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Mais adiante, continua: “[...] entre as ciências, consideramos a mais sábia aquela que
é escolhida por si mesma e pelo próprio saber do que aquela que busca resultados”.
Defendendo a única forma de pensamento livre, conclui Aristóteles: “É, pois, evidente
que a buscamos por nenhuma outra utilidade. Mas assim como chamamos de livre o
homem que existe para si mesmo e não para um outro, assim também cultivamos esta
ciência como a única livre, pois só ela tem em si mesma o seu próprio fim”.
Uma releitura das primeiras páginas de Aristóteles não dá, quem sabe, a solução para os
problemas de hoje, gerados pelo advento da técnica.
Importa que o cientista reflita sobre ciência, sobre os princípios que norteiam sua
atividade.
Diz-nos Ortega Y Gasset que o vigor de um homem, como o de uma ciência, é medido
pelo ceticismo, pela dúvida que é capaz de digerir, de assimilar... Não é a confiança
ingênua que não experimenta vacilações; não é a confiança inocente, mas sim a
segurança em meio à tormenta, a confiança na desconfiança. Não há melhor sintoma
de maturidade numa ciência que a crise de princípios.
Importava para o citado ditador uma ciência que transformasse o mundo. Mas como
transformá-lo? Que riscos adviriam para o mundo e para o homem, se quem o
transforma não possuísse uma sabedoria suficiente para que tal transformação se
fizesse em prol do homem e da sociedade?
Há uma afinidade entre técnica ou ciência e pensamento. Cabe ao homem, muitas vezes,
somente através da técnica, descobrir e se encantar com esta maravilha oculta na
natureza, parente próxima do pensamento.
A sabedoria inútil recomenda que não se pode ignorar o desenvolvimento técnico, mas a
mesma sabedoria deverá ditar as normas de sua utilização, a fim de que a técnica não
seja geradora de monstros irreconhecíveis no mundo humano.
É inconcebível pensar em uma árvore sem raízes, em um edifício sem seus alicerces, em
um monumento sem base; assim também é impossível admitir qualquer ciência sem
Filosofia.
Eis duas realidades há mais de dois mil anos reveladas, e que cabe ao homem preservar
e cultivar. São insubstituíveis, necessárias e absolutamente compatíveis.
Importa, pois, que decolemos, que saiamos do chão; sair do chão significa ganhar altura,
e ganhar altura significa ter uma visão cada vez mais ampla da realidade. Cada vez mais
crítica, até que se possa alçar voo acima das nuvens, totalmente ausente de turbulências.
Aí, então, estaremos de posse daquela qualidade de vida almejada por qualquer ser
humano.
Atividade: