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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO


PROCESSO TC 6.661/05

Instituto Eunice Weaver - Denúncia


Conhecimento e Arquivamento

ACÓRDÃO APL TC N° 84 /09

o Processo TC 6.661/05 trata de denúncia formulada pela Sra.


Valdeise Cavalcanti da Silva, ex-presidente do Instituto Eunice Weaver,
situado no Município de Bayeux, acerca de possíveis irregularidades
praticadas pelo então Juiz de Direito Dr. José Edvaldo Albuquerque de
Lima, referentes a verbas administrativas por ele administradas, quando
ocupante do cargo daquele cargo no supramencionado Instituto.

CONSIDERANDO que o Órgão de Instrução, após analisar a


documentação que instrui os presentes autos, inclusive a defesa
apresentada pelo Senhor José Edvaldo Albuquerque de Lima, constatou os
seguintes fatos:

1) O denunciado, Senhor José Edvaldo Albuquerque de Lima, assumiu


a presidência e geriu recursos da Sociedade Eunice Weaver de
Bayeux, contrariando o disposto no art. N° 36, da LOMAN, e no art.
150, da Lei de Organização Judiciária da Paraíba;
2) A Sra. Advalda Maria de Luna, então representante formal da
Sociedade Eunice Weaver percebeu remuneração por serviços
prestados à Entidade, o que é proibido pelo próprio Estatuto da citada
Sociedade.

CONSIDERANDO que, no entendimento do Ministério Público


Especial, esta Corte de Contas não tem competência para analisar o fato de
um Juiz de Direito haver sido investido na função de Presidente do Instituto
Eunice Weaver.

CONSIDERANDO que, segundo o representante ministerial, não há


comprovação nos autos de o valor supostamente percebido pela Sra.
Advalda Maria de Luna ser oriundo de recursos originários dos cofres
estaduais ou municipais; ~. ./} /1/}
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 6.661105

CONSIDERANDO que, de acordo com o Ministério Público Especial,


não há nos autos elementos suficientes para justificar a imputação de débito
àquela senhora.

CONSIDERANDO que, na opinião do órgão ministerial, o suposto


pagamento irregular realizado perante a supracitada senhora, a
responsabilidade deve ser atribuída ao ordenador da respectiva despesa,
ou seja, o Sr. José Edvaldo Albuquerque de Lima;

CONSIDERANDO que, segundo o Ministério Público junto a este


Tribunal, as prestações de contas dos convênios tendo como objeto o
repasse de recursos públicos ao Instituto Eunice Weaver já foram
analisados por esta Corte;

CONSIDERANDO que, em razão desses entendimentos, o órgão


ministerial pugnou pelo: (a) conhecimento e arquivamento do presente
processo; e (b) envio de cópias ao Ministério Público Comum, à
Corregedoria Geral de Justiça e ao Conselho Nacional de Justiça acerca
dos fatos analisados para as devidas providências.

CONSIDERANDO o Voto do Relator, os Relatórios da Auditoria, o


Parecer escrito e oral da Procuradoria Geral e o mais que dos autos consta;

ACORDAM os membros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO


ESTADO DA PARAíBA, em sessão realizada nesta data, por unanimidade de
votos, em:

1. Conhecer a presente Denúncia e determinar o seu arquivamento;


2. Determinar que se represente ao Ministério Público, à Corregedoria
Geral de Justiça e ao Conselho Nacional de Justiça acerca dos fatos
analisados para as devidas providências;
3. Determinar a remessa de cópia da presente decisão às partes
envolvidas na presente denuncia

Presente ao julgamento a Exma. Senhora Procuradora Geral

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

TC - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

João Pessoa, )i de pj.t! JJtLà~l II de 2009.


