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Relação entre estressores – Margis et alii

Relação entre estressores,


estresse e ansiedade

Regina Margis*
Patrícia Picon**
Annelise Formel Cosner***
Ricardo de Oliveira Silveira****

1. INTRODUÇÃO resposta do organismo como a situação que


desencadeia os efeitos desta.1,2
O termo estresse denota o estado gerado A resposta ao estresse é resultado da inte-
pela percepção de estímulos que provocam ex- ração entre as características da pessoa e as
citação emocional e, ao perturbarem a homeos- demandas do meio, ou seja, as discrepâncias
tasia, disparam um processo de adaptação ca- entre o meio externo e interno e a percepção do
racterizado, entre outras alterações, pelo indivíduo quanto a sua capacidade de resposta.
aumento de secreção de adrenalina produzindo Esta resposta ao estressor compreende aspec-
diversas manifestações sistêmicas, com distúr- tos cognitivos, comportamentais e fisiológicos,
bios fisiológico e psicológico. O termo estressor visando a propiciar uma melhor percepção da
por sua vez define o evento ou estímulo que situação e de suas demandas, assim como um
provoca ou conduz ao estresse.1 processamento mais rápido da informação dis-
Em 1936 o fisiologista canadense Hans ponível, possibilitando uma busca de soluções,
Selye introduziu o termo “stress” no campo da selecionando condutas adequadas e preparan-
saúde para designar a resposta geral e inespe- do o organismo para agir de maneira rápida e
cífica do organismo a um estressor ou a uma vigorosa. A sobreposição destes três níveis (fi-
situação estressante. Posteriormente, o termo siológico, cognitivo e comportamental) é eficaz
passou a ser utilizado tanto para designar esta até certo limite, o qual uma vez ultrapassado,
poderá desencadear um efeito desorganizador2.
Assim, diferentes situações estressoras ocor-
* Psiquiatra, mestranda em Bioquímica (UFRGS). rem ao longo dos anos, e as respostas a elas
** Psiquiatra, professora assistente do Departamento de Psiquiatria variam entre os indivíduos na sua forma de
FAMED-PUCRS.
apresentação, podendo ocorrer manifestações
*** Psiquiatra, psiquiatra do Ambulatório de Transtornos de Ansiedade do
Hospital São Lucas. psicopatológicas diversas como sintomas ines-
**** Psiquiatra, mestrando em Psiquiatria (UFRGS) e membro do corpo pecíficos de depressão ou ansiedade, ou trans-
clínico do Prontopsiquiatria – CISAME. tornos psiquiátricos definidos, como por exem-

