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1º Semestre
Noção de Ius
Como geralmente acontece com as coisas difíceis, ainda hoje não se sabe concretamente
a origem da palavra Ius
Ius
Iussum - Segundo uns vem de Iussum (ordenar, preceituar); Então o Ius significaria o que
está preceituado ou ordenado.
Yung - Para outros, deriva da palavra Yung segundo a qual Ius seria aquilo que foi
determinado pelo juízes em Assembleia, visto serem estes a expressarem o pensar da
comunidade.
Ious – Modernamente, e já antes, vários autores pensam que Ius tenha a sua origem na
palavra Ious, algo procedente da divindade.
Iustum - O Dr, Sebastião Cruz parece inclinar-se para Iustum. Logo Ius é tudo o que tem
especial relação com o Justo.
Costume
b) Ius Romanum Stricto Sensu = Ius Civile (Cives) Lex
iurisprudêntia
+ Ius Praetorium
(actividade do
magistrado Pretor)
O Lato Senso traduz na tradição romanista desde o Sec VI d.C. até à actualidade.
Pode dizer-se que a vida do Direito Romano termina no Sec. VI, mas a sua vivência
projecta-se até aos nossos dias.
O Senso Latissimo compreende tanto o Ius Romanum (Direito Romano Stricto Senso) como
a tradição romanista (Direito Romano Lato Senso), ou seja de 753 a.C. até aos dias de
hoje.
O objecto do nosso estudo será o Ius Romanum Stricto Sensu, ou seja, o conjunto de
normas jurídicas que iniciam a sua vigência no ano de formação de Roma, como cidade
(753 a. C. até à morte do primeiro dos mais importantes Imperadores do Império
Romano do Oriente – o Imperador Justiniano que morre em 565 d.C.).
A análise destes, quase 13 séculos de existência do Império Romano, far-se-á por
referência ás épocas históricas e políticas que se podem delimitar na vida deste Direito.
Noção de Ius Romanum por referência aos sistemas jurídicos que o compunham e
cujos critérios distintos radicavam:
a) No diferente grupo dos seus destinatários;
b) No diferente conjunto das respectivas fontes de Direito
Historia do Direito Romano
Uma cabal noção de Direito Romano, não pode circunscrever-se à indicação do seu
período de vigência. Com efeito, atendendo à profunda relação existente entre este
Direito e o próprio Império, que levou Sebastião Cruz a afirmar “que o Direito Romano
era um verdadeiro Direito Imperial”, é natural que o Direito Romano tivesse tido uma
evolução quase que paralela com a do próprio Império.
Inicialmente, em Roma aplicava-se Direito Romano que significava apenas Ius Civile.
Assim, num primeiro momento que antecede a formação do império e em que o Direito
Romano tem por objectivo exclusivo regulamentar as relações jurídicas dos elementos da
sociedade de Roma, titulares de cidadania romana – o Direito Romano identificava-se
com o chamado Ius Civile (por Ius Civile deve entender-se o conjunto de normas
juridico-romanas aplicadas exclusivamente aos Cives (aos cidadãos romanos)).
Num segundo momento, que se inicia com a expansão territorial de Roma e a
consequente conquista de novos territórios e subordinação dos seus povos, coloca-se o
seguinte problema:
- Aqueles povos, aos quais Roma reconhece a possibilidade de manterem a sua
liberdade, ou seja, que não reduz a escravos, começavam a estabelecer relações
jurídicas com cidadãos romanos e necessidade regulamentar. Contudo, o Ius Civile não o
podia fazer porque não foi criado com esse objectivo, sendo assim, tornava-se
imperioso a criação de um outro sistema de normas, também juridico-romanas, mas cujos
destinatários já não eram exclusivamente os Cives, mas também, os Peregrinis. Surge
então, o Ius Peregrine que tal como o Ius Civile é Direito Romano, mas que visa
regulamentar a relação jurídica em que, pelo menos, uma das partes seja Peregrinis.
Fase Arcaica
Inicia-se em 753 a.C. (ano de formação de Roma como cidade) e termina em 130 a.C.
(ano do aparecimento de uma das mais importantes leis do Direito Romano – Lex
Aebutia de Formulis), é a fase da formação das instituições jurídico-romanas, e por isso,
a sua característica é a imperfeição, sendo de referir que nesta fase, entre o Direito, a
Moral e a Religião existe uma espécie de continum, ou seja, pode mesmo dizer-se que
estes 3 mundos formam um todo.
Fase Clássica
Inicia-se em 130 a.C. e termina em 230 d.C., é o período de desenvolvimento e
apogeu do Direito Romano, pelo que a sua característica é a perfeição. Caracteriza-se
pela exactidão e perfeição, sendo que a grandeza do Ius Romanum encontra-se nesta
época. Em grande medida esta perfeição ficou a dever-se à actividade notável de
alguns Jurisconsultos Romanos que não só se manifestaram exemplares intérpretes deste
Direito, como o aplicaram de forma notável às situações da vida social, bem como
criaram normas para algum caso especial, não previsto nas normas já existentes, pelo
que se pode dizer que a ciência jurídica desta época, ou seja a Iurisprudêntia era muito
criadora.
Fase Justinianeia
Inicia-se em 530 d.C. e termina no ano da morte do Imperador, em homenagem ao qual
esta fase existiu, referimo-nos ao Imperador Justiniano, que morre em 565 d.C.
Advertência inicial: em bom rigor, esta época histórica só existe para o Direito Romano
do Império do Oriente, caracterizado por um esforço de codificação do Direito Romano,
sobretudo clássico, cujo grande mentor foi o Imperador Justiniano, que tendo sido um
grande classicista, procurou pôr termo ao processo da decadência do Direito Romano,
mediante uma valorização do Direito produzido na época clássica.
Dentro desta sua finalidade, Justiniano encarregou um grupo de Juristas das Escolas de
Constantinopla e Beirute, com destaque para Triboniano, da feitura daquela que é
considerada a principal obra escrita deste Direito – O Corpus Iuris Civilis – C.I.C.
Para todos os historiadores do Direito Romano, esta obra representa a principal fonte
Cognoscendi do Direito Romano e, ao mandar elabora-la, Justiniano elaborou planos
que claramente demonstram que a sua intenção era a de proceder a uma selecção e
compilação de todo o Direito Romano produzido até si, dividindo em: Ius Romanum
Vetus e Ius Romanum Novum.
O primeiro é todo o Direito Romano produzido pelas suas diversas fontes (pelo costume)
quer na acepção de Mores Maiorum, quer as de consuetudo, pela Lex, quer em Stricto
Senso (na Lex Rogata; Plebiscito; Lex Dictae e Lex Datae), quer na Lato Sensu (pelos
Senatusconsultos e pelas Constituições Imperiais) e a Iurisprudêntia
Lex Datae
Lato Sensu – Senatusconsultos (Constituição imperial)
Iurisprudêntia (= actual doutrina) até ao Séc. IV d.C.
