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br | maio 2008 | cliente sa 1


editorial sumário

O reconhecimento
ÀS PERSONALIDADES

A
grande surpresa do telefone como de gestão
mercado. Neste mês de clientes, nos SACs. Mas
de agosto, trazemos esta edição ainda guarda

38
algumas novidades outras boas novidades como
à atividade como o Prêmio a entrevista exclusiva com
Personalidade ClienteSA Geraldo França, presidente
– Televendas 2008, um da Sodexo, que revela as
reconhecimento público do mudanças que o grupo
Geraldo França Sodexo
mercado aos profissionais francês está promovendo
que têm se destacado no mundialmente na área
Um benchmarking bem
exercício de suas funções de gestão de clientes e os brasileiro
e contribuído para o resultados que vem obtendo,

48
desenvolvimento e geração com o Brasil se destacando
de cultura. Entre os seis a na experiência local e
serem premiados, alguns exportando expertise. Não
nomes reconhecidamente fica atrás o Especial que traz Perfil
aplaudidos. E o 3°Congresso uma radiografia e acelera o Empresarial
ClienteSA de Televendas movimento criado em torno Agnaldo Calbucci, presidente
reúne algumas autoridades da gestão do cliente na era da Atento
para contemplar o momento da mobilidade, com o 2° Executivo conta transforma-
ções da atividade de gestão
da atividade e avaliar, com Mobile Meeting ClienteSA,
de cliente, histórias, comen-
a experiência de muitos que tem apoio da Associação ta sobre legislação, aponta
experts como Tim Searcy, de Mobile Marketing do novos desafios e identifica
presidente da ATA, as Brasil, a AMMB. É a tática muitas oportunidades
mudanças radicais porque para estar muito próximo do
está passando o mercado cliente, com a sensação de
tanto na área de vendas por orientar produtos e serviços
aos seus anseios, e ganhar

32
mercado. É para isso que
estamos aqui: contribuir
com o mercado e, a partir
de agora, valorizando quem Legislação
realmente contribui com SAC
a atividade, no cenário As empresas começam
a correr atrás das
empresarial. E, claro, trazer mudanças impostas
resultados para o business, na gestão de clientes.
com as respostas do cliente. E vem mais legislação
por ai
Vilnor Grube

4 li | 2008 | li b
ESPECIAL
A Sodexo Brasil
coloca o jeito
brasileiro com
cultura do Grupo
e metodologia
americana para
alcançar índice de
94% de retenção
de clientes e vira
espelho internacional

Mobile Marketing

14
Com cases, atividade transforma-
se em nova aposta para aumentar a
aproximação com o cliente

seções
Portal 06

10
Back Office 44
Cobrança 54
Business Center
Natura
Empresa investe em callcenter
pensando em transformar contatos
em oportunidades de melhorias

articulistas

09 37 53 58
Ana Lucia
Fernando Guimarães
30 Vidigal 46 Enio Klein
56 Marco Barcellos
Leonardo Vieiralves
12 Eduardo Souza
Aranha Azevedo
Livio Giosa
Daniel Barna

expediente Número 74 | agosto 2008

Diretores Web Service Comercial / Marketing Jornalista Responsável


Vilnor Grube Rafael Galvão (Web designer) Danilo Krochmalnik (Diretor) Vilnor Grube (MTB. 14.463)
editor@clientesa.com.br Ricardo Cantini (Tecnologia) danilo.kroch@clientesa.com.br
Solange Teles Alberto Kohn (Gerente Comercial)
Fotografia Fale com a Cliente S.A.
solange@clientesa.com.br alberto@clientesa.com.br
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Editora Assistente fotografia@clientesa.com.br Marco Antonio Daud (Gerente de Contas) sala 1.312 – 13a andar – Barra Funda
Heloísa Negrão marco.daud@clientesa.com.br CEP 01141-040 – São Paulo/SP
heloisa@clientesa.com.br Colaboradores Eliane Rocha (Assistente Comercial) Tel.: (11) 4062-0220
Redação Ana Maria Moreira Monteiro, Enio Klein, Regional Paraná
Natiê Amaral, Alba Cardoso, Flávia Fernando Guimarães, Kátia Valente, Marcos Valdeci Carneiro (Gerente Regional)
Ghiurghi, Gislene Trindade e Calliari, Leonardo Vieiralves Azevedo, Marcos Tel.: (41) 3015-4740 / (41) 8818-8061
Fábio Mazza, Marco Barcellos, João Batista Visite nosso portal
Verah Moraes (revisora) ClienteSA CONFERENCE www.clientesa.com.br
redacao@clientesa.com.br Ferreira, Luis Santucci Filho, Alessandro
Joana Teles (coordenadora de eventos) www.callcenter.inf.br
Goulart, José Devair Gonçalves, Júlio Xavier,
joana@grube.com.br A Grube Editorial não se responsabiliza
Projeto Gráfico Eduardo Souza Aranha, Daniel Barna, Ana
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Grube Editorial Lucia Vidigal, Livio Giosa
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Editoração Eletrônica Administração Jonas Grube (jonas@grube.com.br) desde que com expressa autorização e
Rogério Camara Solange Teles Rafael Masi (assistente) condicionada à menção da fonte.

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Calendário
PROGRAME-SE
Veja os cursos e eventos
ENTREVISTAS EXCLUSIVAS ligados à atividade.
www.callcenter.inf.br/calendario
TVip traz vídeos com presidentes da Sodexo, Atento e executivo da Natura
Para revelar as ações da Sodexo em trevista exclusiva é com Agnaldo Calbuc- dências em relacionamento e fala das
direção ao cliente, a TVip entrevistou o ci, presidente da Atento. Ele traça a evolu- estratégias diferenciadas em cosméti- RANKING
presidente Geraldo França. O executivo ção do mercado, a partir da consolidação cos. As entrevistas já estão no ar no en- Número Total de Funcionários
faz uma avaliação da gestão de clientes, da empresa e revela projetos novos. dereço: tvip.callcenter.inf.br. O serviço
conta segredos e novidades como um Já Roberto Zardo, diretor de serviços é gratuito, basta ser cadastrado no site Pos. Empresa Funcionários
projeto piloto da organização. Outra en- aos clientes da Natura, destaca ten- para ter acesso. 01 a
Atento 65.000
a
02 Contax 61.397
a
03 Tivit 25.000
a
04 Dedic 16.100
a
05 Tmkt 10.495
a
06 CSU 9.512
a
07 Vidax 9.510
a
08 Brasilcenter 8.369
a
09 ACS 8.300
a
10 AeC Contact Center 7.263
a
11 Provider 7.044
a
12 Teleperformance 6.000
a
13 Almaviva do Brasil 4.500
a
14 Spcom 4.400
QUAIS AS TENDÊNCIAS EM TELEVENDAS? 15 a
TMS - Call Center 4.200
a
16 Call Contact Center 4.090
Enquete do portal Callcenter.inf.br quer saber a opinião do mercado
a
17 Sercom 4.000
BPO, remuneração 100% variável, operação de televendas? Para sa- 18 a
TeleTech 3.410
vendas cruzadas, capacitação do RH, ber quais as principais tendências
a
internalização. Ou especialização no setor, o Callcenter.inf.br colocou 19 Montana 3.300
das operações, gestão, outsourcing nova enquete no ar. Até o momen- 20 a
Telesoluções 3.200
operacional. Com o amadurecimento to, no fechamento da edição, a op- 21 a
Grupo Nelson Paschoalotto 2.946
do mercado, novas estratégias são ção mais votada foi Especialização
a
colocadas em prática para alcançar das operações, com 26,42% dos 22 Uranet 2.860
o sucesso da operação. Porém, o que votos. Em seguida vem Remunera- 23 a
Sitel 2.500
realmente faz a diferença em uma ção 100% variável, destacada por 24 a
Atendebem 2.330
20,75% dos participantes. Logo
a
atrás aparece Forte capacitação 25 Actionline 2.250
do RH, com 15,09%. A opção Ges-
tão teve a preferência de 11,32%.
Depois, com 7,55% dos votos, vem Novas Regras para SAC
as opções BPO e Vendas cruzadas. Para conhecer a regulamentação das
Também empatados estão Interna- centrais de atendimento, acesse agora
lização e Outsourcing operacional, a home da seção Download (www.call-
com 5,66%. center.inf.br/download) no portal Call-
center.inf.br e baixe o decreto assinado
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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TECNOLOGIA A FAVOR DO RELACIONAMENTO CLIENTE SA
Série de matérias da ClienteSA mostra as novidades em BI, CRM e soluções convergentes A CEREJA DO BOLO
presas que apostaram em novas tecno- O e-mail transacional como
O portal ClienteSA publica série de cliente. As matérias trarão entrevistas
complemento do e-mail
reportagens com objetivo de revelar exclusivas com diretores de grandes logias para fidelizar o consumidor. Seus
marketing
as principais tendências tecnológicas players de BI, CRM e soluções conver- diretores revelam o caminho do sucesso Autor: Veruska Reina
do mercado de relacionamento com gentes. Para completar, cases de em- com a implementação.

UNUNOCTIUM E O
PROFISSIONAL MODERNO
Os elementos que diferenciam
os bons empreendedores dos
excelentes
Autor: Marcelo Marzola

SIGLAS 2.0
O principal em qualquer
estratégia ou ação é a lógica
do negócio
Autor: Pedro Rondon

O LIMIAR ENTRE DESIGN E


CRESCE NÚMERO DE CADASTROS BRANDING
Integração que traça a
Já são mais de 23 mil vagas de emprego e estratégia de marca das
companhias
49 mil currículos o número de vagas dispo-
Autor: Luciano Deos
nibilizadas pelas empresas
Em julho, a Bolsa de Empregos é de 23.347. Assim como
(www.callcenter.inf.br/bolsa) pas- os currículos, o cargo com
sou da marca de 72 mil cadastros.
CALLCENTER
maior quantidade de opor-
Desses, a maioria são de currículos, tunidade de emprego é o RESOLUÇÃO NO PRIMEIRO
com um total de 49.585. O maior de operador (mais de 18 CONTATO
número é de operador (mais de mil), seguido pelo de con- Comunicações unificadas
15 mil currículos) seguido pelo de sultor/prestador de servi- trazem ganhos de agilidade e
assistente (mais de nove mil). Já ços (mais de dois mil). produtividade
Autor: Charles Sola

VOIP X TELEFONIA IP
Como escolher a melhor
solução e comprovar o real
retorno do investimento
TÍTULO TÍTULO Autora: Guilherme Lousada
MBA Executivo Pense Grande nos Negócios
ORGANIZADOR e na Vida A FAVOR DA ARTE
Antonio Pires de Carvalho AUTOR O resultado da mistura
Donald Trump e Bill Zanker cultural encontrada no
EDITORA contact center
Editora Saraiva EDITORA Autor: Cristiano Freire
Ediouro
TÍTULO:
Gestão Eficaz da Equipe de vendas TÍTULO ABRAÇO OU ACOLHIMENTO?
Deixe um Legado A prestação de serviços ainda
AUTOR
AUTOR Paulo V. Kretly deixa clientes insatisfeitos
Francisco J. S. M. Alvarez
Autor: José Teofilo Neto
EDITORA EDITORA
Editora Saraiva Campus/Elsevier

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interação

QUALIDADE DE CONTEÚDO Almaviva do Brasil


”Recebi a revista em epigrafe, que Belo Horizonte / MG
muito me agradou pela qualidade Avenida Solferina Ricci Pace, 470
de suas matérias. Parabenizo toda a 30664-000 / Belo Horizonte - MG
equipe e desde já me coloco a dis- (31) 3516-6100
posição.” www.almavivadobrasil.com.br
Jefferson Montoro,
por e-mail
São Paulo / SP
Rua Dr. Cardoso de Melo, 1666 –
2º ANUÁRIO CLIENTE SA DE
REPERCUSSÃO 10º andar – Conj. 102
CRÉDITO E COBRANÇA
“Recebi os exemplares da Edição 04548-005/São Paulo - SP
72 da Revista Cliente SA, de julho, (11) 3845-3689
• CORREÇÃO
apresentando-me como matéria de www.almavivado-
A empresa ML Gomes Serviços de
capa, que muito agradeço, pelo brasil.com.br
Cobrança saiu sem as atualizações no
apreço e consideração. A repercus-
endereço. O correto é: Rua XV de no-
são da reportagem tem me chega- FORNECEDOR
vembro, 164, 01013-910 –SP, (011)
do e fico contente por ter ajudado G4 Solutions
3188 9400, www.mlgomes.com.br.
de algum modo. Muito grato pela Avenida Paulista,
oportunidade e peço para cumpri- 2444 – 7º andar
• EMPRESAS QUE DEIXARAM DE CONS-
mentar a equipe da revista pelo 01310-300/São
TAR NO ANUÁRIO E AGREGAM VALOR
bom trabalho produzido, com os Paulo – SP
AO MERCADO
votos de permanente sucesso.” (11) 2103-1100
Ozires Silva, reitor da Unisa www.g4solutions.
PRESTADORES DE SERVIÇOS DE COBRANÇA E
com.br
RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO

8 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


reflexão Fernando Guimarães

A mensuração é o motor da
integração
Nasce um novo tipo de fornecedor: parceiro autêntico e estratégico, com
capacidade, competência e vontade para interferir em todo o processo de
relacionamento com o cliente
ntre 14 e 16 de julho foi realizado, em São Paulo, “Os muros que histo-

E o IV Congresso Brasileiro de Publicidade. Apre-


sentado como “O primeiro grande marco da pu-
blicidade brasileira no século XXI”, evitou tocar em alguns
ricamente separavam
as disciplinas de ma- Fernando Guimarães é especialista em marketing de
relacionamento e branding. Atualmente, dirige a área de
rketing e comunicação marketing da Gradual Corretora.
temas absolutamente cruciais – o modelo de remunera- estão ruindo.” E, a cau- Email: fguimaraes@gradualcorretora.com.br
ção das agências, por exemplo – mas certamente cum- sa principal é a necessi-
priu um importante papel, na dade que os anunciantes sentem, e que expressam
medida em que abriu espaço para cada vez com mais vigor, de mensurar seus esforços
Ousamos a discussão de 15 temas funda- buscando otimizar recursos, que pela ótica deles são
romper as mentais para o futuro do mercado inevitavelmente escassos, e aumentar a eficácia no
de comunicação no País. Inclusive atingimento do target-group, minimizando a disper-
fronteiras o marketing de relacionamento. são da comunicação.
A Comissão que discutiu o Assim, assistimos no mundo inteiro ao surgimento
tão ciosamente tema foi composta por: Efraim de um novo tipo de fornecedor, que funciona não
guardadas Kapulski, presidente da Abemd mais apenas como um prestador de serviços, descom-
e da comissão, Alexandre Case, promissado às vezes com os resultados e com o que
por alguns gerente de marketing direto dos ocorre pós-veiculação, mas sim como um autêntico
Correios e secretário, Aurélio parceiro estratégico, com capacidade, competência e
entre o Lopes, co-presidente da vontade para interferir em todo o processo, do desen-
‘above the line’, Giovanni+Draft FCB e pales- volvimento do produto ao gerenciamento do relacio-
trante, Eduardo Souza Aranha, namento com o cliente, passando pela distribuição,
a publicidade presidente da Souza Aranha, precificação e, last but not least, pela comunicação.
Marcio Salem, presidente e di- Profissionais e empresas que estiveram até agora,
tradicional, e o retor de criação da Salem, preferencialmente, alocados nos territórios chama-
‘below the line’, Marcelo Trípoli, diretor-sócio e dos de marketing direto e marketing de relaciona-
CEO da iThink, Fernando Costa, mento, assim como no marketing digital, por terem
as outras diretor de assinaturas da Abril, a vocação, treino das técnicas de diálogo e análises
e Antonio Rosa, diretor presi- de dados, informações, conhecimento e, principal-
disciplinas de dente da Dainet, superinten- mente, por terem a disciplina de testar e medir to-
comunicação. dente comercial da RedeTV! e das suas ações podem desempenhar um papel
um dos debatedores. Coube- crucial nesse processo. Até assumindo sua condu-
me a honra de ser o relator da comissão. ção, em alguns casos, ou, no mínimo, mostrando o
A tese que escrevi, a partir das discussões entre os caminho das pedras.
membros da própria comissão e das intervenções do Por fim, acreditamos que uma visão única do clien-
plenário, foi quase uma provocação. Segundo a revista te deveria até anteceder o processo de integração da
Meio & Mensagem, nós “esmagamos a linha”, isto é, comunicação, pois só assim teríamos aumento da
ousamos romper as fronteiras tão ciosamente guarda- previsibilidade que é o objetivo da mensuração. A vi-
das por alguns entre o “above the line”, a publicidade são única do cliente é filha dileta das arquiteturas
tradicional, e o “below the line”, as outras disciplinas vencedoras de CRM.”
de comunicação. Um pouco para nossa surpresa, a
tese foi aprovada por unanimidade e recebemos co- Até a próxima.
mentários elogiosos de todos os lados. Mas, podem jul-
gar vocês mesmos a relevância do que propusemos.
Tese da comissão de marketing de relacionamento:
A busca da mensuração, principal motor do processo Não deixe de visitar meu blog
de integração http://blogclientesa.clientesa.com.br/marketingderelacionamento

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business center

Um presente do cliente mento, é preciso entender que as


pessoas querem ter um tratamento
diferenciado”, pondera Zardo. Diz
Natura põe foco estratégico no callcenter para ampliar o relacionamento ter aprendido a lição com o livro
com os clientes e transforma contatos em oportunidades de melhoria “Reclamação de cliente? Não tem
melhor presente”, escrito por Janelle
filosofia é uma só: ir além de está nos dando, pois nem todo mun- Barlow e Claus Moller, em 1996.

A um simples atendimento. Po-


rém, os recursos para alcan-
çar este objetivo são vários, da
do está disposto a tomar parte do dia
para escrever um e-mail, entrar no
chat ou ligar. Porém, muitas empre-
terceirização à forte capacitação dos sas só começaram a entender isso
operadores. Dessa forma a Natura agora”, explica Zardo. O executivo
vem construindo sua estratégia de re- crê que quem conseguir tratar a re-
lacionamento. “Em todos os conta- clamação como uma informação
tos, procuramos não só atender, valiosa vai melhorar os proces-
como resolver o problema e estabe- sos internos. Todo o merca-
lecer um vínculo. O cliente nunca é do seguirá essa tendência,
chato se você souber ouvi-lo ou en- e trará conseqüências
tender o que ele quer”, conta Roberto como forte capacitação
Zardo, diretor de serviços aos clien- dos operadores e, princi-
tes da Natura. palmente, mudança no
O uso de reclamações, sugestões e foco dos executivos res-
opiniões como fonte de informação ponsáveis pela área.
para o desenvolvimento de produtos “Ao invés de ficar pen-
e serviços exemplifica o modelo ado- sando exclusivamente
tado. “Acreditamos que quando um em redução de custos e
cliente nos liga é um presente que tempo médio de atendi-

Área de atendimento da GVT é ampliada


Operadora aposta em ferramentas de gestão e treinamento para aumentar os índices
em 32% de satisfação na primeira chamada
área de atendimento a clientes trimestre”, comemora. aperfeiçoá-lo para atender nossos

A da GVT foi ampliada em 32%


nos últimos dez meses, com
capacidade para receber 40 mil liga-
Entre as metas, está ampliar a capa-
cidade de resposta para primeira li-
gação 90% das solicitações. Para
clientes das classes A e B, potenciais
compradores de banda larga e VoIP”
completa.
ções por dia. Os dois callcenter, base- isso, ao final de cada atendimento, o A GVT também comemora a baixa
ados um na capital Curitiba e outro em cliente recebe um questionário ele- rotatividade da área de atendimento a
Maringá, com cerca de mil trônico para dar sua opinião. E, de clientes que fica em 4%, contra a taxa
atendentes, são conside- acordo com o executivo, o índice de de 12% do mercado. Entre os aten-
rados a principal porta satisfação é superior a 90%. “Nossa dentes, 63% estão há mais de seis me-
de entrada de clientes, meta, porém é elevar a 95% até o fi- ses na empresa, dos quais 54%, há
como justifica Daniel nal de 2008. A aposta para chegar lá mais de um ano. Para Furtado esses
Furtado, gerente de são ferramentas de gestão e relatórios números são resultado das ações rea-
CRM. “Abrimos ca- diários para medir a qualidade do lizadas junto aos funcionários. “A va-
pital e investimos atendimento, além de metas, treina- lorização do trabalho realizado pelos
R$ 566 milhões em mento e aperfeiçoamento da opera- operadores é importante para manter
2007, resultando ção”, afirma Furtado. “É preciso que o bem-estar na central de atendimen-
em um cresci- o operador tenha a visão da empresa, to como a celebração de datas co-
mento de uma vez que ele é o nosso represen- memorativas e visitas periódicas do
35% por tante diante do cliente. O objetivo é presidente”, justifica. „

10 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


ESTRUTURA cial para esse tipo “O cliente nunca é
Em 1990 começou o serviço de suporte”, explica chato se você souber
Natura de atendimento ao consumi- Zardo. ouvi-lo ou entender o
dor (Snac) e contava com apenas que ele quer.”
dois operadores. Hoje são 200, que OUTSOURCING Roberto Zardo,
recebem, em média, um milhão e Buscando aumentar diretor de serviços aos
clientes da Natura
meio de contatos por ano. A maioria o foco no business, a
é feito por telefone, cerca de 130 Natura optou por ter-
mil todo mês, seguido por e-mail, ceirizar, em 2000, o callcenter. Hoje, o
com 15 mil e chats, 10 mil. No mes- serviço de atendimento ao cliente é re- nho reuniões mensais com os principais
mo callcenter funciona o atendi- alizado pela Tivit, em Mogi das Cruzes, executivos da Tivit e da Actionline para
mento de cosmetovigilância, serviço e Actionline, em Campinas. Para garan- discutir os indicadores quantitativos e
que teve origem na indústria farma- tir a qualidade, a empresa tem um back qualitativos”, reforça o diretor.
cêutica. Caso o produto cause re- office que ensina aos parceiros o jeito A empresa conta ainda com o
ação alérgica na pessoa, a Natura de se relacionar com os clientes. Pisque - pesquisa instantânea de satis-
empresa fornece atendimen- “Quando alguém liga, não quer saber fação do consumidor, em alusão ao
to médico especializado se é terceiro, e sim se será atendido pela verbo piscar. O cliente que entra em
pelo telefone. Natura que ele conhece”, afirma o dire- contato com o Snac é convidado a
Em média, são 10 tor. Logo no início da terceirização, a responder três perguntas simples: se
mil ligações por mês empresa afirmou a importância do cui- foi bem atendido, se o problema foi
alegando irritação. dado com o consumidor. Zardo convi- resolvido e se indicaria o serviço para
“Dessas, 200 são dou Luis Seabra, presidente fundador outras pessoas. Toda vez que alguém
ocasionadas por al- da Natura, para ir até as operações e dá uma resposta negativa, a Natura
gum tipo de reação, passar aos atendentes e executivos a retorna a ligação e procura entender o
para isso temos forma de relacionamento da empresa problema. “Estamos muito satisfeitos
farmacêuticos, der- de cosmético. Outro ponto importante com as respostas, o que nos faz crer
matologistas e técnicos é o acompanhamento constante das que a decisão de terceirizar o callcen-
que recebem treinamento espe- operações. “Como diretor da área te- ter foi acertada”, conclui Zardo. „

