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RETROSPECTIVA
HISTÓRICA
Da segregação à inclusão
2 A criança diferente/deficiente
“… no passado, a sociedade desenvolveu quase sempre obstáculos à integração
das pessoas deficientes. Receios, medos, superstições, frustrações, exclusões,
separações, etc., preenchem lamentavelmente vários exemplos históricos que
vão desde Esparta à Idade Média (Fonseca, 1989:217 apud Oliveira, 1999).
Na época clássica, as atitudes
face às pessoas com
deficiência iam do seu
abandono nas florestas caso
abandono nas florestas, caso
de Atenas, ao aniquilamento
nos desfiladeiros, como era o
caso de Esparta (Oliveira,
1999). Filme 1
"As mulheres dos nossos militares são pertença da
comunidade, assim como os seus filhos, e nenhum pai
conhecerá o seu filho e nenhuma criança os seus pais.
h á filh h i i
Funcionários preparados tomarão conta dos filhos dos bons pais,
colocando‐os em certas enfermarias de educação, mas os filhos dos
inferiores, ou dos melhores quando surjam deficientes ou deformados,
serão postos fora, num lugar misterioso e desconhecido, onde deverão
permanecer". ((Fonseca, 1989:217 apud
p , p Oliveira, 1999)
, )
“Na Idade Média, eram frequentes os apedrejamentos ou a
morte nas fogueiras da Inquisição das pessoas com
deficiência, que eram mesmo consideradas como possuídas
“Já no séc. XIX e princípios do séc. XX foi usada a esterilização como
método para evitar a reprodução desses "seres imperfeitos" e
aconteceu mesmo, em plena época do nazismo hitleriano, a
aniquilação pura e simples das pessoas com deficiência que não
correspondiam à "pureza" da raça ariana.” (idem)
Paralelamente a estas atitudes extremas de aniquilamento apareciam,
aqui e ali, o isolamento destas pessoas em grandes asilos (como foi o
caso da Inglaterra) e atitudes dispersas de rejeição, vergonha e medo
g ) p j ç , g
(Id.).
Só com os ideais da Revolução Francesa e as suas
Após a 2ª Guerra Mundial, com a valorização dos direitos
humanos, surgem os conceitos de igualdade de
oportunidades, direito à diferença, justiça social e
solidariedade (Id.).
solidariedade (Id.).
(…) passando as pessoas com deficiência a ser
consideradas como possuidoras dos mesmos direitos e
id d id d di it
deveres de todos os outros cidadãos. Entre esses, o direito
à participação na vida social e à integração escolar e
profissional (Id.).
De acordo com a UNESCO (1977), a história da humanidade,
no tocante à forma como se consideram e integram os
no tocante à forma como se consideram e integram os
deficientes, passou por cinco estádios diferenciados:
estádio filantrópico
estádio da "assistência pública"
estádio dos direitos fundamentais
ádi d di i f d i
estádio da igualdade de oportunidades
O propalar que "somos todos diferentes" e todos "temos direito a essa diferença"
pode de facto ser uma nova forma de não respeitar as necessidades individuais de
todos e cada um de nós... Talvez seja esta a altura de se passar da ideia de que "todos
devem ter as mesmas oportunidades" para a noção de que "todos deveriam ter
oportunidades diferentes" para desenvolver as suas potencialidades e satisfazer as suas
necessidades (Oliveira, 1999).
Deficiência, incapacidade e desvantagem (handicap)
"N domínio
"No d í i dda saúde,
úd incapacidade
i id d
corresponde a qualquer redução ou falta (resultante de
uma deficiência) de capacidades para exercer uma
actividade de forma, ou dentro dos limites considerados
normais para o ser humano". (OMS, 1980: 36 apud
Oliveira 1999)
Oliveira,
"No domínio da saúde, desvantagem (handicap)
representa um impedimento sofrido por um dado indivíduo
indivíduo,
resultante de uma deficiência ou de uma incapacidade,
que lhe limita ou lhe impede o desempenho de uma
actividade considerada normal para esse indivíduo
indivíduo, tendo
em atenção a idade, o sexo e os factores sócio-culturais".