Enquanto o Ius Romanum Novum é todo o Direito Romano produzido a partir do Séc. IV
d.C., sendo que este Direito produzido a partir do Séc. IV d.C. tinha como única fonte, as
Constituições Imperiais.
Com efeito, vivia-se já o período político do principado, que correspondia a uma
centralização de todos os poderes (incluindo o legislativo), na figura do Imperador, o
qual passou a produzir leis chamadas Constituições Imperiais.
Quanto à sua estrutura interna, esta obra encontrava-se dividida em 4 grandes partes:
A 1ª que, segundo a tradição, foi elaborada pelo próprio Justiniano, chamava-
se Institutiones, e consistiu numa espécie de manual introdutório para o estudo e
compreensão do Corpus Iuris Civilis.
A 2ª continha o Ius Romanum Vetus e muito particularmente o Ius Prodença da
época clássica chamava-se Digesto.
A 3ª continha o Ius Romanum Novum, ou seja, era uma compilação de
Constituições Imperiais e chamava-se Codex.
A 4ª, e última, mandada elaborar porque algumas Constituições Imperiais não
puderam ser compiladas no Codex, chamava-se Novellae.
“A título de nota, ler sobre o Corpus Iuris Civilis, pag. 35 a 37 do manual”
Todo o Direito, sendo princípio constitutivo da acção social, emerge de uma sociedade,
à qual regressa, em seguida, com o intuito de a regular. Significa isto que, todo o
Direito é uma tradução normativa das especificações e das nucleares intenções de
validade da sociedade a que se encontra directamente relacionada.
O que acaba de se dizer, vale exemplarmente para o Direito Romano que sempre
apresentou uma profunda relação com o próprio Império Romano. Segundo Sebastião
Cruz “o Direito Romano foi um Direito tipicamente Imperial” é uma manifestação disto, o
Historia do Direito Romano
facto de, o período de mais perfeição deste Direito ter coincidido com a maior
expansão e conciliação do Império Romano e seu poder politico, referimo-nos à época
clássica central.
A principal razão do ser desta intrínseca relação entre o Direito Romano e o Império
Romano reside no facto de “todo o Ius ser um Vis” isto é, todo o Direito necessita para
subsistir e ter efectividade de se fundar numa força que deve, contudo, entender-se
como aquilo a que os Romanos chamavam uma Auctóritas (menos uma autoridade e
mais uma legitimidade).
O critério adoptado;
Partindo das considerações que fizemos, o critério será o seguinte:
- Procurar-se-á determinar quais os órgãos ou estatutos políticos que, em Roma ao longo
de todo o referido período, detinham o poder de soberania a que se chamava de
Imperium
As fases políticas:
- Monarquia (753 a.C. a 510 a.C.)
- República (510 a.C. a 27 a.C)
- Principado (território sujeito à jurisdição de um príncipe) (27 a.C. aos finais do Séc.III
d.C.)
- Dominado (Finais do Séc. III ao ano 476 d.C.)
Historia do Direito Romano
Monarquia
Rei; Senado; Povo
1 – Rei Comitia
Patrícios Curiata
2 – Populus Romanus
Lex
Plebeus
Curiata
3 - Senado
Quando em 753 a.C. Roma se constituiu como uma cidade, adopta, para o efeito, o
modelo de organização chamado Estado-Cidade, ou seja, a Civitas, que se caracteriza
pelo facto de todos os homens, que a constituem, deterem uma igual parcela de poder.
Nascendo como um Estado-Cidade colocava-se de imediato o problema da
representatividade desse poder, que se encontrava, de modo igual, repartido pelos
vários membros da comunidade.
A solução encontrada constituiu na criação do cargo de Rei, entendido como o Director
da Civitas, ou seja, aquele que detendo o poder de Império, deveria gerir os destinos
da cidade.
Em Roma, o cargo de Rei, sendo vitalício não era hereditário, ou seja, o Rei podia
indicar o seu sucessor, mas este só seria Rei, após a investidura pelo Populus Romanus,
reunindo num certo tipo de comícios, que se chamavam Comitia Curiata e ao acto de
investidura de alguém, no cargo de Rei, chamava-se Lex Curiata D’Imperium, isto
porque, para os romanos o poder (soberania) residia no povo que o transmitia ao Rei.
O Populus Romanus (Povo) era integrado por duas camadas distintas: uma mais
aristocrata, os Patrícios, e outra mais humilde, os Plebeus, que entre si apresentavam
manifestamente clivagens quanto à titularidade de Direitos e privilégios, ou seja os
Patrícios tinham todos os direitos e os Plebeus não, o que originou várias lutas.
Exemplo:
Até ao ano de 320 a.C. só os Patrícios podiam ser membros do Senado.
O Populus Romanus exercia os poderes que possuía, sempre e só, na medida em que se
reunisse em comícios ou assembleias populares, cujos mais importantes, nesta época,
Historia do Direito Romano
eram os comícios Curiata, onde se fazia a investidura do sucessor do Rei, em novo Rei,
consoante a sua finalidade, podia falar-se nos seguintes principais comícios:
a) Comitia Curiata
Aqueles em que se produzia a Lex Curiata D’Imperium – A investidura do sucessor do
Rei.
b) Comitia Centuriata
As centúrias eram agrupamentos de soldados e nestes comícios realizavam-se dois tipos
de acções:
Ou se procedia à eleição de Magistrados Ordinários hierarquicamente superiores
(Censor, Cônsul e Pretor)
Ou à votação de projectos de Lei elaborados por estes Magistrados e rogados ao povo
para que este os votasse favoravelmente.
c) Comitia Tributa
As Tribus eram divisões territoriais de carácter militar, utilizadas frequentemente pelos
Plebeus para construírem uma espécie de pequenos estados dentro do grande estado,
que era a cidade de Roma. Os chefes destas Tribus, que eram também os que
comandavam as lutas dos Plebeus. Lutas essas de igualdade com os Patrícios, ao qual se
chamavam de Tributos ou Plebe e mais tarde na fase da Republica desempenhavam o
papel de Magistrados.
d) Concilia Plebis
Eram comícios compostos, apenas, por Plebeus. Organizados com a finalidade de votar
projectos de Lei, elaborados pelas Tribunas da Plebe, que caso fossem objecto de uma
votação favorável, convertiam-se em normas jurídicas chamadas de Plebiscitos.
Plebeus ganham entrada definitiva chamando-se conscripti O Senado nesta fase detinha
os seguintes outros poderes:
a) Nomear a Interrex, isto é, aquele que desempenharia o cargo de Rei, no
lapso de tempo, desde a morte do antigo Rei até à investidura do novo Rei.
b) Conceder a aprovação às Leis votadas pelo povo nos comícios mediante a
Auctoritas patrum (aprovação)
c) Imanar pareceres que funcionavam, sem parecer vinculativo, perante as
consultas que lhes eram feitas e os quais se chamavam Senatusconsultum.
REPUBLICA
Magistraturas; Pretor; Senado; Povo
Vai desde, 510 a.C. a 27 a.C.
