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I - INTRODUÇÃO
- o aumento do comércio entre países, a formação de mercados regionais e uma maior circulação de
capitais viabilizados pela redução de barreiras e tarifas;
Nesse cenário, níveis de competição sem precedentes têm levado a um reexame das forças
de vantagem competitiva das grandes corporações e o papel desempenhado pelos recursos humanos
tem se revelado central nesse aspecto. As distintas capacidades das empresas assentam-se nos seus
investimentos em fatores competitivos e refletem-se em termos de uma habilidade em recrutar, reter
e motivar indivíduos criativos. O uso e a gerência eficiente dos recursos humanos é um aspecto
crítico, talvez o mais crítico, a ser considerado em qualquer negócio, nacional ou transnacional. A
vantagem competitiva duradoura será baseada na inovação, qualidade, diferenciação e flexibilidade
organizacional e, por esta razão, torna-se imperativa uma compreensão mais completa da natureza,
importância e dinâmica do relacionamento entre as organizações globalmente competitivas e os
recursos humanos. (ENDERWICK, 1993).
De acordo com PUCIK, THICHY & BARNETT (1992), o processo de globalização não
apenas aproxima a função de RH do núcleo estratégico da empresa, mas também muda o escopo e
o conteúdo da gerência de recursos humanos. Por exemplo: no passado, a seleção internacional era
focalizada no teste de gerentes quanto a sua adaptabilidade transcultural. A ênfase atual, no entanto,
centra-se na identificação de gerentes capazes de uma rápida aprendizagem através das fronteiras.
Anteriormente, o sistema internacional de recompensas enfatizava a coordenação e equidade de
políticas salariais; hoje a preocupação é com a congruência entre recompensas e as estratégias
globais de negócios. O tradicional treinamento internacional era centrado em conhecimento
transcultural; hoje, a ênfase é no desenvolvimento de parcerias e equipes multiculturais. Mas, a
principal mudança é que hoje em dia a gerência de recursos humanos passou a ser uma função de
cada gerente da empresa, que necessita se capacitar para tão importante responsabilidade.
Para prover valor aos negócios, os gerentes de uma empresa global, que agora também são
gerentes de recursos humanos, devem se focalizar nas competências organizacionais específicas para
assegurar a vantagem competitiva no ambiente global. A premissa é que três competências são
particularmente importantes para uma firma global. A primeira é da aprendizagem organizacional,
ou seja, a habilidade para adquirir rapidamente novas habilidades tecnológicas e de marketing por
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Nas empresas globais com a cultura competitiva, a competição não é uma ameaça mas sim
uma oportunidade para se agregar a energia criativa das pessoas ao redor do mundo, a liga que
provê a unidade de propósitos entre países, funções e negócios. Segundo PUCIK, THICHY &
BARNETT (1993:p.65) “este foco na competição não é uma cega obsessão para vencer; ele
emana do reconhecimento de que somente através da competição para conseguir o maior valor
possível para o cliente vem a excelência necessária para a prosperidade organizacional de longo
prazo. Se as empresas não se esforçarem pelo melhor de tudo, mesmo as maiores firmas globais
podem se atrofiar e eventualmente declinar. Exemplos disto abundam. Desenvolvimento, suporte e
aperfeiçoamento de uma cultura competitiva é assim outra tarefa chave e estratégica com que
se defronta a GRH em uma empresa global”.
Segundo PUCIK, THICHY & BARNETT(1992), num senso comum, as três competências
organizacionais acima mencionadas estão todas centradas na acumulação de ativos invisíveis:
habilidades organizacionais centradas em informação que são essenciais para a execução de
estratégias flexíveis em mercados globais. Todos estes ativos atribuem valor à firma, ainda que eles
geralmente não apareçam no balanço contábil - eles são intangíveis. Não podem ser comprados;
estão embebidos nas pessoas e podem ser desenvolvidos somente através de experiência e
treinamento. É devido à essa centralidade do elemento humano, que as atividades de Recursos
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Reforçando as colocações acima, temos que acordo com PORTER (1990), a função de
Recursos Humanos deve ser um fator central, estratégico, na transformação da organização e seu
conseqüente ingresso na arena global. Sem uma política de DRH, a empresa se desenvolverá mais
lentamente e será menos eficaz em reter as vantagens competitivas a nível global. As pessoas
constituem um fator crítico tanto para as organizações globalizadas como para aquelas que querem
ingressar e permanecer no cenário global. Este mesmo autor enfatiza a importância de Recursos
Humanos como fonte de vantagem competitiva, afirmando que as companhias de sucesso são
aquelas que delineiam políticas de desenvolvimento de recursos humanos para acompanhar suas
estratégias de obtenção de vantagens competitivas sustentáveis e “core competence”.