Recebido em 24/01/2003. Revisado em 11/03/2003. Aprovado em 18/03/2003. 65

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plo o Transtorno de Estresse Pós-Traumático3. psíquicas por um tempo longo, podendo chegar
O presente trabalho tem por objetivo relatar a décadas, mesmo após seu afastamento do
os achados de literatura reunidos por grupo de mesmo. O evento traumático grave inclui as-
estudos do XVI Ciclo de Avanços em Clínica pectos relacionados ao comprometimento da
Psiquiátrica , a ser realizado em 13 de abril de integridade física do próprio indivíduo ou de
2003, em Porto Alegre. O foco de interesse foi o outrem. O evento de vida estressor, por outro
estudo da relação entre estresse, eventos de lado, é aquele que, embora possa dar origem a
vida estressores e sintomas de ansiedade. Não efeitos psicológicos sob a forma de sintomas e
sendo propósito do grupo estudar a relação desadaptação, uma vez removido, tende a acar-
entre eventos traumáticos e transtornos já des- retar uma diminuição do quadro psicopatológi-
critos e categorizados segundo a Classificação co por ele provocado.5
Internacional de Doenças (CID – 10)3, como o Mudanças importantes na vida, como ini-
transtorno de estresse pós-traumático, reação ciar um novo emprego, casar-se ou separar-se,
aguda ao estresse, reação de ajustamento ao o nascimento de um filho, sofrer um acidente,
estresse e alteração de personalidade após ex- podem gerar resposta de estresse nos indiví-
periência catastrófica. O grupo utilizou o siste- duos a elas expostos. Avaliar a ocorrência des-
ma de busca on-line nas bases de dados ME- tes eventos pode ser uma forma de tomar co-
DLINE e LILACS, no período de 1994 a janeiro nhecimento da freqüência com que determinada
de 2003. Os termos de busca foram life-events, pessoa desencadeia uma resposta de estres-
stress, anxiety. Cabe salientar a relativa escas- se.
sez de trabalhos localizados na área de interes- Além dos eventos de vida estressores, os
se. denominados acontecimentos diários menores,
que podem ser vivenciados em diversas situa-
2. ESTRESSORES ções cotidianas, como perder coisas, esperar
em filas, ouvir o som do despertador ou o baru-
As situações ambientais podem ser provo- lho provocado por vizinhos, também são provo-
cadoras de estresse e agrupadas como: acon- cadores de resposta de estresse. Muitas vezes
tecimentos vitais (life-events), acontecimentos estes acontecimentos diários menores, quando
diários menores e situações de tensão crônica. freqüentes, geram resposta de estresse com
Os chamados life-events, estudados pela pri- efeitos psicológicos e biológicos negativos mais
meira vez por Holmes e Rahe em 1967 2, têm importantes do que eventos de vida estresso-
sido um grande foco da epidemiologia psiquiá- res de menor freqüência. Salienta-se, então, a
trica nas últimas décadas. Na literatura, os life- importância destes eventos menores, porém
events têm sido nomeados como acontecimen- freqüentes, que para alguns indivíduos são pro-
tos vitais, eventos de vida, eventos estressores vocadores de grande desconforto psíquico.
ou eventos de vida negativos. Os autores pro- O terceiro grupo de situações ambientais
põem que a nomenclatura mais apropriada para provocadoras de estresse corresponde às si-
a discussão do tema seja a de eventos de vida tuações de tensão crônica que geram estresse
estressores, a qual será utilizada no decorrer relativamente intenso e que persistem ao longo
deste artigo. Os eventos de vida estressores do tempo, como por exemplo, um relaciona-
têm sido diferenciados em dependentes e inde- mento conjugal perturbado (com agressões ver-
pendentes. Os dependentes apresentam a par- bais e físicas ao longo de anos), gerando im-
ticipação do sujeito, ou seja, dependem da for- portantes efeitos psicopatológicos.2
ma como o sujeito se coloca nas relações
interpessoais, como se relaciona com o meio, 3. RESPOSTA AO ESTRESSE
onde seu comportamento provoca situações
desfavoráveis para si mesmo. Os eventos de 3.1 Nível cognitivo
vida estressores independentes são aqueles
que estão além do controle do sujeito, indepen- A resposta ao estresse depende, em gran-
dem de sua participação, sendo inevitáveis, de medida, da forma como o indivíduo filtra e
como por exemplo, a morte de um familiar ou a processa a informação e sua avaliação sobre
saída de um filho de casa como parte do ciclo as situações ou estímulos a serem considera-
vital de desenvolvimento.4 dos como relevantes, agradáveis, aterrorizan-
Há de se fazer ainda distinção entre evento tes, etc. Esta avaliação determina o modo de
traumático e evento de vida estressor. O evento responder diante da situação estressora e a
traumático é aquele em que, uma vez a ele forma como o mesmo será afetado pelo estres-
66 exposto, o sujeito poderá sofrer conseqüências se. No nível cognitivo, podemos então distin-

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guir quatro componentes: 1. avaliação inicial fobia social, ou um padrão de enfrentamento da