O elemento caracterizador da fase da Republica, são os Magistrados, desaparecendo,
obviamente, o cargo de Rei.
O termo Magistratus etimologicamente (estudo a origem e derivação das palavras)
significa, quer o cargo de governar (magistratura), quer a pessoa que exerce esse
cargo (magistrado).
As magistraturas – O poder supremo não reside nesta época num só Rei, mas sim, em
dois Cônsules, que são magistrados e exercem o seu poder por um ano e são eleitos
pelo povo.
Em Roma, os Magistrados eram dois tipos, consoante pertencessem ou não a uma
espécie de carreira diplomática, a que se chamavam Cursus Honorum.
Os que pertenciam aos Cursus Honorum designavam-se Magistrados Ordinários e os
outros Magistrados Extraordinários.
Quanto aos Magistrados Ordinários encontravam-se dentro desta cadeira diplomática
hierarquicamente organizados segundo um critério mais de dignidade do que
propriamente de poderes.
No topo da hierarquia estava o Censor, em 2º lugar estava o Cônsul, em 3º lugar o
Pretor, e 4º lugar o Edil Curul e por último o Questor.
Estes Magistrados Ordinários possuíam os seguintes poderes:
a) Poder de potestas, ou seja, poder de representar o Populus Romanum
mediante a elaboração de projectos de leis, cujas votações eram rogadas
pelo Magistrado proponente, no Populum reunido em comícios. Se essa
votação fosse favorável e em seguida o Senado concedesse essa aprovação,
nascia a Lex Rogata, que foi a mais importante da lei pública em Roma.
Historia do Direito Romano
Quanto ao Pretor – Em 367 a.C. foi criada a Magistratura dos Pretores e, portanto, a
palavra Praetor passa a significar o Magistrado especialmente encarregue de
administrar a justiça, de uma forma normal e corrente, nas causas civis.
O Pretor presidia à primeira fase do processo jurídico romano, a chamada fase In Iure
onde se fazia a análise dos aspectos jurídicos da causa.
Historia do Direito Romano
Na segunda fase do processo, a chamada Apud Iudicem, era feita a análise da questão
de facto (prova e sentença). Esta fase era presidida pelo Iudex, ou seja, um particular
diferente do Pretor.
Na fase inicial, apenas existia um Pretor, mas a partir do ano de 242 a.C. a
administração da justiça foi distribuída por 2 Pretores, o Pretor Urbano e o Pretor
Peregrino.
O Pretor Urbano tinha a seu cargo a organização dos processos cives nos quais
apenas interviessem cidadãos romanos, ou seja, apenas aplicava o Ius Civile.
O Pretor Peregrino tinha a seu cargo a organização dos processos em que, pelo
menos, uma das partes era Peregrini, ou seja, apenas aplicava o Ius Gentium.
Principado
Princeps; Senado; Povo
Vai desde 27 a.C. até 284 d.C. (Séc. III)
Se a Monarquia teve como elemento característico o Rei e a Republica os Magistrados,
o Principado quando plenamente instalado como nova forma de organização política
de Roma, tiveram como elemento polarizador o Princeps, ou Imperador.
O povo Romano desmoralizado com os seus políticos volta-se para Octávio César
Augusto, pois entendiam ser este o mais indicado para restabelecer a paz, a justiça, a
moral, a política e a economia, retirando, assim, o país do caos que se encontrava nos
últimos tempos.
Historia do Direito Romano
para o Senado conduzindo aqueles à extinção por inactividade, dado que, como foi
visto na época da Republica, os comícios populares existiam essencialmente para a
votação de propostas de normas elaboradas por Magistrados Ordinários (Lex Rogata)
ou extraordinários (Plebiscito), e a outra parte passa para o exército que é um elemento
novo que se vai afirmando cada vez mais decisivo e que fiscalizava quase tudo e
dependiam exclusivamente do Imperador.
É neste contexto que o Principado se implementa em Roma, e que o Imperador se
converte ele próprio num legislador.
As leis produzidas unilateralmente pelo Imperador chamavam-se Constituições
Imperiais.
A partir do Sec. IV d.C., as Constituições Imperiais, também conhecidas por Leges,
são em Roma a única fonte do Direito Romano.
A este Direito Romano, que se identificava como Constituições Imperiais, convencionou-se
chamar-se Ius Romanum Novum, e foi compilado na época Justinianeia, encontrando-se
no Codex e nos Novellae, que são partes integrantes do Corpus Iuris Civilis.
Dominado
Absolutismo
4ª Época política de Roma – 284 d.C. a 476 d.C.
Corresponde ao período historicamente conhecido de Baixo-império e é instalado em
Roma pelo Imperador Deocleciano.
Deocleciano subiu ao poder em 284 aclamado Imperador pelos seus companheiros de
armas, pois era um soldado severo, energético e autoritário.
Este inaugura um novo regime político proclamando-se Dominus, senhor único e Deus, daí
chamar-se a este período Dominado, ou Império Absoluto.
Auto intitulava-se Deus pois entendia que o poder provinha de uma investidura divina e
não de uma Lex Curiata d’ Imperium.
Estabelece-se, assim, uma forte rivalidade entre Deocleciano e o chefe da igreja, em
virtude da qual, Deocleciano ordenou uma violenta perseguição aos cristãos.
Constantino consegue mais tarde uma união de Império, mas por pouco tempo,
pois as divisões continuam a suceder.
O Império foi reunido pela última vez por Teodósio em 394 d.C. mas em 395
d.C., divide definitivamente o Império pelos seus dois filhos: Honório no Ocidente
e Arcádio no Oriente.
3) Dá-se o reconhecimento do cristianismo como religião oficial a partir do tempo
de Constantino.
4) O Dominado é também marcado pelas invasões barbaras.
Classificação:
Exsistendi – Órgãos Produtores
Manifestandi – Modos de produção
Cognoscendi – Documentos escritos
II) Lex
- Lex Privata (Não é um verdadeiro Direito)
A sua base é um negócio privado, surgiu antes da Lei Pública e trata-se
de um acto de disposição acerca de
uma coisa própria
- Lex pública
Historia do Direito Romano
- Lato Senso
a) Senatusconsultos
b) Constituições Imperiais
1) A expressão Fontes do Direito foi introduzida no mundo jurídico por Cícero. Tendo-se,
desde então, generalizado a sua utilização com a seguinte significação:
- A de órgãos produtores do Direito – Exsistendi
- A de modos de manifestação do Direito – Manifestandi
- A de textos ou documentos escritos, onde se encontra compilado
o Direito – Cognoscendi
As Fontes de Direito do Ius Civile são, em consonância com o que se disse, classificados
em 3 grupos:
a) Fontes Exsistendi, isto é, órgãos produtores das normas jurídicas do Ius Civile.
Os quais, atendendo às diversas fases da periodização política deste Direito são:
a) o Populus Romanus;
b) o Rei;
c) os Magistrados Ordinários e Extraordinários;
d) o Senado;
e) o Imperador.