Voxline aposta em offshore


O atendimento à GE Healthcare exige contratação de operadores com TMS ANUNCIA NOVO CLIENTE
fluência em espanhol para América Latina A TMS Call Center passou a realizar o
atendimento da Controlar, concessioná-
ara dar suporte aos usuários

P operações como essa não só na ria de Inspeção Ambiental Veicular da


dos equipamentos hospitala- América Latina, mas em países da cidade de São Paulo. A central será res-
res da GE Healthcare na Europa, América Central e do ponsável pelo SAC, informações sobre os
América Latina, a Voxline investiu Norte”, aposta a executiva. serviços, dicas de manutenção e agenda-
na contratação de operadores nati- Esta conquista da Voxline é resul- mento de inspeção.
vos como argentinos, chilenos e tado do investimento no crescimen-
mexicanos. “A seleção foi árdua, to das operações farmacêuticas,
pois os processos para o atendi- hoje com três clientes. Elas se divi- VEGANET VISA OUTSOURCING
mento da área médica pedem disci- dem entre os segmentos de fármaco Com a missão de conquistar novos negó-
plina, o que exigiu operadores com vigilância, programas de fideliza- cios e fortalecer a Vega Insurance Servi-
bom espanhol”, explica Simone de ção e atendimento a forças de ven- ce, especializada em outsorcing para área
Paula, executiva de novos negócios das. “Para a Voxline, há grande de seguros, o executivo Jorge Abel Peres
do Voxline. “Estamos sentindo o valor agregado, pois não atende- Brazil assume o cargo de CEO da VegaNet,
gostinho do offshore, atendendo mos apenas o cliente, mas pacien- empresa de contact center. Brazil tem
em português, inglês e espanhol. tes destes clientes. Por isso, é passagem por HSBC, Santander Seguros
Mas, mesmo realizando atendimen- necessário maior agilidade e preci- e BRB Seguros, na Argentina.
to para a América Latina, nosso sis- são no atendimento para garantir a
tema funciona em inglês. Acredito boa utilização e fidelização dos pro-
que há possibilidade do Brasil ter dutos”, diz Simone. „

Veja as informações on-line no| agosto


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| cliente sa 11
mobile Daniel Barna

Na comunicação móvel, o mais


pode ser menos
Onde a complexidade dos aparelhos tende a afastar os consumidores, a
estratégia é facilitar o uso da tecnologia

simplicidade deve pautar qualquer iniciativa, informação e tecnolo-

A empreendimento ou serviço que explore o ce-


lular como canal de entrega de mensagem ou
ofertas. No entanto, a dinâmica atual da indústria ofe-
gia. É natural, portanto,
que estejam em sintonia Daniel Barna é head of marketing da Nuance
com todas as tendências para a América Latina.
rece inúmeras escolhas de produtos e serviços nas mais móveis. No entanto, os E-mail: daniel.barna@nuance.com.
variadas configurações para o consumidor. Por um demais grupos encon-
lado, a variedade aumenta a concorrência e beneficia trados – simplistas, pragmáticos e vaidosos – possuem
o usuário. Mas o excesso de escolhas também pode menos interesse por tecnologia e é de se esperar que a
atrapalhar. A psicologia é uma boa maneira de explicar complexidade e a multiplicação de informações atuem
este paradoxo: de acordo com a obra The Paradox of mais como um bloqueio do que como um incentivo ao
Choice: Why More is Less, o variado cardápio da comunicação móvel.
professor de psicologia Barry De acordo com pesquisa da Wacom Components
É de se Schwartz argumenta que, a de- Consumer, sobre as justificativas para o baixo de uso
esperar que a masiada quantidade de escolhas dos serviços de dados, 76% dos entrevistados citam
traz à insatisfação, insegurança e como razão a complexidade para acessar e operar os
complexidade estresse. Ou seja, a teoria aponta aparelhos de celulares. Isso demonstra que empresas
que as pessoas só podem lidar e operadoras que investirem na simplificação de
e a multiplicação com certo número de escolhas acesso e uso de seus conteúdos vão perceber sensí-
de informações de uma só vez. veis melhorias de resultados. Tomem como exemplo
Hoje, celulares multimídia um teste realizado no Brasil, que comparou o com-
atuem mais que oferecem mais recursos e portamento de um grupo de clientes, que recebeu
múltiplos formatos de dados ga- instruções de como escrever de forma mais fácil e
como um nham terreno. Encontrar infor- rápida no celular, com outra equipe de comporta-
bloqueio mações dentro e fora do celular mento similar, mas que não recebeu as instruções. O
é cada vez mais difícil. Os sites resultado encontrado mostrou que: os usuários que
do que das operadoras estão expandin- tiveram instruções de utilização do serviço de men-
do e crescendo em complexida- sagens (SMS) usaram 60% a mais o recurso do que
incentivo de e a grande oferta de serviços aqueles que não a receberam.
ao variado Premium dificulta ainda mais a Outro exemplo de sucesso em simplificação de in-
escolha do cliente. Em 2001, terface com usuário é o iPhone. A liberdade de Steve
cardápio menos de 10% dos celulares Jobs em reinventar a forma de interação do consumi-
possuíam Bluetooth, câmera dor com o celular rendeu à AT&T o dobro da receita
de informações integrada, tela colorida e média por usuário que utiliza este telefone – afinal na-
da comunicação capacidade de rodar programas vegar na web e enviar mensagens tornaram-se mais
Java/Brew. Agora, entre a sopa simples e fáceis.
móvel. de letras e recursos de celula- Exemplos como estes mostram que a palavra de or-
res, estão a reprodução de víde- dem da nova era da comunicação móvel é a simplici-
os e música, MMS, e-mail, slot de memórias, rede dade. Mais de três bilhões de usuários têm pelo menos
wireless, push-to-talk, TV, entre outras funções. um celular hoje e, com certeza, buscam agilidade e
Reprodução de música, vídeos e câmera integrada já facilidade no uso de seus aparelhos. Quem apostar
estão presentes em mais de 50% dos aparelhos. neste conceito vai levar vantagem.
Pesquisa nacional, realizada pela Research
International, com mais de mil usuários encontrou qua-
tro perfis de consumidores, que variam de acordo com
as atitudes ante a comunicação móvel. Um dos perfis,
o ‘urbanóide’, responde por 26% do total e é ávido por

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especial mobile marketing

Expansão à vista, com sucesso


dos primeiros ensaios
Apesar de incipientemente reconhecida no País, a mídia celular começa a provocar transformações nas
campanhas de marketing empresarial, com projeções otimistas de crescimento no mundo corporativo

A
s inovações permitidas pela profunda transformação nas estraté- restringem ao disparo de mensagens de
telefonia móvel, que teve gias empresariais. Neste novo cenário, texto (SMS). Os anunciantes apostam
crescimento de 24,23% no o celular tem deixado de ser um mero na veiculação de mensagens com
número de habilitações no canal de contato para se tornar a mídia sons, imagens e vídeos divulgando no-
último ano, segundo a Anatel, do futuro. Uma ferramenta de marke- vidades sobre as marcas (MMS). Uma
aliadas à diversificação das formas de ting direto que proporciona, em tem- das grandes vantagens da mídia celu-
relacionamento das empresas com po real, informação e entretenimento, lar em relação às convencionais é que
seus clientes, estão incitando as cor- sem falar na maior personalização do as empresas conseguem acompanhar,
porações, de diversos segmentos, a re- relacionamento, já que o celular per- com mais imediatismo, os resultados
verem suas ações de marketing mite que a campanha das ações, possibilitando reformular a
e publicidade, promovendo seja direcionada con- mensagem ou mudar o horário do en-
forme o perfil do vio, caso a campanha não esteja dan-
cliente. E, as ações do o retorno previsto pela empresa.
de mobile marke- Estudo, desenvolvido
ting, ou marketing pela ABI Research, re-
móvel, não se vela que o mercado
de mobile marke-
ting mundial
movimentará
US$ 19 bi-
lhões até
2011,
devido à
explosão
do uso de ser-
viços de busca e
vídeos comerciais
para aparelhos celula-
res. Os números apresen-
tados pelo instituto de
pesquisas Informa Telecoms &
Media, comprovam a aposta dos
anunciantes neste novo canal. Se-
gundo o levantamento, apenas no ano
passado foram investidos, em todo o
mundo, US$ 871 milhões em anún-
cios móveis, enquanto na internet o in-
vestimento foi de US$ 24 bilhões. A
entidade prevê que o investimento de
publicidade no celular seja de US$
11,4 bilhões até 2011.
A radiografia do mercado brasilei-
ro, apesar de promissor, é bem dife-

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“No modelo móvel,
a operadora
garante o direito
e comodidade do
consumidor de de publicidade e
forma altamente das empresas espe- AS INCURSÕES INICIAIS
regulamentada.” cializadas. “Cabe a As empresas estão buscando as
Alexandre nós criarmos ini- melhores alternativas de inclusão do
Fernandes, da Vivo ciativas que des- componente mobile em seu mix de
pertem o interesse marketing. Passado este primeiro pe-
por esse mercado”, ríodo, considerado de experimenta-
completa Dado Lancellotti, vice- ção por algumas campanhas, as
presidente de operações e negó- empresas começam a perceber o po-
cios da Fischer América. tencial espaço publicitário dos dis-

CASES COMO AS EMPRESAS COLHEM RESULTADOS


rente, mostrando-o ainda incipiente. Mauricio Greco, da Ford: “Tivemos re- ro de SMS para os corretores terceiriza-
Atualmente são disparados cerca de centemente, no lançamento do novo dos, com informações importantes sobre
Ford Ka, uma ação diferenciada para lançamentos e mercado imobiliário, que
500 milhões de SMS por mês, um nú- posicionamento do produto junto ao irão auxiliar no trabalho de vendas e con-
mero baixo, se comparado a outros público jovem, especificamente os uni- sultoria. Para os clientes, apostamos no
países. Representa, por exemplo, me- versitários. Durante maio e junho, uma celular como forma de fazer marketing de
nos de 50% dos SMS enviados em promoção itinerante passou pelas 50 das relacionamento, enviando SMS com cro-
Portugal. A média de envio mensal maiores universidades do País com várias nogramas sobre o andamento das obras
ações promocionais. Em pontos estra- do seu empreendimento, para que possa
de SMS por celular aqui é de cinco a tégicos da universidade, o conteúdo da acompanhar periodicamente o processo.”
seis, contra 140, na Venezuela. campanha e promoções eram enviados
Segundo o Yankee Group, são envia- via tecnologia Bluetooth, por meio de Moacyr Netto, da DM9: “Realizamos
dos aproximadamente 350 bilhões uma torre de disparos, para os celulares uma ação para o evento Boteco Bohe-
dos universitários.” mia do ano passado. Em toda mídia
de SMS no mundo por mês, 15% dos off-line haviam chamadas para enviar
quais classificados como ações de Alexandre Fernandes, da Vivo: “A ação um SMS gratuito para baixar o guia de
marketing. mais recente foi em Campos do Jordão, bares participantes. Além do guia em
Um dos fatores que dificulta a evo- para o inverno 2008, no qual indicamos Java, também criamos um mobile site no
lução do mercado no Brasil é a re- os melhores pontos turísticos, dicas de qual era possível ter a lista completa dos
bares, restaurantes e casas noturnas via 31 estabelecimentos, ligar para reservar,
sistência a sua adoção, sob a Bluetooth. Todas as pessoas que ativam armazenar o telefone do bar no celular
justificativa de se tratar de atividade a tecnologia em seus celulares na região e enviar um SMS para um amigo com
recente. Além disso, falta padroni- do Capivari receberam direto na tela do informações do lugar. Durante um mês
zação dos modelos, maior integra- aparelho a programação cultural e gas- de campanha atingimos mais de 50 mil
ção entre os players e direcionamento tronômica da cidade, além de informa- interações. Recentemente, realizamos
ções sobre promoções exclusivas” uma ação de Bluetooth marketing para
das estratégias. Empresas que focam Brastemp. Durante o evento Bgourmet,
suas ações de comunicação na ob- Fabrício Saad, da Sulamérica: “No Na- disponibilizamos conteúdos com dicas
tenção de lucros, e resultados em tal passado, fizemos uma ação de cross- de restaurantes típicos de São Paulo para
curto prazo, são as que mais atra- media envolvendo clientes, prospects quem passasse pelo evento.”
e corretores, que se cadastraram no
sam o desenvolvimento da mídia. hot-site e indicaram até dez telefones Gustavo Reis, da Tecnisa: “Por meio do
“Um pouco de ousadia e ajuste na de amigos ou clientes. Na véspera do SMS agendamos visitas aos empreendi-
filosofia empresarial só irá benefi- Natal, disparamos SMS para os indica- mentos e informamos sobre eventos e
ciar os consumidores, pois eles se- dos. Também movemos uma ação para datas importantes. Neste ano estamos
rão clientes daqui a dez anos tanto o produto Auto Mulher em que o pros- ampliando nossa atuação no mobile
pect recebia o SMS antecipando o envio com um grande projeto interno, focado
quanto são hoje. O que vai mudar é da propaganda pelo correio. Outro case em venda de imóveis, trazendo novas
que se utilizarão da mobilidade para focado em geração de leads é o uso de opções para que o potencial cliente te-
resolver quase tudo de prático e/ou mobile segmentado. Fizemos uma ação nha todas as informações necessárias do
rotineiro em suas vidas”, aposta com a Sulamérica Investimentos envol- empreendimento no seu aparelho para a
Leonardo Oliveira, gerente de ope- vendo a Gazeta Mercantil, Investnews e tomada de decisão.”
o JB Online. O investidor clicava no ban-
rações da Ogilvyone Brasil. ner Sulamérica Investimentos e aparecia Paula Lopes, da Unilever: “No caso do
E mesmo com tantos desafios à uma pequena descrição sobre o produ- xampu Seda Teens, fizemos anúncios inte-
frente, os anunciantes querem ga- to. Depois, o cliente tinha a opção de rativos nos cinemas, em formato de quiz,
rantir seu espaço nesse crescente adquirir o serviço pelo celular” que premiava o vencedor ao final da sessão.
Outro exemplo foi a parceria com a Nokia,
setor e apóiam-se nas múltiplas
Rafael Rossi, da Rossi Residencial: para produção de milhares de celulares
funcionalidades dos dispositivos “Uma das ações B2B da Rossi é o dispa- personalizados pela marca Seda Teens.”
móveis e na expertise das agências

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da com muita cautela, sob pena
de prejudicar a proposta ini-
cial”, avalia
Greco. A
Tecnisa faz “Procuramos
uso das ações adicionar conteúdo
de mobile des- pertinente ao
de 2005. momento do uso
Com SMS, da tecnologia de
agendam vi- telefonia móvel
sitas aos empreen- e aos produtos e
O lançamento do xampu Seda Teens contou posicionamento que
dimentos e passam
com ações SMS, além de sortear celulares queremos.”
personalizados (foto). informações sobre
eventos e datas im- Maurício Greco,
da Ford
portantes. “Este ano
positivos móveis e a importância em estamos ampliando
suas estratégias. Quem ainda não in- nossa atuação no
vestiu, irá fazê-lo. Na Ford, o mobile mobile em um grande projeto inter-
marketing já faz parte do planeja- no com foco específico em venda de
mento de comunicação. A empresa imóveis”, antecipa Gustavo Reis, ge-
busca adequar a mensagem ao públi- rente de mídia on-line da Tecnisa.
co-alvo, sem esquecer, segundo A criação de ações relevantes, e além de divulgar o número 0800,
Maurício Greco, gerente de comuni- alinhadas aos produtos, é essencial foi necessário desenvolver um por-
cação em marketing, que o propósito para o sucesso da mídia. E, foi tal de voz eficiente e que prendesse
inicial da telefonia móvel é facilitar a apoiada nessa teoria, que a Unilever a atenção das consumidoras da
interação entre pessoas. “A mídia é lançou, para os xampus, Seda e marca pela interatividade. “A ação
uma oportunidade que deve ser usa- Seda Teen, campanhas em que, teve ampla divulgação em diversas

CASES COMO AS EMPRESAS COLHEM RESULTADOS


Claudia Pires, da Pepsico: “Na campa- tificado quando os shows de seu interesse jeto tinha um campeonato com jogo de
nha promocional Boiada Toddy, os usu- estivessem começando.” dedos e street art.”
ários enviam os códigos impressos nas
embalagens por intermédio de SMS e Flavio Rezende, da DPZ: “No lançamen- Leonardo Oliveira, OgilvyOne Brasil:
concorrem ao sorteio de prêmios, além to do Corolla Flex, veiculamos o filme nas “Foram desenvolvidos trabalhos para a
de ganhar ringtone e wallpaper exclusi- principais salas de cinema de São Paulo e IBM nos quatro principais torneios de
vos da marca.” do Rio. Foi criada uma ação nas salas de tênis mundiais e a inserção dos celulares
entrada dos complexos: havia um totem no mix de comunicação da Campanha
mobile marketing

Roberto Müeller, da Okto: “Para par- com display que comunicava ao público Think Pad, desenvolvida para a Lenovo,
ticipar da campanha Geladeira Skol os para ativar o Bluetooth do celular e, assim, em 2006.”
usuários deveriam enviar, via SMS, uma receber o comercial do carro com a partici-
frase sobre o tema proposto para con- pação de Rodrigo Santoro, dando também Ricardo Medeiros, da Almapbbdo:
correr ao sorteio de uma geladeira. Na uma senha para test-drive na concessioná- “Desenvolvemos um site wap para o
campanha Ace Show de Brancura os có- ria mais próxima.” lançamento do Novo Gol e ação viral
digos de barras são enviados pelos usu- via SMS. Com base no terceiro filme da
ários para concorrer ao sorteio de uma Dado Lancellotti, da Fischer América: “O campanha Ninjas, que está na TV, convi-
casa. Já no Portal Brascan, ao enviar uma case do Moblog da Vivo no projeto Revo- damos as pessoas a entrarem no site e
palavra-chave de um empreendimento lucaum dos Ddos (Revolução dos Dedos) imputarem características de um amigo
imobiliário da marca, o consumidor re- é um exemplo de comunicação integrada, que receberá e-mail e ligação do Stallo-
cebe um link para um site WAP com de- pois reuniu um broadcast para base de ne no celular convidando-o a assistir ao
talhes e imagens do imóvel.” usuários da Vivo, internet e publicidade. filme, no final da promoção os dois irão
especial

O objetivo era se apropriar do novo movi- participar do filme Lindos e Implacáveis


Fábio Simões, da F/Nazca: “Nossa pri- mento: os jovens criaram uma nova lingua- com Gisele Bündchen e o Stallone. Na
meira campanha de mobile marketing gem para se diferenciar dos mais velhos e ação da linha Capricho, de O Boticário,
foi feita para a Skol durante o evento fundiram comunicação via texto e voz. Os as meninas podem cadastrar seus tele-
Skol Beats, em 2002. O consumidor se dedos deixaram de ser apenas os viabiliza- fones para receber SMS, para levantar
cadastrava no site do evento e recebia dores do uso da tecnologia e passaram a a moral, ter uma desculpa para sair de
notícias, em tempo real, da equipe do ser os astros principais de uma nova forma uma situação embaraçosa ou passar a
site da Erika Palomino e também era no- de comunicação entre as pessoas. O pro- impressão de que é popular.”

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mídias, inclusive mídia exterior”, maior exploração
lembra Paula Lopes, gerente de mar- do mobile mar-
keting da Seda. keting no Brasil.
A Sulamérica também já experi- “Nossas estratégias “O celular é uma
das poucas coisas
mentou ações de mídia pelo celular. têm dois objetivos:
exclusiva de uma
Atualmente, a empresa está desen- geração de leads e pessoa e é aí que
volvendo alguns projetos piloto. O gestão do relacio- entra a intimidade,
intuito é lançar produtos e serviços namento com clien- essa forma
pelo SMS, mas de forma segmentada. tes e prospects”, personalizada
Fabrício Saad, superintendente de justifica Saad. da empresa se
CRM, acredita que a aceitação do E, para atender a comunicar com seu
brasileiro ao digital, em especial com demanda do anun- cliente.”
a chegada da tecnologia 3G, e a ciante, as agências Marcelo Perrone, da
grande penetração de celulares no de publicidade se Giovanni+Draft FCB
mercado, são fatores que irão facilitar preparam para ofe-

AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE
EMPRESA O QUE OFERECEM FORNECEDOR CAMPANHAS PRINCIPAIS PÚBLICO-ALVO SEGMENTOS
CLIENTES

Almapbbdo SMS, Wap e Bluetooth Hands Lançamento do novo Volkswagen, Classes A e B Empresas de tecnologia
VW Gol e linha Capri- Volkswagen Cami-
cho de O Boticário nhões, Claro, Pepsi,
O Boticário e Twix
(Masterfoods)

DM9 Java, iniciativas de web- Pontomobi Boteco Boehmia e Brastemp e Boehmia Classes A e B: Segmento de bebidas,
mobile e Bluetooth mar- Interactive Brastemp quase 100%. automotivo, bancário,
keting Classes C, D e E: saúde, telecom e entre-
60% tenimento

DPZ Selecionados conforme a Não tem Lançamento do Corolla Senac e CHL Todos os públicos Todos os segmentos
estratégia dos clientes parceria formal Flex levando em conta
o poder aquisitivo

Evermedia Plataformas de Ever Mobile Mobile sites para BIC. Citibank, BIC Brasil, Jovens e Todos os segmentos
mensagens e QR Codes (ligada a Ever Desenvolve projetos NET Serviços, Sanofi- adolescentes de
(códigos 2D interativos Group) com mobile-codes Aventis e Akzo várias classes
para celular) Nobel sociais

F/Nazca SMS, Wap, banners em Okto, Skol Beats Claro, Skol, Nike, Todos os públicos, Segmentos
mobile marketing

portais WAP, mensagens Movieclips, Electrolux e levando em conta automobilísticos,


de voz, games, campanhas Tellvox e JCN Infoglobo (jornal O o poder aquisitivo bancários e de empresas
integradas com outras Globo) ligadas ao público jovem
mídias, aplicativos para o
iPhone, QR Codes e 3G

Fischer Não divulgou Não tem uma Moblog da Vivo no Vivo Todos os públicos, Empresas de bens de
América parceria formal projeto Revolucaum levando em conta consumo e varejo
dos Ddos (Revolução o poder aquisitivo
dos Dedos)

Giovanni+ Trabalha com a Motorola Não tem uma Lançamentos de em- Gafisa e Motorola Dos 20 aos 40 Empresas de bens de
Draft FCB no projeto I Moto, site parceria formal preendimentos para a anos, de classe A consumo duráveis e não-
integrado ao celular Gafisa e ações de dia e B (que tenham duráveis
das mães para a Moto- plano pós-pago)
rola, ambas via SMS
especial

Ogilvyone Digital Innovation Labs: Possui rede de Projetos para a IBM em IBM, Lenovo, Classes A e B Segmento bancário,
Brasil laboratórios que produ- parceiros espe- torneios de tênis e a American Express e comunicação, como
zem aplicativos e serviços cializados campanha Think Pad, Johnny Walker jornais e revistas
para diferentes fins e desenvolvida para a
canais digitais,como os Lenovo, em 2006
aparelhos móveis

Sun MRM SMS para complementar Cyclelogic e Ações para uma em- GM, Intel, Jovens e Empresas de bens de
ações de marketing direto Hands presa de seguros, com Sulamerica, Banco adolescentes de consumo, segmento de
e digital alertas sobre o venci- Real e Club Med várias classes seguros, telecom, bancá-
mento da apólice sociais rio e automobilístico