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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 6.661/05

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JOSÉ MARQUES MARIZ


Conselheiro Relator
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. ANA TERESA NOBREGA
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Procuradora-Geral

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TRIBUNAL DE CONTAS/PB
PROCESSO TC 06661/05

IRELA TÓRIOI

Sr. Presidente, Srs. Conselheiros, Srs. Auditores, douta Procuradora-Geral.

o Processo trata de DENÚNCIA, formulada pela Sra. Valdeise


Cavalcanti da Silva, ex-presidente do Instituto Eunice Weaver, situado no
Município de Bayeux, acerca de possíveis irregularidades praticadas pelo
então Juiz de Direito Dr. José Edvaldo Albuquerque de Lima, referentes a
verbas administrativas por ele administradas, quando ocupante do cargo de
Presidente do supra mencionado Instituto.
Fundada em 1934, a Sociedade Eunice Weaver da Paraíba tem
caráter beneficente, sem fins lucrativos, e destina-se ao amparo do menor
filho de hanseniano e à assistência ao menor desamparado, estando dividida
administrativamente em Direção, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e
Conselho Técnico.
As possíveis irregularidades denunciadas foram objeto de
apreciação pelo órgão técnico deste Tribunal, que, após análise da
documentação acostada aos autos pela denunciante, emitiu relatório inicial de
fls.176/182, concluindo pela procedência dos fatos denunciados, nos
seguintes aspectos:
• O Sr. José Edvaldo Albuquerque de Lima, então Juiz de
Direito, assumiu a presidência e geriu recursos da Sociedade
Eunice Weaver de Bayeux, contrariando o disposto no art. N°
36, da LOMAN, e no art. 150, da Lei de Organização Judiciária
da Paraíba;
• O Sr. José Edvaldo Albuquerque de Lima, então Juiz de
Direito, continuou gerindo os seus recursos, conforme cópias
de cheques por ele assinadas e constante dos autos;
• A Sra. Advalda Maria de Luna, então representante formal da
Sociedade Eunice Weaver percebeu, indevidamente,
remuneração por serviços prestados à Entidade, o que é
proibido pelo Estatuto da citada Sociedade.

Os denunciados foram notificados por duas vezes, sendo que, na


primeira notificação, a qual visou dar cumprimento à determinação do então
Relator do processo, não foram apresentados quaisquer esclarecimentos, e,
na segunda, por recomendação do douto Procurador do Ministério Público
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Processo Te 06661/05 Denúncia Juiz de D eito- 005 -
Especial, visando coibir qualquer tentativa de alegação de cerceamento de
defesa, apenas o Sr. José Edvaldo Albuquerque de Lima fez uso da
prerrogativa constitucional do contraditório (vide doc. fls. 201/205), através de
seu representante legal.
A defesa do interessado foi encaminhada para análise pela
Divisão de Auditoria das Contas do Governo do Estado, que assim concluiu
em relatório de fls. 216/218:

1. Acerca da conduta do Juiz Sr. José Edvaldo Albuquerque de


Lima:

a) Que houve infringência ao disposto no art. 36, /I da LOMAN


(Lei de Organização da Magistratura Nacional) e no art. 150, V,
da LOJE (Lei de Organização Judiciária do Estado da Paraíba);

b) Que o Ministério Público Especial, junto a este Tribunal, já


se manifestou sobre a matéria, entendendo pela Representação
ao Tribunal de Justiça da Paraíba acerca da conduta referida no
item acima (fls. 125/128);

2. Quanto ao recebimento indevido de R$ 1.280,00, por serviços


prestados pela Sra. Advalda Maria de Luna, á época,
representante formal da Sociedade Eunice Weaver,
remanesce a falha.