automática da situação ou estímulo, também personalidade tipo A ser preditor de transtornos
conhecida como reação afetiva, em que o sujei- cardiovasculares. 2
to avalia inicialmente o potencial de ameaça
para si. Esta avaliação global afetiva determina 3.3 Nível fisiológico
um padrão de respostas do tipo defesa ou con-
ferência e orientação. Quando a situação ou Aspectos neuroanatômicos
estímulo é percebido como ameaçador, então
uma resposta de defesa é ativada. Porém, se a Do ponto de vista evolutivo, a ansiedade e
avaliação for de não ameaça, a resposta de o medo, assim como o estresse, têm suas raí-
conferência e orientação é a escolhida, e o zes nas reações de defesa dos animais, que
sujeito se prepara para recolher mais informa- ocorrem em resposta aos perigos encontrados
ções. As respostas de conferência e orientação em seu meio ambiente. Quando um animal se
ou de defesa irão provocar diferentes respostas depara com uma ameaça ao seu bem estar, à
fisiológicas; 2. avaliação da demanda da situa- sua integridade física, ou até mesmo à sua
ção ou avaliação primária, em que o sujeito sobrevivência, ele experimenta uma série de
avalia a situação estressora, não por seu signi- respostas comportamentais e neurovegetativas,
ficado intrínseco, mas de acordo com sua histó- que caracterizam a reação de medo (ver fluxo-
ria pessoal e seu aprendizado e experiências grama 1).
prévias. Nesta fase, o relevante é como o sujei- Considera-se que diferentes estruturas ce-
to vivencia a situação de estresse; 3. avaliação rebrais estejam envolvidas nas diferentes es-
das capacidades para lidar com a situação es- tratégias de defesa, dependendo do nível de
tressora ou avaliação secundária, quando o su- ameaça percebido pelo indivíduo. Experiências
jeito avalia a situação em relação às suas capa- com modelos animais evidenciam que, em si-
cidades e recursos de enfrentamento para tuações potencialmente perigosas (situações
manejá-la e; 4. organização da ação ou seleção novas ou situações semelhantes àquelas nas
da resposta, a partir das avaliações anterior- quais o indivíduo viveu um perigo real em um
mente descritas, em que o sujeito elabora suas outro momento), as estruturas envolvidas se-
respostas às demandas percebidas2. riam o sistema septo-hipocampal e a amígdala.
As respostas podem ser específicas para a Tais estruturas recebem informações colhidas
situação alvo ou gerais, ou pode ainda não pelos diferentes sistemas sensoriais, criando
haver resposta disponível para o sujeito que assim uma representação do mundo exterior. O
então decidirá entre arriscar uma nova resposta sistema septo-hipocampal executaria inicial-
ou suportar passivamente a situação estresso- mente a função de conferidor, comparando a
ra. Os recursos comportamentais e fisiológicos síntese dos dados sensoriais do momento, com
a serem mobilizados dependem, em grande me- as predições que levam em conta as memórias
dida, desta escolha. armazenadas em diversos locais do Sistema
Nervoso Central (SNC), bem como os planos
3.2 Nível comportamental de ação gerados pelo córtex pré-frontal. Quan-
do há coerência entre as duas representações,
As respostas comportamentais básicas o sistema septo-hipocampal continuaria a exe-
diante de um estressor são: enfrentamento (ata- cutar sua tarefa de conferidor. Entretanto, quan-
que), evitação (fuga), passividade (colapso). As do é detectada uma discrepância entre o espe-
habilidades do sujeito para dar respostas ade- rado e o acontecido, o sistema septo-hipocam-
quadas a cada estressor dependem de um pal passaria a funcionar na modalidade contro-
aprendizado prévio das condutas pertinentes e le, gerando inibição do comportamento,
de se a emissão de respostas recebeu reforço aumento do nível de vigilância, dirigindo a aten-
nas situações similares precedentes. Além dis- ção do indivíduo para possíveis fontes de peri-
to, a resposta de enfrentamento será modulada go (comportamento de avaliação de risco).
por suas conseqüências. A resposta de enfren- Quando os sinais de perigo tornam-se ex-
tamento selecionada define a forma de ativa- plícitos, mas encontram-se ainda à longa dis-
ção do sujeito, os recursos e estruturas fisioló- tância, a reação típica é a de imobilidade tensa
gicas a serem mobilizadas e os possíveis (congelamento ou inibição comportamental de-
transtornos psicofisiológicos que possam ocor- fensiva), cujo substrato neural provavelmente
rer. A resposta ao estressor pode ser preditiva seja a porção ventral da matéria cinzenta peria-
de transtornos específicos como no caso de quedutal (MCP) do mesencéfalo.6,7 Graeff e
fuga e evitação, ser preditiva de agorafobia ou cols., baseados em experimentos com animais, 67