Por exemplo:
Historia do Direito Romano
No que toca à Lex Rogata, que é uma fonte Manifestandi do Ius Civile as suas fontes
Exsistendi são os Magistrados Ordinários, que a propõem. O Povo reunido em comícios
que a vota favoravelmente, e o Senado que lhe concede aprovação.
Quanto ao Plebiscito também fonte Manifestandi do Ius Civile. As suas fontes Exsistendi
são o Magistrado Extraordinário e Tribuno da Plebe que o propõe, e os Consilium plebis
que os votam.
c) Fontes Cognoscendi do Ius Civile são os documentos escritos onde este Direito se
encontra e que permite o seu conhecimento.
De entre as várias fontes Cognoscendi do Ius Civile destaca-se o Corpus Iuris Civiles
1 – Usus
2 – Mores Maiorum
3 - Consuetudo
Em Roma até ao Sec. IV d.C. o Costume, enquanto fonte de Direito, era entendido na
acepção de Mores Maiorum (uma condição inveterada que se impunha aos cidadãos
como norma e como fonte de normas nas suas relações recíprocas) com o seguinte
sentido “tradição de uma comprovada moralidade”. Este é o verdadeiro Costume
romano. Assim para os Romanos não existiam bens e maus Costumes, pois o Costume
Romano era algo sempre honesto, moral e digno de ser imitado, além disso se os Mores
Maiorum são a tradição de uma comprovada moralidade então não pode pensar-se
que o Direito Romano enquanto Direito consuetudinário tenha nascido espontaneamente.
Isto porque, para os romanos todas as novas regras ainda que impostas por novas
necessidades derivam dos antigos princípios. Assim competia aos Juristas descobrir e
revelar esses novos princípios contidos nos antigos, sendo esta a função da primitiva
ciência do Direito, ou seja da Iurisprudentia.
Na base deste conceito romano do Costume, encontra-se a profunda relação existente,
neste período, entre o Direito, a moral e a religião, enquanto dimensões integrantes e
reciprocamente inter-relacionadas da prática social. Com efeito compondo estas 3
dimensões.
Continum ininterrupto compreende-se que o mundo do Direito sofresse profundas
influências morais e religiosas. Uma dessas influências, dizia respeito ao conceito de
Historia do Direito Romano
costume, sendo que para os Romanos todas as práticas que fossem justas, honestas e
moralmente incontestáveis eram dignas de serem imitadas convertendo-se em costumes.
É também dentro deste contexto que o Direito Romano de base consuetudinária do
período em questão tivesse uma criação espontânea.
Com efeito neste período os novos princípios ainda que imergentes de novas
necessidades eram sempre retirados dos velhos princípios.
A esta actividade, que consistia em extraírem princípios de comprovada moralidade de
novas normas orientadoras da prática social, chamava-se Interpretatio e o Direito que
assim era criado chamava-se Ius Non Scriptum ou Direito não escrito.
II – A Lei (Lex)
A lei enquanto fonte Manifestandi do Ius Civile, assumia duas acepções distintas
consoante se fundasse numa declaração solene baseada num compromisso entre os
sujeitos ou num compromisso entre o órgão que elaborava a lei (a sua fonte Exsistendi) e
a própria comunidade (Sponsio). À primeira chamava-se Lex privata e ela consistia na
base dos diversos negócios jurídicos celebrados em Roma porquanto vigorava o
princípio de que aquilo que os sujeitos diziam, valeria como Lei. A segunda chamava-se
Lex pública, sendo que nos inícios o principal género de Lex pública do Direito romano
era a Lei comicial, isto é, a lei votada pelo povo reunido em comícios.
Importante: É na votação da proposta de lei, elaborada por um Magistrado Ordinário
ou Extraordinário no exercício do respectivo poder de potestas, que se traduzia o
poder legislativo do Populus Romanus. Sendo por este exercício essencialmente durante
a fase da república e que lhe foi retirado por Octávio César Augusto durante a fase do
Principado. Dentro das leis comiciais existiam dois géneros, a chamada Lex Rogata e o
Plebiscito que entre si tinham as seguintes similitudes (semelhanças):
a) Provinham ambas de propostas elaboradas por Magistrados.
b) A sua votação era rogada, isto é, pedida de forma solene por estes mesmos
Magistrados, ao povo reunido em comícios. A este pedido solene de votação
chamava-se rogatio (pedido), porém entre a Lex Rogata e o Plebiscito,
existiam também grandes diferenças, nomeadamente, o facto de a Lex
Rogata ter sempre como Magistrado proponente, um Magistrado Ordinário
que ao elaborar a proposta de Lei exercia o seu poder de potestas, ou seja
de representação do Populus Romanus, enquanto que o Plebiscito era
Historia do Direito Romano
b) Plebiscito
Foi outra das espécies de Lex Pública e comicial do Direito Romano.
Historia do Direito Romano
Com efeito, tal como a Lex Rogata era uma deliberação solene com valor normativo que
resultava de um compromisso entre o Magistrado que a propunha e o Povo reunido em
comícios que a votava.
Tal também como a Lex Rogata, o Plebiscito via a sua votação ser rogada pelo
Magistrado proponente ao Povo.
Diferentemente da Lex Rogata, o Plebiscito era exclusivamente elaborado por um
Magistrado Extraordinário, o Tribuno da Plebe, votado pelo Povo reunido nos Concilia
Plebis e nunca sujeito à aprovação pelo Senado, o que significa que apenas possuía
duas fontes Exsistendi - O Tribuno da Plebe e os Concilia Plebis.
Também diversamente do que sucedia com a Lex Rogata, que após a aprovação
pelo Senado entrava em vigor com um carácter geral vinculando quer Patrícios, quer
Plebeus. O Plebiscito até ao ano de 287 a.C. apenas vinculava os Plebeus, pelo que
não possuía até ao referido ano a mesma dignidade normativa da Lex Rogata.
4.2 - Consideração detalhada tábua III da lei das XII tábuas, que versava sobre
as consequências decorrentes do incumprimento voluntário da obrigação jurídica de
pagar, que da válida celebração de uma Stipulatio (de um negócio jurídico que
consistia num empréstimo em dinheiro) nascia para o sujeito responsável pela
dívida.
A obrigação jurídica de pagar é o correspectivo do Direito de exigir o pagamento,
sendo que, quer essa obrigação, quer este Direito, são os efeitos que se produzem na
esfera jurídica dos sujeitos envolvidos na válida celebração de um negócio jurídico que
consiste num empréstimo em dinheiro e que no Direito Romano chamava-se Stipulátio.
Segundo o disposto na 1ª Lei da Tábua III, sempre que o responsável pela divida não
cumpri-se voluntariamente com a sua obrigação jurídica de pagar, o credor levava-o a
tribunal, dando-se inicio à chamada acção declarativa. Esta tinha por finalidade,
declarar a existência da divida e, em consequência, do Direito do sujeito credor e a
obrigação do sujeito responsável pela divida.