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o consumidor dentro deste cenário de pelo celular. “Neste quesito, conta-
mobilidade e interatividade. mos com especialistas para atualiza-
A F/Nazca trabalha com mobile ção das novidades do mercado de
marketing desde que a tecnologia marketing móvel”, afirma Marcelo
passou a permitir. “Estudamos cases Perrone, diretor de inovação digital
de sucesso em ou- da agência. Já na DM9, foi ministra-
tros países onde o da palestra para todas as áreas sobre
“85% da receita da mercado é muito as possibilidades do mobile marke-
empresa provem do desenvolvido, como ting, de forma didática e ilustrativa,
mobile advertising, a Nova Zelândia, e com cases de sucesso do mundo in-
pelo modelo de trocamos informa- teiro. Mas vale lembrar que a mobi-
revenue share com ções constante com lidade não irá reinventar o marketing,
os provedores, parceiros da rede e sim, como aposta Oliveira da
que conta com Saatchi&Saatchi e Ogilvyone Brasil, levá-lo a um pata-
anunciantes de
Publicis. Além disso, mar mais alto. “Partindo-se deste
grande relevância no
mercado publicitário.” temos usado a Claro princípio, vencem os projetos que
como cliente e par- aliarem a melhor utilização das tec-
Rosana Fortes,
da Hands
ceiro de pesquisa e nologias ao volume de interações
desenvolvimento de geradas.”
novos formatos de
recer estratégias de comunicação lu- mobile marketing”, diz Fabio Simões, SUPORTE ESTRATÉGICO
crativas. Para os publicitários, a diretor de criação da divisão interati- A participação das empresas es-
inserção do marketing neste contexto va da F/Nazca. Para as mídias intera- pecializadas em mobile marketing
é evidente, e já está em curso. Novas tivas, a Almapbbdo conta com uma torna-se vital para maximizar os re-
maneiras de produzir e distribuir pu- equipe especializada e que busca in- sultados das ações. “A criatividade
blicidade serão criadas, levando-se cluir o mobile às estratégias dos seus das agências de publicidade brasi-
em conta as características do meio, o clientes, com as chamadas ações leiras, ligada ao profundo conheci-
déficit de atenção dos usuários e a above the line (publicidade e propa- mento tecnológico das principais
praticidade da mobilidade. Flavio ganda) e ações below the line (pro- agências de mobile marketing do
Rezende, diretor nacional de mídia da mocionais). nosso mercado, vai garantir suces-
DPZ, diz que, para a agência criar A Giovanni+Draft FCB também so às ações na mídia celular”, apos-
ações diferenciadas, realiza estudos e investe em pesquisas sobre o consu- ta Marco Garcia, diretor de negócios
pesquisas com o objetivo de entender midor e como este utiliza a internet e relacionamento da Mobx. Fun-
dada em 2000, a Hands, segundo
Rosana Fortes, diretora de marke-
APOSTAS NO MOBILE MARKETING ting e produto, foi a primeira em-
presa no Brasil a ter o mobile
✓Marketing geográfico: foco na prestação ✓ m-Commerce: será facilitado com a marketing como principal foco do
de serviço de alto valor para o cliente que chegada dos meios de pagamento ele- negócio.
utiliza GPS ou sistemas de rádio. trônicos móveis (m-payment). E, atrela-
do ao marketing geográfico, deverá ser E, para reforçar as vantagens do
✓ Comparação de preços: já existe o uma excelente plataforma de venda. uso da telefonia celular na comu-
serviço Buscapé na versão mobile. nicação e interação com os con-
✓ Marketing Social: deverá ser uma fe-
✓ Mobile Payment: o celular como um bre via celular. O MoSoSo (mobile social sumidores, a Pontomobi e a Okto
meio de pagamento. software) já existe na Europa e Ásia para realizam work shops com agências
facilitar o encontro das pessoas. e profissionais de diversas áreas
✓ Location Based Services (LBS): ser-
viço de localização; o cliente que en- ✓ QR-Code: um sistema semelhante ao (criação, atendimento e mídia).
trar em um shopping é identificado e código de barras, que por meio da câ- Leonardo Xavier, diretor geral da
recebe promoções via SMS. mera pode ler informações. Muito útil Pontomobi, diz que quando as
para promoção e ações de cupons.
✓ Ringtone: marcas estão criando ring- marcas fazem uma primeira ação
tones personalizados.
✓ Longo prazo: com o aumento da ou piloto tendem a repetir e pen-
banda (a 4G é duas vezes mais po- sar em mobile para suas próximas
✓ Advergame: game para celular e si- derosa que a internet via PC de hoje)
campanhas. “Se as empresas sou-
muladores. e a consolidação da TV interativa no
Brasil (que favorece as transmissões berem utilizar estes dispositivos
✓ Podcast: para MP3 Players, como o móveis), o mobile marketing será como ferramentas de marketing
iPod. ainda mais favorecido. de forma relevante e não-intrusi-
va, as chances de ter sucesso são

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INFORMAÇÕES NA TELINHA

Fonte: QualiBest e Ei Movil

grandes”, aposta Fábio Zucchetto, trabalha com banners no portal que já desenvolveu ações B2B para
consultor de negócios da Zartana. Tim Wap desde 2006. celular, vê o aparelho como opor-
Entre as operadoras de telefonia, No intuito de envolver ainda mais o tunidade para gerar marketing de
a Tim está atenta a todas as opor- cliente, empresas de mobile desen- relacionamento, não publicidade.
tunidades do mercado. A empresa volvem estratégias diferenciadas, co- “Posso usar o celular para enviar
acredita que ações de mobile mar- mo a Yavox, que criou a comunidade um SMS ao cliente com o cronogra-
keting representam um promissor Plantão Mobi, uma audiência móvel ma das obras do seu empreendi-
canal de mídia. Mas faz um alerta: que permite o relacionamento diário mento. Mas não concordo com a
é necessário disciplinar o mercado com os usuários. Atualmente, a em- elaboração de campanhas ou estra-
para evitar o crescimento rápido e presa possui 630 mil assinantes. A tégias específicas para o celular. O
acabar desvalorizando-o. A Tim já Supportcomm orienta seus clientes aparelho tem limitações em relação
em todos os aspectos da elaboração ao computador, começando pela
mobile marketing

de uma campanha: solicitar a permis- tela, que é muito pequena. Talvez o


são do consumidor antes de enviar único que ainda possa correspon-
mensagens, cobrança pelo uso das in- der às expectativas desse mercado
teratividades (usuários ou empresa é o iPhone”, explica Rafael Rossi,
patrocinadora), atenção aos dados de- gerente de marketing institucional
mográficos da base de usuários para da construtora.
enviar mensagens rele-
vantes e compatibili- RECEPTIVIDADE E DÚVIDAS
dade técnica com a Mas e quanto ao foco principal da
“Assim como a
internet no passado, miríade de aparelhos estratégia, o consumidor? Será que ele
celulares em opera- está preparado para essa nova mídia?
especial

o mobile marketing
não veio para ção. O instituto Qualibest, em parceria com
substituir as mídias Mas há quem a Ei Movil, especializada em marketing
tradicionais, mas ache precipitado e entretenimento interativo, realizou
agregar.” pensar em mobile uma pesquisa via SMS com 554 usuá-
Flavio Rezende, marketing como rios de telefones celulares na cidade de
da DPZ mídia promissora. São Paulo e constatou que 66% apóiam
A Rossi Residencial, a propaganda feita por meio dos dispo-

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quer ser visto de for-
“Acredito que o ma única, e o mobile
conservadorismo marketing permite
das mensagens esta visão mais
de texto evoluirá intimista. Por isso,
para aplicativos e acreditamosnarecep-
conteúdo interativo tividade positiva des-
à medida que as te tipo de mídia”,
empresas obtiverem aposta Rezende, da
resultados positivos
DPZ. Oliveira, da
com o canal.”
Ogilvyone Brasil,
Heloísa Ticianelli, acredita que a aceita-
da Evermedia
ção da publicidade e
do marketing via ce-
lular será muito mais abrangente e rá-
pida se comparada ao que ocorreu
com a internet comercial há dez anos.
“O brasileiro adora celular e televisão.
Por isso, dá pra imaginar o que poderá
ser feito para marcas quando o 3G es-
tiver popularizado e os canais de TV ti-
verem um vasto acervo disponível para
estes aparelhos.”
Entretanto, existem obstáculos a
sitivos móveis. Mostrou também que
serem superados. Um deles é o aces-
71% acreditam que essa abordagem
so ao telefone celular. Segundo a
estimula os consumidores a buscarem
Anatel, 80,95% dos aparelhos habili-
mais informações sobre o conteúdo
tados são pré-pagos contra 19,05%
das mensagens. Cerca de 70% dos pes-
dos pós-pagos, o que dificulta o aces-
quisados preferem receber promoções,
so a tecnologias como Wap,
13% escolheram as informações e
Bluetooth e wireless, e conseqüente-
12% optaram pelas novidades de pro-
mente, ações interativas mais elabo-
dutos e serviços. “O consumidor hoje Tela do Wap Vivo com a caixa de busca do Yahho
radas. “As operadoras ainda cobram
e banners promocionais
muito caro por esses serviços”, refor-
ça Perrone, da Giovanni. Saad, da
Sulamérica, concorda. “O custo é nando o sistema mais rentável.
muito alto tanto para disparo de Ao contrário do que acontece na
SMS como para internet ou mala direta, o celular se
mobile marketing

exposição de mí- depara com outra barreira: a restri-


dia segmentada. ção ao volume de informações dispo-
“O celular, que já Quando o celu- nibilizadas e a impossibilidade de
tem forte presença ousar em termos gráficos e criativos.
lar for massifica-
no Brasil, vai
do, o mobile Para compensar, as empresas apos-
ganhar ainda mais
importância na marketing ficará tam no cross-media (que combina
medida em que mais acessível.” mídia impressa ou televisiva com
tivermos uma Em contrapartida, SMS ou internet com ligações, web-
modernização dos o crescimento movel e SMS) e ações virais (com in-
aparelhos e de banda da utilização do ternet, SMS e voz). Ao fazer o cliente
(3G), que permitirão VAS (serviços transitar por vários canais pode-se
especial

amplo acesso à de troca de da- distribuir informações e mudar a for-


internet, visualização dos) facilitará no ma com que são abordadas.
de canais de televisão aumento dos Marcus Tavares, diretor de servi-
e interação com ços ao cliente da Sun MRM, do gru-
gastos mensais,
outros conteúdos.”
até mesmo para po McCann, confirma que as
Gustavo Reis, os assinantes empresas estão utilizando a mídia
da Tecnisa
pré-pagos, tor- móvel como parte integrada a uma

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campanha macro. Para ele, a inova-
ção está na complementaridade com
outros meios. Moacyr Netto, diretor
de criação da DM9, ressalta: “Trata-
se de uma mídia efetiva e que pode
se somar ao que fazemos na TV, mí-
dia impressa, rádio, internet ou qual- “Mercados
quer outra iniciativa. A Sulamérica é mais maduros
uma das que aderiu à estratégia e apresentam
soube fazer um link entre o celular e resultados melhores
as outras mídias (ver box cases de e mais criativos,
mas em quase todo
sucesso). Mas há controvérsias. Para
o mundo a curva é
Heloísa Ticianelli, gerente de mar- de crescimento e
keting e negócios da Evermedia, a sucesso.”
melhor estratégia é pensar no dispo-
Leonardo Oliveira,
sitivo como um canal próprio. da Ogilvyone Brasil
“Adaptar campanhas de outros ca-
nais, só para garantir a presença mó-
vel é um equívoco enorme. O pode ser motivo de desvalorização cada operadora pode ser determi-
consumidor e a empresa vão sair do canal. Da mesma forma que o nante para reter ou afugentar os
frustrados. O primeiro porque não mobile marketing proporciona o clientes. O desafio é engajar o con-
vai ser surpreendido com nada além contato direto dos anunciantes com sumidor ao invés de interrompê-lo.
do que já o impactou em outros seus clientes, existe o risco de satu- Daí a importância do opt-in, a per-
meios. O segundo porque não vai ração da comunicação no celular. missão para o envio de conteúdo pelo
apurar benefícios”, defende. Para Garcia, da Mobx, a política de celular. Para qualquer relacionamento
O uso indevido da mídia também gestão dos espaços publicitários de digital (web ou mobile) é fundamental

EMPRESAS DE MOBILE MARKETING


EMPRESA O QUE OFERECEM AÇÕES PARA CELULAR PRINCIPAIS CLIENTES APOSTAS SEGMENTOS

Hands Internet e publicidade móvel. Sites Desenvolvimento e Petrobras, Itaú, Recursos ligados ao Setor
móveis, SMS e mobile advertising manutenção de sites móveis e Bradesco, Fiat, Android automobilístico e
(comercialização do espaço publicitário mobile advertising Volkswagen e bancário
em sites móveis) Sulamérica

Mobx Sites móveis, SMS, Wap e soluções de Campanha promocional para Unibanco e IBM Recursos ligados Empresas de bens de
interatividade (web2cell, aplicativos bancos e de relacionamento à internet móvel, consumo duráveis e
text2callme, quiz e anúncios interativos B2B tecnologia 3G e não-duráveis
com QR Code) iPhone

Okto Sites móveis, SMS, Wap, SMS binário, Boiada Toddy, Geladeira Skol, Não divulgou Soluções com Empresas de bens de
Bluetooth, códigos 2D, mensagens de Ace Show de Brancura e Portal interação mais consumo duráveis e
voz e aplicativos em Java Brascan dinâmica não-duráveis

Pontomobi Mobile Advertising, Bluetooth marke- Projetos de mobilidade e Motorola, Sprite, Crescimento de Setor
ting (envio de conteúdos multimídia interatividade envolvendo Bohemia, Shopping mobile advertising automobilístico,
para celulares) e Mobile Marketing SMS, MMS, voz, web móvel, Center Norte, Fiat, e mobileTV bancário e de
(ações interativas e integradas utilizan- Bluetooth, aplicativos e Bradesco, Tim, Reach telecom
do ferramentas de mobilidade) downloads de conteúdos e Abyara

Supportcomm Internet e publicidade móvel; envios de Ações promocionais, Claro, Academia A popularização da Varejo, serviços e
SMS e torpedos de voz; interatividade de aquisição, retenção, Bioritmo, Morumbi internet móvel empresas de mídia
por SMS e portal de voz; Bluetooth; promoções de vendas, Shopping, CNA, Rádio
códigos de barras e 2D geração de tráfego em lojas, Energia 97
envio de informações sobre
produtos e serviços

Yavox M-Publisher (plataforma em que Sorteios, promoções e Rede Globo, Microsoft, Novo padrão Editoras, provedores
empresas de conteúdos colocam projetos mais complexos de Grupo Abril, RBS, específico para e empresas de TI
suas ofertas para vendas on-line de mobile Editora Escala e IG mobile marketing
mobile marketing), canais de notícias
patrocinadas e brindes eletrônicos

Zartana Solução corporativa para planejamen- Disparos transacionais (confir- Volkswagen, Dell Navegação web, Bancos, administra-
to, execução e mensuração de resulta- mações de compra, gastos com Computers, Nokia, continuidade do doras de cartões de
dos de campanhas de marketing direto cartões de crédito) e avisos Renault do Brasil e O SMS, serviços de lo- crédito, montadoras,
e de relacionamento por meio de SMS promocionais, games, quizzes, Boticário calização baseados empresas de tecno-
leilões via SMS, entre outros na tecnologia 3G logia, vestuário

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‘Sim, eu adoro este conteúdo e vou fi-
car muito feliz em acessá-lo como um
oferecimento da marca tal’”, afirma
Garcia. Cláudia Pires, gerente de mar-
“Fizemos uma ação keting da marca Toddy, do grupo
para uma das maiores Pepsico, concorda. “O importante é
financeiras do País que que a mensagem seja curta, criativa,
precisava falar com sua direta e gere impacto no consumidor,
base de colaboradores.
Como muitos ficavam
na rua e sem acesso ao
computador, o SMS foi
MARKETING
decisivo para que as
mensagens chegassem Mídia móvel X
ao destinatário em
tempo real.”
canais tradicionais
Marcus Tavares, ✓ É o único meio de mídia pessoal já
da Sun MRM disseminado.
✓ Possibilidade de personalização da
mensagem aliada à localização física
se estabelecer a comunicação com o caso de ações de SMS, um projeto se- do cliente.
consumidor apenas se ele autorizar, quer é aprovado pelas operadoras se ✓ Meio de mídia permanente, pois
pedir ou quiser. Combinando interes- não tiver estes dispositivos expostos de está com o target o tempo todo.
se, relevância e oportunidade, cons- maneira clara e objetiva. “Temos de ✓ Mobilidade para alcançar o públi-
trói-se uma conversa consistente com trabalhar para que o opt-in, ao invés de co-alvo em todos os lugares.
o cliente. Não respeitar esses preceitos ser ‘Sim, eu quero ser interrompido por
✓ Estimula o target a realizar uma ação
básicos é a ruína para a relação. No propaganda da marca tal’, passe a ser no momento em que estão sendo im-
pactados pela mídia.
✓ Relacionamento direto com o clien-
EMPRESAS ANUNCIANTES te considerando seus costumes e ne-
cessidades.
EMPRESA AGÊNCIAS AÇÕES DE DESAFIOS APOSTAS
MARKETING ✓ Permite segmentação real.
Ford JWT e Lançamento do Adequar os conteú- Somar conteúdo ✓ Mensuração dos resultados da ação
Wunderman novo Ford Ka dos da comunicação pertinente às tecno-
aos diferentes tipos logias da telefonia a qualquer momento, permitindo en-
de tecnologia dispo- móvel tendimento e correção de rota e de
níveis foco, conforme necessidade identifi-
Pepsico Não conta Promoção Boiada Não utilizar os dispo- Apostar na criativida- cada durante a ação.
com agência Toddy sitivos móveis apenas de dos profissionais
para projetos para enviar mensa- para compensar ✓ Complementa a comunicação de
mobile marketing

mobile gens sem conteúdo fatores como o atraso marketing estendendo as campanhas
interessante e/ou tecnológico
relevante ao consu- para novas mídias.
midor
✓ As empresas podem utilizar a estra-
Rossi Não conta Disparo de SMS para Tornar o celular tão Aplicação de banda tégia do pay-as-you-go: paga-se ape-
Residencial com agência corretores terceiriza- eficiente quanto larga nos aparelhos nas pelo resultado.
para projetos dos com informações computador como celulares
mobile sobre empreendi- mídia de marketing
mentos ✓ A oportunidade gerada pelos dispo-
sitivos móveis combina a abrangência
Sulamérica Sun MRM, Projetos-piloto Custo e uso indevido Cross-media (inserir de um meio de comunicação de massa
Hands e focando iniciativas do canal (spam, inva- outros canais à mídia
Pontomobi segmentadas são de privacidade) celular) com a assertividade do marketing di-
reto.
Tecnisa Mídia Digital Envio de SMS com Adequação da men- Modernização dos
informações sobre sagem, pertinência aparelhos e da inter- ✓ A mídia celular pode ser inserida
especial

agendamento de do conteúdo e conhe- net 3G, visualização dentro de qualquer estratégia, desde
visitas aos empreen- cimento do perfil do de canais de televisão
dimentos, eventos, cliente e interação com o lançamento de um produto até uma
datas importantes e outros conteúdos campanha promocional.
ações voltadas à venda
de imóveis ✓ Interatividade proporcionada pelas
Unilever F.Biz e JWT Ações por SMS para Elaboração de proje- Obter um controle
ações chamadas de call-to-action, que
Seda Teens, com a par- tos em parceria com dos clientes que permitem a participação do cliente
ticipação da Nokia operadoras de celular mudam o número do em enquetes, pesquisas, sorteios e
envolvendo SMS, celular
MMS, 3G e música promoções.

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AS TECNOLOGIAS
no mercado e, portanto, mais um campo
Spam para a publicidade móvel.”
Marco Garcia, da Mobx: “Saber respeitar a
privacidade do usuário e não criar mais um Marco Garcia, da Mobx: “Todos os apli-
meio de spam é o mais importante de tudo. cativos ligados à internet móvel serão
Se o segmento for invadido, não adianta importantes para garantir a inclusão digi-
trabalhar com nenhuma solução criativa, ou tal, já que grande parte dos usuários de
nova tecnologia, porque já estará queima- celular não está na internet convencional.
do com o usuário e com o anunciante”. O celular ocupará uma faixa significativa
de interatividade web, ainda mais com os
Fábio Zucchetto, da Zartana: “As opera- recursos gerados pelas tecnologias 3G e
doras já contam com dispositivos de apro- tipo iPhone.”
vação de projetos e controle sobre o envio
de mensagens para seus clientes, onde Fábio Zucchetto, da Zartana: “A fronteira
multas pesadas podem ser aplicadas no entre web e mobile será cada vez mais tê-
caso de descumprimento. Não é necessá- nue e o cruzamento das mídias já está co-
rio dizer que esta prática é extremamente meçando a acontecer. Neste novo cenário,
maléfica e condenável por todos os que muitas aplicações, e mesmo os hábitos de
trabalham com marketing via celulares”. uso de celulares, vão se tornar obsoletos e “Há toda uma curiosidade por se tratar de
veremos cada vez mais uma convergência algo inovador e interativo. Quando pensada
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Diferen-
entre web, TV digital e telefonia móvel. Os criativamente, as campanhas surpreendem e
temente da internet, onde a rede não tem
dono, em mobile quem controla são as ope- aparelhos já estão se tornando pequenas envolvem os consumidores.”
radoras. Logo, elas conseguem saber tudo centrais de comunicação multimídia.”
Leonardo Xavier,
que é trafegado. Sendo assim, para que da Pontomobi
qualquer SMS seja enviado, é preciso cone- iPhone
xão e contrato com as operadoras. Abusos Fábio Zucchetto, da Zartana: “Divisor de
são facilmente e rapidamente identificados águas - o primeiro aparelho a se tornar ob- para que ele lembre-se da marca de
e os responsáveis, punidos”. jeto de desejo pelas funcionalidades, por forma positiva e não como invasão de
Roberto Müeller, da Okto: “Diferente do ir além do celular, com grandes toques de privacidade.”
e-mail, o envio de SMS segue políticas rígi- inovação. O iPhone com certeza está obri- Rafael Rossi, da Rossi, acha que,
das que impedem o mau uso do canal, com gando os fabricantes tradicionais a aban-
donar paradigmas antigos e repensar suas mesmo com o opt-in, o envio de SMS
ações de envio de mensagens indesejadas. de uma empresa é invasivo e pode
Entidades como a Mobile Marketing Asso- estratégias.”
ciation (MMA) devem reforçar a aplicação gerar frustração, principalmente se a
Fátima Pissarra, da Nokia: “É um aparelho pessoa estiver esperando alguma
destas políticas para preservar o canal.”
convergente que contribui para mobile ad-
Fátima Pissarra, da Nokia: “É importante vertising, assim como outros modelos do
mensagem pessoal. “Por essas e ou-
que este tipo de mensagem enviada para mesmo tipo já disponíveis no mercado.” tras, preferimos atingir o cliente por
celulares por SMS, Bluetooth ou MMS não outros meios.”
se transforme no que é hoje a dissemina- Leonardo Xavier, da Pontomobi: “O pa-
ção de spams por e-mails.” pel mais importante do iPhone foi esta-
RESISTÊNCIA PESSOAL
belecer um novo padrão para os celulares
Outro fato que chama a atenção é
3G que privilegia acesso à internet móvel e in-
terface simples. Para a publicidade móvel é que muitos clientes não sabem utili-
Roberto Müeller, da Okto: “Tecnologia um movimento fantástico, pois saímos do zar devidamente seus aparelhos e
fundamental para otimizar a experiência limitado SMS para interfaces muito mais
do usuário com soluções mais dinâmicas, desconhecem as funcionalidades.
ricas e amigáveis.”
favorecendo, por exemplo, interações via Segundo pesquisa da Frost & Sullivan,
sites móveis.” Roberto Müeller, da Okto: “A Apple mais uma proporção significativa de assi-
Fátima Pissarra, da Nokia: “Importante uma vez revolucionou o mercado e, além nantes de serviços móveis ainda ig-
para disponibilizar vários serviços de ce- de lançar um novo objeto de desejo, mu- nora os recursos oferecidos por seus
lular, com maior velocidade e custos mais dou o paradigma do acesso a conteúdo telefones. Muitos usuários acham
baixos. Aumentando o uso e dando aber- digital via telefonia móvel, com uma inter-
face simples e intuitiva.” que é difícil procurar pelos conteú-
tura para mobile advertising.” dos que desejam, especialmente nos
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Com Alberto Leite, da Supportcomm: “Foi portais Wap. “As operadoras deve-
a popularização dos celulares de terceira necessário o iPhone para que a web mó- riam realizar esforços coordenados
geração observaremos uma explosão na vel começasse a ganhar o interesse do
público. Mas, mesmo sem muita atenção, no sentido de educar os consumido-
internet móvel. Será a primeira experiência
gradualmente já estava sendo construída res finais sobre os recursos de seus
digital para milhões de pessoas e as mar-
cas deverão correr para ter uma presença uma rede de sites com conteúdo relevante aparelhos e tornar seus portais mais
consistente nesse novo ambiente. Com a para acesso pelo celular. Estas tecnologias fáceis de usar. Desse modo, alguns
transmissão de dados em alta velocidade, são importantes para a explosão no uso de não usuários poderão começar a usar
a mobile TV também se tornará realidade websites móveis e publicidade para eles.”
serviços de conteúdos, ampliando