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consideram que a MCP parece ser a principal Sabe-se que a diminuição da função serotonér-
estrutura responsável pela programação de luta gica pode resultar em aumento da função da
e fuga, que guarda analogia com os ataques de dopamina, promovendo hipervigilância nas si-
pânico6. Esta, juntamente com o hipotálamo, tuações de estresse.
programa as manifestações comportamentais, Acredita-se atualmente que a serotonina
hormonais e neurovegetativas das reações de exerça um duplo papel na regulação do com-
defesa. Além disso, foi também verificado que a portamento de defesa. Os sinais de perigo esti-
estimulação da via serotonérgica, que se origi- mulariam o sistema de defesa através da amíg-
na no núcleo mediano da rafe e inerva preferen- dala e, ao mesmo tempo, ativariam os neurônios
cialmente o septo-hipocampo, determina inibi- serotonérgicos do núcleo dorsal da rafe. Estes,
ção comportamental característica da defesa. por vias nervosas diferentes, inervam tanto a
amígdala quanto a MCP. A serotonina facilitaria
Neurotransmissores e estresse as reações ativas de defesa na amígdala e as
inibiria na MCP. As respostas mediadas pela
Diferentes substâncias têm sido estudadas serotonina teriam, portanto, um sentido adapta-
visando a compreender a neurofisiologia que tivo, já que para níveis de perigo potencial ou
envolve a ansiedade e o estresse. Entre elas as distal é conveniente que os comportamentos de
aminas biogênicas, como a noradrenalina, a luta e fuga sejam inibidos, possibilitando que o
dopamina e a serotonina; aminoácidos, como o indivíduo adote estratégias mais adequadas,
ácido gama-aminobutírico (GABA), a glicina e o como exploração cautelosa e inibição compor-
glutamato; peptídeos, como o fator de liberação tamental.7 Poder-se-ia dizer, ainda, que a sero-
de corticotropina (CRF), o hormônio adrenocor- tonina aumenta a ansiedade atuando na amíg-
ticotrófico (ACTH) e a colecisticinina (CCK) e dala e contém o pânico agindo na MCP.
esteróides, como a corticosterona (fluxograma O GABA (acido gama-aminobutírico) é o
2). principal neurotransmissor inibitório do Sistema
No SNC, neurônios que sintetizam nora- Nervoso Central. No núcleo dorsal da rafe, exer-
drenalina estão situados nas regiões bulbar e ce uma inibição tônica sobre os neurônios sero-
pontina, sendo que o grupo mais importante tonérgicos. Na MCP e colículos superiores,
situa-se no locus ceruleus. As células do locus exerce um controle inibitório sobre o substrato
ceruleus, quando ativadas por estímulos es- neural do medo. No teto mesencefálico, contro-
tressantes, ameaçadores, produzem uma rea- la aspectos motores relacionados ao comporta-
ção comportamental cardiovascular caracterís- mento de fuga6,7.
tica de medo. Acredita-se que o locus ceruleus Os receptores benzodiazepínicos (BZD) e
funcione como um “sistema de alarme”, ou seja, o GABA estão presentes em toda parte no SNC,
exerce a função de atenção, monitorando conti- afetando diversos sistemas funcionais. Entre-
nuamente o ambiente e preparando o organis- tanto, os sistemas neuronais envolvidos na re-
mo para situações de emergência.6,7 gulação da ansiedade, segundo evidências ex-
De todos os transtornos de ansiedade, o perimentais, são particularmente os núcleos
transtorno do pânico e o estresse pós-traumáti- lateral e baso-lateral da amígdala, os quais são
co são os que apresentam evidências mais con- ricos em receptores BZD. Estudos mostram
tundentes de uma anormalidade do sistema no- também que o sistema GABA – BZD da amíg-
radrenérgico. dala regula não apenas a ansiedade, mas a
A noradrenalina tem sido relacionada tam- memória emocional, já que à amígdala também
bém com experiências intrusivas. O locus ceru- é atribuída a ação amnésica dos compostos
leus inerva hipocampo, amigdala e neocortex BZD. 6,7
temporal, que são algumas das estruturas neu- Resumindo, nas situações em que o perigo
roanatômicas envolvidas no processo associa- está próximo, o indivíduo irá reagir com com-
tivo. Na resposta aguda ao estresse, há um portamentos vigorosos de luta ou fuga. Para tal,
aumento importante de noradrenalina na fenda fazem-se necessárias alterações cardiovascu-
sináptica, resultando num aumento da resposta lares, constituindo em elevação da pressão ar-
monosináptica evocada.8 terial, taquicardia, vasoconstrição na pele e nas
Com relação à dopamina, o estresse au- vísceras e vasodilatação nos músculos estria-
menta a liberação e o metabolismo deste neu- dos, bem como hiperventilação. O sistema neu-
rotransmissor no córtex pré-frontal, uma área ral responsável por tais manifestações compor-
envolvida na produção de respostas ao estres- tamentais e neurovegetativas de defesa ativa
se9. O envolvimento da dopamina com estados seria a MCP dorsal e o hipotálamo medial. O
68 de hipervigilância já está bem estabelecido. hipotálamo, uma vez estimulado, libera o fator