Introduzido o pedido em tribunal iniciava-se o processo jurisdicional, que deve entender-
se como conjunto organizado de actos que se desenvolvem desde o momento em que o
pedido é introduzido em tribunal até ao momento em que ele é resolvido através da
emanação da Sentença.
O processo jurisdicional romano admitia duas fases:
1) Fase In Iure, era presidida pelo Pretor e nela se desenvolviam as principais
actividades que sustentavam a resolução do litígio, designadamente a análise da
natureza jurídica do pedido e a recolha e produção da prova.
2) Apud Iudicem, era presidida por um particular – o Iudex, ao qual cabia emanar a
sentença.
Durante a Acção declarativa podiam ocorrer uma das seguintes duas situações:
a) O responsáveis pela divida confessava-a, obtendo-se assim um confessio In Iure,
logo na primeira fase do processo jurisdicional e não se transitando portanto
para a fase Apud Iudicem.
b) Não existindo qualquer confissão após a produção da prova na fase Apud
Iudicem, o Iudex emanava uma sentença condenado o responsável pela dívida
obtendo-se assim, uma Iudicatio.
Historia do Direito Romano
Muito importante
Quer o confessio In Iure, quer a Iudicatio assumem a natureza de verdadeiros títulos
executivos permitindo ao Pretor, em caso da insistência no incumprimento por parte do
responsável pela dívida abrir acção executiva sem a necessidade de voltar a proceder
à recolha e analise de qualquer prova.
De acordo com a 2ª Lei da Tábua III, após o confessio In Iure ou a emanação da
Iudicatio é concedido ao responsável pela divida um período de 30 dias para que este
pague. Este período de 30 dias era entendido como um verdadeiro período de tréguas,
desde logo, porque se proibia toda e qualquer espécie de vingança privada. Findo este
período e não ocorrendo o pagamento, o credor podia agarrar na pessoa do
responsável pela divida levando-o de novo ao tribunal para se dar inicio à fase
executiva.
A 3ª Lei da Tábua III dispunha que uma vez em tribunal, o responsável pela divida visse
a sua pessoa ser adjudicada à pessoa do credor por força da Manius iniectio que o
Pretor proferia.
Esta Manius iniectio permitia, portanto, o apoderamento físico da pessoa do responsável
pela dívida, pelo credor, que o levava para sua casa onde o mantinha em cárcere
privado.
A 4ª Lei da Tábua III referia a situação de quase escravidão em que o responsável da
dívida se passava a encontrar e em consequência a limitação do núcleo essencial dos
seus direitos de personalidade.
Contudo também se referia nesta Lei que uma vez que o responsável da divida ainda
conservava a sua condição de Sui Iuris, ele mantinha a capacidade de gozo e de
exercício de Direito sobre o seu património. O que lhe será essencial para o eventual
exercício da primeira forma do Direito de pactar, tal como consagrado na 5ª Lei da
Tábua III.
De acordo com esta 5ª Lei, o responsável pela dívida, de forma a evitar a fase final da
acção executiva, que traduzia a perda da sua condição de Sui Iuris e a consequente
conversão em escravo, podia exercer com o sujeito credor o Direito de pactar mediante
uma das seguintes formas:
a) Decidia, e comunicava tal decisão ao credor, pagar o montante da dívida, assim se
auto-libertando (a partir da Lex Vallia – 160 a.C.);
b) Era resgatado por alguém;
c) Decidia entregar-se ao credor como seu serviçal e criado para qualquer tipo de
função até que a dívida se considerasse paga, momento em que se libertaria.
Se contudo, não fosse exercido este Direito de pactar, o responsável pela dívida
manter-se-ia preso durante mais 60 dias – período no qual seria levado a 3 feiras
públicas consecutivas, onde o valor da sua divida era anunciado pelo Pretor na
expectativa que algum familiar ou amigo paga-se resgatando, assim, o sujeito.
Se nada do que se acaba de descrever acontecesse, chegava-se à fase final da
execução da dívida, que de acordo com a 6ª Lei da Tábua III, se traduzia na conversão
do sujeito em escravo e, em consequência, na sua transferência para o domínio do
Direito de propriedade do credor que, enquanto proprietário, podia fazer do escravo o
que bem entende-se, isto é, podia usa-lo, vende-lo ou mata-lo e esquarteja-lo para
efeitos de prevenção geral face aos demais sujeitos da sociedade Romana.
Acção declarativa
a) Confessio In Iure, na fase In-Iure (Pretor)
ou
b) Iudicatio na fase Apud-Iudicem (particular – Iudex)
Acção executiva
Historia do Direito Romano
a) Manius Iniectio
b) Direito de Pactar …
Acto de se nexundare
c) 3ª Feiras Públicas
d) Perda da condição de Sui Iuris e conversão em escravo
e) Transferência para a propriedade do credor enquanto um verdadeiro “Res”
A qualquer outro regime jurídico, mesmo que celebrado pela cidadã romana
devido ao aliciamento feito através das falsas promessas de casamento.
Á Intercessio celebrada de má-fé por parte da cidadã romana, pois o
Senatusconsultos Velleianum protegia as mulheres enganadas mas não as
enganadoras.
À Intercessio celebrada para a prossecução de um interesse patrimonial próprio
por parte da cidadã romana.
2.1 – Trata-se de uma lei produzida pelo Senado por volta do ano 56 d.C. e que deve
o seu nome ao facto de ter sido proposta pelo Cônsul Velleus.
Nota importante
A Intercessio no Direito Romano surge-nos com uma determinada acepção quando
pensado no contexto do Direito Privado, e uma outra quando pensada no contexto do
Direito Público.
No Direito privado a Intercessio é um negócio jurídico pelo qual alguém se
responsabiliza pelas dívidas de outrem.
No Direito público é o poder que assistia ao Magistrado extraordinário – Tribuno da
Plebe, de vetar ou anular decisões tomadas por um qualquer Magistrado Ordinário sem
que entre eles existisse uma relação de hierarquia (chamava-se a este poder Ius
Intercessionis)
havia feito não era considerado inválido face aos Ius Civile mas sobre ela impendia a
sanção da ineficácia.
Sendo ineficaz esse negócio jurídico não produzia os seus efeitos típico, o que
significava que quando demanda pelo credor para pagar a cidadã intercedente podia
recusar-se a faze-lo e sustentava esta sua recusa na protecção que lhe era conferida
por este Senatusconsultos invocando a seu favor um exceptio Senatusconsultos velleianum
(a exceptio era uma das clausulas que integravam a formula processual que durante o
processo jurisdicional finda a fase In Iure ou então, o Pretor podia, desde logo, inutilizar
o pedido do credor ao demandar a mulher intercessora, mediante a denegatio actiones.
O Pretor regia e entregava ao Iudex para que este emanasse a sentença.
Esta cláusula continha alguma ou algumas circunstâncias que funcionavam como
atenuantes do comportamento do sujeito demandado.