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AS TECNOLOGIAS
dade de incluir recursos multimídia em men-
SMS sagens curtas é uma evolução natural do
Marco Garcia, da Mobx: “É a principal ferra-
serviço de SMS. Porém, complicadores como
menta de interatividade, promoção, relacio-
falta de interoperabilidade entre operadoras,
namento e alertas do mobile marketing, fácil
aparelhos habilitados a receber estas men-
de usar e já incluso na cultura no brasileiro.”
sagens e preço alto, acabam por dificultar a
Marcus Tavares, da Sun MRM: “Oferta via adoção desse serviço.”
SMS é o mais comum. O problema é que
Rosana Fortes, da Hands: “As mensagens
está acontecendo como no e-mail, listas de
MMS com conteúdo multimídia ainda pos-
celulares estão circulando e as pessoas rece-
suem muitas restrições já que a maioria
bendo spams.”
dos aparelhos não está capacitada para
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Se a recebê-las.”
intenção é cobertura e falar com o maior
número possível de consumidores, SMS é Bluetooth
a ferramenta mais indicada. É importante Marco Garcia, da Mobx: “Importante para
lembrar que não se deve pensar SMS como falar com o público, principalmente nos lo-
simples mensagem de texto, mas como um cais onde não temos a autorização do cliente
“Como já acontece na publicidade em meios meio absolutamente interativo. Logo, em (opt-in), porém precisamos tomar cuidado
tradicionais de mídia, o mercado brasileiro vai um SMS é possível ter acesso a site móvel, para que esta ferramenta não seja identifica-
ser desenvolver e destacar pela criatividade nas tornar anúncios mais interativos e engajar da como uma invasão de privacidade. Neste
ações mobile rapidamente.” o consumidor em torno da marca.” caso, cabe a agência de mobile marketing ter
critérios e ética para indicar a seus clientes o
Marco Garcia, Fábio Zucchetto, da Zartana: “Do ponto uso correto desta ferramenta.”
da Mobx de vista do usuário, a possibilidade de en-
viar e receber mensagens substitui muitas Marcus Tavares, da Sun MRM: “Em um
vezes ligações e torna a comunicação mais evento ou convenção existe um totem ou
sua penetração,” diz o analista de
prática e rápida. Para as empresas, é uma quiosque onde o usuário que tiver um apa-
pesquisas da consultoria, Andrés excelente ferramenta para alertas, promo- relho com Bluetooth pode receber conteú-
Sciarrotta. ções, informações, além de ser mais um do e ofertas, também utilizado com mídia
Uma das apostas do setor de mobile canal de comunicação com seus clientes. exterior.”
marketing é a tropicalização das estra- Mesmo com a ampliação de cobertura 3G, Roberto Müeller, da Okto: “Solução de in-
a adoção de SMS não deve diminuir.” teratividade que permite a entrega de con-
tégias. O mercado brasileiro tem como
tradição buscar referências nos Estados Roberto Müeller, da Okto: “Ainda é a base teúdos diversos in loco, de forma simples.
Unidos, na Europa e na Ásia. A ques- da maioria dos projetos em mobile marke- Apresenta diversas vantagens, mas exige de
ting porque se destaca como a única solu- todos - provedores, agências e clientes - um
tão é que nem sempre estas funcionam ção com praticamente 100% de penetra- claro entendimento de suas especificidades.”
para o consumidor brasileiro. “O Brasil ção na base de celulares do Brasil.” Fábio Zucchetto, da Zartana: “Sem dúvida,
tem uma legislação diferente, regras Fátima Pissarra, da Nokia: “Importante para o Bluetooth é muito útil, porém seu uso in-
diferentes para operadoras, níveis dife- o mobile advertising no momento que o clien- discriminado como ferramenta de marketing
rentes de adoção de tecnologia e pre- te tem um opt-in claro e fácil de cancelar.” pode ser inconveniente. Além disso, a partir
do momento em que os aparelhos puderem
ços para o consumidor final. É essencial Rosana Fortes, da Hands: “Penetração de se comunicar por meio de outros protocolos
mobile marketing

que estes aspectos sejam considera- 100% na base de usuários. É a ferramenta mais (como wi-fi), seu uso deve cair.”
dos, além do perfil de uso do apare- difundida e utilizada pelo mercado móvel.” Leonardo Xavier, da Pontomobi: “O princi-
lho”, avalia Zucchetto, da Zartana. MMS pal benefício do Bluetooth é a entrega gra-
Mas a adequação do modelo exter- tuita de conteúdos multimídia. Logo, torna-se
Marco Garcia, da Mobx: “Produto ainda uma rede paralela às operadoras para entrega
no ao perfil do brasileiro parece ser a de nicho, mas complementa ações de inte- conteúdos e, obviamente, publicidade.”
alternativa mais apropriada. A tecno- ratividade mais sofisticadas.” Fátima Pissarra, da Nokia: “Importante, pois
logia, por exemplo, é padrão global, Roberto Müeller, da Okto: “Hoje não há possibilita a aplicação de mobile advertising
mas, segundo Garcia, da Mobx, ape- modelo comercial para o uso de MMS em sem uso da rede de dados da operadora. Mas
nas a maneira de vesti-la será dife- projetos de mobile marketing.” é fundamental ressaltar que é melhor termos
rente. “Cabe às empresas saberem as duas opções: via operadora de telefonia e
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Ainda não
troca de dados via rede sem fio.”
explorar as inovações tecnológicas é realidade do mercado nacional, mas abre
especial

Rosana Fortes, da Hands: “Há usuários


de acordo com o perfil do seu clien- um campo enorme de possibilidades para pu-
que não sabem ativar o Bluetooth, além de
blicidade. O Grand Prix de Media em Cannes,
te”, diz Saad, da Sulamérica. aparelhos com o recurso de recebimento de
esse ano, era baseado em um serviço MMS.
Um dos impasses é que algumas arquivos via Bluetooth bloqueado. O recurso
A Nike acabou de lançar um serviço fantásti-
tendências podem demorar a desem- só deve ser usado em campanhas que con-
co, o NikePhotoID que também utiliza MMS
templem um forte apoio de mídia off-line,
barcar no Brasil. A tecnologia 3G, (http://leonardoxavier.typepad.com/mobili-
além de promotores no local da ativação,
por exemplo, já largamente utilizada zado/2008/06/nike-photoid.html).”
explicando aos usuários como acionar o dis-
em outros países, aqui ainda é novi- Fábio Zucchetto, da Zartana: “A possibili- positivo em seu aparelho.”

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dade. Uma forma de compensar esse
AS TECNOLOGIAS entrave é abusar da criatividade para
que podem acessar a web via conexões sem explorar a mídia, tarefa fácil para o
WiMax fio são cada vez mais comuns. Esta funcionali- profissional brasileiro.“Acreditamos
Fábio Zucchetto, da Zartana: “A idéia de se ter dade amplia o escopo de uso destes aparelhos nas campanhas direcionadas para
uma rede sem fio extensa pode ser ultrapas- e, com certeza, contribuirá para o crescimento
sada pela 3G. Se você puder acessar a web em nosso público, independente se se-
da adoção de aparelhos 3G.”
lugares remotos por meio de sua conexão 3G, rão modelos asiáticos ou america-
Roberto Müeller, da Okto: “Recurso já dis-
não faz muito sentido o investimento pesado
ponível em diversos aparelhos top de linha. nos. O que importa é que a estratégia
na implementação de redes WiMax.” possa emplacar aqui”, diz Perrone,
É mais uma solução para conexão móvel que
Marcus Tavares, da Sun MRM: “Ninguém só vem reforçar o potencial de interação do da Giovanni. „
sabe ao certo o que será regulamentado pela mobile marketing.”
Anatel, mas sem dúvida representa um risco
Fátima Pissarra, da Nokia: “Facilita a trans-
para as operadoras atuais, pois permite a en-
trada de novos concorrentes e a canibalização
ferência de dados, que inclui a navegação na TECNOLOGIA
internet.”
dos serviços atuais. Imagina instalar o Skype
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Como
NOS CELULARES
no celular que possui acesso via WiMax e ligar
usando VoIP. Nesse caso, ganha quem for dona WiMax, democratizará acesso à telefonia.”
da rede WiMax e não a de celular.” Rosana Fortes, da Hands: “É cada vez maior Motorola
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Cada vez o número de modelos de celulares com cone-
APLICATIVOS
mais teremos dispositivos wi-fi e com redes xão Wi-Fi. A possibilidade de navegar na inter-
net, usar o MSN e fazer ligações pelo Skype e Mobile Payment, QR-Code, LBS, Blue-
WiMax o acesso será aberto, rápido e com tooth, Wap, SMS, vídeos, ringtones e
alta cobertura.” similares sem custo é realmente um grande
apelo para o usuário decidir trocar seu apare- wallpapers
Fátima Pissarra, da Nokia: “Traz os mesmos
lho por um outro que tenha conexão Wi-Fi.” MOBILE MARKETING
benefícios de 3G, mas com maior velocidade
Campanhas para marcas de David
e abrangência.”
Rosana Fortes, da Hands: “Uma tecnologia
Android Beckham e Fergie envolvendo ring-
Fábio Zucchetto, da Zartana: “Fundamental tones até mensagens para saudação
de rede sem fio que permite uma cobertura da caixa postal e protetores de tela e
bastante ampla, com até 70 km. Pode-se ima- para o enriquecimento de aplicações para
dispositivos móveis. Um SO aberto, com a wallpapers
ginar que ela tome o lugar do Gprs/Edge que
as pessoas têm usado hoje nos notebooks.” chancela do Google, deve trazer um forte
impacto no desenvolvimento de aplicações
Wap e serviços para celulares.” Nokia
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “O Google
Fábio Zucchetto, da Zartana: “Com o 3G, as APLICATIVOS
sabe que mobile será uma plataforma funda-
aplicações Wap podem perder seu lugar para Acesso de dados, 3G, 5G e Wimax.
mental para extensão de seu negócio e vem
aplicações web. A partir do momento em que SMS, tocador de música, vídeo e ser-
adquirindo diversas empresas deste setor.
seu celular pode se conectar à web e navegar, viços de navegação R11
Com Android, busca estimular o desenvolvi-
as aplicações Wap perdem seu posto de proto-
mento de aplicações para o mercado e, con-
colo de navegação em dispositivos móveis.” MOBILE MARKETING
seqüentemente, também exercer um papel Aplicações de mobile advertising,
Leonardo Xavier, da Pontomobi: “Ficou es- dominante como já tem na web.”
tigmatizado em 99/2000 como algo lento, como banners nos sites Wap
Fátima Pissarra, da Nokia: “Plataforma em
ruim e caro. Hoje em dia isso já não é verdade.
desenvolvimento que pode contribuir para
Mais de 10 milhões de pessoas acessam Wap
mobile marketing

a indústria de celulares.”
de seus celulares e há possibilidade de desen-
volvimento de mobile sites com ótima nave- Rosana Fortes, da Hands: “É uma platafor-
Samsung
gabilidade, layout e interatividades.” ma para celular que vem com objetivo de APLICATIVOS
facilitar, e muito, a criação de aplicativos para Wap, SMS, MMS, shot code e games
Roberto Müeller, da Okto: “Esse protocolo
os celulares que vierem com o mecanismo
de comunicação ganhou novo vigor, graças
instalado. A Hands poderá pensar na criação MOBILE MARKETING
aos aparelhos e tecnologias modernos que
de uma grande variedade de aplicativos que Envio de mensagens com promoções
tornam mais dinâmica a interação com por-
integrem o serviço da sua plataforma com as e serviços.
tais e sites móveis.”
facilidades/recursos do Android.”
Fátima Pissarra, da Nokia: “Muito importante
para mobile advertising, uma vez que, no Brasil
temos um grande mercado de celulares com
GSM Vivo
Fátima Pissarra, da Nokia: “É importante, na
Wap e estamos começando a vender mobile medida em que a grande maioria dos celulares APLICATIVOS
especial

advertising nestes canais.” utilizados no mundo tem esta tecnologia.” SMS, Wap, links patrocinados, ringto-
Rosana Fortes, da Hands: “A web de bolso per- Leonardo Xavier, Pontomobi: “Tecnologia nes, links no SIM Card (Vivo Chip)
mite criação de sites com recursos gráficos e mui- já predominante no mundo e no mercado
to conteúdo! É essencial que toda marca (todo nacional.” MOBILE MARKETING
produto/serviço) tenha sua presença mobile.” Campanha com a Fiat (banners e links
Rosana Fortes, da Hands:“A grande parte dos
no Vivo Wap), projetos-pilotos com O
celulares que conhecemos que usam SIM card/
Wi-Fi chip são GSM. Ou seja, o número do celular não
Globo, Itaú e Seda Teens
Fábio Zucchetto, da Zartana: “Dispositivos está preso ao aparelho, mas sim ao chip.”

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experiência Marcos Fabio Mazza

A inovação como estratégia


competitiva
Produtos inovadores não só atendem a uma demanda latente como mudam
hábitos e aceleram as vendas

inovação em produtos, quase que direta- la. A redução vem pela

A mente oposta a Excelência Operacional,


exige um departamento de P&D (Pesquisa
e Desenvolvimento) forte, complementado pela
otimização das instalações e au-
mento da capacidade de pro-
dução instalada.
Marcos Mazza é PMO do Projeto VMI da Supply
Chain Operation Brazil. E-mail: marcos.mazza@
syngenta.com.br
promoção e propaganda. Outra característica é a
necessidade de um sistema de distribuição abran- TELEFONES CELULARES
gente: quanto mais portas abertas divulgando a Quantos novos aparelhos entram no mercado a
inovação, maiores serão as vendas. cada ano? Se antigamente o diferencial era fazer o
Entre as empresas que se encaixam neste perfil melhor no que ele se propunha (fazer e receber li-
(aparentemente), a primeira que vem à cabeça é a gações), hoje está nas outras funcionalidades aco-
indústria farmacêutica de grande porte – a cada ano pladas. No início, a Ericsson dominou o mercado
são lançados novos medicamentos e o investimento de celulares, pelo desenvolvimento da tecnologia e
em pesquisa para o desenvol- se especializou no processo de telefonia celular, lu-
crando, nos primeiros anos, com a inovação e, pos-
Hoje não vimento de novas substâncias
teriormente, na excelência em custos frente aos
é alto. Como as patentes pos-
somos limitados suem uma vida de no máximo competidores. Até que foi ultrapassada e vendida
dez anos, precisam ter lança- para a Sony. Já a Motorola não era especialista em
pelas mentos constantes para manter telefonia, mas sim em radiocomunicação, com a
forte aceitação da telefonia celular pelo mercado, a
oportunidades a rentabilidade do negócio, até
mudança foi rápida e altamente rentável.
que um genérico apareça. A
de mercado. inovação acaba sendo a razão Mas para competir neste mercado, no qual o pre-
do sucesso desta indústria, afi- ço não é o fator de decisão, somente com o lança-
Somos nal produtos novos têm preço mento contínuo de novos modelos a conquista seria
limitados maior até serem copiados. possível. Competir em custos quanto à tecnologia
não era o caminho. Mas sim criar novos aparelhos
pela nossa Outro ponto importante: nos quais os acessórios seriam os grandes diferen-
existe uma diferença enorme ciais: como música, câmara fotográfica digital, in-
imaginação em produtos inovadores e ex- ternet e muitos outros.
tensões de linha. Os inovado-
(C. K. Prahalad). res atendem a uma demanda
Retornando ao raciocínio anterior: o celular foi
uma inovação de produto, atualmente cada lança-
latente e suas vendas crescem proporcionalmente a
mento feito por uma empresa de telefonia móvel é
necessidade não atendida dos consumidores. O se-
uma extensão de linha, que o diferencia dos concor-
gundo tipo apenas aumenta uma pequena fatia de
rentes, porém sem agregar maior valor ao mercado.
clientes. Por exemplo, o creme dental Sensodine
Atualmente existe uma necessidade latente dos con-
para sensibilidade dos dentes é inovador, já o
sumidores de aprovação social e buscam isso na
Sensodine + Flúor é uma extensão. Os inovadores
aquisição das novidades (mais caras) e neste ponto
criam seu patamar de preço no mercado, enquanto
as empresas investem todo seu poder criativo.
as extensões não mudam o preço em vigor, somente
Resumindo a estratégia: buscar por meio de novos
influenciam na tomada de decisão. Os dois são cre-
produtos ou serviços a criação de um diferencial no
mes dentais e custam o mesmo preço, porém um
mercado e durante o período de lançamento, gerar
tem flúor o outro não.
aumento das receitas.
Extensões de linhas de produtos são ótimas opções
para maximizar a excelência em custos no processo
produtivo, nada vai mudar na produção, somente es-
tamos acrescentando mais um componente à formu-

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estratégia Eduardo Souza Aranha

O binômio relacionamento-
atendimento
A eficácia está em reconhecer a convergência entre ambos e administrá-los
com visões estratégicas diferenciadas

ara iniciar a discussão, podemos fazer uma ana- do target selecionado

P logia com a propaganda. Freqüência é, indiscu-


tivelmente, um dos fatores de sucesso para uma
peça publicitária, seja um comercial, seja um anúncio.
para a marca.
Ainda que se fale Eduardo Souza Aranha é presidente da Souza
muito sobre o valor do Aranha Comunicação Direta.
Em relacionamento, o fator chave é a seqüência. Assim cliente, poucas empre- E-mail: eduardo@souza-aranha.com.br
saímos do contato efêmero que ocorre no atendimento sas têm definidas as
para a gestão do relacionamento. Gerenciamos quan- métricas para avaliar o valor do público em longo
do podemos controlar a comunicação direta em uma prazo. A mensuração é fundamental, pois permite
seqüência de ações e contatos programados. Esta pro- analisar o impacto da estratégia de relacionamento
gramação depende do mapeamento correto da cadeia sobre o aumento do valor do público-alvo para a mar-
de contatos e da elaboração de ca. Se o público-alvo for clientes, quem mensura cor-
uma régua destinada a atingir as retamente sabe que é impossível se relacionar com
O grande finalidades de uma estratégia. toda a base. Neste caso, o compromisso é com a lu-
desafio do De forma geral, atendimento e cratividade dos clientes, ou melhor, com o aumento
relacionamento têm objetivos de contínuo desta com os que foram selecionados.
relacionamento é, marketing, características e di- Toda a base de clientes está sujeita a Lei de Paretto,
mensões distintas. O primeiro isto é, 80% do lucro provem de 20% destes. O fator
portanto, está orientado à satisfação do chave para o sucesso é a seleção e a identificação do
a implantação cliente. Sem limitações, isto é, grupo de clientes com os que se deve relacionar. A
está dirigido a todo público, in- conta de resultados em marketing de relacionamento
de estratégias distintamente. Pode ser até seg- fecha muito bem, se houver seletividade. Só podemos
mentado. Por exemplo, em um oferecer recompensas e privilégios, dentro desta ar-
de marketing callcenter, operando para um quitetura, se o selecionado gerar fluxo de caixa razoá-
orientadas cartão de crédito, há um grupo vel para a marca.
de clientes preferenciais e, suas Há outras diferenças entre atendimento e relaciona-
para aumentar, ligações identificadas, “furam” a mento. No primeiro, os investimentos tendem a ser
fila de espera. Todavia, ao se ana- mais centrado em pessoal e infra-estrutura, como har-
sistematicamente, lisar a estratégia global do tele- dware, software ou equipamentos de telecom. Em re-
o valor do marketing deste cartão de crédito, lacionamento, a tendência é investir na comunicação,
se verifica que toda a clientela como campanhas e peças orientadas por uma linha,
target selecionado base está contemplada, mesmo baseada no ciclo de vida do cliente, que se inicia ao
que haja políticas segmentadas. identificarmos ou atingirmos um suspect, ou seja, an-
para a marca. Quando uma empresa investe tes dele se tornar um prospect ou de ser convertido
em SAC, medirá o retorno pelos em cliente da marca.
índices de satisfação de seus consumidores. Relacionamento não existe sem atendimento, mas
Já o relacionemento está comprometido em criar vín- seu foco estratégico está em aumentar, sistematica-
culo permanente ou perene com determinado público- mente, o valor do cliente para a marca. Em uma ação
alvo, tem como estratégia aumentar o valor destes de vínculo, o callcenter funciona como seu alicerce
consumidores para a marca, independente de ser seu estratégico. A eficácia está em reconhecer a conver-
cliente ou não. Não o analisamos pela ótica específica gência entre ambos e administrá-los com visões estra-
da fidelidade, mas sendo mais abrangente por não li- tégicas diferenciadas.
mitar o público com o qual pretendemos nos relacio-
nar: clientes, prospects, canais de vendas, parceiros ou
colaboradores. O grande desafio do relacionamento é,
portanto, a implantação de estratégias de marketing
orientadas para aumentar, sistematicamente, o valor

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legislação SAC

Pode parecer
um furacão
Nova regra dos SACs estabelece
melhor atendimento aos clientes,
mas grandes desafios de adapta-
ção às empresas, começando pelo
aumento de custos
ma verdadeira revolução no inspirado no Conar,