Instado a se pronunciar, o douto Ministério Público junto a esta


Corte, em parecer da lavra da Procuradora Isabel la Barbosa Marinho Falcão
assim entendeu:

• Apesar da ilegalidade cometida pelo Sr. José Edvaldo


Albuquerque de Lima, ao ser investido na função de Presidente
do Instituto Eunice Weaver, em Bayeux, sendo o ordenador de
despesas, quando exercia o cargo de Juiz de Direito daquele
Município, infringindo, dessa forma, o art. 36, /I, da LOMAN e o
art. 150, V, da LOJE, o Tribunal de Contas não tem competência
para analisar tal questão, posto que o caso não se enquadra em
qualquer das competências previstas no art. 70 da Carta Magna;

• Em relação ao recebimento ilegal e comprovado da quantia de


R$ 1.280,00 pela Sra. Advalda Maria de Luna, contrariando os
estatutos do Instituto Eunice Weaver, além da alegação, pela
defesa, de litispendência do presente processo com os de nOs
00849/03 e 09458/99, os quais tratam da prestação de contas do
Convênio n? 045/02 e do Convênio n° 1216/99, sendo que este
último analisa a prestação de contas da preposta do defendente,
o Parquet considera somente haver competência desta Corte de
1
Contas quando ficar suficientemente demonstrado que os
recursos utilizados são originários dos cofres estaduais ou
municipais, o que não ocorreu no caso em tela. Ademais, o fato
apontado pela própria auditoria de que as assinaturas da Sr.
Advalda Maria de Luna divergem nos recibos apresentados, é
forte indicativo de que, provavelmente, a referida senhora sequer
tenha se beneficiado dos mencionados valores, inexistindo
elementos suficientes para imputar-lhe o débito. Considera,
outrossim, que, tendo havido pagamento irregular, a
responsabilidade deve recair sobre o ordenador da despesa, ou
seja, o Sr. José Edvaldo Albuquerque de Lima;

Em face de tais considerações, e tendo em vista que as


prestações de contas relativas aos convênios que importaram em repasses de
recursos públicos ao Instituto Eunice Weaver já foram analisadas por esta
Corte, pugnou a Representante Ministerial pelo:

• Conhecimento e Arquivamento do presente processo;

• Envio de cópias ao Ministério Público, à Corregedoria Geral


de Justiça e ao Conselho Nacional de Justiça acerca dos fatos
analisados para as devidas providências.

Os interessados foram notificados para a presente sessão.

É o Relatório

Após as manifestações conclusivas da Auditoria e do Órgão


Ministerial junto a esta Corte de Contas, passo a tecer as seguintes
considerações:

• Em relação à conduta do Meritíssimo Juiz de Direito Sr. José


Edvaldo Albuquerque de Lima, é cediço que tal procedimento
infringiu as vedações que lhe são impostas pelos diplomas
normativos citados neste Relatório, quais sejam, a Lei
Orgânica da Magistratura Nacional e a Lei de Organização
Judiciária do Estado da Paraíba, acompanhando este Relator
o entendimento firmado pela douta Procuradoria do Ministério
Público, ao pugnar pelo envio de cópias do presente processo
aos órgãos competentes para sua análise: ao Ministério
Público; à Corregedoria geral de Justiça e ao Conselho
Nacional de Justiça;
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Processo Te 06661/05 Denúncia iz de Direito-2005
• Quanto à percepção de pagamento indevido, no valor de R$
1.280,00, pela preposta, Sra. Advalda Maria de Luna, o Relator
comunga com o entendimento do Órgão Ministerial, no sentido
de que não constam dos autos elementos de prova suficientes
que demonstrem que o valor por aquela percebido seja
oriundo do repasse de recursos públicos, estaduais ou
municipais, mediante os convênios celebrados ou por
instrumentos congêneres, razão pela qual não se deve invocar
a competência deste Tribunal para o caso em tela.

Diante do exposto, o Relator vota pelo(a):

>- Conhecimento e Arquivamento do presente processo;

>- Representação ao Ministério Público, à Corregedoria Geral de


Justiça e ao Conselho Nacional de Justiça acerca dos fatos
analisados para as devidas providências;

>- Determinação de remessa de cópia da presente decisão aos


denunciados e denunciante.

É o voto.

Em 11/02/2009.

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José Marques Mariz


~ Cons. Relator

Gab. JMM/NCB.

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Processo Te 06661/05 Denúncia Juiz de Direito-2005

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