No caso concreto a exceptio invocava a existência do Senatusconsultos velleianum que
visando proteger a cidadã intercedente introduzia uma excepção à regra segundo a
qual todo aquele que se responsabiliza pela divida de outro, pode ser pelo credor, nas
mesmas condições esse outro demandado para o pagamento dessa dívida.
Caso a cidadã romana tivesse pago, ignorando estar assistida pela protecção deste
Senatusconsultos, podia reclamar o que pagou, pois entendia-se que a mulher
intercedente não ficava efectivamente obrigada, nem sequer contraia uma obrigação
natural.
Nota: A emancipação é uma figura jurídica constituída para limitar os efeitos das
incapacidades dos sujeitos, porque permite que o incapaz, quando emancipado, se
torne titular de uma mais ou menos ampla capacidade de exercício de Direitos.
No Direito Português a emancipação existe para conceder ao menor de 16 anos de
idade a referida capacidade, e opera-se nos termos do disposto no Código Civil por
força do casamento. No Direito Romano a emancipação permitia ao FiliusFamilia que
ainda tivesse o seu Patér vivo uma maior capacidade de exercício de Direitos.
A noção de FiliusFamilia não deve confundir-se com a menoridade. Esta ultima é relativa
a todo o cidadão romano que não tenha feito 24 ou 25 anos, enquanto FiliusFamilia é
todo aquele que tem o Patér vivo e que não está emancipado, independentemente da
idade.
3 – Âmbito de aplicação
O Senatusconsultos Macedonianum aplicava-se exclusivamente ao seguinte tipo de
situação concreta:
a) Aos negócios jurídicos que consistiam em emprestimos em dinheiro (Stipulatio)
b) Em que o sujeito devedor era um FiliusFamilia
c) Sendo que a divida contraída visava permitir ao FiliusFamilia a prática de
actos de imoralidade.
obrigação natural que hoje encontramos consagrado no Artº 402º do C. Civil reporta-se
ao entendimento desta obrigação no Direito Romano).
A excepção à regra é:
- Sempre que o sujeito devedor for um FiliusFamilia, e o empréstimo tiver sido
contraído para a prática de actos de imoralidade, o sujeito devedor não tem uma
obrigação jurídica de pagar, mas tão somente uma obrigação natural.
Constituições Imperiais
I) Edicta
II) Rescripta
a) Epistolas
b) Subscriptio
III) Mandata
IV) Decreta
As Constituições Imperiais como fontes Manifestandi do Ius Civile
1 – Noção
2 – Evolução do seu valor jurídico
3 – Tipos de Constituições Imperiais, do Sec. I - Sec IV d.C., e do Sec. IV - Sec VI d.C.
1 – Noção
As Constituições Imperiais eram leis do Direito Romano produzidas unilateralmente
(directamente) pelo Imperador.
Quando analisadas quanto ao seu conteúdo, podiam ser decisões de varia natureza,
como é o caso da Decreta, que eram decisões judiciais proferidas pelo Imperador, mas
que na tipologia da fonte Manifestandi do Ius Civile surgem na fonte Lei.
Após o Sec IV e até ao Sec. VI d.C., período que historicamente ficou conhecido por
Baixo-Império, surgem mais dois novos tipos de Constituições Imperiais:
- as Adnotationes, e as Pragmaticae Sanctiones.
As primeiras eram Constituições Imperiais que consistiam numa nova forma de o
Imperador responder aos pedidos que lhe eram feitos, inscrevendo nesses mesmos
pedidos um rescrito, pelo qual concedia determinados favores, como o da isenção de
impostos. As segundas terão sido Constituições Imperiais de carácter regional.
Com efeito, cabia aos estudiosos do Direito indicar quais as matérias que deviam ser
juridicamente reguladas, interpretar as normas existentes, indicar o seu carácter moral
ou ético, e referir quando é que a norma jurídica já não tinha qualquer razão de ser.
Sendo assim, a Iurisprudêntia foi na realidade a primeira fonte do Direito Romano.
Contudo, durante a fase da Republica, a actividade da Iurisprudêntia não era
oficialmente uma fonte de Direito, porque os responsa dos Iurisprudentes romanos nesta
fase não tinham carácter obrigatório nem vinculativo.
É com Octávio César Augusto que esses responsa ganham pela primeira vez um carácter
obrigatório e vinculativo.
Com efeito, dentro da sua estratégia de centralização de todos os poderes na sua
pessoa, este Imperador chamou para junto de si, e colocou ao seu serviço, os
Magistrados mais inteligentes, concedendo-lhes o prestígio que eles não dispunham
anteriormente, Tal ocorreu através da atribuição do Ius respondendi ex autoritates
princeps.
Ius Praetorium
=> Parte mais importante do Ius Honorarium (todo o Ius Romanum non-Civile)
Verbal
Exemplos:
1) Ordem dada pelo Pretor sempre e só a um litigio emergente de uma Stipulatio
2) Ordem dada pelo Pretor de restituir por inteiro, ou seja, desfazer o negócio jurídico.
Dolo – prejuízo grave feito a alguém de propósito
3) Modo que o Pretor tem de sancionar alguém por não obedecer a uma ordem sua
4) Ordens provisórias que tinham que ser confirmadas pelo Juiz para produzir efeitos.
Expedientes do Pretor
Anteriores ao ano 130 a.C. e baseados no seu Poder D’Imperium (Poder de
soberania a que os cidadãos não podiam opor-se)
1 – É uma ordem dada pelo Pretor logo é diferente da Stipulatio enquanto
negócio jurídico;
2 – É uma ordem dada pelo Pretor relativa a um litígio emergente de Stipulatio
que não foi validamente celebrada;
2.1 – A Stipulatio enquanto negócio jurídico: natureza, efeitos, requisitos
de validade face ao Ius Civile;
3 – Finalidade da Stipulatio Praetoriae
A principal função deste Magistrado consistia na resolução dos litígios concretos em que
ambas as partes eram Cives.
Sempre que a sua intervenção fosse solicitada pelo sujeito, cujos interesses haviam sido
lesados na celebração do negócio jurídico, tratando-se de litígios em que ambas as
partes tinham cidadania romana, tal significa que o ordenamento jurídico, no seio do
qual se encontrava a regulamentação destes litígios era o Ius Civile.
Sendo assim, ao resolver o litígio sujeito à sua actuação, o Pretor, após análise dos
factos, concedia ou negava, ao sujeito, faculdades ou prerrogativas jurídicas que
estavam consagradas no Ius Civile.
Mt. Importante: O que acaba de se dizer, é essencialmente válido para a actuação do
Pretor até ao ano 130 a.C., posto que a partir deste ano, e devido a uma importante
lei do Direito Romano, o Pretor passa a ter o poder de, em determinados litígios e para
a sua resolução, conceder ao sujeito Actiones Praetoriae, isto é, Direitos, poderes ou
faculdades jurídicas que ele próprio, Pretor, cria.
Exemplo:
Se em 128 a.C., Antonius, cidadão romano, celebrar com Bentus, cidadão romano, uma
Stipulatio por força da qual se torna devedor da quantia de 10 mil sestércios, pelo
prazo de 20 dias e caso ocorra ao 10º dia do referido prazo, uma grande incêndio
que coloca Antonius numa situação de empobrecimento total.