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liberador de corticotrofina (CRF), vasopressina de estresse mantenha-se por mais tempo. Este
e outros neuropeptídeos reguladores. A libera- eixo é disparado quando a pessoa não dispõe
ção de CRF promove, entre outras, a secreção de estratégias de enfrentamento na situação de
do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), o estresse. Seus principais efeitos são: aumento
qual leva à liberação do cortisol pelas adrenais da glicogênese, aumento da produção de cor-
(eixo hipotálamo-hipófise-adrenal)10. Níveis de pos cetônicos, exacerbação de lesão gástrica,
cortisol cronicamente elevados podem interferir aumento da produção de uréia, aumento da
na estrutura e função hipocampal, produzindo liberação de ácidos graxos livres no sistema
alterações de memória e cognição 11. circulatório, aumento da suscetibilidade a pro-
As situações de estresse produzem, por- cessos ateroscleróticos, aumento da suscetibi-
tanto, um aumento geral da ativação do orga- lidade à necrose miocárdica, supressão de me-
nismo, a fim de que o indivíduo possa reagir. canismos imunológicos, diminuição do apetite.
Inicialmente considerava-se que esta ativação
fisiológica fosse genérica e indiferenciada para 4. GENÉTICA E AMBIENTE: O PAPEL
qualquer estressor. Entretanto, hoje se pensa DOS ESTRESSORES
que diferentes mecanismos neurais e endócri-
nos estão envolvidos na resposta ao estresse e O modelo multicausal de transtornos men-
que podem ser ativados seletivamente. Labra- tais prevê a influência de fatores genéticos e
dor e cols. (1994)2 distinguem três eixos de ambientais. Neste modelo, uma relação longitu-
atuação da resposta fisiológica ao estresse: dinal causal entre os eventos estressores, o
• O eixo neural , o qual se ativa imediata- surgimento de sintomas e de transtornos men-
mente, frente a uma situação de estresse. Im- tais apresenta plausibilidade biológica aceitá-
plica a ativação principalmente do sistema ner- vel.
voso autônomo (feixe simpático) e do sistema Existem indicativos de associação entre a
nervoso periférico. Seus efeitos são: aumento exposição a eventos de vida estressores nega-
do ritmo cardíaco (SNA), aumento da pressão tivos e depressão. Brown e cols. (1987)12, em
arterial (SNA), secura na boca (SNA), sudorese uma revisão de 10 estudos populacionais com
intensa (SNA), “nó” na garganta (SNA), formi- mulheres deprimidas, concluíram que em mé-
gamento dos membros (SNP), dilatação das dia 83% dos casos apresentavam eventos de
pupilas (SNP) e dificuldade para respirar. vida estressores anteriores ao surgimento do
• O eixo neuroendócrino é mais lento em quadro depressivo. Entretanto, nem todos os
sua ativação e necessita de condições de es- sujeitos expostos desenvolveram psicopatolo-
tresse mais duradoras. Seu disparo ativa a me- gia, e uma em cinco mulheres expostas a even-
dula das suprarrenais, provocando a secreção tos estressores desenvolveram depressão.
de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), Achados como este nos remetem para a ques-
o que ajuda a aumentar e manter a atividade tão da variabilidade individual.
adrenérgica somática, produzindo efeitos simi- Segundo Kendler e cols. (1999)13 numero-
lares aos gerados pela ativação simpática. É o sos estudos, em especial no campo da depre-
eixo de luta e fuga, pois prepara o organismo são, têm demonstrado que a exposição a even-
para uma intensa atividade muscular, quando a tos de vida estressores é substancialmente
pessoa percebe que pode fazer algo para con- influenciada por fatores genéticos. Alguns indi-
trolar a situação (seja enfrentar ou fugir). Seus víduos não se expõem a eventos de vida es-
efeitos são: aumento da pressão arterial, do tressores ao acaso, mas apresentam uma ten-
aporte sangüíneo para o cérebro, do ritmo car- dência para selecionar situações com maior
díaco, da estimulação dos músculos estriados, probabilidade em se constituir num evento de
de ácidos graxos, triglicerídeos e colesterol no vida estressor. Os fatores de risco genéticos
sangue; secreção de opióides endógenos e di- para eventos de vida estressores se correlacio-
minuição do fluxo sangüíneo nos rins, no trato nam positivamente com os fatores de risco ge-
gastrointestinal e na pele. Esta resposta au- néticos para depressão maior. Então um con-
menta o risco de hipertensão, de formação de junto de traços geneticamente influenciados
trombos, de angina do peito, em pessoas pro- aumenta a probabilidade do indivíduo selecio-
pensas. Também aumenta o risco de risco de nar para si situações de alto risco ambiental
arritmias, elevando a possibilidade de morte que se constituam em eventos de vida estres-
súbita. sores, o que aumenta sua vulnerabilidade para
• O eixo endócrino caracteriza-se por dis- o surgimento de depressão maior.
paro mais lento e por efeitos mais duradouros A avaliação negativa do evento estressor
que os anteriores e necessita de que a situação pode ser atribuída a uma vulnerabilidade que 69