U mercado de atendimento ao
cliente. As empresas terão até
dezembro para se adequar à nova lei
de publicidade. Mas a
nova lei pode levar a uma
multa de R$ 3 milhões aos in-
que regulamenta os SACs, assinada fratores.
no último dia de julho pelo presiden- O sinal veio do ministro Tarso
te Luiz Inácio Lula da Silva, que im- Genro: “esse é o momento da inver-
põem regras mais rígidas à atividade. são dos papéis; o cliente deixa de ser
Em Brasília, a partir de setembro, o objeto e passa a ser o sujeito da rela-
do not call começa a vigorar e o In- ção com os fornecedores, exigindo a
metro, junto com ABNT, começa a solução mais eficaz para sua deman-
preparar uma normatização. Essa da”. Poucos dias antes da assinatura
transformação começou a ser dese- do decreto, Genro criticou os callcen- para que fizesse mais sentido. Mas afir-
nhada pelos próprios executivos há ters, alegando experiência própria. Em ma que não houve nenhuma negocia-
pelo menos quatro anos, com a pro- entrevista à Rede Globo afirmou que ção após o fim das audiências públicas,
posta de auto-regulamentação, cujas havia passado o final de semana sem em julho. “O governo tem se mostrado
normas e regras geraram o Probare, celular: devido ao atraso no pagamen- ponderado e está aperfeiçoando a sua
to, o serviço foi cortado e o minis- visão sobre o assunto”, afirma.
tro não conseguiu falar com o SAC Mas a imposição das regras e infle-
da operadora no final de semana. xibilidade do governo está sendo
Com a nova lei, os SACs deverão contestada pela Associação Brasileira
funcionar 24 horas por dia, sete de Telesserviços, a ABT, que discor-
dias por semana. da em alguns pontos da lei, e busca
O prazo de adequação para negociações, apresentando o Probare
as empresas aumentou para 120 (programa de auto-regulamentação
dias – na proposta inicial feita da atividade), que está completando
pelo Ministério da três anos, como contrapartida. Em
Justiça eram ape- carta, divulgada antes do decreto,
“Encaro com muita nas 60. Segundo Jarbas Nogueira, presidente executi-
tranqüilidade. Cláudio Márcio vo da associação, aponta os itens que
É indiferente! A Tartarini, asses- precisam ser revistos. Enquanto a lei
sociedade decide sor jurídico da prevê capacitação do atendente com
como quer as as habilidades técnicas e procedi-
ABT, o governo
regras do jogo e nós
ouviu a socieda- mentais necessárias, Nogueira diz
obedecemos. Não se
discute, lei é para ser de e conse- que a especialização é necessária
cumprida!” qüentemente o para o bom atendimento e, por isso,
empresariado, “as transferências entre atendentes é
Agnaldo Calbucci,
presidente da Atento se sensibilizou e essencial”. O tempo de 60 segundos
adaptou a norma também é questionado, alegando-se

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México e regulamentação forte na Es-
A LEI DO SAC panha. É indiferente! A sociedade deci-
de como quer as regras do jogo e nós
obedecemos. Não se discute, lei é para
ser cumprida!”, afirma Agnaldo
Calbucci, presidente da Atento, empre-
sa líder no mercado de callcenter. Mas
também não deixa de fazer sua crítica:
“acho que não precisaria tanta regula-
ção, mas isso não cabe a mim, mas à
sociedade brasileira”.
Carlos Almeida, da Montana, apóia
a ação do governo e acredita que a lei
decorreu da incapacidade do setor de
negociar diretamente com o legislativo
e executivo para fazer normas mais
brandas. “O Probare deveria ser a nos-
sa regulamentação”, afirma. O execu-
tivo crê que a negociação ainda pode
O decreto está disponível para download no portal www.callcenter.inf.br acontecer e o setor deve se unir em de-
fesa do Probare. A Associação Brasileira
que a lei deve ser “adaptada à reali- ção da quantidade de transferências de Marketing Direto, a Abemd, tam-
dade dos diferentes serviços ou pro- limitadas e à obrigação, já no primei- bém apóia a ação do governo, mas, as-
dutos” e também deve levar em ro nível de atendimento, de geren- sim como Almeida, quer levar o
consideração a solicitação do cliente. ciar os cancelamentos, resultando no Probare para a discussão.
Entre as conseqüências desta lei é aumento do salário médio”, afirma. Vladimir Valadares, diretor da V2
possível que haja aumento de custos Para se adequar às novas leis, as em- Consult, aposta em novas estratégias
para os clientes. Tartarini reforça a presas terão de investir em infra-estrutu- geradas por essas modificações. “Com
teoria de que alguém terá de pagar: ra tecnológica e pessoas. No caso das a necessidade de crescimento das es-
“É um custo a mais e acaba repercu- URAs, a opinião de Marchiori é de que truturas, as empresas de terceirização
tindo na cadeia econômica de algu- aumente até 40% o volume total de li- serão beneficiadas comercialmente.
ma forma. Inclusive pode recair sobre gações encaminhadas para o operador
o próprio consumidor”, explica. Os e “muitos dos investimentos feitos em
empregos também entraram na dis- URA irão reduzir a própria margem de
cussão. Tartarini nega ter dito ao jor- benefício alcançada até então. Porém,
nal Folha de S. Paulo que poderia os clientes já educados a um atendi-
haver queda nos salários: “A redução mento eletrônico, bem mais rápido e
de salários é ilegal. A Folha falou isso com menos margem de erro humano,
com impropriedade”. Aponta que não irão abandonar a prática”, afirma.
deverá haver mais contratações para Ele acredita que o momento é de mu-
atender as novas demandas, geradas dança profunda: os novos investimen-
pelo atendente como primeira op- tos e treinamentos exigidos acarretarão
ção, o que trará custos. E quanto ao na mudança do modelo de negócio de
pagamento desses novos agentes de- forma radical, em preços e parâmetros.
penderá de cada empresa e de acor-
dos com os sindicatos trabalhistas. LUZ NO FIM DO “Não temos
Matteo Marchiori, diretor de ope- TÚNEL? essa cultura de
rações da Almaviva, também prevê Apesar das críticas, atendimento
aumento de custos: “Os ofensores de alguns empresários via ativo e já há
custo serão basicamente dois: pri- vêem pontos positi- uma posição
meiro, o crescimento horizontal do vos na nova regu- contrária, elaborada
serviço – podemos estimar um au- lamentação. “Encaro sem medir as
mento entre 30 e 40% no volume to- com muita tranqüili- conseqüências que
tal terminado no operador; depois, dade. Já convivemos pode trazer.”
surgirá a necessidade de maior quali- com o do not call nos Carlos Almeida,
presidente da Montana
ficação do atendente, devido à redu- Estados Unidos, no

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legislação SAC

impactará só Brasília. Será como uma


bola de neve. E com certeza haverá
demissões”, afirma Almeida, presi- Não me importune!
dente da Montana. A empresa possui
60 postos de telemarketing ativo,
principal função afetada por esta ✓ Foi sancionado dia 08/07 por
nova lei. Se como prevê Almeida, José Roberto Arruda, governa-
essa tendência se es- dor de Brasília
palhar pelo País, os ✓ Será implantado e fiscalizado
“Nossa preocupação impactos da lei pelo Procon-DF
com a normatização “Não me importu- ✓ As empresas brasilienses terão
é que está sendo ne!” também esta- 30 dias para se adequar à lei,
criada de forma sob pena de multa de R$ 10 mil
rão presentes nas
generalizada para cada ligação feita aos con-
sem analisar a estatísticas de de-
semprego. sumidores com nome na lista
particularidade dos
ramos.” O deputado afirma
Andréa Bordini, da
que a iniciativa tem
Bauducco respaldo de decisões
de órgãos de defesa tos somente de segunda à sexta-feira,
do consumidor de vários países, base- das 9h às 21h e aos sábados das 10h
Em contrapartida, aumentará o desa- ada na infração do direito de permane- às 16h. Chamadas fora destes horários
fio pela busca de pessoas com forma- cer só. “Diversas empresas se aproveitam são vetadas às empresas que recebem
ção mínima para atuarem na área”, da surpresa da situação e submetem as o Selo de Ética, além de ser proibida a
prevê. Também acredita que predo- pessoas a atitudes, muitas vezes, incon- prática de chamadas aleatórias ou
minarão as “operações multi-skill, venientes e desconfortáveis”, explica para números seqüenciais. A auto-re-
para diluir as células de retenção, e Ulysses. Para Almeida, essas determina- gulamentação também prevê que as
melhorar o gerenciamento dos canais ções são baseadas na “falta de ética” de ofertas deverão ser dirigidas a um pú-
web, o que pode mudar totalmente as algumas empresas, que julga serem mi- blico segmentado que mais provavel-
configurações atuais dos contact cen- noria no setor. É categórico em sua crí- mente tenha interesse em adquirir
ters”, conclui. tica: “Há outros segmentos que determinado produto ou serviço ofe-
necessitam de televendas, de SACs. recido.
CALL OR DO NOT CALL? Estamos todos sendo jogados na mesma
Brasília será a primeira cidade bra- vala”. INMETRO QUER NORMA
sileira a ter uma lista de clientes que O Brasil não possui uma cultura Não é somente o Ministério da Jus-
não querem receber ligações de em- forte de vendas por telemarketing ati- tiça e o governo federal que querem
presas de telemarketing. O deputado vo, ao contrário do que acontece nos regras para os SACs. O Instituto Na-
distrital Rogério Ulysses, autor do Estados Unidos, que adotou o do not cional de Metrologia, Normalização e
projeto, diz que a idéia partiu dos call. “Não temos essa cultura de aten- Qualidade Industrial, o Inmetro, em
próprios consumidores “cansados dimento via ativo e já existe uma po- parceria com a Associação Brasileira
dos abusos”. O empresariado acre- sição contrária, elaborada sem medir de Normas Técnicas, a ABNT, quer
dita que as conseqüências transcen- as conseqüências. A venda por tele- criar uma norma brasileira de serviço
derão o Distrito Federal: “Ela não fone possibilita às pessoas comprar de atendimento ao consumidor. Assim
com mais conforto, além de serem como os outros órgãos públicos, alega
oferecidas promoções especiais”, que o serviço não apresenta níveis sa-
conclui Almeida. tisfatórios de qualidade. Segundo a
O Probare já esta- ABNT, a elaboração da norma visa
“Temos de ter belece desde 2006, “tratar da interface entre o consumi-
muito cuidado em seu sétimo arti- dor, empresas e governo, consideran-
para que não
go, a existência de do critérios como tempo de espera,
haja choque
entre as diversas listas com nomes de forma e agilidade no atendimento e
regulamentações.” pessoas que não qualidade da resolução de problemas,
querem receber liga- utilizando estes preceitos para a defe-
Solimar Oliveira
de Araujo, da Caixa ções da empresa. sa e proteção dos direitos do consu-
Econômica Federal no Além de assegurar midor”. Rose Maduro, engenheira de
Rio de Janeiro que os contatos ati- análises de módulos do Inmetro, diz
vos poderão ser fei- que a norma será diferente da regula-

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legislação SAC

mentação. “O Ministério da Justiça em dia, não existe uma regra mínima


está regulamentando, afirma que o que possa ser utilizada por diversas em-
atendimento deve ser feito em 60 se- presas e segmentos, e
gundos. A norma vai dizer como fa- nas medições ofi-
“A criação da norma
zer. É mais ampla e abrange todos os ciais”, explica.
é extremamente
setores”, explica. Porém, a abran- válida e necessária,
As pesquisas realizadas pelo In- gência das normas porque hoje em dia
metro ano passado avaliaram os gera críticas: “Nossa não existe uma regra
SACs e revelaram resultados insatis- preocupação com a mínima.”
fatórios em 80% dos casos. Isso levou normatização é que Andréa Ressaldo,
o Inmetro a solicitar a normatização está sendo criada de da Philips
à ABNT. Rose explica que a metodo- forma generalizada
logia utilizada na pesquisa envolveu sem analisar a parti-
perguntas simples, nas quais, fazen- cularidade dos ramos”, afirma Andréa SACs acabam suscitando iniciativas
do-se passar por consumidores, agen- Bordini, coordenadora de atendimen- de diversos órgãos para a criação
tes do instituto questionavam os to ao consumidor da Bauducco. de regulamentações. Todos preci-
atendentes sobre validade dos ali- “Desde a primeira reunião temos o in- sam contribuir para seu sucesso;
mentos, documentos necessários pa- tuito de discutir a insatisfação das em- contudo, temos de ter muito cuida-
ra abrir uma conta em banco, entre presas com a pesquisa realizada pelo do para que não haja choque entre
outras. “Se a maioria das empresas próprio Inmetro e também definir a as diversas regulamentações”, ex-
não passou com essa metodologia de melhor forma de normatização. Nosso plica. A Caixa Econômica Federal
perguntas simples, quando for um papel é levar ao conhecimento de to- busca levar essa discussão para a
problema mais sério, não passa mes- dos, principalmente do Inmetro, que Comissão de Estudos. Já a ABNT
mo!”, afirma. Na época, as entidades as centrais de relacionamento pos- diz que a normatização se dará de
setoriais questionaram a validade da suem particularidades e devem ser forma complementar a proposta do
pesquisa, depois de divulgadas pelo analisadas separadamente, não gene- Ministério da Justiça.
Fantástico, da Rede Globo, que deu ralizadas”, afirma. Ela acredita que as Entidades do setor também foram
projeção nacional ao tema. normas serão positivas para as empre- convidadas para participar das reuniõ-
Representantes dos setores avaliados sas que ainda não possuem estrutura es, entre elas a Associação Brasileira
e órgãos de defesa do consumidor fo- adequada para a central de relaciona- de Indústria Alimentícia, a Abia.
ram convidados para participar das reu- mento, mas, nas de grande porte, Segundo o presidente Edmundo Klotz
niões da Comissão de Estudos – cujo poderá haver conflitos com procedi- a associação “levou à Comissão de
objetivo é elaborar normas referentes à mentos internos utilizados. Estudos o Padrão Abia de Atendimento
terminologia, requisitos, métodos de Outra preocupação é a sobrepo- ao Consumidor”. Criado em resposta
avaliação e qualificação de pessoal. A sição de regulamentações. Segundo as avaliações do Inmetro de 2007, a
opinião da iniciativa privada está dividi- Solimar Oliveira de Araujo, da auto-regulamentação trata sobre o
da. Para Andréa Ressaldo, gerente de Unidade de Telesserviços da Caixa tempo de respostas ao consumidor, fi-
relacionamento ao consumidor da Econômica Federal no Rio de xando o prazo de 48 horas úteis como
Philips, “a criação da norma é extrema- Janeiro, “por se tratar de um dos se- tempo máximo de retorno das mensa-
mente válida e necessária, porque, hoje tores que mais crescem no País, os gens eletrônicas, ou por telefone.
Até agora foram realizadas quatro
INMETRO ADEQUAÇÕES reuniões e ainda não houve discus-
sões mais relevantes, apenas expli-
EMPRESAS ANO DA MUDANÇAS REALIZADAS REGULAMENTAÇÕES
AVALIAÇÃO QUE SEGUEM cações iniciais sobre como a
normatização é feita. Rose explica
Caixa 2007 Aquisição e instalação de novos equipa- Probare, código de ética que é um processo demorado e pode
Economica mentos e revisão de contratos, o que próprio, e determinações do
Federal permitiu aumento da capacidade código de defesa do consu- se estender por mais de um ano.
produtiva, facilitando o acesso dos midor e da NR17 (relacionada Mesmo depois de finalizado pela
clientes ao canal às questões trabalhistas)
Comissão de Estudos, o projeto é
Bauducco 2007 Mudanças para melhoria do seu atendi- auto-regulamentação da submetido à consulta pública, para
mento, em decorrência do aumento do Abia
número de produtos só então ser finalizado. As normas
não possuem caráter obrigatório,
Philips 2005 Cumprem métricas globais, como quan- Padrões de atendimento de- mas sim voluntário. “A empresa vai
tidades de ligações que devem ser aten- finidos internacionalmente
didas em até 30 segundos, taxa média de se adaptar à norma para que possa
abandono e quantidade de chamadas
resolvidas no primeiro contato prestar um serviço melhor ao consu-
midor”, conclui Rose. „

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legislação Ana Lucia Vidigal

Atenção! Mudou a regra do jogo


Apesar das mudanças impostas, o decreto pode ser positivo para as empresas

decreto presidencial nº 6523/2008, empresas, estabelecendo um

O que visa fixar normas gerais sobre o


SAC, entrará em vigor em nosso or-
denamento jurídico em 1º de dezembro de
relacionamento direto e satisfa-
tório entre empresa e consumi-
dor.
2008. O decreto visa observar dois direitos
básicos do consumidor: o de obter informa- O que se verifica é a intenção da
ção adequada e clara sobre os serviços que Presidência da República em agili- Ana Lúcia Vidigal Lopes da Silva, é sócia do
escritório Lopes da Silva & Associados, atua nas
contratar, e manter o consumidor protegido zar o atendimento de solicitações áreas preventivas e contenciosas do direito civil,
contra práticas abusivas ou ilegais impostas ou reclamações feitas pelos usuá- comercial, imobiliário, consumerista e contratual.
no fornecimento desses serviços. rios às empresas prestadoras de ser- E-mail: analucia@lopesdasilva.adv.br
viço que utilizam callcenters para viabilizar o contato
É importante ressaltar que este decreto atin- com seus consumidores. Tendo-se em mente que a
ge, especificamente, os fornecedores de servi- maior parte dessas firmas atua com consumidores finais,
ços regulados pelo poder deve-se considerar que no caso de demanda judicial ca-
público federal e tem como ob- berá às empresas o ônus de realizar a prova de que to-
No caso jeto regular a atuação dos SACs das as exigências da norma foram atendidas, sob pena
dessas empresas. Não são to- de não lograrem êxito no final.
de demanda dos os serviços relacionados ao
As empresas terão de rever suas estratégias de
judicial caberá callcenter que estão regulados
relacionamento com o cliente, o que poderá, em
por esse decreto, mas, apenas,
às empresas aqueles relacionados à resolu- muitos casos, fazer com que o setor de atendimen-
ção de demandas dos consu- to ao consumidor seja tão priorizado como a área
o ônus de midores no que se refere à de vendas. Contudo, o decreto não precisa ser vis-
to apenas como dificuldade a ser enfrentada. Pode-
realizar a solicitação de informações, dú-
se analisar com enfoque no aumento da
vidas, reclamação, suspensão
prova de que ou cancelamento de serviços. proximidade e na qualidade do relacionamento
Portanto, está excluída a oferta com o cliente. Se bem tratado internamente nas
todas as e contratação de novos produ- empresas, tal regulamentação poderá ser utilizada
como alavanca de marketing de relacionamento,
exigências da tos e serviços. As empresas po-
melhorando a imagem perante o consumidor.
dem permanecer atuando nesse
norma foram ramo, sem qualquer imposição
O que se percebe, portanto, é que a nova regu-
ou alteração.
atendidas, sob lamentação atenderá não apenas ao anseio do
As empresas de callcenter consumidor final, mas, também, poderá estar em
pena de não terão de investir em tecnolo- sintonia com práticas de aperfeiçoamento no rela-
lograrem êxito gia, informática, e, acima de cionamento com os clientes que estão sendo, gra-
tudo, no treinamento dos dativamente, adotadas pelas empresas.
no final. atendentes. Tais investimen-
tos não serão poucos, e o tem-
po para tanto é relativamente curto, apenas
quatro meses. Com efeito, a inserção desse
decreto em nosso ordenamento jurídico,
terá o condão de alterar sensivelmente a for-
ma de prestação dos serviços efetuados por
essas companhias, principalmente no que se
refere ao contato com o público. Baseado
no princípio do direito a informação, o de-
creto busca universalizar o acesso do con-
sumidor aos serviços e informações das

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entrevista Geraldo França

O Brasil como
espelho mundial
Ao associar cultura de gestão de cliente do grupo com metodologia internacional, associado ao
modelo brasileiro, a filial Sodexo vira espelho internacional, ao atingir índice de 95% de retenção

Q
“ ueremos estar onde ninguém mais quer. Quem é o seu cliente?
Essa é a nossa vocação.” A frase de Temos três tipos diferentes, o
cliente RH que compra o benefício
Geraldo França, presidente da Sodexo
para o empregado, o próprio usuá-
Brasil, explica a estratégia da multina- rio (trabalhador que usa o benefício
cional francesa que está no País há 26 anos, ga- no mercado) e restaurantes, super-
nhando espaço e hoje líder do mercado de vale mercados, lojas e redes de restau-
refeições. Hoje, está presente em 40% dos municí-
pios brasileiros, com 300 vendedores e mais de
250 mil estabelecimentos afiliados. A filial brasilei-
ra ganhou destaque em 2006 quando implantou
uma metodologia americana de satisfação de
cliente e atingiu índice de 94% de retenção. Hoje,
recebe representantes da Sodexo de várias partes
do mundo (a empresa está em 80 países), para co-
nhecer o modelo e o expertise. No Brasil, a multi-
nacional fatura em torno de R$ 8 bilhões. Após a
compra do Grupo VR, em 2007, se tornou líder do rantes afiliados. São três lados: o
mercado de vale-benefícios. cliente, o usuário e o afiliado, e de-
Nesta Entrevista Exclusiva, França afirma que o senvolvemos processos e métodos
crescimento da empresa é principalmente orgâni- específicos para cada um.
co, mas não descarta aquisições. Na presidência
Como o senhor define a cultura
desde 2007, até então responsável pela área co- de gestão de clientes da Sodexo?
mercial, começou carreira profissional na área
O passo inicial é a segmentação:
bancária, há mais de 20 anos, passando pelo
dividimos de acordo com o tama-
Nacional, Unibanco e Citibank. O fortalecimento nho e tipo de indústria. No caso do
da marca será o próximo passo da Sodexo. França cliente de recursos humanos, temos
acredita ainda que em ampla expanção: “atual- cinco segmentações: o privado cor-
mente, 11 milhões de trabalhadores estão dentro porativo (as grandes empresas),
do programa de alimentação. A população econo- high middle, low middle, pequenas
micamente ativa chega a 90 milhões e tem muita empresas e o governo (órgãos pú-
gente para o ciclo de inclusão alimentar”, conclui.

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blicos, bancos, instituições públi-
cas, prefeituras, etc.). Temos
processos diferentes para cada
tipo, com metodologia, inteligên-
cia, jeitos diferentes de atacar, tra-
tar e cuidar desses clientes.

Onde fica a linha entre o mode-


lo internacional de gestão de clien-
tes da empresa e o pessoal?
Tenho comigo a vocação de cui-
dar bem da clientela. Costumo sem-
pre comparar a relação da empresa
com o cliente com a relação huma-
na de namoro e casamento. Eu car-
rego isso comigo aonde vou, tenho
métodos formais e informais para
fazer essa relação acontecer. Na
companhia temos um método
mundial chamado Crescer
(clientes retidos e satis-
feitos constroem exce-
lentes resultados), é
uma tradução de
boas práticas de

relacionamento com o cliente.