Então, quando demandado para pagar, por Bentus, o que poderá Antonius fazer?
Tratando-se de uma situação que ocorre posteriormente ao ano de 130 a.C., se
Antonius solicitar a intervenção do Pretor, este baseando-se no seu Poder D’ Iurisdictio
vai, aos analisar os factos em litígio, concluir que o não cumprimento da obrigação
jurídica, por Antonius não lhe é imputável, pois decorre de uma catástrofe natural.
Imbuído do espírito de justiça, que o caracteriza e por neste período dispõe de uma
maior autonomia relativamente ao Ius Civile, o Pretor vai resolver este litígio
concedendo aqui uma actio que ele próprio cria – Actio ficticiae, por força da qual o
Pretor vai friccionar que o prazo para o pagamento da dívida não é de vinte dias, mas
sim, por exemplo, de um ano, de modo a que Antonius reúna as condições patrimoniais
necessárias para o pagamento da divida.
Ora, esta dilatação do prazo a que o Pretor recorre para a resolução deste caso
concreto é criado por ele próprio e não pelo Ius Civile.
Até ao ano de 130 a.C. na resolução dos litígios sujeitos à sua apreciação, o Pretor
lançava mão de 4 expedientes, ou seja, emanava 4 tipos de ordens com vista à
resolução do litígio e fundamentava-as no seu poder D’Imperium se. Um poder de
soberania ao qual nenhum cidadão de Roma se podia opor. Compreende-se que em
regra, as ordens do Pretor fossem acatadas pelos seus destinatários.
As vontades negociais não são validamente constituídas sempre que na sua base exista
algum ou alguns dos seguintes elementos:
a. Coacção “ob metum”
b. Má-fé
c. Dolo – quando o suj. Foi enganado “ob dolum”
d. Erro “ob errorem”
e. Incapacidade de exercício de Direito (menoridade) “ob aetatem”
f. Simulação
g. Fraude “ob fraudem creditorum”
5 – Atendendo a estes vários elementos as RII subdividem-se nas seguintes
espécies:
Com a actuação do Pretor, este vai anular o negócio jurídico da doação ou venda
fictícia e restitui todos os bens de C a B.
Para que o Pretor emanasse esta ordem, que tinha por finalidade desfazer o negócio
jurídico de doação ou de venda fictícia, celebrado entre o sujeito devedor e o sujeito
directo adquirente dos bens era necessário que se encontrasse cumulativamente
verificados os seguintes requisitos:
a) Má-fé do sujeito devedor, ou seja, intenção consciente de prejudicar o sujeito
credor;
Historia do Direito Romano
Interdictum utile
Interdictum fraudatorium
Era uma ordem dada pelo Pretor, com base no seu poder D’Imperium e que funcionava
como um modo de sancionar o cidadão romano que houvesse desrespeitado uma outra
ordem que lhe tivesse sido dirigida pelo Pretor.
As Missiones in possessiones são a origem da actual figura do embargo de bens e
produziam as seguintes consequências:
- Em face do incumprimento por parte de sujeito devedor de uma ordem que era
dada pelo Pretor para que ele cumprisse com a sua obrigação jurídica de pagar, o
Pretor tendo em conta o montante da dívida em causa, determinaria que algum ou
alguns dos bens do devedor se transferissem para o sujeito credor, com poderes de
administração e fruição até que a divida se considerasse paga, momento em que o bem
ou bens embargados retornariam à propriedade do sujeito devedor.
Isto significa que, as Missiones in Possessiones não operavam a transferência do Direito
de propriedade do sujeito devedor para o sujeito credor, que o mesmo é dizer, o bem
ou bens, objecto do embargo eram transmitidos ao credor com meros poderes de
administração e fruição e já não com poderes de disposição.
IV – Interdicta
No Direito Romano as situações relativas à posse das quais emergem litígios só podiam
resolver-se mediante a intervenção do Pretor.
Interdicta Possessiones
1) Interdicta Retinendae Possessiones
a) Uti Possidetis
b) Utrubi
2) Interdicta Recuperandae Possessiones
a) Ad Precário
b) Unde Vi
c) Vi armata
Historia do Direito Romano
As ordens que o Pretor emanava para a resolução destes litígios específicos chamavam-
se Interdicta possessiones e subdividiam-se em 2 tipos:
a) Interdicta Retinendae Possessiones eram ordens de natureza proibitória que o
Pretor emanava sempre que pretendia proibir que alguém que detinha uma
posse pacífica fosse nela perturbado por outrem. Se a coisa possuída fosse um
bem imóvel, a Interdicta Retinendae Possessiones chamava-se Uti Possidetis. Se a
coisa possuída fosse um bem móvel a Interdicta Retinendae Possessiones chamava-
se Utrubi.
b) Interdicta Recuperandae Possessiones eram ordens dadas pelo Pretor, com base
no seu poder D’Imperium e de natureza restituitória, visava obrigar aquele que
havia obtido a posse de uma coisa, de forma não pacifica, a restituir essa coisa
(recuperar a posse).
A obtenção da posse de forma não pacifica podia realizar-se numa das
seguintes situações:
1) Sempre que o possuidor da coisa cedendo a insistentes pedidos de um
outro sujeito, lhe transmitisse a posse dessa coisa e caso posterior este
possuidor, a título precário, se recusasse a restituir a coiso, o Pretor
interviria a favor do 1º possuidor emanando uma ordem que se chamava
Interdicta Recuperandae Possessiones Ad Precário
2) Sempre que alguém tivesse obtido pela violência a posse de uma coisa,
recusando-se depois a restitui-la o Pretor emanaria uma ordem, com vista
a essa restituição chamada Interdicta Recuperandae Possessiones Unde Vi.
3) Sempre que alguém perdesse a posse de uma coisa devido ao uso de
violência e posteriormente organizando um grupo de homens armados,
que o mesmo é dizer recorrendo à via armada, obtivesse a posse dessa
mesma coisa. Caso o primeiro dos sujeitos envolvidos solicitasse a
intervenção do Pretor, este magistrado, ponderando o grau de violência
utilizado por ambos os sujeitos emanaria uma ordem, com vista à
restituição da coisa para o sujeito que foi objecto da violência mais
grave e essa ordem chamava-se Interdicta Recuperandae Possessiones Vi
armata
Ano 130 a.C. = Lex Aebutia de Formulis Impotência: Introduz uma nova forma de
processar
= Agere per formulas
Atribuição ao Pretor de novos expedientes
1) Denegatio actiones
2) Exceptio
3) Actiones Praetoriae (com estas o Pretor pela 1ª vez cria Ius Praetorium
de forma directa)
a) Actio in Factum Conceptae (tem a mesma finalidade da
Stipulatio Praetoriae)
b) Actio Ficticiae
c) Actio Utile
d) Actio Adiecticiae Qualitis
Historia do Direito Romano
Com efeito, este ano assinala o surgimento de uma importante Lei do Ius Civile, a
chamada Lex Aebutia de Formulis. Esta Lei apresenta uma dupla importância que cumpre
considerar:
1) No domínio do processo jurisdicional romano a Lex Aebutia de Formulis, vai
introduzir uma nova forma de processar, a que se chama agere per formulas.
