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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA
QUÍMICA TECNOLÓGICA E INDUSTRIAL
LABORATÓRIO DE QUÍMICA ANALÍTICA

LARA LUIZA DOS SANTOS RAMOS


WALLACE HENRIQUE DA SILVA TAVARES

PRÁTICA 11 E 12
VOLUMETRIA DE ÓXIDO-REDUÇÃO:
PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÃO DE KMnO4 E DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO
DE HIDROGÊNIO EM ÁGUA OXIGENADA

MACEIÓ - ALAGOAS
2018
2

1.0 INTRODUÇÃO

A permanganometria é um tipo de volumetria de oxidação-redução que utiliza


permanganato de potássio como titulante, o qual apresenta alto poder de
oxidação1,2. As reações de oxi-redução ocorrem em meio ácido, no qual MnO 4- é
reduzido a Mn+2.

O permanganato de potássio não é um padrão primário e, portanto, não é


possível a preparação direta de uma solução padrão do reagente. O reagente
costuma conter dióxido de manganês como impureza que impede que se prepare
uma solução de concentração exatamente conhecida 2,3, conforme a reação 1:

2 MnO4- + 3 Mn2+ + H2O ⇌ 5 MnO2(s) + 4 H+ (reação 1)

Para ser utilizado como padrão, ele precisa ser padronizado com um reagente
padrão primário. Neste caso, o oxalato de sódio (Na 2C2O4) que é um sal de sódio
proveniente do ácido oxálico é um excelente padrão primário usado para padronizar
o permanganato4,6.

Um dos métodos volumétricos utilizados para a determinação do teor de


peróxido de hidrogênio (H2O2) em água oxigenada comercial é a titulação com
permanganato de potássio padronizado. Este método faz o uso do permanganato,
embora a água oxigenada apesar de ser um agente oxidante pode ser oxidada pelo
permanganato em meio ácido, devido a algumas características, tais quais: baixo
custo e forte poder oxidante; elevada solubilidade em água; capacidade de agir
como autoindicador das suas reações5,6.

Comercialmente, a concentração de água oxigenada é referida a volume de


oxigênio, ou seja, o volume de oxigênio gerado por uma determinada concentração
de água oxigenada. Assim, 1,00 mL H 2O2 a 100 volumes liberará 100,00 mL de O 2
nas CNPT6.

2.0 OBJETIVOS

 Padronização de solução de KMnO4 utilizando Na2C2O4 como padrão primário


por meio de volumetria de óxido-redução.
3

 Determinação de peróxido de hidrogênio em água oxigenada comercial por


meio de volumetria de óxido-redução utilizando solução de KMnO 4
padronizada.
3.0 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

3.1 PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÃO DE KMnO4

3.1.1 PROVA DO BRANCO 3.1.2 PADRONIZAÇÃO

FONTE: (RAMOS,2018; TAVARES, 2018).


3.2 DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO EM ÁGUA OXIGENADA

FONTE: (RAMOS,2018; TAVARES, 2018).


4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÃO DE KMnO4

Inicialmente, foi reduzida à metade (ao invés de 10,00 mL da solução padrão,


foi utilizada 5,00 mL) a amostra de oxalato que seria utilizada para realizar a
padronização, visto que se fosse mantido o valor descrito, poderíamos não encontrar
o ponto final.

Na padronização do permanganato de potássio foi utilizado o oxalato de sódio


que é o sal de sódio do ácido oxálico. Esse sal é utilizado por ser um pó pouco
higroscópico e por ser um padrão primário que tem a função de agente redutor
quando reage com o KMnO42,6.

Além disso, foi adicionado ácido sulfúrico, pois o oxalato de sódio é facilmente
solúvel em soluções ácidas formando o ácido oxálico, H 2C2O4, que é bastante
estável no meio reacional. Na reação com um oxidante o ácido oxálico é convertido
a dióxido de carbono2,6.

Deste modo, o H2SO4 é o reagente apropriado para acidificar a solução


porque o íon sulfato não sofre a ação do permanganato. Também pode ser utilizado
o ácido perclórico, mas por medidas de segurança ele não é muito utilizado devido
aos cuidados que se deve ter durante a sua manipulação. O ácido clorídrico pode
sofrer oxidação do íon cloreto, portanto não é uma opção viável 1,2,6.

Foi necessário fazer o branco da titulação, pois a detecção do ponto final da


titulação é dada pelo excesso de permanganato que não apresenta coloração
permanente, desaparecendo após certo tempo 6.

A reação entre o íon permanganato e o ácido oxálico é complicada e muito


lenta a temperatura ambiente; no entanto, quando a solução de oxalato de sódio é
aquecida a no máximo 60-80 ºC, a reação é catalisada pelo íon manganês (II) que é
produto da reação durante a titulação. Assim, uma vez iniciada, o íon Mn 2+ formado
aumenta a velocidade da reação. O aquecimento da solução acelera a reação,
porém não deve atingir 100ºC, temperatura na qual o oxalato é decomposto 2,6.