Trata-se de um processo bem fe-
chado, com passos, medição com
cada interação, tudo no software,
no qual o consultor vai fazendo o
registro e as interações. É uma me-
todologia mundial. O Brasil im-
plantou, em 2006, e os resultados
têm sido muito bons. Em 2006
nosso índice de retenção era
abaixo (90%), hoje nós estamos
muito próximos de 94%.
O atrito não chega a 6%, o que
é um número muito forte, princi-
palmente se levado em conta

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entrevista Geraldo França

o faturamento da organização e a consegue ir ao decisor, um vice-


quantidade de clientes diferentes. presidente ou diretor de recursos LINHA DO TEMPO SODEXO
humanos ou financeiro, e mostrar a
Esses percentuais, apesar de serem solução que pode resolver o pro- 1966

LINHA DO TEMPO SODEXO LINHA DO TEMPO SODEXO


pequenos, têm grande impacto no Pierre Bellon funda a Sodexo, em Marseille,
blema. Isso só é possível com esse servindo refeitórios em empresas, escolas e
faturamento? foco e uma equipe de vendas capa- hospitais.
Se você pensa em um faturamento citada para cuidar dos clientes com
de R$ 8 bilhões por ano, qualquer metodologia. Não basta ter voca- 1971 -1978
Inicio do comércio em locais remotos,
percentual de 0,01% é grande em ção e inspiração, é preciso método. na África e no Oriente Médio.
valores absolutos. Ir de 90% para Com esse esforço, pulamos de 89%
95%, crescer cinco pontos portanto para quase 95% de retenção, o que 1982
Sodexo Facilities Management chega
é realmente bem expressivo. é um valor financeiro gigantesco, ao Brasil
sem contar o lado do carinho e
Como vocês chegaram nessa meto- aproximação com o cliente, que eu
dologia e identificaram que ela se- acho o mais importante. 1995
Torna-se líder mundial no mercado de
ria ideal para o negócio? serviços de alimentação, graças às alianças
Nós, no Brasil, já tínhamos essa Como é feito o tratamento das in- com a Gardner Merchart, no Reino Unido, e
com a Partena, na Suécia.
relação com o cliente e passamos a formações, o treinamento?
implementar algumas iniciativas, A primeira parte foi conscientizar
métodos e, ao mesmo tempo, veio a equipe de que era importante ter 1997
uma metodologia de fora. foco na retenção, no cuidar do É lançado no Brasil o Sodexo Cheques e
Combinamos as duas coisas e cria- cliente. Foi a primeira barreira, de- Cartões de Serviços
mos uma solução brasileira com pois tem a parte técnica: mostrar
inspiração multinacional e local. quais são os processos, o método e 1998
Entre as soluções lo- as iniciativas a serem A Sodexo Alliance e a Universal Services se
fundem para formar a Sodexo Universal,
cais, dividimos a força feitas ao longo da rela- tornando-se líder em administração a
de vendas em dois Estamos ção. Finalmente come- distância.
grandes grupos: os bem çamos a verificar o
consultores de venda quanto o agente está 2000
(que trazem as contas próximos interagindo com o soft-
Sogeres (França) e Wood Dining Serviços
(EUA) unem-se à Sodexo Alliance.
e os clientes) e os con- de ter ware. O CRM registra
sultores de relaciona- as interações, o tempo
mento, cuja missão é uma visão e o espaço. Os regis-
2008
Sodexoho Alliance muda seu nome para
se relacionar com os 100% do tros vão para a base de Sodexo.
clientes já existentes, dados e nós da compa-
que interage, sabe
cliente. nhia, das áreas de cesso. O Brasil, por uma série de
quem são os deciso- marketing e vendas, tra- fatores, está sempre à frente das no-
res, quais são as ne- balhamos esses dados vidades, na vanguarda. Os brasilei-
cessidades e as soluções que em conjunto com o consultor e re- ros são muito inovadores. Nós
podemos dar. Ele vive e respira para tornamos para ele oportunidades recebemos pessoas do mundo intei-
conhecer os usuários. Cada consul- interessantes, também encaminha- ro para entender como consegui-
tor, dependendo do segmento, cor- mos as informações para vários mos passar de 89% a 95%. Nós
porativo ou de clientes menores, consultores, para termos as boas somos hoje o benchmarking mun-
tem em torno de 70 contas. É factí- práticas feitas em Porto Alegre, re- dial da Sodexo.
vel que ao longo do mês ele tenha fletidas em Fortaleza, por exemplo.
tempo de se relacionar com 60 ou É uma fábrica de oportunidades e Quais são os países, que você iden-
70 clientes. Tudo isso é testado du- negócios que integram uma grade tifica que já importaram essa expe-
rante o tempo e sua definição segue de oportunidades. riência?
um método para que o atendimento A H ungria, por exemplo, tem o
tenha qualidade, um diferencial Você considera essa experiência Brasil como uma fonte de inspiração.
muito grande. Quando se tem essa um sucesso para ser exportada ou Os Estados Unidos, que começou
relação, de conseguir dar a solução ser espelho para alguma outra ope- agora com os Sodexo Pass, vêm
que ele precisa, você não é um ração? acompanhando o que temos feito,
mero tirador de pedidos. Mas sim, Sim, constantemente recebemos não só em relação a vendas, mas
respira o ar da empresa, vê os em- visitas de filiais de outros países também com outros processos da
pregados se deslocarem e, por isso, para entender como fazemos o pro- companhia. Também temos um in-

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Qual o objetivo?
Esse método é mundial, A meta mundial é ter 95,5%, sa-
o Brasil implantou, em bemos que estamos muito próximo.
Mas um negócio com a envergadu-
2006, e os resultados ra do nosso, quando se chega a um
têm sido muito bons. patamar de 94 ou 95, para conse-
guir mais meio ponto é difícil, por
Nosso índice de retenção isso a meta é 95,5%. Esperamos
era abaixo de 90%, atingi-la ano que vem.
hoje nós estamos muito E o que será feito para atingir a
próximos de 94%. meta?
O ser humano é a peça mais difí-
cil, por que tem de estar motivado,
adaptado à tecnologia e ao método,
tercâmbio muito grande. Em julho te- mas em um universo de 300 pesso-
remos a convenção mundial da as, não é possível uma aderência de
empresa em Lisboa e haverá fóruns 100%. O desafio de qualquer estra-
de debates e experiências. tégia é a repetição, a disciplina, o
foco é não só terminar algumas coi-
Quais são os canais de interação sas novas que estamos fazendo, mas
com os clientes? também repetir e treinar o que esta-
Hoje os canais de interação com os mos fazendo hoje para termos ní-
clientes são o próprio consultor de veis de excelência. Ano que vem a
relacionamento, a internet com o meta vai estar um pouco mais alta,
portal (onde há uma série de novida- de repente 96%, então teremos de
des, pode interagir, fazer pedido, ti- correr mais ainda para alcançar.
rar dúvidas), o telefone (uma central Também temos o Vida Profissional,
de atendimento com opções de ser- um evento que já se tornou oficial
viços na URA e humana). Nós inte- no calendário dos recursos humanos
gramos esses registros por meio do no Brasil. Esse programa reúne em
CRM, o consultor de relacionamento um único portal todas as boas práti-
sabe o que acontece com o cliente cas das empresas conveniadas com
no canal virtual. Organizar esse pro- recursos humanos. Estamos no sexto
cesso é importante por que possibili- ano, é um sucesso, os clientes e o
ta atendimento único e diferenciado. mercado prestigiam. Os clientes e
prospects se sentem valorizados em
Você chega a ter uma visão única ter oportunidade de ir a um fórum e
de cliente? dividir as boas práticas da empresa,
Estamos bem próximos de ter o que ajuda muito na retenção de
uma visão 100% do cliente. clientes. Temos depoimentos de
Começamos a implantar isso em clientes que não nos deixam por que
2006, dois anos não é tempo sufi- sabem que incentivamos e fazemos
ciente para ter essa visão integra- parte desse mundo de recursos hu-
da. Hoje estamos com 85% de manos, no qual queremos desenvol-
integração, mas conseguimos evo- ver cada vez mais as empresas e os
luir bastante de 2006 para cá. trabalhadores.

Com 85%, você tem um gap a per- Como funciona o prêmio Vida
correr? Profissional?
Tenho e diria que a experiência do Recolhemos as inscrições em um
cliente em todos os canais tende a site que propaga e divulga as práti-
crescer muito, quando tiver uma in- cas ao longo do ano. E existe a pre-
tegração completa. Isso vai se tradu- miação física, na qual trazemos os
zir em mais negócios, soluções e finalistas para o evento, quem elege
satisfação para o cliente. o campeão é um comitê, formado

www.clientesa.com.br | agosto 2008 | cliente sa 41


entrevista Geraldo França

pela fundação Getúlio Vargas, que res, não produzimos comida ou car- regiões. Há 200 quilômetros de São
escolhe os melhores cases do seg- ro, mas, sim, vendedores. Quando Paulo, no Sertãozinho, está o traba-
mento. É um oscar da atividade de um novo consultor entra, é treinado, lhador que corta cana e precisa do
recursos humanos. motivado e participa de uma série de programa. Está aí o nosso cresci-
processos. Precisa ser uma máquina, mento, fomos a lugares que nin-
Como é a prática de crescimento engrenagem que funciona venden- guém quer ir e vendemos onde
da empresa? do, penetrando geograficamente. realmente é necessário.
A companhia tem a vocação do Estamos onde ninguém quer estar,
crescimento orgânico. Existem aqui- enquanto para nós seria muito fácil Esse crescimento vem em decorrên-
sições, oportunidades no mundo in- estar na capital de São Paulo ou Rio, cia da marca ou da gestão de relacio-
teiro. Mas temos um componente no em termos econômicos. Mas estamos namento com o cliente?
DNA da companhia, que é o cresci- no Rio Branco, Belém, Pantanal, Rio A marca da Sodexo não é muito for-
mento orgânico. Crescemos por in- Grande, Piauí, em tudo que é lugar. te, estamos fazendo um processo de
termédio dos próprios clientes e Estamos em quase 40% dos municí- branding. O quanto o nosso consultor
também na penetração da carteira pios brasileiros, em torno de 2.100 encanta o cliente, seja para trazer no-
deles. Temos disciplinas e métodos com 300 vendedores. Queremos es- vos ou vender um produto para os já
para cada tipo de componentes. O tar onde ninguém mais quer, é a nos- existentes, esse carinho é o que faz a
crescimento de clientes novos é de sa vocação. Falando abertamente, diferença. Tenho consultor indo a Rio
24%, finalizado agora em agosto, o em termos econômicos, não é inte- Grande (Rio Grande Sul) onde tem
último mês do ano fiscal, nesse fatu- ressante estar em certos lugares, mas uma empresa construindo toda a in-
ramento imagine o que vendemos é importante para a companhia, por- fra-estrutura do porto, até a região de
para ter esse crescimento. O segredo que a nossa vocação é levar soluções Porto Alegre, e tem alguém da Sodexo
é que tem uma série de processos, de recursos humanos, programa de lá vendendo uma solução criativa.
segmentação, canais de vendas, trei- alimentação do trabalhador onde as Essa conjunção de treinamento, pro-
namento, desenvolvimento e promo- pessoas precisam. Em São Paulo, em cesso e vocação é o que faz a diferen-
ção. O conceito do processo de uma empresa grande o trabalhador ça. Esperamos que ao longo do tempo,
venda é ser uma fábrica de vendedo- não passa fome, a fome está nessas a comunidade associe isso à nossa

“ Tenho comigo a vocação


de cuidar bem da
clientela. Costumo
sempre comparar a
relação da empresa com
o cliente com a relação
humana de namoro e


casamento.

42 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


marca, o que já é feito no mundo in- prezamos as notas inferiores a oito. E
teiro. Hoje a Sodexo faz por dia, 50 temos pesquisas que nos colocam de
milhões de interações com os nos- cinco a dez pontos acima da concor-
sos usuários, são quase 312 mil rência, isso é muito bem mapeado.
empregados da Sodexo no mundo
inteiro, para mim, isso tem um va- O cliente está plenamente satisfei-
lor que é fantástico e é um traba- to com o produto ou ainda há vá-
lho muito simples, são garçons, cuos?
pessoas de limpeza, pessoas Há uma gama de produtos, mas
como nós, que dão solução de vejo que em alguns ainda há vácuos
refeição e alimentação, tudo de necessidade que não foram atingi-
muito simples, muito humilde, dos pela indústria. Há pouco tempo
esse é o valor da empresa. lançamos o Cultura Pass e o Molbity
Quando o cliente compra da Pass, é um programa de pagamento
gente, está gerando benefício via celular. Os empregados da em-
social, um círculo virtuoso da presa que pegam táxi podem pagar
alimentação, da economia, via celular. Se você comparar hoje,
isso está por de trás da nossa temos um boleto que é preenchido,
marca, e queremos associar às vezes rasga, suja, não dá para ver
cada conectar a marca aos a quilometragem direito. Se o carro
valores da companhia. está parado no trânsito, basta que ele
receba uma ligação via celular infor-
Como isso será feito? mando o valor a ser pago, 1 é sim, 2
Pelos meios de comunicação, não, ele aperta e acabou. Para o usu-
mas o grande propulsor da mar- ário é conveniente, ele fica livre da-
ca é o funcionário. Queremos quela angústia de preencher o boleto,
usar aqui no Brasil a força dos o taxista consegue liberar o usuário
nossos 500 colaboradores, rapidamente e pegar outra corrida e
para fazer com que essa mar- o cliente recebe uma série de relató-
ca e valor seja cada vez mais rios gerenciais, mostrando o percur-
fortalecida e vendida. so, quem gastou, ou não.

Existem índices de sa- Se o cliente está satisfeito, você


tisfação do cliente fica satisfeito?
Sodexo? Estou satisfeito, empolgado com o
Sim. Em 2007 passa- segmento, indústria, a possibilidade
mos a medir a satisfação de servir o trabalhador brasileiro e
do cliente, mas sem fazer per- ansioso por que ainda tem muita
gunta clássica, se está ou não coisa a ser feita para atender o Brasil
satisfeito, perguntamos o inteiro. Hoje 11 milhões de traba-
quanto ele recomenda a em- lhadores estão dentro do programa
presa para um amigo, de 0 a de alimentação. A população eco-
10. Está comprovado por nomicamente ativa chega a 90 mi-
estatísticas e tem literatura lhões, tem muita gente para o ciclo
sobre isso: o índice de de inclusão alimentar e essa é nossa
aprovação explica o lu- vocação. Talvez a Sodexo seja uma
cro, diferentemente da das pouquíssimas, ou a única em-
satisfação pura e simples. Esse presa genuína nesse sentido. O fato
é um método americano, se tra- de estarmos no Brasil inteiro explica
duz em um índice, o Net a nossa vocação e legitimidade para
Promoter Score. Hoje estamos fazer isso funcionar. É difícil, com-
chegando em 85% de pessoas plicado, doloroso, dá muito traba-
que nos recomendam com lho, mas é o propósito pelo qual
notas de oito a dez, que são estamos aqui e pelo mundo inteiro,
os fortíssimos indicadores da quase 400 mil empregados fazendo
empresa. No ranking des- esse tipo de trabalho. „

www.clientesa.com.br | agosto 2008 | cliente sa 43


back office

Dígitro aposta em tecnologia sem fio


Com lançamento de ramal móvel, empresa aplica tecnologia IP em GSM
assando da marca de dois bi- concretizado via internet. BI

P lhões de usuários, a tecnolo-


gia sem fio se alastra ao redor
do mundo. Seguindo a tendência ir-
também é uma das apostas,
para fazer busca de dados em
bases estruturadas ou não. A
reversível, a Dígitro começa a insta- empresa agrega o conceito de
lar os primeiros produtos com a ontologia de pesquisa, além
solução Smart Cel IP, cujo projeto foi da pesquisa palavra. “A tec-
concretizado no início do ano. nologia facilita a busca de in-
Segundo Luiz Augusto Pereira formações, principalmente
Martins, vice-presidente comercial e para a área de segurança, que
de marketing, a novidade é uma in- pode ser corporativa ou poli-
terface de celular IP e pode ser vin- cial”, completa Martins.
culado a aparelhos de qualquer A empresa está divida nos
operadora. “Através de um ponto de núcleos de redes convergentes
acesso (chip GSM), os celulares co- Luiz Augusto Pereira Martins, vice-presidente com matrizes e filiais interligadas atra-
nectados ganham a condição de ra- comercial e de marketing da Dígitro vés de plataforma VoIP , callcenter e
mal convencional com flash e gistra o telefone para contato poste- plataformas de PABX. “Não somos
gravador”, explica. rior. Quando o sistema detecta que os uma empresa de produtos, mas de so-
A empresa lançou ainda o EasyCall atendentes estão disponíveis, telefona lução, o que proporciona um sacrifí-
CallBack, que monitora as filas de es- para o cliente automaticamente, dan- cio maior, pois temos de identificar a
pera e registra os clientes que abando- do continuidade ao atendimento. necessidade do cliente e implemen-
narem a chamada devido à longa A novidade da Dígitro net chega ao tar. Vendemos idéias”, conclui
espera. O sistema tem um tempo limi- modelo de negócio adotado, dispo- Martins. Ano passado, a empresa fe-
te que, atingido, desvia o cliente para nibilizando o uso da URA por minu- chou com faturamento de R$ 108 mi-
o CallBack. Ele informa o usuário e re- to e de PA por mês, com acesso lhões. „

CRM em busca da consolidação


Segundo estudo do Gartner, mercado cresceu US$ 8,1 bilhões em 2007
“ oncorrência forte, comoditi- Para Sharon Mertz, diretora de pes-

C zação de produtos e o cresci-


mento dos canais
comunicação com os clientes, são os
de
quisa do Gartner, os últimos quatro
anos representaram momento de esta-
bilidade para o setor, que vem cres-
fatores que tem impulsionado as em- cendo devido a adoção do software
presas na busca por ferramentas de como serviço pelos países emergen-
CRM”, desta forma Emilio Raia, enge- tes, possibilitando retenção de custos
nheiro de soluções da SAP, explica o e aumento de experiência no merca-
crescimento no mercado de CRM. De do. De acordo com Rubens Aintonie,
acordo com estudo realizado pelo diretor de Tecnologia da Informação
Gartner, grupo especializado em aná- da TopMind, o uso do software como
lises e pesquisas sobre tecnologia, o serviço facilita as soluções em CRM.
mercado mundial de ferramentas para “Serve como recurso na gestão de
gestão de clientes cresceu US$ 8,1 bi- clientes, além de atendê-los com mais
lhões, em 2007. O resultado é 23,1% agilidade, disponibilizando sistema
superior a 2006, ano em que foram de computador padronizado, um ana-
registrados US$ 6,6 bilhões. lista e projeto desenvolvido”, diz.

Rubens Aintonie, diretor de TI da TopMind


44 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br
Aspect incorpora INTEL COM NOVO DIRETOR GERAL

BlueNote Networks PARA AL


A Intel anuncia Jesus Maximoff como novo di-
retor geral para América Latina. O executivo,
Empresa impulsiona estratégia de comunicação unificada para contact centers formado em Economia pelo Lycée Perrier Colle-
ge, na França, está na Intel há mais de 12 anos
postando na melhoria da dora americana de plataforma de e substitui Ricardo Carreón, no cargo há quatro

A comunicação unificada, a
Aspect Software adquiriu a
BlueNote Networks, desenvolve-
telefonia IP. A compra faz parte da
estratégia da empresa de unifica-
ção das soluções, pois incluirá pro-
anos e meio.

CELSO AMARAL ASSUME A QUEST


dutos baseados em software prontos SOFTWARE
para a TI em processos comerciais Celso Amaral é o novo country manager da
de comunicação. Também passam Quest Software Brasil, especializada em solu-
a ser oferecidos serviços baseados ções de gerenciamento de aplicações e banco
no protocolo de iniciação de ses- de dados. Amaral será responsável pelo for-
são (SIP), que estabelece chamadas talecimento da marca, além de investir em
via IP. A solução possibilita reduzir um centro de atendimento aos parceiros e na
custos e simplificar os serviços de contratação de colaboradores.
voz, vídeo e dados. “A adição da
propriedade intelectual da
BlueNote Networks permite à NORTEL E M ICROSOFT PARA
Aspect aperfeiçoar o modo como PME S
seus clientes implantam a comuni- A Nortel e a Microsoft apresentam nova solução
cação unificada em estratégias, de comunicação unificada que estende os bene-
quer para serviços, vendas ou co- fícios das grandes empresas para as pequenas
branças”, afirma Jim Foy, diretor- e médias (PMEs), isentando-as de adquirir ou
Jim Foy, diretor-presidente da Aspect Software presidente da Aspect Software. „ instalar a rede adicional, diminuindo os custos
funcionais e aumentando a produtividade.

As ferramentas de CRM potenciali- AVAYA FECHA PARCERIA COM


zam as vendas e influenciam no cres- CIMCORP
cimento de mercado. “Hoje o A Avaya firma parceria com a Cimcorp, integra-
representante de venda tem de ser dora de produtos, serviços e soluções de tecno-
um consultor, deve conhecer melhor logia da informação e outsourcing. A parceria
seus produtos e clientes, ser mais as- atenderá empresas de diversos setores, princi-
sertivo, além de se diferenciar no palmente financeiro, telecom, governo e utili-
atendimento pós-venda, para isso ties. A Cimcorp focará companhias de médio e
precisa de ferramentas que o ajudem grande porte no Pa[is, além de agregar as solu-
a potencializar as vendas, otimizar o ções de atendimento e suporte às tecnologias
tempo e que gerem receita para as Avaya implementadas.
empresas”, afirma Raia. De acordo
com estudo do IDC, realizado em
2007, a SAP possui 47,9% do merca- O BJECTIVE S OLUTIONS NA
Emilio Raia, engenheiro de soluções da SAP AMÉRICA DO S UL
do de CRM na América Latina e 41%
no Brasil. culdade em inovar, no entanto, é A Objective Solutions, que já atua no Brasil,
Ainda assim, o mercado brasileiro uma fase normal do processo de quer buscar novos clientes no Peru, Vene-
de CRM está atrasado se comparado estabilização. Para superar essas zuela e Argentina. A empresa, especializada
à Europa e Estados Unidos, onde as questões as empresas devem lan- em soluções de CRM e billing, acredita que a
ferramentas de gestão de clientes já çar produtos com rápida periodi- região é promissora no mercado de telecomu-
se consolidaram. “O atraso do setor cidade e que ajudem efetivamento nicações.
no Brasil foi proporcionado pela difi- no trabalho”, completa Raia. „

Veja as informações on-line no| agosto


www.clientesa.com.br portal2008
ClienteSA.com.br
| cliente sa 45
inteligência Leonardo Vieiralves Azevedo

Um banco de dados para tudo?