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não está ligada ao evento estressor propria- tes, ou de uma banda de música, e perder um
mante dito. A variabilidade individual provavel- amigo por brigas verbais foram depressogêni-
mente se deva a uma suscetibilidade mediada cos. Entre as meninas, o evento estressor mais
geneticamente, que influencia a forma do indi- depressogênico foi o rompimento com um na-
víduo avaliar e enfrentar os eventos de vida morado. O impacto dos eventos de vida estres-
estressores dependentes e independentes, ou sores foi significativo entre as meninas e meni-
mesmo provocar aqueles dependentes. nos, mas foi mais importante entre meninas
Posto que as relações sociais são intrinse- acima de 12 anos, que possuíam maior taxa de
camente diádicas e a forma como o indivíduo herdabilidade para depressão. Os resultados
se comporta influencia a resposta social que confirmaram a influência genética na depres-
vai obter, o comportamento do indivíduo levará são entre adolescentes (taxa de concordância
a menor ou maior risco de expor-se a eventos de monozigóticos de 0,37 e dizigóticos de 0,09)
de vida estressores do tipo dependente. A rela- e a influência ambiental dos eventos de vida
ção causal entre eventos de vida estressores estressores (taxa de concordância entre mono-
dependentes e depressão tem sido mais estu- zigóticos de 0,91 e dizigóticos de 0,75). A taxa
dada, e as evidências são de que entre adoles- de herdabilidade para depressão neste grupo
centes esta relação é significativa.4 foi estimada em 30% e o restante foi devido a
Apesar dos eventos de vida estressores fatores ambientais, entre os quais os eventos
dependentes estarem mais fortemente relacio- estressores. Os eventos estressores negativos
nados com depressão maior do que eventos tiveram um papel etiológico mais preponderan-
independentes, esta relação não parece ser do te entre os meninos; nas meninas, o papel da
tipo causal em sua totalidade. Em uma coorte herança genética foi maior, bem como a predis-
prospectiva do estudo de base populacional do posição para vivenciar eventos estressores de
“Virginia Twin Registry”, avaliada por Kendler e forma negativa. Os resultados sustentam a teo-
cols. (1999)13, a probabilidade de depressão na ria de que parte da suscetibilidade para depres-
presença de evento dependente foi 80% maior são e para responder com depressão aos even-
do que na presença de eventos de vida estres- tos de vida estressores esteja ligada a um
sores independentes. A proporção de associa- mesmo conjunto de genes entre as meninas
ção causal entre eventos estressores e depres- púberes.
são maior foi de 65%. Desta forma, um conjunto Ao transportarmos esses resultados para o
de traços genéticamente determinados, os campo dos transtornos de ansiedade, é lícito
quais provavelmente se refletem em um “tem- imaginarmos que a interação de fatores am-
peramento dificil ou neurótico”, predispõem o bientais (os eventos de vida estressores) com
indivíduo a se expor a eventos de vida estres- predisposição genética para transtornos de an-
sores e a episódios de depressão maior. Even- siedade, modulada pelas capacidades do sujei-
tos de vida estressores parecem ter, portanto, to em lidar com estes estressores, determinada
uma relação causal com a apresentação de também geneticamente, resultaria no surgimen-
depressão maior. Entretanto, um terço da asso- to de um transtorno de ansiedade.
ciação entre os eventos de vida estressores e a Para testar a relação causal entre eventos
apresentação de depressão maior não é cau- de vida estressores independentes e o apareci-
sal, uma vez que os indivíduos predispostos a mento de transtornos de ansiedade ou depres-
episódios depressivos se colocam em situa- são, Silberg e cols. (2001) realizaram estudo de
ções de maior risco ambiental, ou seja, diante coorte prospectiva com 184 pares de gêmeas.4
de eventos de vida estressores.12 A hipótese de que transtornos de ansiedade ou
Silberg e cols. (1999) 14 realizou estudo depressão estão mais provavelmente associa-
com gêmeos no “Virginia Twin Registry” para dos com eventos de vida estressores negativos
avaliar o desenvolvimento comportamental de independentes em indivíduos com suscetibili-
adolescentes e investigou a trajetória de sinto- dade genética para lidar de forma inapropriada
mas depressivos entre meninos e meninas, da com esses eventos foi avaliada. O estudo en-
infância até a adolescência. O estudo buscou volveu meninas entre 14 e 17 anos, e seus
estimar a associação entre a suscetibilidade resultados demonstraram não haver efeito ge-
genética à depressão e eventos de vida estres- nético sobre os eventos de vida estressores
sores dependentes e independentes, como por independentes estudados, exceto na presença
exemplo mau desempenho na escola ou brigas de doença mental parental, quando o efeito dos
com colegas e amigos, no ano que antecede o eventos de vida estressores independentes es-
surgimento do transtorno depressivo. Entre os teve relacionado com o surgimento de depres-
70 meninos, não poder participar do time de espor- são, havendo uma interação estatisticamente