Tal significa que o processo jurisdicional romano, que até então era oral, passa
a ser todo ele escrito. Mantém-se a sua divisão em duas fases:
- A fase In Iure e a fase Apud Iudicem, mas doravante o Pretor, no final
da fase In Iure, elabora um documento escrito, que apresenta ao Iudex e com
base no qual este emana a sentença.
Este documento escrito é a fórmula processual, sendo que, consoante o tipo de
pedido introduzido em Tribunal, assim se apresenta a redacção da formula
processual.
A Lex Aebutia de formulis tem também uma particular importância no que toca à
actuação do Magistrado Pretor, na medida em que funda a atribuição de novos
expedientes, com base no seu poder D’Iurisdictio.
Quanto a estes novos expedientes cumpre fazer as seguintes advertências:
a) Não substituem as anteriores, antes se lhes acrescentam.
Sendo que, o que se acaba de dizer admite, no entanto, a seguinte excepção: O
expediente Stipulatio Praetoriae que o Pretor utilizava para num ano anterior a 130
a.C. resolver um litígio emergente de uma Stipulatio invalidamente celebrada é
substituída pelo expediente Actio in Factum Conceptae se esse litígio ocorrer num ano
posterior a 130 a.C.
b) Os novos expedientes dos Pretor já não se fundam no poder D’Imperium mas
sim, no poder D’Iurisdictio, ou seja, no poder de administrar, de modo corrente, a
Justiça.
c) No leque destes novos expedientes surgem as chamadas Actiones Praetoriae e
o aparecimento deste tipo de Actiones tem a seguinte grande importância:
- Até ao ano de 130 a.C. o Pretor sempre que a sua intervenção era solicitada,
intervinha, resolvendo o litígio concreto mediante a concepção ou a negação de Direitos,
poderes ou faculdades jurídicas que se encontravam consagrados no Ius Civile. Isto
significa que a actuação do Pretor, no período anterior ao ano 130 a.C. se traduzia,
exclusivamente, na concepção ou negação de Actiones Civiles.
Historia do Direito Romano
Diferentemente, a partir do ano 130 a.C. ainda que apenas para 4 tipos de situações
específicas, o Pretor já pode, pela 1ª vez conceder ao sujeito, que solicita a sua
intervenção, um Direito, poder ou faculdade que não está plasmado no Ius Civile , pelo
que, é portanto criado ab inicio pelo próprio Pretor.
Quer isto dizer, que após o ano 130 a.C., pela 1ª vez o Pretor concede Actiones
Praetoriae e neste sentido cria de forma directa “Ius Praetoriae”.
Exemplo:
Stipulatio validamente celebrada
Empobrecimento do devedor provocado por uma catástrofe natural, consequente
impossibilidade de cumprir com a obrigação judicial de pagar.
Se esta situação ocorrer posteriormente ao ano 130 a.C., o Pretor, ponderando os
interesses de ambas as partes envolvidas, posto que o devedor não cumpre devido a
um elemento exterior à sua vontade, vai criar uma Actio própria, que não está
consagrada no Ius Civile, e por força da qual, dilata o prazo para o pagamento da
dívida em prol da Justiça.
Esta Actio, que se traduz, na prática, em permitir ao devedor uma maior tempo para
pagamento da divida, chama-se Actio Ficticiae e através dela, o Pretor cria, de forma
directa Ius Praetariae.
Exceptio – Era um expediente que o Pretor utilizava, sempre que tendo concedido, ao
sujeito, uma Actio Civilis, posteriormente, durante a fase in iure, concluía pela
necessidade de frustrar ou inutilizar a Actio que havia sido concedida ao sujeito.
A Exceptio era uma cláusula que o Pretor introduzia na forma processual, e na qual
referia alguma circunstância a favor do demandado, ou seja, inutilizava a pretenção do
sujeito demandante.
Exemplo:
Mancipatio (transferência de propriedade) realizada sob coacção, não entrega da
coisa pelo sujeito vendedor
- Incumprimento contratual
- Solicitação da intervenção do Pretor pelo sujeito comprador
Concepção a este de uma Actio Civilis, por força da qual o Direito de propriedade
sobre a coisa se transfere da esfera jurídica do vendedor para a do comprador.
Porém, no decurso da fase In Iure, o Pretor apercebe-se e prova a existência de
coacção, pelo que utiliza uma Exceptio para frustrar a Actio concedida ao sujeito
comprador e para atenuar o comportamento do sujeito vendedor justificando a não
entrega da coisa.
Actiones Praetoriae
1) Actiones in Factum conceptae – Trata-se de uma Actio criada pelo
próprio Pretor sempre que lhe cumpre resolver um litígio idêntico àquele
que lhe é apresentado no período anterior a 130 a.C., e para a
resolução do qual, o Pretor utilizava uma Stipulatio Praetoriae. Tratava-
se, como o próprio termo indica, de uma Actio que o próprio Pretor cria
para dar protecção jurídica a uma situação que merece essa protecção,
e não a tem da parte do Ius Civile.
Historia do Direito Romano
2) Actiones Ficticiae – Trata-se de uma Actio que o Pretor cria por recurso à
ficção, isto é, alterando ou introduzindo, na situação concreta, um
elemento novo (P.ex. dilatações de prazo para o pagamento de uma
dívida). Sendo que Pretor, assim, actua para a realização da Justiça e
não para o favorecimento de uma das partes do litígio.
3) Actiones Utiles – É uma Actio que o Pretor cria, sempre que utiliza a
analogia, ou seja, sempre que para a resolução do litigio, submetido à
sua apreciação, o Pretor recorre à solução que para um caso semelhante
o Ius Civile consagra.
4) Actiones adiecticiae qualitatis – Trata-se de uma Actio que o Pretor cria,
sempre que pretende responsabilizar, total ou parcialmente, o
PaterFamilia por uma dívida contraída por uma Filliusfamilia ou por um
Cervos.
Exemplo:
O cidadão A, filho do comerciante Bentus, na qualidade de gerente do estabelecimento
comercial do seu pai, contrai, perante o cidadão romano C, uma dívida no valor de 20
mil sestércios. Dinheiro que, efectivamente, utiliza para que a gerência do referido
estabelecimento comercial. Quando demandado por C para pagar, A, enquanto
Filliusfamilia, não o pode fazer. C solicita a intervenção do Pretor e este Magistrado,
provado que fica, que a divida foi contraída para a gerência do estabelecimento
comercial de B, concede a C, uma Actio Adiecticiae qualitatis, de forma a responsabilizar
B totalmente, pela referida dívida, na hipótese em concreto.
Esta Actio diz-se institutória.