período de 8 horas;

– A depreciação acelerada será calculada mediante aplicação dos


seguinte coeficientes:

■ 1,0 para um turno de 8 horas de operação


■ 1,5 para dois turnos de 8 horas de operação
■ 2,0 para três turnos de 8 horas de operação
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Métodos de Depreciação

 A entidade deve selecionar o método de depreciação que deve refletir o


padrão de consumo dos benefícios econômicos futuros esperados
incorporados ao ativo;

 Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para apropriar de


forma sistemática o valor recuperável de um ativo ao longo de sua vida
útil, dentre os quais:

■ Método da linha reta ou cotas constantes;


■ Método dos saldos decrescentes ou das somas dos anos;
■ Método das unidades produzidas;
■ Método das horas trabalhadas;
■ Etc.
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Método da linha reta:

■ Consiste na aplicação de taxas constantes durante o tempo de vida


útil estimada para o bem;

■ O valor da depreciação é constante durante toda a vida útil do bem,


caso o seu valor residual não se altere.

Exemplo: Aquisição de um máquina por $10.000, com valor residual


estimado em zero e vida útil estimado em 5 anos.

Valor depreciável = 10.000 – 0 = 10.000


Depreciação = Valor depreciável ÷ Vida útil = 10.000 ÷ 5 anos =
2.000

D- Despesa de depreciação 2.000


C- Depreciação acumulada 2.000
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Método dos saldos decrescentes ou das Somas dos anos

■ Consiste em estipular taxas variáveis decrescentes durante o tempo de


vida útil do bem;

■ A despesa ou custo com a depreciação será decrescente durante a vida


útil do bem;

■ Nessa metodologia somam-se os algarismos dos anos que formam o


tempo de vida útil do bem, obtendo-se, assim, o denominador da
fração que determinará a taxa de depreciação de cada ano;
ATIVO IMOBILIZADO

Exemplo: ativo imobilizado com vida útil de 4 anos

Somas dos anos = 1 + 2 + 3 + 4 = 10

■ Taxas decrescentes: para bens que se espera que tenham alta produtividade
nos primeiros anos. Neste caso, deve-se utilizar o maior digito em relação a
soma dos dígitos.

– Exemplo: 4/10= 0,40 x 100 = 40%


ATIVO IMOBILIZADO
Método das unidades produzidas

■ Consiste em estipular a depreciação com base no número de unidades


produzidas em cada período;

■ A despesa ou custo com a depreciação será baseada no uso ou na


produção esperada;

■ Inicialmente estima-se a capacidade de produção de um bem em


unidades;

■ A taxa de depreciação de cada período será calculada


proporcionalmente ao número de unidades produzidas no período

■ Exemplo:
Capacidade de produção estimada da Máquina A: 100.000 unidades
Unidades produzidas no mês: 15.000 unidades
Taxa de depreciação = 15.000u÷100.000u= 0,15 x 100 = 15%
ATIVO IMOBILIZADO

Método das horas de trabalho

■ Consiste em estipular a depreciação com base no número de horas


trabalhadas em cada em cada período;

■ Inicialmente estima-se a capacidade de produção de um bem em


horas;

■ A taxa de depreciação de cada período será calculada


proporcionalmente ao número de horas trabalhadas em cada período

■ Exemplo:
Vida útil estimada em horas da Máquina A: 10.000 horas
Horas trabalhados no mês: 1.000 horas
Taxa de depreciação = 1.000h÷10.000h= 0,10 x 100 = 10%
ATIVO IMOBILIZADO
Início da depreciação e quando cessa a depreciação

– A depreciação do ativo inicia-se quando está disponível para uso, ou


seja, quando está no local e em condição de funcionamento na forma
pretendida pela administração da entidade;

– A depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo for


classificado como mantido para venda ou, ainda, na data em que o
ativo é baixado, o que ocorrer primeiro;

– A depreciação não deve cessar quando o ativo se tornar ocioso ou é


retirado do uso normal, a não ser que esteja totalmente depreciado.
ATIVO IMOBILIZADO
Mudança de vida útil e do método de depreciação

■ As mudanças de vida útil e de método de depreciação devem ser


tratadas como alterações de estimativas contábeis, devendo-se aplicar
os procedimentos expostos no CPC 23;

■ O valor residual e a vida útil de um ativo devem ser revisados pelo


menos ao final de cada exercício e, se, as expectativas diferirem das
estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como
mudança de estimativa contábil (CPC 23);

■ O método de depreciação aplicado a um ativo deve ser revisado pelo


menos ao final de cada exercício e, se houver alteração significativa no
padrão de consumo previsto, o método de depreciação deve ser
alterado para refletir essa mudança, devendo tal mudança ser
registrada como mudança na estimativa contábil.
ATIVO IMOBILIZADO

Exemplo Mudança de vida útil estimada: A Empresa X comprou um


equipamento pelo valor de $12.000, com uma vida útil estimada de dez anos.
No final do quarto ano, o valor contábil do ativo era $7.200. Durante o 5º
ano, a empresa revisou a vida útil do bem, que foi alterada para cinco anos
remanescentes com base na experiência de ativos similares.