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significativa entre herança genética para de- pressão. As taxas de transtornos de ansiedade
pressão e ambiente (evento de vida estressor foram de 6,9% entre as meninas e 5,6% entre
independente). Os autores concluem que, para os meninos. Este estudo é uma rara demonstra-
que os eventos de vida estressores desempe- ção da relação causal entre os eventos de vida
nhem um papel etiológico sobre o surgimento estressores e o surgimento de sintomas de an-
de sintomas de depressão ou ansiedade, deve siedade e depressão, reforçando a associação
haver ou uma predisposição genética para lidar entre estresse, sob a forma de desavenças in-
de forma inadequada com esses eventos, ou terpessoais, e sintomas de ansiedade e de-
uma vulnerabilidade aumentada resultante de pressão. Foi demonstrada uma associação po-
efeitos ambientais de doença mental parental. sitiva entre a mudança no padrão de estresse
Em síntese, eventos de vida estressores relacionada à mudança no padrão dos sinto-
podem ser entendidos como preditores ambien- mas, ou seja, quanto maior a exposição ao
tais de ansiedade e depressão. Fatores genéti- estressor mais intensa a sintomatologia. Os
cos desempenham um papel nas diferenças de eventos estressores estiveram indiretamente
suscetibilidade individual a estes eventos. relacionados ao surgimento dos transtornos de
ansiedade e depressivos.15
5. ESTRESSE E ANSIEDADE
Os indivíduos na fase adulta com freqüên-
A hipótese de que a severidade ou presen- cia deparam-se com diferentes situações po-
ça de eventos de vida estressores são prediti- tencialmente estressoras como a criação dos
vos de severidade ou presença de sintomas de filhos, o relacionamento enquanto casal, rela-
ansiedade ou de transtornos de ansiedade têm ções interpessoais, necessidade de manuten-
sido alvo de estudos recentes com adultos e ção do emprego e a própria aposentadoria.
adolescentes. Esta, podendo ocorrer na meia-idade, pode ser
A relação etiológica entre a exposição a vivenciada como uma perda (financeira ou das
eventos de vida estressores e o surgimento de relações sociais)16. Considerando eventos de
sintomas e transtornos de ansiedade em geral, vida estressores como infidelidade, ameaça de
apesar de plausível, tem sido pouco estudada. separação e agressões físicas, Cano & O’Leary
Pouco se sabe sobre como as mudanças na (2000) 17 avaliaram a relação destes eventos
carga de estresse ao longo do tempo se relacio- com sintomas depressivos e ansiosos. Os indi-
nam com as mudanças nos sintomas prodrômi- víduos envolvidos em situações maritais humi-
cos de ansiedade e no desenvolvimento de um lhantes referiam significativamente mais sinto-
transtorno de ansiedade. mas não específicos de depressão e ansiedade
Sabe-se que os sintomas prodrômicos de que os indivíduos controles.
ansiedade podem surgir anos antes do surgi- Deve-se ressaltar ainda a importância de
mento de um transtorno definido e completo, avaliar as situações estressoras e suas mani-
em resposta a eventos estressores, como por festações entre os indivíduos da terceira idade.
exemplo desavenças interpessoais entre pa- Nesta faixa etária, eventos de vida estressores,
cientes adultos. Então, estressores desta natu- como perdas do companheiro, dos amigos, do
reza são co-responsáveis pelo surgimento de trabalho e a diminuição das capacidades físi-
transtornos mentais a curto, médio e longo pra- cas, podem desencadear sintomatologia psi-
zo, bem como podem precipitar a recorrência quiátrica16. Beurs e cols. (2000)18, avaliando ido-
de quadros psiquiátricos.15 sos com e sem sintomas de ansiedade, não
Reuter e cols. (1999) 15, em uma coorte identificaram eventos de vida estressores es-
prospectiva com 303 adolescentes, de ambos pecíficos diretamente relacionados a cronicida-
os sexos, entre 12 e 13 anos, avaliados anual- de de sintomas ansiosos, mas observaram, no
mente por quatro anos, testou a relação entre grupo estudado, que o principal evento de vida
desavenças entre pais e filhos como evento de estressor na terceira idade associado com an-
vida estressor, sintomas prodrômicos de ansie- siedade foi a morte do parceiro. Outro estudo
dade e depressão e o surgimento de transtor- realizado pelos mesmos autores (2001) 19 de-
nos de ansiedade e depressão aos 19 e 20 monstrou existir similaridade para vulnerabili-
anos. Entre os adolescentes, a presença per- dade para depressão e ansiedade, mas os
sistente ou crescente de desavenças com os eventos de vida estressores diferiam. O início
pais foi preditiva de sintomas de ansiedade e da depressão estava mais relacionado à morte
depressão. A presença de sintomas crônicos do companheiro ou outro familiar e o dos sinto-
ou crescentes de ansiedade ou depressão foi mas ansiosos com o fato do parceiro desenvol-
preditiva de transtornos de ansiedade ou de- ver uma doença grave. 71

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5. Yehuda R, Davidson J. Clinician’s Manual on Posttrau-


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Frente a uma situação estressora, o tipo de res. Neurobiologia das Doenças Mentais. 4 ed. São
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elaborar estratégias de enfrentamento parecem the psychobiology and pharmacotherapy of posttrauma-
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9. Charney D, Deutch A, Krystal J, Southwick SM, Davis M.
A resposta de enfrentamento ao evento es- Psychobiologic mechanisms of posttraumatic stress di-
tressor, selecionada a partir dos componentes sorder. Arch Gen Psych. 1993;50: 295-305.
cognitivo, comportamental e fisiológico, caso 10. Chrousos GP, Gold PW. The concepts of stress and
consiga eliminar ou solucionar a situação es- stress system disorders:overview of physical and behavi-
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tressora provocará uma diminuição da cascata
11. Vanitallie TB. Stress: a risk factor for serious illness.
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gerar ativação fisiológica freqüente e duradou- 12. Brown GW, Bifulco A, Harris TO. Life events, vulnerability
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transtornos psicofisiológicos diversos, poden- 13. Kendler KS, Karkowski LM, Prescott CA. Causal relati-
onship between stressful life events and the onset of
do predispor ao aparecimento de transtornos major depression. Am J Psychiatry 1999;156: 837-841.
de ansiedade entre outros transtornos mentais. 14. Silberg J, Pickles A, Rutter M, Hewitt J, Simonoff E, Maes
O desenvolvimento de um transtorno está dire- H, Carbonneau R, Murrele L, Foley D, Eaves L. The
tamente relacionado à freqüência e duração de influence of genetic factors and life stress on depression
among adolescent girls. Arch Gen Psychiatry 1999; 56:
respostas de ativação provocadas por situa- 225-232.
ções que o sujeito avalia como estressoras para 15. Rueter MA, Scaramella L, Wallace LE, Conger RD. First
si. onset of depressive or anxiety disorders predicted by the
longitudinal course of internalizing symptoms and parent-
Diversos estudos avaliaram a relação entre adolescent disagreements. Arch Gen Psychiatry 1999;
a ocorrência de eventos de vida estressores e o 56: 726-732.
surgimento de sintomas depressivos. No entan- 16. Margis R, Cordioli AV. Idade Adulta: meia idade In: Eizi-
to, poucos dados são encontrados na literatura rik, CL; Kapczinski, F; Bassols, MAS. O Ciclo da Vida
Humana: uma perspectiva psicodinâmica. ARTMED 2001
em relação a sintomas ansiosos frente a estes
17. Cano A, O’Leary KD. Infidelity and separations precipita-
eventos. Os autores sugerem que mais estudos te major depressive episodes and symptoms of nonspeci-
de enfoque etiológico sejam realizados, avali- fic depression and anxiety. J Consult Clin Psychol 2000;
68(5): 774-781.
ando a relação causal entre a exposição a dife-
rentes eventos de vida estressores e o surgi- 18. De Beurs E, Beekman AT, Deeg DJ, Van Dyck R, Van
Tilburg W. Predictors of change in anxiety symptoms of
mento de sintomas de ansiedade, bem como de older persons: results from the Lngitudinal Aging Study
transtornos ansiosos. O reconhecimento desta Amsterdam. Psychol Med 2000; 30 (3):515-527.
relação causal terá implicações práticas tão re- 19. De Beurs E, Beekman A, Geerlings S, Deeg D, Van Dyck
R, Van Tilburg W et al. On becoming depressed or an-
levantes como a prevenção de transtornos an- xious in late life: similar vulnerability factors but different
siosos e o estabelecimento de estratégias de effects of stressful life events. Br J Psychiatry 2001;
tratamento. 179:426-431.

