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PODER JUDICIÁRIO

f TRIBUNAL D E JUSTIÇA DE SÃO PAULO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO M0N0CRAT1CA
REGISTRADO(A) SOB N°
32
ACÓRDÃO li iii mil mu mu mu um um um im uu
*02969171*
Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Apelação n° 990.09.221650-3, da Comarca de São Paulo,
em que é apelante MARCOS RODOLFO CESTARI sendo
apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 12 a Câmara de Direito Criminal do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "DERAM PROVIMENTO AO APELO PARA, COM
FUNDAMENTO NO ART. 386, III, DO CPP, ABSOLVÊ-LO DA
ACUSAÇÃO QUE LHE FOI FEITA. V.U.", de conformidade
com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores EDUARDO PEREIRA (Presidente sem
voto), ANGÉLICA DE ALMEIDA E BRENO GUIMARÃES.

São Paulo^ 14 de abril /de 2010.

" JOÃO MORENGHr


RELATOR
2X
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4)
Apelação Criminal n° 990.09.221650-3 - Comarca de São Paulo

Apelante: Marcos Rodolfo Cestari

Apelada: Justiça Pública

Voto n° 16.220

Vistos.

I - Ao relatório da r. sentença, que se adota, acrescenta-se que Marcos

Rodolfo Cestari foi condenado, na 10a Vara Criminal Central da Comarca de São Paulo,

a dois anos de reclusão, em regime aberto, mais dez dias-multa, substituída a privativa de

liberdade por duas restritivas de direitos, nas modalidades prestação de serviços à

comunidade e outra multa de dez dias, totalizando vinte dias-multa, no valor unitário

mínimo, por infração ao art. 14, caput, da Lei n° 10.826, de 2003.

Inconformado, recorreu, buscando a absolvição por atipicidade do fato,

acenando ainda com a prescrição.

Bem processado o recurso, nesta instância o parecer da d. Procuradoria

Geral de Justiça é no seu improvimento.

É o relatório.

II - A acusação é de que, em 28.11.2004, por volta de 15h30m, na Av. do

Estado, esquina com o Viad. Diário Popular, na Cidade e Comarca da Capital, Marcos

Rodolfo Cestari portava, em sua cintura, sem autorização e em desacordo com


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determinação legal ou regulamentar, arma de fogo de uso permitido, consistente no

revólver "Taurus ,, ', calibre 380, n° K.RA-68695, municiado com 20 cartuchos intactos.

Como já se disse, o réu foi condenado por porte ilegal de arma, mas esta

decisão, com a devida vênia do d. Magistrado sentenciante, não é de subsistir.

O apelante não negou o transporte da arma, mas justificou sua conduta

alegando que é praticante de tiro esportivo e se dirigia a um local adequado para praticar

tal esporte, e para tanto possuía a guia de tráfego especial fornecida pelo Serviço de

Fiscalização de Produtos Controlados, do Exército Brasileiro.

De fato, juntou o réu esse documento aos autos, o qual autoriza o portador

transportar a arma nele descrita, justamente aquela que estava em seu poder (fls. 46).

E o Estatuto do Desarmamento, proíbe, em seu art. 6o, o porte de arma de

fogo, exceto para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas

atividades esportivas demandem o uso de arma de fogo, na forma e regulamento da lei

(inciso IX), acrescentando seu art. 9° que será concedido o porte de trânsito de arma de

fogo para atiradores.

Ora, o apelante é atirador e estava munido da guia especial de porte de

trânsito da arma de fogo com ele apreendida, fornecida pela autoridade competente e

dentro de seu prazo de validade.

Não se pode negar que o transporte estava sendo feito de forma irregular,

em desobediência ao dispositivo que determina o acondicionamento da arma em estojo

próprio, separada da munição, mas tal conduta é mera infração administrativa, que não se

' Na verdade, a arma é uma pistola semiautomática, marca "Taurus", calibre 380, modelo "PT-58HC,
conforme documento de fls 46, o que deve ser verdade, posto que se desconhece "revój.v^r"que possa ser
municiado com 20 cartuchos, o que é típico de pistolas
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erige em ilícito penal, e a conseqüência seria a apreensão da arma, o que efetivamente

ocorreu.

Assim sendo, inexistindo crime na conduta do apelante, é de ser provido

seu recurso.

III - Ante o exposto, dá-se provimento ao apelo para, com fundamento no

art. 386, III, do CPP, absolvê-lo da acusação que lhe foi feita.

)ão Morenghi f\ ,
Relator ^
Jm/mms

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