Ano Depreciação Anual Depreciação Acumulada

1 (12.000x10%) 1.200 1.200


2 (12.000x10%) 1.200 2.400
3 (12.000x10%) 1.200 3.600
4 (12.000x10%) 1.200 4.800
5 (7.200x 20%) 1.440 6.240
6 (7.200x 20%) 1.440 7.680
7 (7.200x 20%) 1.440 9.120
8 (7.200x 20%) 1.440 10.560
9 (7.200x 20%) 1.440 12.000
ATIVO IMOBILIZADO
Exemplo Mudança no método de depreciação: A Empresa X adquiriu
um equipamento pelo valor de $8.000. O método de depreciação adotado
foi o das unidades produzidas. No final do quarto ano, o valor contábil do
ativo era $5.200. A entidade estima que a vida útil remanescente do bem é
de oito anos, e determina adotar a depreciação pelo método da linha reta a
partir dessa data, a fim de melhor refletir o padrão de estimado de
consumo do ativo.

Depreciação = 5.200 ÷ 8 anos = 650 por ano

Ano Depreciação Anual Depreciação Acumulada

5 650 650
6 650 1.300
7 650 1.950
... .... ...
12 650 5.200
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Baixa do Ativo Imobilizado

 Um bem do ativo imobilizado deve ser baixado quando:

■ For vendido, ou seja, a entidade passa a propriedade do bem para


terceiros;

■ Ou quando estiver estragado, deteriorado, inservível ou obsoleto, não


havendo mais expectativa de geração de benefícios futuros para
entidade com o seu uso ou sua venda;
ATIVO IMOBILIZADO

Baixa do Ativo Imobilizado

Exemplo de baixa de bem deteriorado: A Entidade X resolveu baixar uma


máquina do ativo imobilizado devido ao fato de que o bem estava
deteriorado. Na data da baixa, o valor do custo da máquina era de $2.000
e a depreciação acumulada de $1.600.

Contas Débito Crédito


Depreciação Acumulada de Máquinas (ANC/Redutora do 1.600
Ativo Imobilizado)
Perda com baixa do ativo imobilizado (DRE) 400
Máquinas (ANC/Ativo Imobilizado) 2.000
ATIVO IMOBILIZADO

Baixa do Ativo Imobilizado

 Exemplo de baixa de bem por venda e com lucro: A Entidade X vendeu


a vista um veículo do ativo imobilizado por $500. Na data da baixa o
valor de custo do veículo era de $3.000 e a depreciação acumulada era
de $2.600.

Contas Débito Crédito

Caixa e Equivalentes de Caixa (Ativo Circulante) 500


Depreciação Acumulada (ANC/Redutora do Imobilizado) 2.600

Veículos (ANC/Ativo Imobilizado) 3.000


Ganho na venda do imobilizado (DRE) 100
ATIVO IMOBILIZADO
Baixa do Ativo Imobilizado

Exemplo de baixa de bem por venda e com prejuízo: A Entidade X vendeu a


vista um veículo do ativo imobilizado por $250. Na data da baixa, o valor de
custo do bem era $3.000 e a depreciação acumulada de $2.600.

Contas Débito Crédito


Caixa e Equivalentes de Caixa (Ativo Circulante) 250
Depreciação Acumulada (ANC/Redutora do Imobilizado) 2.600
Perda na venda do imobilizado 150
Veículos (ANC/Ativo Imobilizado) 3.000
ATIVO IMOBILIZADO

Divulgação do Ativo Imobilizado nas Demonstrações

– As demonstrações contábeis devem divulgar, para cada classe de ativo


imobilizado:

■ os critérios de mensuração utilizados para determinar o valor contábil


bruto;

■ os métodos de depreciação utilizados;

■ as vidas úteis ou as taxas de depreciação utilizadas;

■ o valor contábil bruto e a depreciação acumulada (mais as perdas por


redução ao valor recuperável acumuladas) no início e no final do
período; e
Exemplo de Divulgação: DFP ECORODOVIAS S.A.
ATIVO IMOBILIZADO

Exemplo de Divulgação: DFP ECORODOVIAS S.A.


PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO

É a propriedade (terreno ou edifício - ou parte de um edifício - ou ambos)


mantida para obter rendas ou para valorização do capital ou para ambas.

■ Tais ativos devem ser classificados no subgrupo Investimentos (ANC),


na rubrica de Propriedades para Investimento, já que estão com a
empresa para o fim de produção de benefícios futuros pela sua
manutenção, mesmo que por um determinado período.

■ Obs.: A propriedade para investimento é tido como um investimento,


sendo avaliado pelo método de custos ou valor justo.
PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO

Exemplos de propriedades para investimento:

■ Terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não para


venda a curto prazo no curso ordinário dos negócios;

■ Terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado;

■ Edifício que esteja desocupado, mas mantido para fins de obtenção de


renda;

■ Propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura


utilização como propriedade para investimento.
PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTO

Não são propriedades para investimento:

■ Propriedade destinada à venda no decurso ordinário das atividades ou em


vias de construção ou desenvolvimento para tal venda;

■ Propriedade em construção ou desenvolvimento por conta de terceiros;

■ Propriedade ocupada pelo proprietário, incluindo (entre outras coisas)


propriedade mantida para uso futuro como propriedade mantida pelo
proprietário, propriedade ocupada por empregados e propriedade ocupada
pelo proprietário no aguardo de alienação.

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