RESUMO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Os autores apresentam uma breve revisão de


literatura sobre a relação entre ansiedade, eventos
1. Houaiss A, Villar MS, Franco FM. Diccionario da Língua estressores e estresse. São descritas as diferentes
Portuguesa. Rio de Janeiro, 1ª edição, 2001, p 1264. situações estressoras, a definição de evento de vida
2. Labrador FJ, Crespo M. Evalución del estrés. In: Fernan- estressor e os aspectos cognitivos, comportamentais
déz-Ballesteros R. Evaluación conductual hoy. Un enfo-
que para el cambio en psicologia clínica y de la salud.
e fisiológicos da resposta frente ao estresse. A neu-
Ediciones pirámide S.A – Madrid; 1994. p. 484-529. roanatomia e os principais neurotransmissores en-
3. Organização Mundial de Saúde. Classificação de trans- volvidos na resposta fisiológica de ansiedade ao es-
tornos mentais e de comportamento da CID-10. Descri- tresse são descritos. Estudos genéticos que
ções clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Ar- evidenciam a relação entre os eventos de vida es-
tes Médicas; 1993. tressores como fator de risco para ansiedade são
4. Silberg J, Rutter M, Neale M, Eaves L. Genetic moderati- apresentados. A relação causal entre os eventos de
on of environmental risk for depression and anxiety in
vida estressores e o aparecimento de ansiedade é
adolescent girls. British J Psychiatry 2001, 179: 116-121.
72

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abordada a partir de estudos realizados com adultos several studies with adults and adolescents a cause
e adolescentes. relationship between stressful life events and anxiety
is evaluated.
Descritores: Estresse, ansiedade, eventos de vida
estressores. Keywords: Stress, anxiety, stressful life-events.

ABSTRACT Title: Stressfull life-events, stress and anxiety

The authors present a brief review of the literatu- Endereço para correspondência:
re on the relationship between anxiety, stressful life- Regina Margis
events and stress. Stressful events are described as Rua Marquês do Pombal, 1824/102
well as the definition of stressful life-events and the 90540-000 – Porto Alegre – RS
cognitive, behavioral and physiological responses to E-mail: margisr@portoweb.com.br
stress. Neuroanatomy and neurotransmitters invol-
ved on the anxiety response to stress are described.
Genetic studies on the relationship of stressful life- Copyright  Revista de Psiquiatria
events as risk factor to anxiety were reviewed. From do Rio Grande do Sul – SPRS

Fluxograma 1: Níveis de resposta biológica ao estresse

Estresse

Fatores do Meio Fatores do Indivíduo

Percepção Imediata
do Estresse

Resposta Neuroquímica RESPOSTA


de Curto Prazo FUNCIONAL

Resposta Neurohormonal
de Longo Prazo

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Fluxograma 2: Níveis de resposta biológica ao estresse

Estresse

Cognição
Indivíduo Emoção
Comportamento

Glutamato / GABA

... Noradrenalina ... Serotonina...


... Adrenalina ... Dopamina...

... Hormônio Liberador de Corticotrofina...


...Vasopressina...
... Hormônio Adrenocorticotrófico ...
... Cortisol...

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