Ainda não sei se sou um chato ou um pessimista, mas faz tempo que deixei
de acreditar em milagre

maginemos uma empresa-exemplo que usa, si- é comum achar situa-

I multaneamente, dois sistemas transacionais que


tomam conta das operações diárias como com-
prar, vender ou produzir. Foram desenvolvidos e são
ções parecidas em em-
presas de todos os
ramos de negócios, se-
mantidos em plataformas tecnológicas distintas, o que jam pequenas, médias Leonardo Vieiralves Azevedo é presidente da
traz uma dificuldade natural em integrá-los, há planos ou grandes. WG Systems, tecnologia para tomada de decisão.
de aposentar um deles no futuro. Para obter informa- E-mail: leo@wgsystems.com.br
ções gerenciais, foi criado um banco de dados em E onde entra nossa
Oracle alimentado por extrações diárias dos sistemas pergunta de partida para esse artigo? Bem, há uma
legados, que são carregadas no formato original: um expectativa de construir um superbanco de dados.
tabelão com várias informações organizadas na mes- Aquele que vai ser capaz de responder a toda e
ma linha. Os usuários têm direitos de realizar consul- qualquer pergunta, mesmo aquelas que as áreas
tas em SQL, a linguagem-mãe de negócios ainda nem pensaram em formular.
do universo de bancos de da- Como dizem os americanos, um one size fits all
O modelo dos relacionais, usando fer- database.
de dados ramentas simples como o Ainda não sei se sou um chato ou um pessimis-
Microsoft Query. Como esses ta, mas o fato é que faz tempo que deixei de acre-
deve ser tabelões em Oracle tinham ditar nesse tipo de milagre. Em quase 15 anos
acesso mais fácil que os siste-
mais flexível mas legados originais, um con-
trabalhando na área, nunca tive oportunidade de
testemunhar uma organização com esse verdadei-
que um junto de aplicações-satélite foi ro oráculo, sem trocadilhos, em funcionamento. O
criado para resolver problemas que realmente podemos encontrar são estágios in-
tabelão e pontuais de informações geren- termediários, no qual determinadas funções do
ciais. Há hoje dezenas de
mais desacoplado pequenos aplicativos que con-
negócio estão muito bem supridas de bancos de
dados com desempenhos adequados e com apli-
dos sistemas sultam essa base, implicando cações analíticas desenhadas para realizar ações e
em instabilidades em seu de- transformar os investimentos realizados em retor-
legados, sempenho. nos econômicos.
de forma Outro problema é trazido por Nesses locais, sempre encontrei a construção
que a evolução conflitos conceituais na obten-
ção de informações gerenciais,
dos repositórios de dados priorizados a partir das
demandas do negócio, que proporcionam redu-
de um não uma vez que é impossível ga- ções de custo, ganhos de receitas e melhorias na
rantir que os mesmos critérios
influa na de consulta serão usados em
eficiência da gestão e competitividade.

continuidade diferentes áreas da empresa.


Em outras palavras, o número
Voltando a nossa empresa-exemplo, acredito que
o melhor caminho seja iniciar o redesenho da base
do outro. nunca bate! de dados pela necessidade da área de gestão co-
mercial, buscando contemplar aplicações correla-
Um novo projeto, delineado tas. O modelo de dados deve ser mais flexível que
pela área de negócios, pretende aperfeiçoar a distri- um “tabelão” e mais desacoplado dos sistemas le-
buição de informações de gestão comercial. Apesar gados, de forma que a evolução de um não influa
de reconhecer a importância e relevância do projeto, na continuidade do outro.
a área de tecnologia de informação reluta em implan-
tar novo sistema-satélite e agravar o desempenho da Mãos à obra!
base de dados atual.

E você, está rindo? É por adesão ou ironia? Porque

46 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


www.clientesa.com.br | agosto 2008 | cliente sa 47
perfil empresarial Agnaldo Calbucci

O marco histórico
de uma atividade
Q
“ uando aceitei o convite para
ajudar na criação da Atento,
em 1999, já tinha certeza
de que ia dar certo”. A frase é de Agnal-
do Calbucci que, em Entrevista Exclusi-
va para a ClienteSA e o portal
Callcenter.inf.br, relembra o desafio de
abandonar um projeto próprio para
aceitar ser um dos três executivos con-
vidados para participar de um grande
projeto internacional. O planejamento
e criação do Grupo Atento, empresa da
Telefônica, desenhado para ser posicio-
nado como um dos maiores grupos de
gestão de relacionamento de cliente do
mundo. Ao longo destes anos, o exe-
cutivo assumiu a área comercial da
maior operação da empresa, a Atento
Brasil, até assumir a presidência, em
2003. Se for avaliada em números, é lí-
der de mercado nacional, empregando
65 mil funcionários, o que a transforma
na maior empregadora privada do País,
de acordo com a revista Exame (edição
dezembro 2007). São 31 mil posições
de atendimento e faturamento de R$
1,398 bilhões no ano passado.
No mercado nacional, a Atento
Brasil faz parte de uma fase de trans-
formação da atividade, iniciada no
final da década de 90, com a privati-
zação da área de telefonia e início do
processo de profissionalização, com
incremento de infra-estrutura, auto-
matização dos processos e aumentos
significativos de terceirização. Os in-
dicadores da Associação Brasileira
de Telemarketing, a ABT, revelavam
uma média de crescimento que osci-
lava entre 30 e 40%, durante alguns
anos. Foi o suficiente para atrair no-
vas firmas e consolidar outras. O
momento agora é de uma nova trans-
formação empresarial, como con-
corda Calbucci, que revela novas
estratégias e desafios ao negócio, à
48 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br
As transformações sociais, regulamentações, lançamentos, inovações – e até o potencial
internacional Brasil – são os pilares para a consolidação da atividade de gestão de clientes,
apoiados nos callcenters. Um movimento que a maior empresa do setor aposta e apóia para
manter o ritmo (diferenciado) de crescimento

atividade e alternativas aos contra- nhamos um quadro totalmente estrutura-


tantes. E, cada vez mais, as empresas do. Deu tão certo que conseguimos dois
ampliam seu leque de prestação de clientes, a Big Cell e a Sky, e depois a
serviço, entrando em áreas de gestão Telefônica.
de negócio do cliente, com novos
serviços. “Com a revolução do BPO, Hoje, como o senhor avalia o papel da
o setor começa a disponibilizar pro- Atento no mercado?
dutos tradicionais de outros merca- A Atento teve um papel fundamental,
dos, participando da definição de pois a área que era tida como subemprego.
estratégias desde o nascimento de Trouxemos know-how e um desafio: a ges-
uma campanha de venda de um pro- tão empresarial como responsabilidade da
duto até a abordagem utilizando empresa de contact centers, não do cliente.
multicanais”, prevê. Antes todas as vendas eram feitas com base
A legislação dos SACs não é vista em PA, basicamente body shop. O grupo
como problema para a empresa e a entrou com conhecimento de técnicas,
atividade, justifica este executivo que como na Europa e Estados Unidos, tra-
já passou por companhias como balhando por speak time, o que puxa a
Citibank, Bank Coréia do Sul, Lord eficiência para a empresa. A mudança
Bank, Multipilique, Credcard e CSU. foi enorme: ainda em 1999, já
“Convivemos com o do not call nos entravam vários clientes traba-
Estados Unidos e México, e com re- lhando nesse modelo e os con-
gulamentações fortes na Espanha. É correntes se adaptaram.
indiferente: a sociedade decide como
quer as regras do jogo, cria as leis e Quais foram os diferen-
nós obedecemos. Não se discute, lei ciais no crescimen-
é para ser cumprida!”. to da empresa?
Foram vários.
Quais foram os primeiros desafios? Um deles, o
Quando aceitei o convite para par- know-how
ticipar da criação da Atento, existia dessa opera-
apenas um papel, com projeto de ne- ção, e o
gócio internacional, aproveitando as outro, a segu-
atividades do grupo Telefônica como rança à terceiri-
âncora. O grande desafio foi tornar zação. Com a
isso verdade, já que o processo de entrada da Atento,
outsourcing era muito limitado. Era uma multinacional sóli-
um mercado incipiente, com poucas da, criou-se confiança para
empresas. No Brasil, a A4 era a mais terceirizar o setor, inclusive
estruturada, com 2.700 posições. até de operações mais
complexas.
Como foram os primeiros passos?
Fizemos um plano ousado, com es- Como foi o crescimento?
tratégia de crescer com velocidade gi- Foi rápido. Nos dois primei-
gantesca e conseguimos. Contratamos ros meses, abril e maio, come-
a equipe comercial em uma semana, çamos a vender o modelo,
usando headhunter. Em dois meses tí- atingindo o mercado de forma
www.clientesa.com.br | agosto 2008 | cliente sa 49
perfil empresarial Agnaldo Calbucci
ampla. E começamos prospectar as objetivo estar internacionalmente
empresas que apostavam na opera- montados e com o volume de fatura- LINHA DO TEMPO ATENTO
ção interna, criando uma onda co- mento e curva de crescimento fortes

LINHA DO TEMPO ATENTO LINHA DO TEMPO ATENTO


mercial positiva, o que é importante em 2001. Isso deu certo, mas o mer- 1999
Surge a Atento no Brasil, com seis mil PAs e a
para o setor. A maioria delas assumiu cado não acompanhou bem. O es- inauguração de quatro novos sites.
o discurso, dando segurança e con- touro da bolha da internet causou
solidando o mercado. No segundo danos na economia mundial e nos 2000
semestre de 1999, com um ano de fez reverter o plano para curto prazo Ultrapassa o número de 10 mil colaboradores e
privatização, o volume de telefones (dois anos), avançando nas aquisi- adquire a empresa baiana Quatro A
tinha crescimento gigantesco. Quem ções. Reposicionamos a empresa, em 2002
nunca usava telefone para falar com 2002, com o foco em qualidade. Passa a ter mais de 20 mil funcionários.
o banco e cartão de crédito, começa- Havia crescido muito e perdido ca-
va a fazê-lo. Crescia a base de telefo- pacidade. O ajuste foi feito a partir 2003
Implanta Balanced Scored Card e passa de
nes e estávamos vendendo o conceito do binômio de que a confiabilidade 30 mil funcionários
de outsourcing e ampliando a central adquirida pelos clientes nos permite
de clientes para dar vazão a esse ter rentabilidade. Com isso, conse- 2004
novo usuário. guimos equilibrar a empresa e, a par- Ultrapassa o número de 40 mil funcionários
tir de 2002, adotamos postura de
Como foi a expansão internacional? crescimento rentável. 2005 e 2006
A Atento foi pensada internacional- Cria o sistema Atento de gestão por
resultados
mente e se instalou primeiro no Brasil. A empresa cresceu no mesmo ritmo
Na verdade, foi com a nossa velocida- ou mais que o mercado? 2007
de que saímos na frente. Mas em se- A atento cresceu assustadoramente Inaugura sua maior central de atendimento
em Belém, no Pará, com 2600 PAs
guida vieram as operações do Chile, e continuou ganhando marketing
Argentina, etc. Havia uma experiência share no Brasil e no mundo. Apos- 2008
na Espanha: a Telefônica tinha uma tamos na qualidade do serviço como É eleita a maior empregadora privada do
País, pela revista Exame
empresa chamada Extratell e, a partir o mais importante para o cliente. A
dela, criou-se a Atento, mas com o relação custo-benefício é o que real-
conceito de internacionalização. mente importa e não, necessaria-
mente, o menor preço. Frisamos essa dizemos “sou responsável pelo resul-
O Brasil se tornou o modelo de ges- aposta feita em 2002 e crescemos tado final. Assumo o desafio de fazer
tão? fortemente, com taxas de 20% ao melhor”, criando condições para que
Acho que a gestão foi o diferencial ano no País. Isso acumulado por seis ele queira testar. Quando você inova
pela equipe que montamos. Com ca- anos é maior que as taxas de merca- há o desafio da venda. Os consumi-
racterísticas muito profissionais, criou- do, por isso tomamos espaço. dores começam a testar devagarzi-
se um modelo de venda a partir de nho, mas compram o padrão. De
know-how internacional, adaptado E esse ritmo continua? 2003 para cá, enxergamos alguns ca-
ao Brasil. Como o nosso País é muito Sim. O mercado está razoavelmen- sos de sucesso. Os clientes não têm se
importante, a operação é grandiosa e te bem, porque ainda há terceiriza- preocupado com o custo unitário da
sempre cresceu em uma velocidade ções a serem feitas. E, ao mesmo posição, mas com o resultado gerado
acelerada, com dimensões gigantes- tempo, o PIB continua crescendo e o pela venda, cobrança, atendimento,
cas, se comparadas ao resto do mun- dos demandadores de serviços de assistência técnica ou SAC. A relação
do. Hoje, a Atento Brasil é a operação contact center, ainda mais. Portanto, custo-benefício é o que efetivamente
mais significativa. A Espanha é funda- temos uma combinação positiva: a importa. Esse molde já é vencedor.
mental, mas dedicada a offshore. Mui- terceirização e o crescimento natural Agora, virão outros desafios.
tos dos serviços que prestamos para dos negócios dos clientes.
os clientes espanhóis são realizados Quais?
na América Latina. O senhor identifica, por conta deste Os SACs e as assistências técnicas
esforço da empresa, mudança de principalmente. Hoje vivemos em
A Atento já alcançou as metas plane- postura dos contratantes de servi- uma sociedade de revolução da in-
jadas? ços? E se ela foi provocada por vo- formação, em que, a cada dia, se in-
Para a nossa primeira fase, sim. cês, pela indústria ou foi exigência venta produtos e tecnologias novas,
Passamos por movimentos diferentes do cliente? de alta complexidade e até de certa
nesses nove anos: o primeiro era fa- É um pouco de tudo. Normalmente, instabilidade. Muitos produtos lança-
zer a empresa crescer e ser uma rea- as inovações não vêm por conta do dos serão desenvolvidos pelo consu-
lidade, era uma ação comercial e cliente, mas das empresas de contact midor. O modelo colaborativo de
houve crescimento. Tínhamos como center. Levamos um modelo em que desenvolvimento tecnológico cria

50 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


uma demanda enorme de relaciona- inteligente. Cliente enxerga isso. O setores. Naturalmente, quando se en-
mento, porque os usuários precisam problema é que a cadeia de valor no tra no modelo de BPO, penetra-se
de ajuda, seja em questões técnicas consumidor não está dentro da área a em áreas onde outras companhias já
ou comerciais. Essa demanda nos re- que ele responde. O callcenter pode tinham especialidade, gerando con-
vela um desafio: como atender ao responder à área comercial quando o corrência não muito clara: a da solu-
cliente adequadamente? Como espe- impacto é técnica, ou em outros seto- ção para o melhor problema. Não é
rar esse atendimento? E como é pos- res. Por isso, dependendo de como um fato que se vá concorrer com as
sível atender? Estamos em uma nova está desenhada a estrutura do cliente, firmas de consultoria, mas segura-
fase na qual se começa a entrar nos temos mais ou menos dificuldade de mente os modelos, apresentados pela
processos de relacionamento. Pois a vender esse modelo. Atento, são desenvolvidos exclusiva-
questão não está só no respeito e na mente por consultorias. Hoje, a con-
qualificação. Temos questões muito O que é ideal para o cliente? corrência aparece.
mais complexas. É preciso estabele- O ideal é ter uma solução onde ele
cer empatia, que exige identificar o tenha um atendimento melhor do que E as regulamentações?
segmento de usuário, perfil, se tem a concorrência, ou seja, na certeza de No Brasil o código de defesa do
celular, gosta de fazer download. Ou reter os consumidores, fidelizando. consumidor e os SACs nasceram an-
se é uma senhora que usa o aparelho Que não desperdice uma chamada, tes que a maioria dos países da
apenas para fazer ligações. É muito atenda adequadamente e resolva o América Latina, o que nos deu know-
diferente, a linguagem falada, os pro- problema. É a “chamada perfeita”. how no atendimento ao cliente. E foi
dutos a serem vendidos. Estamos tra- Essa política é usada no conceito do bom, por produzir uma história do
balhando há mais de um ano nos COPC, um modelo de qualidade para conhecimento do processo. Hoje, o
processos internos de telemarketing, contact center que identifica a cha- método de vendas, a cadeia de valor
em como atender a cadeia de valor mada perfeita. Ela pode ser definida são muito simples. Provavelmente,
do cliente seja no SAC, venda, co- como um processo inteligente no com a revolução voltada ao mercado
brança e dar a solução integral de in- back office, dando resposta adequada de BPO, o setor comece a se aproxi-
formação e serviço. com interação entre callcenter e áreas mar das agências de comunicação e
internas da empresa. propaganda, para definir estratégias
E a aposta em BPO? desde o nascimento de uma campa-
O BPO é o modelo amplo de servi- Esse é o caminho da sofisticação da nha de venda de um produto bem
ços feito em várias etapas, em toda a prestação de serviço? como fazer a abordagem por multi-
cadeia de valores: no desenvolvi- Sim. Acredito que as empresas vão canais, já uma realidade. A Atento
mento de sistemas internos, ajustan- ficar mais sofisticadas, vão dar solu- hoje opera por telefone, e-mail, in-
do processos, alterando script ou até ções mais completas, mas por isso ternet e presencial também. Temos
eliminando e gerenciando cross- vão acabar competindo com outros vendedores, promotores, técnicos de
selling. Enxergar a sucessão de valo-
res e dar a solução ideal para o
cliente é a nova fase da Atento. Os “Quando se entra
nossos conceitos de venda já estão
sendo feitos dessa maneira, alguns
no modelo de BPO,
com mais complexidade, outros com penetra-se em
menos, dependendo do grau de co-
nhecimento e da liberdade que o áreas onde outras
consumidor nos dá. companhias
Vocês estão começando a atuar na já tinham
área de assistência técnica?
Não. Acho que as empresas bus-
especialidade,
cam a solução de como fazer para gerando
atender ao cliente com custo razoável
e alto nível de satisfação. É muito fácil
concorrência .”
desandar um callcenter, se colocar
atendentes em quantidade insuficien-
te, as chamadas começam a disparar
e a conta e o risco são muito altos. É
preciso resolver o problema na ori-
gem e estabelecer uma solução final

www.clientesa.com.br | agosto 2008 | cliente sa 51


perfil empresarial Agnaldo Calbucci
campo. Essa combinação permite de- com regulamentações fortes de SACs as pessoas são obrigadas a irem a deter-
senhar o melhor mix para um produ- na Espanha. E é indiferente: a sociedade minados lugares para bater um carim-
to qualquer. As empresas de contac decide como quer as regras do jogo, bo. Isso tudo poderia ser feito à distância,
center entrarão no processo da defi- cria as leis e nós obedecemos. Não se economizando combustível, trânsito e
nição de qual é o melhor modelo de discute, lei é para ser cumprida! Esse é tempo. O Poupa Tempo, foi uma inven-
utilização para chegar ao mercado, um aspecto muito ético da empresa. ção maravilhosa no Estado de São
que é anterior à contratação exclusi- Não estamos preocupados em dizer Paulo, mas é preciso ir ao local. E exis-
va de posições. E há diferenças im- como vai mudar ou não, são planos da tem muitos processos para serem tercei-
portantes, pois entramos em sociedade. Se a sociedade quiser uma rizados, que não funcionam bem dentro
processos em que antes não éramos lista de do not call, como nos Estados das empresas. O Brasil está em uma
chamados. É a nova evolução do se- Unidos, vamos acatar e desenvolver curva de crescimento muito grande,
tor, seguramente. outras formas de vender para o cliente. acredito que nos próximos 10 ou 20
Se os SACs forem regulados para ter um anos o País será uma potência e nós
O mercado já enxerga esse diferencial? alto nível de qualidade e disponibilida- cresceremos juntos. Há coisas para to-
A indústria tem de fazer um esforço. de, executamos isso da mesma manei- mar, não diretamente dos concorrentes,
Esse reconhecimento não vem natu- ra. O setor de contact center foi ouvido mas dos subsegmentos de concorrên-
ralmente. Trabalho desde 1978 e sei durante o processo e interferiu em algu- cia. O País tende a ser aquela promessa
que as inovações são por empenho e ma coisa, dando a característica téc- do passado. Todos os indicativos apon-
competência de cada empresa e indi- nica. Se alguém me perguntar: tam que o Bric (Brasil, Rússia, Índia e
víduo. Esse modelo será tão bom “tecnicamente qual a melhor solução China) vai mudar a economia mundial,
quanto formos capazes de vender. É para o atendimento? ”Eu diria: “fácil, o dinheiro que estava na Europa e
importante para os clientes uma solu- faça assim, assim e arruma”, é a equa- Estados Unidos vai para essas econo-
ção inteligente, mas o que precisamos ção da alta qualidade que deixa o clien- mias. Outro indicador é que a classe
é de alta capacidade comercial para te feliz. Acho que não precisaria tanta média brasileira está nascendo de novo.
demonstrar e entregar. Feito isso, não regulamentação, mas isso não cabe a A classe C e D começou a aparecer,
haverá problemas, pois os clientes mim, mas à sociedade decidir. O gover- tem telefone, celular e cartão de crédito
querem soluções mais eficientes - e no executa aquilo que a sociedade e vai se solidificar. Isso é um crescimen-
somos capazes de prover isso. quer. Seja como for, estamos aqui para to exponencial para todas as empresas
trabalhar dentro da lei e desenvolver a que trabalham com consumidores.
Mas as novas regras de relaciona- melhor solução para os nossos clientes.
mento com clientes não vão ser pre- Como se pode avaliar essa liderança?
judiciais à atividade? Mas pode haver limite no crescimen- Essa questão engloba vários fatores.
Encaro com muita tranqüilidade, tive to setorial? Dizer que é líder só pelo faturamento,
a oportunidade de trabalhar quase dois O céu ainda pode ser considerado o não é verdade, porque é um binômio
anos na abertura de várias operações da limite. Nessa sociedade em que o mais contra o cliente: se meu faturamento é
Atento pelo mundo, algumas até de fe- importante é a informação e a interação muito elevado o custo vai para o con-
chamento. Operamos na Itália, que não das pessoas, a dificuldade dos consumi- sumidor. A solução não é conquistar
demos continuidade, no Japão, América dores em lidar com os assuntos novos o maior valor, mas o menor repasse
Latina, norte da África, Europa, Re- exige atendimento adequado. Temos possível contra a minha clientela e
pública Tcheca e conseguimos convi- revoluções de processos acontecendo aproveitar para vender muitos servi-
ver com culturas e sociedades diferentes. no Brasil: assistimos aos bancos tirando ços na cadeia de valor dela. Liderança
Cada país tem um regulatório e socie- serviços de dentro das agências e pas- se estabelece pela variedade de servi-
dade distintos, que aceita algumas coi- sando para contact centers. Alguns ain- ço oferecido ao mercado, pioneiris-
sas e outras não. Convivemos com o do da têm muito presencial como o serviço mo na oferta, tamanho, relevância
not call nos Estados Unidos e México, e ao cidadão feito pelo governo, no qual dentro do setor e pela complexidade
em atender serviços diferentes. Nisso
considero a Atento líder, temos a
maior carteira de clientes e de servi-
“Se a sociedade quiser uma lista de do ços do mercado, operamos com um
not call, como nos Estados Unidos, vamos faturamento muito relevante e temos
uma margem de rentabilidade bastan-
acatar e desenvolver outras formas de te razoável. Mostra que nosso modelo
é vencedor, sustentável e não ofende
vender para os clientes .” nossos consumidores, pelo contrário,
estamos em parceria. Liderança é um
conjunto de atividades da empresa
que move o setor. „

52 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


na pele do cliente Enio Klein

A culpa, entre o operador e o


executivo
Uma questão para reflexão: até onde a indulgência é obstáculo para a
melhoria na qualidade dos serviços de atendimento?

á é hábito apontar as más condições de trabalho o leitor ou leitora mais apressada.

