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Transferência e Contratransferência:

Manejo clínico
• A transferência é um fenômeno que tem uma dinâmica no interior do
tratamento psicanalítico e sua compreensão e manejo são essências
para a condução desse tratamento.
• No artigo sobre a técnica que Freud escreveu em 1912 – A Dinâmica
da Transferência – ele realiza um exame teórico desse fenômeno e da
maneira pela qual ele opera no tratamento psicanalítico. Freud alerta
que o fenômeno transferencial aparece em diversas situações
humanas, não apenas no interior de um processo analítico. Mas
interessa ao psicanalista quando conduzindo o tratamento, saber o
lugar que ocupa o processo transferencial, ou seja, a serviço do que
ele aparece no decorrer de uma análise.
• Segundo Freud cada indivíduo criou um método próprio de conduzir-
se na vida de relações, inclusive na vida amorosa, que é
constantemente repetido e reimpresso na vida da pessoa. Apenas
uma parte dos impulsos libidinais passa por todo processo de
desenvolvimento psíquico e é dirigido à realidade e permite fazer uso
dele. Outra parte dos recursos libidinais é retida no decorrer do
desenvolvimento, e desconhecida. Esta catexia libidinal (investimento
inconsciente de energia) recorre aos modelos de relações arcaicos,
presentes no indivíduo.
• Assim, essa catexia incluirá o analista numa das séries psíquicas que o
paciente já formou. Desse modo, a necessidade de descarga dos
impulsos eróticos que não está consciente não é satisfeita pela
realidade, ou seja, fica parcialmente insatisfeita. Esse investimento de
energia (a catexia libidinal insatisfeita) dirige-se para a figura do
analista e é estabelecido por ideias antecipadas conscientes e
também pelas inconscientes, estabelecendo-se assim a transferência.
• Segundo Freud, a resistência acompanha o tratamento passo a passo,
sendo que, em cada associação e em cada ato da pessoa no
tratamento, deve-se levar em conta o aspecto da resistência,
representando uma tentativa de conciliação entre forças que estão
lutando no sentido do reestabelecimento e as que se lhe opõem.
Freud nota em sua clínica que nos momentos onde o acesso ao
material patogênico se aproximava, e quando algo do material
recalcado servia para se aferrar à figura do médico, entrava em cena a
transferência, contribuindo com os propósitos da resistência.

