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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM
BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO
HUMANO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM
BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO
HUMANO

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

1 MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO HUMANO


1.1 CINEMETRIA
1.2 DINAMOMETRIA
1.3 ELETROMIOGRAFIA
1.4 ANTROPOMETRIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO HUMANO

No século XX as duas grandes guerras mundiais resultaram nos grandes


avanços tecnológicos hoje conhecidos. Estes se refletiram nos métodos
experimentais usados em praticamente todas as áreas de atuação científica,
incluindo a Biomecânica. Nos últimos anos, pode-se dizer que o Brasil teve um
grande avanço nas técnicas de medição, armazenamento e processamento de
dados, feitos estes que contribuíram para a melhor compreensão do movimento
(PRANKE, TEIXEIRA e MOTA, 2006).
Ademais, os resultados das pesquisas em Biomecânica têm influenciado
diretamente na medicina, ergonomia, fabricação de equipamentos esportivos e
muitos outros aspectos da vida humana (NASSER, 1995).
Segundo Teixeira e Mota (2007), o progresso da Biomecânica como
disciplina científica que estuda funções dos seres vivos tornou-se, ao longo dos
últimos três séculos, muito amplo e disso resultaram múltiplas divisões didáticas e
delimitação de território de especialidades científicas, tais como:
- Biomecânica do Movimento Humano;
- Biomecânica Clínica e de Reabilitação;
- Biomecânica de Tecidos e Biomateriais;
- Biomecânica Musculoesquelética; e
- Métodos e Técnicas de Pesquisa em Biomecânica.

Segundo os mesmos autores, cada uma destas áreas, por sua vez, abrange
diversas possibilidades, como os exemplos ilustrados na Figura 1 que indica os
tópicos centrais de estudo em Biomecânica.

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FIGURA 1 – TÓPICOS CENTRAIS PARA O ESTUDO DA BIOMECÂNICA

FONTE: Teixeira e Mota, 2007.

A Biomecânica possui seu objetivo de estudo e tarefa bem-definidos e que,


como disciplina, estuda o homem no processo dos exercícios físicos, analisa ainda
as ações motoras do esportista como sistema de movimentos ativos reciprocamente
relacionados, e a tarefa da Biomecânica determina seu conteúdo, sua teoria e
método. Esses últimos se elaboram para solucionar essas tarefas parciais, no
entanto são importantes ao estudar as questões concretas dos fenômenos parciais e
que, segundo Bunge (apud NASSER, 1995) que se repare nas conexões de sua
especialidade com as demais disciplinas, acostumando com a ideia que esta tem um
passado e uma função social, e que grande parte depende o seu futuro.
Segundo o mesmo autor, o progresso da Biomecânica como disciplina
científica que estuda funções dos seres vivos tornou-se, ao longo dos últimos três
séculos, muito amplo e disso resultaram como nas Ciências Naturais (Matemática,
Física, Química, Biologia), múltiplas divisões didáticas e delimitação de território de
especialidades científicas.
A Biomecânica, segundo Teixeira e Mota (2007), ainda pode atuar com
assuntos relacionados a temas como:

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- Aperfeiçoamento da técnica do movimento;
- Aperfeiçoamento do processo de treinamento;
- Aperfeiçoamento e adaptações ambientais;
- Aperfeiçoamento do mecanismo de controle de cargas internas do aparelho
locomotor;
- Aperfeiçoamento de sistemas para simulação de movimentos;
- Aperfeiçoamento tecnológico instrumental para aquisição e processamento
de sinais biológicos;
- Aperfeiçoamento de sistemas (hardware e software) para análises de
movimentos e consequentes aplicações práticas.

Segundo os mesmos autores, precisa-se entender que os métodos


tradicionais de ensino e treinamento mostram o que e como ensinar, enquanto a
Biomecânica permite entender porque determinadas técnicas são mais apropriadas
do que outras.
Mais especificamente, a Biomecânica permite, entre outras coisas, melhorar
o desempenho de atividades esportivas, melhorar a técnica de realização de
movimentos, melhorar equipamentos utilizados em esportes ou em atividades do dia
a dia, prevenir lesões e auxiliar na reabilitação de lesões (TEIXEIRA e MOTA, 2007).
Na escola, o conhecimento da Biomecânica pode contribuir
significativamente para a melhoria do ambiente escolar, da saúde e da qualidade de
vida dos alunos. Alguns exemplos destas atuações são associados ao uso de
mochilas carregadas pelos alunos e o mobiliário escolar ou a própria postura dos
alunos frente ao mobiliário escolar. De forma geral, a literatura indica que estes
fatores, independentemente do ambiente a ser estudado, são causas de, no mínimo,
desconforto, e podem em longo prazo causar graves danos à saúde e à integridade
física das crianças.
No ambiente ocupacional, a área vem a contribuir com a legislação vigente
que busca melhores condições aos trabalhadores por meio das adequações dos
postos de trabalho e melhorias na própria postura dos indivíduos.
De forma geral, a Biomecânica é uma disciplina eminentemente
experimental, e como tal depende de processos de medição. Qualquer pesquisa
nesta área está sujeita à determinação de grandezas físicas que possam ser