Nesta volumetria, a detecção do ponto final dado pelo excesso de


permanganato em solução ácida não é permanente, a coloração enfraquece
gradualmente, em razão disso foi necessário, após o aparecimento de uma
coloração violeta clara, tendendo a rósea, a solução permanecer com essa
coloração por 30 segundos para poder concluir a titulação.

Após ser encontrado o volume gasto durante a titulação para a padronização


da solução de KMnO4, foi determinado a sua concentração de acordo com as
estequiometrias das reações seguindo os seguintes passos:
2 Na+(aq) + C2O42- + 2 H+ + ⇌ H2C2O4(aq) + 2 Na+(aq)

2 MnO4-(aq) +5 H2C2O4(aq) + 6 H+ ⇌ Mn2+(aq) + 10 CO2(g) + 8 H2O(l)

 Primeiro, foi subtraído o volume do titulante gasto na prova do branco do


volume gasto na titulação da amostra conforme a seguinte equação: Vf de
KMnO4 (mL) = V (mL) de KMnO4 consumidos – V (mL) do branco.
 Em seguida, foi determinado o número de mols de KMnO 4 na titulação, uma
vez que 5nKMnO = 2nH C O .
4 2 2 4

 Por fim, foi determinado a concentração de KMnO 4 em mol L-1, onde [KMnO4]
= (nKMnO4 / VKMnO4).

Na tabela 1 abaixo são mostrados os volumes gastos de KMnO 4 e suas


respectivas concentrações:
Tabela 1. Padronização da solução de permanganato de potássio.
Erlenmeyer Volume da amostra, Volume de KMnO4, KMnO4, mol L-1
mL mL
1 5,00 15,1 0,02
2 5,00 15,2 0,02
3 5,00 15,0 0,02
FONTE: (RAMOS,2018; TAVARES, 2018).

Como todas as concentrações foram iguais, não foi necessário calcular desvio
padrão, coeficiente e variação e intervalo de confiança.

4.2 DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO EM ÁGUA OXIGENADA

Após fazer a diluição da água oxigenada, foi adicionado ácido sulfúrico 10%
(v/v), pois a água oxigenada apesar de ser um agente oxidante pode ser oxidada
pelo permanganato em meio ácido6.

O próprio permanganato é utilizado como indicador, pois o íon permanganato


é fortemente colorido, púrpuro, enquanto seu produto de redução, o íon Mn 2+ é
quase incolor (rosa claro) em titulações diluídas. Consequentemente, um pequeno
excesso do titulante permanganato de potássio, que ocorre imediatamente após o
ponto de equivalência, produz uma cor rosa na solução titulada que sinaliza o final
da titulação6.

Após ser encontrado o volume gasto do titulante durante a titulação para a


determinação do peróxido de hidrogênio em água oxigenada, foi determinado o seu
teor de acordo com a estequiometria da reação seguindo os seguintes passos:

2 MnO4-(aq) + 5 H2O2(aq) + 8 H+ ⇌ 2 Mn2+(aq) + 5 O2(g) + 4 H2O(l)

 Incialmente, foi determinado o número de mols de H2O2 na titulação, uma vez


que 5nKMnO = 2nH O . 4 2 2

 Em seguida, foi feita a multiplicação do nH O por 4, devido a diluição que foi


2 2

feita e foi determinado a mH2O2 presente na amostra pela seguinte relação:


mH O = nH O x MMH O .
2 2 2 2 2 2

 Por fim, foi determinado a % (m/v) do H2O2, pela seguinte relação: %(m/v) =
(m H O / V amostra (mL)) x 100%.
2 2
Na tabela 2 são apresentados o teor percentual (m/v) de H2O2 na amostra de
água oxigenada 10 volumes, determinado por meio de titulação redox com solução
padronizada de KMnO4, o desvio padrão, o coeficiente de variação e o intervalo de
confiança.

Tabela 2. Determinação do teor percentual (m/v) de H2O2 na amostra de água


oxigenada.
Erlenmeyer Volume da Volume de H2O2, % (m/v)
amostra, mL KMnO4, mL
1 5,00 21,8 2,96%
2 5,00 21,6 2,94%
3 5,00 21,7 2,95%
H2O2, %(m/v) ± s 2,95 ± 0,01%
CV (%) 0,34%
IC (a 95%) (2,93 - 2,97)% (m/v)
Solução padrão de KMnO4 (mol KMnO4 L-1) = 0,02 mol L-1.

O teor percentual de peróxido de hidrogênio descrito no rótulo da água


oxigenada 10 volumes utilizada foi de 3%. Então, de acordo com os teores
encontrados foi obtido precisão, pois há uma proximidade muito grande entre os
valores obtidos, porém não foi tão exato considerando que a diferença do teor
encontrado no rótulo com a média obtida é de 0,05%.