• Nos ensina Freud: “Reiteradamente, quando nos aproximamos de um
complexo patogênico, a parte deste complexo capaz de transferência
é empurrada em primeiro lugar para a consciência e defendida com a
maior obstinação” (FREUD, 1912/1988, p. 138). Conclui-se que a
transferência no tratamento analítico é a arma mais forte da
resistência, sendo que a maior intensidade e persistência da
transferência constituem o efeito e expressão da resistência.
• Mas você deve estar se questionando: será que os processos
transferenciais servem unicamente como meio de resistência? Supor
que o analista está no lugar do pai protetor, recebendo do paciente
uma carga libidinal amistosa, que abriria caminho para as confissões
do material recalcado, não facilitaria as coisas no processo analítico?
Em alguns casos a relação de dependência afetuosa e dedicada
poderia ajudar a pessoa a superar suas dificuldades, facilitando-lhe as
confissões. Na frente do analista, que ocuparia um lugar importante,
a transferência facilitaria o processo... E agora? Como resolver essa
aparente contradição?
• Por um lado, a transferência a serviço da resistência e por outro a
transferência abrindo a via para o acesso ao material recalcado,
superando as resistências... Freud diz, então, que a transferência
também é um poderoso aliado do processo analítico, pois com a
transferência, vêm à tona todas as angústias, fantasias, desejos
arcaicos ligados aos modelos infantis de relação.
• Freud finaliza brilhantemente seus estudos sobre a dinâmica da
transferência neste texto fundamental e fundante em relação a este
conceito psicanalítico, realçando que se por um lado o psicanalista
deve “controlar” (manejar) este fenômeno, por outro é através do
que surge em termos transferenciais que o psicanalista pode acessar
aos conteúdos eróticos recalcados, ocultos e esquecidos do paciente,
permitindo o avanço do processo analítico. Indicamos ao leitor a
consulta a mais dois textos sobre a técnica que abordam o tema da
transferência. São eles: "Recordar, repetir e elaborar " (FREUD, 1914)
e "Observações sobre o amor transferencial" (FREUD,1915).
• Nestes textos Freud afirma que no decorrer do processo a neurose
primitiva do paciente se transforma em neurose de transferência, e a
análise e manejo da transferência na análise será uma ferramenta
essencial para a direção e conclusão do processo analítico. Além disso
Freud enfatiza a importância da neutralidade, da abstinência e do
controle da contratransferência (adiante abordada). Assim, a partir da
compreensão sobre a dinâmica da transferência, e em especial sua
relação com as resistências, podemos construir a importância deste
fenômeno na clínica psicanalítica, bem como pensarmos as
estratégias técnicas que permitem seu manejo contribuindo com os
propósitos da psicanálise.
Contratransferência
• S. Freud introduziu o termo “contratransferência” em um artigo de
1910 chamado “As Perspectivas Futuras da Terapia Psicanalítica”. Ele a
definiu como a resposta emocional do psicanalista aos estímulos que
provêm do analisando, como influência deste sobre os sentimentos
inconscientes do médico.
• Mas foi alguns anos depois, em 1915, que Freud discutiu o que se
passa com o analista, a propósito da temática da transferência
amorosa da paciente. É em torno da questão ética – especificamente
da questão de como lidar com essa espinhosa situação – que Freud
aborda os sentimentos do analista. O analista precisa
fundamentalmente trabalhar com a transferência erótica da paciente,
sendo capaz de não responder aos apelos desejosos por seu amor,
compreendendo de onde vêm suas fantasias, como elas são formadas
e sua razão de ser.
• A contratransferência, portanto, para S. Freud, precisa ser detectada
pelo analista, caso exista. Ela é algo que obstrui o processo
psicanalítico. Quando o analista sente algo pelo paciente, como o
desejo, por exemplo, um sinal vermelho se acende! O analista deve
ser capaz de detectar seus sentimentos e respostas emocionais para,
em seguida, afastar esses obstáculos da relação analítica. Somente
assim, o processo psicanalítico pode voltar a transcorrer bem. O
analista deve elaborar seu desejo pela paciente em sua própria
análise pessoal, jamais responder aos apelos da paciente, e
prosseguir com o trabalho analítico com ela.
• Ao longo da história da Psicanálise, depois de S. Freud, surgiu uma
outra ideia acerca da contratransferência, no final dos anos 1940 e
início de 1950. Essa outra ideia surgiu de maneira muito semelhante
em duas partes do mundo muito distantes (lembre-se de que nessa
época ainda não havia internet): em Londres (Inglaterra), por uma
analista chamada Paula Heimann; e em Buenos Aires (Argentina), por
um analista chamado Henrich Racker.
• Como resultado de sua experiência clínica, esses dois analistas
chegaram à conclusão de que a contratransferência – aquilo que se
passa no mundo interno do analista – não é invariavelmente um
obstáculo ao processo psicanalítico como S. Freud supunha, mas pode
ser um instrumento a auxiliar o analista na compreensão do que se
passa com o paciente!
• Paula Heimann, em seu seminal artigo “Contratransferência” (1950),
afirma que ela, não é só parte da relação analítica, mas é uma criação
do paciente. Afirma também que, nessa relação, não há o que temer,
há o que analisar. O analista pode sentir um leque de sentimentos e
sensações na hora analítica e isso, aliado àquilo que o paciente fala
durante a sessão, informa sobre sua psicodinâmica. O analista
experimenta “na carne” um pouco da vida do paciente e deve ser
capaz de pensar sobre essa experiência, usá-la em benefício do
processo psicanalítico do seu paciente.
• Rejeição, piedade, amor, raiva, desejo e assim por diante, são
elementos do mundo interno do paciente. Sentir e analisar fazem
parte do trabalho do analista. Jamais colocar os sentimentos em ato,
mas pensar sobre eles, sobre o modo como eles funcionam no
psiquismo do paciente, pois eles não foram acionados no psiquismo
do analista à toa. Afinal, como S. Freud mesmo disse, a
contratransferência é a resposta emocional do analista aos estímulos
que provêm do próprio paciente.
Identificação Projetiva
Mecanismo de defesa introduzido por M. Klein em 1946, vinculado às
fases do desenvolvimento do bebê.
O Indivíduo expulsa de si e localiza no outro, pessoa ou coisa,
qualidades, sentimentos e desejos que recusa.
Identificação Projetiva
• Na identificação projetiva o indivíduo dissocia partes do ego e dos
objetos internos que são projetados no objeto externo, o qual se
torna possuído e controlado pelas partes projetadas.

• Quando a rêverie materna falha em sua função de acolhimento, a


identificação projetiva perde sua dimensão de comunicação,
tornando-se uma defesa patológica através da qual o bebê despeja
para fora de si, como estratégia desesperada de sobrevivência...
Referências

• FREUD, S (1910). As Perspectivas Futuras da Terapia Psicanalítica. Rio de Janeiro: Imago, 1974.
(Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. v.XI)
• FREUD, S. (1912) A dinâmica da transferência. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v.VII)
• FREUD, S. (1914) Recordar, repetir e elaborar (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise
II). Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de
Sigmund Freud, v.VII)
• FREUD, S. (1915) Observações sobre o amor transferencial (Novas recomendações sobre a técnica
da psicanálise III). Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, v.VII)
• HEIMANN, P. (1950) Contratransferência. IN: Klein, M.; Heimann, P.; Money-Kirley, R.E. (orgs).
Novas Tendências na Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. 1969.

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