- o papel global de RH tem forte apoio da alta gerência, não em termos de “eu acredito nas
pessoas”, mas em termos de grandes expectativas acerca da contribuição que a função de RH pode
vir a fazer para a formulação e implementação das estratégias globais e acerca da rapidez com que
esta função pode cumprir com suas responsabilidades.
- muitos outros aspectos da cultura corporativa também parecem críticos para o êxito de um
processo de globalização. A diversidade cultural necessita ser encorajada como um modo natural de
vida, não apenas tolerada como uma necessidade acarretada pela internacionalização de negócios.
Isto também implica em aceitar a ambigüidade como uma forma de lidar com os paradoxos inerentes
a muitas das questões de RH internacional.
Segundo esses autores, a condição final para uma implementação bem sucedida da RH
internacional é a competência e credibilidade para o staff de RH. Para ganhar tal credibilidade não
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é suficiente que os profissionais de RH apenas esperem por demandas de serviço ou até que os
gerentes de linha descubram o valor dos recursos humanos. Isto requer assumir o risco e
responsabilidade de colocar em ação políticas e práticas que façam a diferença.
- Ao mesmo tempo, a existência de “distância cultural” não significa automaticamente que as práticas
de RH não podem ser transferidas. O teste crítico de habilidades transculturais é a habilidade de
distinguir entre um legítimo obstáculo cultural e um esforço para evitar a implementação de decisões
difíceis. Isto implica também em diferenciar o que precisa ser feito do como fazê-lo. (PUCIK,
THICHY & BARNETT, 1992)
tipo de análise competitiva das competências de RH, apesar de ser uma prática comum a pesquisa
de indicadores financeiros, mercadológicos e tecnológicos das empresas competidoras. (PUCIK,
THICHY & BARNETT, 1992)
QUADRO 2
RECURSOS HUMANOS
• preparar indivíduos e organizações para serem tanto global como localmente focalizados;
• monitorar a acelerada taxa de mudança e o ambiente mais incerto de negócios gerados pela
economia global;
• desenvolver alta capacidade e flexibilidade nos dirigentes na medida em que eles atuem
internacionalmente;
• adaptar as regras e processos do DRH para que eles se adaptem aos ambientes global e
local;
• monitorar indivíduos para que eles adotem posições apropriadas na arena global de DRH; e
De acordo com PUCIK, THICHY & BARNETT (1992), não existe grande mistério sobre
como desenvolver habilidades globais de RH, bastando para tal selecionar pessoas com
competência transcultural; oferecer-lhes oportunidades para aprenderem sobre a gerência de RH em
diferentes partes do mundo através de missões, projetos e interação com seus pares; e avaliá-los e
recompensá-los pela procura de missões desafiantes internacionais e pela contribuição para a
implementação de estratégias efetivas globais.
IV CONCLUSÃO
Conforme dito anteriormente, para prover valor aos negócios, a atuação gerencial, numa
empresa moderna, deve ser focalizada basicamente em três competências organizacionais,
particularmente importantes para a preservação das vantagens competitivas. A primeira é a da
aprendizagem organizacional, ou seja, a habilidade para adquirir rapidamente novas habilidades
tecnológicas e de marketing por toda a organização. A segunda, a do melhoramento contínuo, a
habilidade da empresa continuamente melhorar seus parâmetros de qualidade, custo e entrega de
produtos e serviços. A terceira consiste na cultura competitiva, a habilidade em focalizar a energia
dos colaboradores dentro da empresa na conquista de um lugar no mercado.
Podemos deduzir, então, que 1) as organizações, hoje em dia, necessitam investir bastante
no desenvolvimento dessas competências em seus gerentes e funcionários, visando a obtenção de
vantagens competitivas assim como alcançar a excelência organizacional.; e 2) parece não haver
questionamento, também, quanto à relevância da definição de políticas adequadas para que a
contribuição dessas pessoas possa realmente se efetivar.
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V. BIBLIOGRAFIA
BRIDGES, William. Mudanças nas relações de trabalho. Job Shift. São Paulo:
Makron Books,1994. 269 p
PRAHALAD, C.K.; HAMEL, G., The core competence of the corporation: HARVARD
BUSINESS REVIEW , May/June, 1990, p. 79-91.
PUCIK, W.; THICHY, N.M.; BARNETT, C.K. Globalization and human resource
management.: creating and leading the competitive organization. New York: John
Wiley & Sons, 1992.
TUNG, R.L. Selection and training of personnel for overseas assignments, Columbia
Journal of Business, 16, pp. 68-78, 1981.