(idem: 37 apud Oliveira, 1999)
Normalidade/ anormalidade
Como refere Perron ((1972: 13), alguns autores
) g
definem a "deficiência" por oposição à "normalidade".
Mas, interroga‐se o autor, o que é ser normal?
"A fronteira entre a "normalidade" e a "anormalidade" é
FFoi o "Warnock
i "W k Report" (1978) que introduziu o conceito
R " (1978) i d i i
de aluno com necessidades educativas especiais
“tomado, não no sentido de uma incapacidade específica que
se pode atribuir à criança mas ligado a tudo o que lhe diz
respeito; às suas capacidades como às suas incapacidades, a
todos os factores que determinam a sua progressão no plano
todos os factores que determinam a sua progressão no plano
educativo”.
O "Warnock Report" apresenta uma nova abordagem
da deficiência, propõe uma modificação não só ao
nível do sistema das classificações mas também na
í ld i t d l ifi õ t bé
prática da "integração".
Relatório britânico publicado em 1978, realizado por uma
comissão dirigida por Mary Warnock, em 1974, encarregada de
elaborar propostas para a melhoria da educação de jovens com
deficiências (Oliveira, C. 1999, p. 11).
Um outro factor relevante para a evolução da
generalidade dos Sistemas Educativos foi a realização
d C f ê i d S l
da Conferência de Salamanca e a ênfase atribuída ao
ê f t ib íd
conceito de Escola Inclusiva i.e. de uma “Escola para
todos :
todos”:
A “Declaração de Salamanca” é uma manifestação de
A “D l ã d S l ”é if t ã d
princípios, em prol da Educação para Todos, que resultou
da Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas
Especiais (7‐10/06 ,1994). (Azevedo, 2007)
Vídeo “Inclusion" makes
everyone happy
everyone happy
Margarida Azevedo 2007
"Escola
Escola para todos"
todos
21
Integração
Ao longo dos últimos 25 anos tem-se
tem se assistido
assistido,
um pouco por todo o mundo, a um apaixonado
debate acerca das vantagens e desvantagens da
integração de alunos portadores de deficiências
nas salas de aula do ensino regular. (Oliveira,
1999:1).
o NEE temporárias;
o NEE permanentes.
De carácter
As adaptações mantêm‐se
PERMANENTE
durante grande parte ou
todo o percurso escolar
todo o percurso escolar
do aluno.
Necessidades Educativas
Especiais
Exigem modificação
parcial do currículo
escolar, adaptando‐o às
De carácter TEMPORÁRIO características do aluno
num determinado
num determinado
momento do seu
desenvolvimento.
• alunos cujas capacidades visuais ou auditivas
alunos cujas capacidades visuais ou auditivas
… de carácter estão afectadas
sensorial
• diabetes, asma, hemofilia, cancro, SIDA,
… outros problemas
outros problemas epilepsia, trumatismo craniano, autismo
de saúde entre outros
• a) alunos com deficiência mental
… de carácter • b) alunos dotados e sobredotados
intelectual:
intelectual:
• alunos cujo potencial intelectual
alunos cujo potencial intelectual
… de carácter (inteligência média ou acima da média) não
corresponde à sua realização escolar
processológico;
• alunos com problemas emocionais e
… de carácter
de carácter comportamentais que se manifestam em
comportamentos disruptivos e
emocional perturbadores
Oliveira, C. (1999) A Criança diferente/”Deficiente” face ao Sistema
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Educativo. Disponível on‐line em
http://www.terravista.pt/AguaAlto/2051/crdifer.html (último acesso em 8
Abril, 1999 [não disponível actualmente]).
Correia, L. (1997). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas
Classes Regulares. Porto: Porto Editora.
Azevedo, M. (2007). A Educação Especial em Portugal/2007. Biosofia,
?,??‐??. [no prelo]