Analisando os parâmetros estatísticos, temos que o desvio padrão estima a


precisão e expressa a dispersão dos dados tendo como referência a média, tendo
em vista isso, houve uma variação muito pequena entre os valores, que foram de
2,94% a 2,96%. Portanto foi obtido uma precisão significativamente alta 7.

Ademais, o coeficiente de variação, o qual fornece a variação dos dados


obtidos em relação à média, no qual quanto menor for o seu valor, mais
homogêneos serão os dados, onde é considerado baixo quando for menor ou igual a
10%, o valor calculado obtido foi de 0,34%, ou seja, foi baixo, indicando que os
dados se encontram homogêneos7.

Por fim, o intervalo de confiança obtido indica que a faixa de valores em que a
média calculada está contida, com probabilidade de 95%, é pequena. Desse modo,
foi obtido como resultado uma faixa entre 2,93% e 2,97%, o que indica que o
resultado é considerado confiável, pois quanto menor o intervalo, mais confiável é o
resultado7.

Em paralelo, utilizando as médias dos teores percentuais de peróxido de


hidrogênio das duplas de laboratório presentes na tabela 3, foi calculado, para fins
de comparação, o desvio padrão, o coeficiente de variação e o intervalo de
confiança, conforme são apresentados na tabela 4 seguinte:

Tabela 3. Médias dos percentuais das duplas de laboratório (sala)


Número Duplas H2O2 %(m/v)
1 Caio e Mayanna 2,92
2 Evellyn 3,16
3 Victor e Ivis 3,20
4 Nayanne e Sara 2,98
5 Fabi e Lucas 3,16
6 Jessica e Sannyele 3,16
7 Laira e Thalles 2,95
FONTE: (RAMOS,2018; TAVARES, 2018).

Tabela 4. Dados estatísticos das duplas de laboratório (sala)


%(m/v) ± s 3,05 ± 0,16%
CV (%) 5,24%
IC (95%) (2,90 – 3,20) % (m/v)
FONTE: (RAMOS,2018; TAVARES, 2018).

Com base nos dados da tabela 4, o desvio padrão apresentou uma variação
muito pequena, portanto foi obtido uma precisão alta. Além do mais, o coeficiente de
variação não foi maior do que 10%, indicando que os dados foram homogêneos. E o
intervalo de confiança a 95% apresentou uma faixa curta, em razão disso, o
resultado é confiável7.

Além disso, com base no intervalo de confiança da tabela 4, a nossa média


mostrada na tabela 2, encontra-se dentro do intervalo de confiança da sala.

Por fim, foi feita a quantificação da liberação de O 2(g) da água oxigenada por
meio da seguinte relação: VO2 = ½ n H2O2 X 22,4. Utilizando a média das
concentrações encontrada 4,34 mmol, o VO2 desprendido é de 48,61 mL5.

5.0 CONCLUSÃO

Foi possível padronizar a solução de KMnO 4 utilizando Na2C2O4 como padrão


primário por meio de volumetria de óxido-redução além de poder determinar o teor
de peróxido de hidrogênio em água oxigenada comercial por meio de volumetria de
óxido-redução utilizando solução de KMnO 4 padronizada.

Houve precisão nos resultados obtidos, uma vez que foram confirmados através
de um desvio padrão baixo, cuja variação é muito pequena. Além do mais, os dados
obtidos foram homogêneos, pois o coeficiente de variação foi muito abaixo do valor
máximo permitido, que é de 10%. E o intervalo de confiança a 95% foi muito
confiável, tendo em vista que a sua faixa foi restrita.

Por fim, comparando os nossos resultados obtidos com os da sala, o nosso


encontra-se dentro do intervalo de confiança da sala.

6.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa, 8ª ed. Rio de Janeiro: LTC,


2012.
2. SKOOG, D. A.; WEST, M. W.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos
de Química Analítica, 8ª ed. São Paulo: Thomson, 2006.
3. FILHO, O. F. Introdução aos conceitos e cálculos da química analítica
(Série Apontamentos) – 5. Equilíbrio de óxido-redução e aplicações em
Química Analítica Quantitativa, 1ª ed. São Carlos: EdUFSCar, 2013.
4. VOGEL, A. I. Análise Química Quantitativa, 6a ed., LTC – Livros Técnicos e
Científicos, Rio de Janeiro, 2002.
5. OLIVEIRA, J. Padronização de solução de KMnO4 e Determinação de
Peróxido de Hidrogênio Em Água Oxigenada. Maio. 2018. 9 slides.
6. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Grupo Baccan de Química
Analítica. Volumetria de óxido-redução. 2011. Disponível em <
http://www.ufjf.br/baccan/files/2011/05/Aula_pratica_11.pdf>. Acesso em: 29
abril.2018.
7. BORN, D.; SILVA, C.B.C. Práticas de Volumetria de Neutralização. 2016.
Disponível em <https://www.passeidireto.com/arquivo/29578345/relatorio-de-
praticas-de-volumetria-de-neutralizacao>. Acesso em 29 abril.2018.

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