J ou remuneração, não como causa, mas para justi-


ficar falhas na prestação de serviços de atendi-
mento. Os serviços de relacionamento com o cliente
No entanto, se analisar com maior
profundidade, concluirá que, de
fato, trabalha para o consumidor. Enio Klein é diretor da K&G e professor
nas áreas de marketing e vendas da
sofrem justas críticas e os gestores concordam que mui- Os resultados da empresa são ob- Business School São Paulo – BSP
to ainda tem de ser feito. Contudo, tidos por meio do serviço presta- E-mail: Enio_klein@kegsistemas.com.br
no fim, a discussão recai na ques- do aos clientes, que deve ser de
Compreendo e tão de culpa ou não dos agentes qualidade e compatível ao prometido. Esta é a base
lamento pela em função de sua remuneração, da satisfação do cliente. Se ele não estiver satisfeito,
falta de condições adequadas de não é rentável!
conhecida situação trabalho, processos deficientes Prestando bom serviço e com clientes satisfeitos,
ou mesmo de empowerment. mais retornos terão os acionistas e melhores condi-
que Quando somos indulgentes e ções para investir tanto na melhoria do serviço, quan-
eventualmente aceitamos estes argumentos, es- to nas condições de trabalho e remuneração dos
tamos, na verdade, jogando para colaboradores. É um circulo virtuoso. O contrário
agentes debaixo do tapete uma discus- também vale: ao prestar o serviço sofrível, deixam os
são muito mais profunda: a retó- clientes insatisfeitos, que vão buscar melhor promo-
são submetidos. rica da importância do cliente. ção. Com isto, as receitas ficam instáveis, os acionis-
Entretanto, nossa Um leitor, que trabalhou em tas reclamam, colaboradores se estressam e o circulo
uma empresa operadora de tele- vicioso e perverso se estabelece.
indulgência é que comunicações mencionou em Da mesma maneira que somos transigentes com
seus comentários que nas reuni- os produtos que não tem aquela qualidade toda,
permite a continuidade ões de desempenho o presiden- mas são baratinhos, também somos indulgentes
de uma situação te jogava ao ar estas bravatas com os agentes das centrais de atendimento porque
que escutamos com freqüência: “são mal remunerados, não tem poder de decisão e
onde clientes “em primeiro lugar o cliente, em são engessados em procedimentos”, como mencio-
segundo, os colaboradores e em nou um leitor em comentário a esta coluna. Mas de
pagam caro por terceiro, os acionistas.” A nossa quem é a responsabilidade? Do cliente? Certamente
serviços percepção como clientes é que não. É dos executivos que gerenciam estas empre-
a ordem não é bem esta e que o sas, que não são capazes de convencer os acionis-
de qualidade acionista é, de longe, o mais im- tas, que tal situação poderá reverter em prejuízos
portante, o objetivo do esforço sérios de imagem e financeiros, com a perda de
questionável e da empresa e seus executivos. clientes ou ações de retenção deselegantes e caras
um atendimento Depois, o consumidor e, lá lon- (nas quais se faz de tudo para evitar que o cliente
ge, o colaborador. cancele, seja com ofertas ou com procedimentos
reconhecidamente Este assunto me leva a propor evasivos?).
uma reflexão sobre se é valido Compreendo e lamento pela situação que os agen-
ineficaz. ou não atribuir uma ordem ou tes são submetidos. Mas nossa indulgência é que per-
graus diferentes de importância. mite a continuidade de uma situação onde clientes
Afinal, uma empresa para ser bem sucedida deve colo- pagam caro por serviços de qualidade questionável e
car as três razões para sua existência - cliente, colabo- um atendimento ineficaz. O desafio está posto para
rador e acionista - no mesmo grau de respeito e atenção. acionistas e executivos entrarem na Pele do Cliente.
Pois ela não existiria se não houvesse acionista para in-
vestir, cliente para vender e colaborador para entregar
o que foi comprado.
Seguindo esta lógica, para quem trabalha os execu- Pense nisto e dê sua opinião em nosso blog.
tivos destas operadoras? Para o acionista, responderá http://blogclientesa.clientesa.com.br/napeledocliente/

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cobrança

A aposta na atualização
Organizado pela Aserc, segunda edição do congresso da entidade tem objetivo de discutir o ambiente das
empresas de cobrança e recuperação de crédito
Aserc, associação nacional das cetas da ética, perante o consumidor, o
II CONGRESSO NACIONAL

A empresas de recuperação de
crédito, tem grande expectati-
va para a segunda edição do Congresso
detentor de crédito e as empresas de
recuperação de crédito. As conseqü-
ências do código de defesa do consu-
TEMÁTICA
DE RECUPERACAO DE CREDITO

O Ambiente da Empresa de Cobrança e Recuperação de Crédito


 O papel de mercado das empresas de Recuperação de Crédito;
 A Conexão x Cobrança x Recuperação de Crédito;
 A legislação e marcos regulatórios referentes à inadimplência;
18 E 19 DE SETEMBRO
GRAND HOTEL CA’D’ORO
Nacional de Recuperação de Crédito. midor e auto-regulamentação também  A relação com fornecedores;
 A especialização e o posicionamento de mercado;
 O ambiente competitivo e as formas de melhoria de produtividade;
 A relação com o poder público e com os cidadãos;
SÃO PAULO - BRASIL
 O desenvolvimento dos Recuros Humanos;

Espera-se reunir para discutir o ambien- serão debatidas, além do manual de  Os desafios do crescimento e das mudanças do mercado;
 Tipos de dívidas e estratégias de cobrança;
 O papel da telecobrança, da cobrança jurídica e da securitização;
Moderador:

te empresarial mais de 300 executivos, boas práticas de cobrança. Palestrantes (a definir):

As Várias Facetas da Ética


 Ética perante o consumidor;
PROGRAMAÇÃO

18 de setembro de 2008

a partir de uma grade de palestrantes e O tema recursos humanos será divi-


 Ética perante o detentor do crédito;
 Ética perante as empresas de recuperação de crédito; Credenciamento
8h30
 Conseqüências do Código de Defesa do Consumidor;
 Experiências dos Códigos de Auto Regulamentação; 9h - 10h30 Abertura
 Manual de boas práticas de cobrança;

especialistas entre os dias 18 e 19 de se- dido em duas partes: na primeira serão Moderador:
Palestrantes (a definir):

Recursos Humanos I
10h30 - 11h
11h - 12h30
12h30 - 14h
Coffee Break
Ética no ambiente empresarial
Almoço

tembro, no Grand Hotel Ca’d’Oro, em abordadas as características e desen-  Características e desenvolvimento de cobradores;
 Aspectos da segurança de trabalho da NR-17;
 Operacionalização e conseqüências jurídicas da NR-17;
 Ambiente institucional trabalhista brasileiro;
14h - 15h30 Formas de motivação,
treinamento e plano de carreira;
metas e salários
Moderador:

São Paulo. Para dar exposição ao en- volvimentos de cobradores, aspectos 15h30 - 16h Coffee Break
Articulador (a definir):
Palestrantes (a definir): 16h - 17h30 Legislação trabalhista:
funções MT, justiça,
Recursos Humanos II procuradoria, RH, CBO

contro, a Grube Editorial fechou parce- da segurança, operacionalização, con-  Motivação, produtividade, metas e salários;
 Formas de motivação, treinamento e plano de carreira;
 Qualidade e Recursos Humanos;
 Stress, relacionamento e ginástica laboral; 19 de setembro de 2008

ria estratégica com a entidade fixando seqüências jurídicas da NR-17 e


Moderador:
Articulador: (a definir): 9h - 10h30 Cadastro e gerenciamento
Palestrantes (a definir): de informações
10h30 - 11h Coffee Break
Tecnologia

a revista ClienteSA como mídia oficial ambiente institucional trabalhista bra-  Sistema de cobrança;
 Infra-estrutura tecnológica (hardware) - CRM+Telfonia;
 Produtividade e custos;
 Segurança de informação;
11h - 12h30
12h30 - 14h
Tecnologia
Almoço
14h - 15h30 Gestão empresarial

do evento, envolvendo os canais off- sileiro. Na segunda metade, assuntos Moderador:


Palestrantes (a definir):

Cadastros e Gerenciamento de Informações


15h30 - 16h
16h - 17h30
Coffee Break
Tributária
 Produtos de crédito;

line e on-line, além de projetos espe- como motivação, produtividade, me-


18h Coquetel de encerramento
 Cadastro positivo;
 Localizadores;
 Collection Score;
 Interfaces com os devedores;

ciais de divulgação. tas, salários, treinamento, plano de car-  Legislação nacional e comparação internacional;
Moderador:
Articulador:
Palestrantes (a definir):

O primeiro dia começará com o pai- reira, stress, relacionamento e ginástica


REALIZAÇÃO
Gestão Empresarial
 Rentabilidade, riscos e crescimento;
 Impactos macroeconômicos na atividade;
 Plano de negócios;

nel “O Ambiente da empresa de co- laboral estarão em pauta.  Gerenciamento de riscos;


 Abordagem de nichos e restrições;
Moderador:
Articulador (a definir):

brança e recuperação de crédito”, que No dia 19, a palestra de abertura


Palestrantes (a definir):

Tributária
 Regimes fiscais (lucro presumido, EPP, lucro real);
 Domicílio fiscal (impostos municipais);

abordará temas como inadimplência, tratará sobre cadastros e gerencia-  Atendimento à fiscalização;

papel de mercado das empresas de mento de informações, abordando te- abordagem de nichos e restrições. O
cobrança, relação com fornecedores, mas como produtos de crédito, sistema de cobrança, infra-estrutura
especialização, posicionamento do mer- cadastramento positivo, localizado- tecnológica (hardware), produtivida-
cado, ambiente competitivo, formas de res, collection score, interfaces com de, custos e segurança da informação
melhoria de produtividade, desenvolvi- os desenvolvedores, legislação nacio- serão discutidos sob o tema “Tec-
mento dos recursos humanos, tipos de nal e comparação internacional. O nologia”. Para finalizar o congresso,
dívidas e estratégias de cobrança. Todas painel “Gestão empresarial” dará con- antes do coquetel, o assunto será tri-
as palestras contarão com a mediação tinuidade com a rentabilidade, riscos, butação e regimes fiscais (lucro presu-
de um membro da diretoria da Aserc. crescimento, impactos macroeconô- mido e lucro real), domicílio fiscal
No painel “Ética no ambiente em- micos na atividade, plano de negó- (impostos municipais) e atendimento
presarial” serão discutidas as várias fa- cios, gerenciamento de riscos e à fiscalização. „

Otimismo no mercado de crédito brasileiro


Com projeção crescente de crédito, expectativa é fechar ano representando 40% do PIB
volume de crédito nacional

O
foi de 33,4%. De acordo com sing, tanto para pessoas físicas
atingiu pico de R$ 1,067 trilhão Altamir Lopes, chefe do departa- quanto jurídicas,” afirmou Lopes.
em junho, valor equivalente a mento econômico do BC, uma das Conforme dados do BC, o volume
36,5% do PIB, 2,1% maior que maio explicações do crescimento de cré- de leasing chegou a R$ 81,028 bi-
(36,3%). De acordo com o Banco dito é a oferta dos bancos, financei- lhões, com crescimento de 124,1%
Central (BC), o percentual é o mais ele- ras e administradoras de cartões. para pessoas físicas e de 87,6% para
vado dos últimos 13 anos, quando che- Segundo Lopes, o principal cresci- as empresas, em 12 meses. A taxa de
gou a 36,8% (janeiro de 1995). A mento está no crédito jurídico, pois inadimplência diminuiu e chegou a
expectativa do BC é de que o volume de os empréstimos voltados aos consu- 4%, motivada pela venda de carteira
crédito em relação ao PIB chegue a 40% midores finais estão desacelerando. de crédito de instituição financeira
no final do ano. “Outro ponto é a continuidade do para securitizadoras, que não entram
Nos últimos 12 meses, a expansão crescimento das operações de lea- nas estatísticas no BC. „

54 cliente sa | agosto 2008 | www.clientesa.com.br


ABT
Confira no site da ABT todo o conteúdo da revista eletrônica Chamada Geral: www.revistachamadageral.com.br

em revista
Associação Brasileira de Telesserviços
Av. Brig. Faria Lima, 1685 • 5º andar • conj. 5i
cep 01452-916 • São Paulo • SP
Tel.: 11 3813-0068 • Fax: 11 3032-2623
www.abt.org.br

Número 28 • Ano 3 • agosto/2008

Prêmio: empresas ganham mais tempo para FIQUE DE OLHO


participar Neurolingüística e
Análise Transacional

O
prazo para as empresas No próximo dia 28 de agosto, no
com callcenter (próprio ou auditório da Associação Brasileira
terceirizado) inscreverem de Telesserviços, a ABT, vai
seus melhores cases de relaciona-
acontecer uma palestra sobre neu-
mento com o consumidor/cliente
rolingüística e análise transacional,
para concorrer ao Prêmio Nacional
de Telesserviços - edição 2008 foi dentro do programa Papo, Café &
prorrogado pela Associação Bra- Cia. “É dirigido a todos que queiram
sileira de Telesserviços, a ABT, até se transformar em pessoas mais
o dia 15 de agosto. agradáveis e a iluminar a sua a-
tuação como líder”, diz Jankel
“Muitas empresas nos pediram Lebesch Fuks, responsável pelo
mais tempo para receber a autorização seu próprio callcenter ativo e recepti- conteúdo da palestra. Fuks é mem-
de seus clientes contratantes. E tam- vo. “Isto amplia o número de partici- bro da União Nacional dos
bém por se tratar da primeira edição, pantes e torna a competição mais
naturalmente surgiram algumas dúvi-
Analistas Transacionais e da As-
acirrada”. sociação Latino-Americana de
das que fizeram com que alguns cases
levassem um pouco mais de tempo para A festa de premiação, quando os nomes Análise Transacional. Os interessa-
serem identificados”, justifica Carlos de todos os vencedores serão conhecidos, dos em participar do encontro, que
Umberto Allegretti, diretor da ABT e está prevista para a primeira semana do acontece das 15h às 17h, podem
coordenador do Prêmio. Ele também mês de novembro, em São Paulo. obter mais informações com a ABT
conta que a divisão adotada por setor pelo telefone (11) 3813-0068.
está permitindo que não só empresas
terceirizadas de callcenter inscrevam
mais cases, como também as que têm ABT NA MÍDIA
• No dia 24 de julho foi ao ar, no Jornal da Globo (TV Globo), uma matéria sobre o
MARCAS & projeto de lei aprovado em Brasília, que cria um cadastro de clientes que não que-
MERCADO rem receber ligações das centrais de atendimento, e que pode ser copiado por São
Paulo. Claudio Tartarini, assessor jurídico da ABT, defendeu que a nova lei pode ge-
Com larga experiência em lideran- rar inúmeras demissões no setor e baixar a concorrência entre as empresas.
ça de projetos, José Bourbon Ribeiro
• A greve dos correios, que provocou uma demanda de serviço nas centrais de aten-
é o novo responsável pela Diretoria dimento, foi o tema de duas matérias publicadas pelos jornais Valor Econômico
de Tecnologia e Projetos da Dedic. (17/7) e Jornal da Tarde (18/7).
O executivo tem como principal
desafio obter a melhor eficiência da • A revista Viva Mais, da editora Abril, publicou no mês de julho uma maté-
área de tecnologia, apoiando, as- ria sobre a crescente oferta de empregos no setor, dando destaque a grande
participação feminina (75%) nas centrais de atendimento.
sim, a criação de uma oferta inova-
dora para os clientes e o crescimento Presidente do Conselho Deliberativo: Superintendente: Conselho Fiscal - Titulares:
sustentável da companhia. Ribeiro Paulo Neto Leite Anna Maria Prado Fábio Carlos Pereira
acumula ainda a responsabilidade Lucas Mancini
Presidente Executivo: Vice-presidentes: Paulo César Salles Vasques
pela área de projetos e soluções, Jarbas Nogueira Agnaldo Calbucci
que contempla os processos de de- Alexandra Periscinoto Conselho Fiscal - Suplentes:
senho, precificação e implantação Vice-presidente administrativo-financeiro: Francis James Meaney Luis César C. Lasmar
Marcelo Rissato Hamilton Alves Reis Onez Mario da Silva
de soluções de callcenter adequa- Jorge Dieguez Tena Paulo Fernando G. de Moura
das e customizadas para as necessi- Diretor: Luiz Mattar
dades específicas de cada cliente. Carlos Umberto Allegretti Topázio Silveira Neto
grandes sacadas Livio Giosa

Vantagem ecologicamente
correta
Sustentabilidade é o novo jeito de conquistar, fidelizar e manter clientes

stão cada vez mais claros os impactos das trans- Aqui nasce a vantagem

E formações ocorridas nos últimos 20 anos, em


nível mundial. Não só nas posturas individuais
e profissionais, mas, principalmente, nos valores de
competitiva diferencial
das organizações de van- Lívio Giosa é presidente do Cenam (Centro
guarda. Referenciadas Nacional de Modernização Empresarial) e Diretor
percepção do ambiente empresarial. Há uma nova ló- pelos conceitos de res- da Fenadvb (Federação Nacional das Associações
gica no ar. As pessoas que fazem parte fundamental ponsabilidade social e de dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil).
E-mail: liviogiosa@advbfbm.org.br
deste processo passam a enxergar e adotar novos pata- sustentabilidade, diri-
mares de expectativa, enquanto clientes e consumido- gem-se aos braços do
res levam cada vez mais a sério o consumo consciente, cliente de forma natural, pois garantem, pelo reconheci-
fidelização e exigências pontuais quanto à marca, pro- mento e imagem institucional, o valor estratégico pela
duto ou serviço que utilizam. adesão a práticas éticas e cidadãs.

E as empresas, o que fazem? A Tais posturas refletem desejos consolidados junto a


maioria delas tenta chegar a re- todos os públicos com os quais a empresa se relacio-
Clientes sultados positivos baseando-se na, mexendo com a alma da organização e consciên-
e consumidores nas ferramentas muitas vezes já cia do consumidor, formando, assim, uma rede de
adotadas, tentando conquistar, alianças estratégicas sustentáveis.
levam cada fidelizar e manter os clientes.
Diante deste quadro, as empresas sofrem ainda
vez mais Assim, destacam-se: pressões externas ou macro-ações globais que são de-
a sério terminantes para que percebam os sinais abertos para
a) utilização de novas tecno- chegarem ao cliente, encurtando caminhos.
o consumo logias de abordagem (mobile,
por exemplo) São estas atitudes que garantem as vantagens com-
consciente, b) proposta de novo design ou
petitivas por meio do acesso a novos mercados, ga-
rantia de capital e financiamentos exclusivos, retenção
fidelização e conteúdo do produto ou emba- de talentos, imagem institucional valorizada e, enfim,
lagem
exigências a fidelização do cliente.
c) exposição freqüente da
pontuais quanto marca
Não é à toa que os índices de sustentabilidade das
bolsas de valores de todo o mundo definem as ações
à marca, produto d) pesquisa quanto às novas
de empresas que adotam estes princípios como as
mais valorizadas.
ou serviço necessidades de consumo
Portanto, à frente do mercado estão as companhias
que utilizam. e) prática de preços especiais
que enxergam tais atitudes, que fizeram do marketing
e promoções sazonais
social somado à mídia espontânea gerada, um reforço
f) irradiação de pontos de distribuição do produto fantástico à imagem institucional embaladas pelo vi-
gor das práticas sociais e ambientais responsáveis re-
g) estratégia diferenciada de comunicação gendo, assim, o binômio: negócios sustentáveis,
negócios de sucesso!
No entanto, o cliente quer mais: que a empresa lhe
atraia por novas e até intangíveis ações, capazes de
atingi-lo pelas mudanças de comportamento, valores e
atitudes. Diante disto, a mais inovadora ação, já de-
monstrada pelas empresas que captaram o consumidor
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consciente, vem pela estratégia da sustentabilidade dos
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negócios.

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clube do livro Marco Barcellos

Muito mais do que lição, aula


de vida
O difícil exercício de planejar o futuro, principalmente porque você pode não
fazer parte dele

Lição Final é um dos exercícios de plane- claro para todos como a

A jamento mais difíceis que já ouvi falar.


Como planejar um futuro do qual você tem
certeza de que não vai participar? Como ensinar a
vida é efêmera. Infeliz-
mente forçada, a sua saí- Marco Barcellos é diretor de marketing da Cisco.
da de cena ocorria no
E-mail: marcobar@cisco.com

seus filhos o que você pretendia fazer durante os auge da carreira, com
próximos 20 anos? Pode não ser impossível, mas realizações incríveis como o projeto Alice, um softwa-
certamente é para poucos. re que ensina linguagem de programação às crianças e
O livro conta a história de Randy Pausch, um bri- um currículo repleto de parcerias com grandes empre-
lhante professor de ciência da computação da sas como Disney, Google, Adobe e Eletronic Arts.
Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia. Um Apesar de todo o seu sofrimento, Randy ainda com-
dedicado cientista com 47 anos, muito bem casado e partilhava idéias de como possibilitar os sonhos e vi-
pai de três filhos pequenos, que recebeu um terrível ver a vida na plenitude de sua essência. Nada faz o
diagnóstico de câncer no pâncreas. tempo parar. O fim da vida é um fato consumado,
Ficar com a família a maior parte do tempo disponí- mas a nossa fragilidade humana fica ainda mais clara
vel era óbvio. Mas Randy queria algo a mais: sonhava com a falta de consciência da finitude de nossa exis-
em deixar lições para seus filhos e uma herança que tência. Como o próprio Randy comenta no início do
pudesse ser resgatada no futuro. Planejou tudo com a livro, nada substitui um pai vivo. Mas planejar não
mesma dedicação e força de vontade que pautou toda significa alcançar as soluções perfeitas e, sim, fazer o
a sua vida acadêmica. melhor possível com recursos limitados. Em que pese,
A sua palestra de despedida foi emocionante para neste caso, tal recurso era a sua própria vida e ele fez
mais de 400 pessoas presentes. Entre elas, estava o um trabalho perfeito. Uma aula de amor pelos filhos,
jornalista Jeffrey Zaslow, do Wall Street Journal, que pela esposa, e porque não, pela vida.
resolveu transformar a história em livro, organizado A palestra de despedida de Randy Pausch foi vista no
em cinco grandes capítulos e que foram ditados por YouTube por mais de 2 milhões de pessoas e comoveu
Randy, pelo celular, durante 53 passeios de bicicleta. o mundo inteiro. Randy Pausch deixou um legado
Seguindo a tradição americana, Randy aceitou o con- inesquecível para os filhos Chloe, Logan e Dylan, hoje
vite para sua palestra de despedida na Universidade com 1, 3 e 6 anos. O que seria uma aula apenas para
Carnegie Mellon. A idéia de uma reflexão sobre a sua os seus herdeiros, serve como uma profunda reflexão
trajetória pessoal e profissional teria um efeito muito para todos nós. O valor à vida deve ter a justa medida
diferente de todas as palestras que já haviam sido pro- enquanto a temos sem limites e sem prazo de validade.
feridas. Afinal, planejou uma grande aula para seus fi- Esta é a verdadeira lição final. Tão fulgaz como a vida.
lhos, para a criação deles. Preparou sua palestra com Tão profunda como a eternidade.
o suporte incondicional de sua esposa Jai, que se divi- Infelizmente, a vida real é bem mais difícil que a
dia entre o apoio ao marido e a negação de seu pró- literatura. E essa história não teve um final feliz.
prio sofrimento. Pelo menos da forma com que estamos acostuma-
Paradoxalmente, Randy iniciou a sua palestra dos nos romances de ficção. No último dia 25 de
fazendo flexões de braço no palco. julho, Randy Pausch faleceu em sua casa, em
Mesmo sob o efeito da quimioterapia, Pittsburg, na Virgínia, EUA. Descanse em paz, pro-
ele queria mostrar que seu estado de fessor Pausch. Obrigado por uma grande lição de
saúde instatâneo escondia o seu futuro vida. Uma verdadeira lição final.
iminente. Entre risos e sussurros, ficou

Título: “AA Lição Final”


Autor: Randy Pausch – Jeffrey Zaslow
Editora:: AGIR – 2008 Para críticas e sugestões visite o blog
Páginas: s: 252
http://blogclientesa.clientesa.com.br/clubedolivro

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