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medidas. Por isto a técnica física de medir e sua aplicação no corpo humano
representam uma parte básica relevante dos métodos de trabalho da Biomecânica
(PRANKE, TEIXEIRA e MOTA, 2006).
Um aspecto importante a ser considerado é a seleção do instrumental e da
técnica de medição que será utilizada, pois a determinação das grandezas a serem
medidas deve ser feita com a exatidão exigida no caso. Obviamente, conforme citam
Amadio e Duarte (1996), são necessários que existam métodos de medição próprios
para serem aplicados nas situações desejadas.
Segundo Beckwith et al. (1993 apud TEIXEIRA, 2004), o processo ou o ato
de medição (Figura 2) consiste na realização de uma comparação quantitativa entre
um padrão predefinido e um mesurando. A palavra mesurando é usada para
designar o parâmetro físico que está sendo observado e quantificado, isto é, a
quantidade a ser medida. O ato de medir produz um resultado. O padrão de
comparação deve ter características semelhantes ao mesurando e normalmente
está definido por um órgão de normatização. A medição fornece informações
quantitativas a respeito de como se encontram em um determinado momento
variáveis físicas ou processos que de outra forma poderiam apenas ser estimados
(TEIXEIRA, 2004).

FIGURA 2 – PROCESSO DE MEDIÇÃO

FONTE: Beckwith et al., (1995) apud Teixeira (2004)

Desta forma, a medição tanto é uma forma de conhecer o mundo físico


como o verdadeiro teste de uma teoria ou projeto. Ela é a base fundamental de toda
pesquisa e também é um elemento fundamental em projetos de qualquer natureza e
no controle de processos (PRANKE, TEIXEIRA e MOTA, 2006).

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No entanto, segundo Amadio e Duarte (1996), a biomecânica dispõe não
apenas da cinemática (cinemetria) ou da cinética (dinamometria), mas de quatro
grandes áreas que dispõe de métodos de medição para a investigação do
movimento.
Os métodos de medição são a cinemetria que relaciona a posição e
orientação dos segmentos corporais; a dinamometria, que relaciona as forças e
distribuição da pressão; a eletromiografia que relaciona a atividade muscular e a
antropometria que relaciona os parâmetros para os modelos corporais. A Figura 3
ilustra estes métodos e as suas especificações.

FIGURA 3 – MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM BIOMECÂNICA

FONTE: A autora.

1.1 CINEMETRIA

A cinemetria consiste em procedimentos de natureza basicamente óptica,


onde as medidas são realizadas por meio de indicadores indiretos, obtidos por
intermédio de imagens. Embora ela possa ser em princípio considerada como um
método que permite análises qualitativas, pela observação de imagens, a partir da
medição do deslocamento de pontos selecionados do corpo humano, e do tempo,
através da frequência de aquisição, que podem ser derivadas de grandezas
cinemáticas como a velocidade e a aceleração (lineares ou angulares).
Sob este enfoque, a cinemetria permite uma análise Biomecânica
quantitativa dos movimentos humanos. Segundo Amadio e Barbanti (2000), o

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processo fotogramétrico de extração das coordenadas de uma imagem por meio de
câmeras foi inicialmente realizado por meio da utilização de filmes e equipamentos
analógicos, o que tornava o processo muito longo. No entanto, o avanço da
tecnologia permite a sua substituição por extrações eletrônicas automáticas e em
alguns casos em tempo real. A captação e digitalização de imagens são feitas
utilizando um sistema composto de câmeras de vídeo, calibrador, um software
específico e um computador (AMADIO e SERRÃO, 2007).
Um exemplo que pode ser identificado é o sistema Peak Motus (Peak
Performance, Inc., USA) com uma ou duas câmeras de vídeo com frequência de
aquisição de imagens de 60 ou 180 Hz, que registram as imagens para posterior
reconstrução bidimensional ou tridimensional dos movimentos, pelo método DLT
(Direct Linear Transformation) (ABDEL-AZIZ e KARARA, 1971). A Figura 4a ilustra
um sistema para a captação e digitalização de imagens; a figura 4b ilustra um
calibrador bidimensional e a figura 4c ilustra um calibrador tridimensional.

FIGURA 4 - (A) SISTEMA PARA CAPTAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO DE IMAGENS, (B)


CALIBRADOR BIDIMENSIONAL E (C) CALIBRADOR TRIDIMENSIONAL

FONTE: Teixeira, 2004.

O corpo humano normalmente é representado por modelos constituídos de


corpos rígidos, em que cada segmento é tratado como uma forma geométrica
simples. Os segmentos corporais são definidos por marcas externas, como
representados na Figura 5, selecionadas de forma a indicar de maneira mais clara e
correta os centros articulares, a posição do centro de gravidade do segmento ou
ainda determinadas referências anatômicas.

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Plagenhoef (1971 apud TEIXEIRA, 2004) fornece indicações de como
localizar a posição dos centros articulares a partir de referências anatômicas
externas.

FIGURA 5 - EXEMPLO DE LOCALIZAÇÃO DA MARCAÇÃO PARA PROJEÇÃO DO


CENTRO ARTICULAR E PONTOS INTERNOS EM UM ESTUDO COM CICLISTAS

FONTE: Teixeira, 2004.

Estes marcadores servem de referência externa para a localização de


centros articulares que determinam os segmentos corporais. A Figura 6a ilustra um
sujeito, sem marcadores reflexivos e a Figura 6b ilustra um sujeito com estes
marcadores. A partir destas imagens podem ser identificadas as dificuldades de
realizar os procedimentos e localizações anatômicas sem as referências dos
marcadores.

FIGURA 6 – (A) INDIVÍDUO SEM MARCADORES REFLEXIVOS E (B) INDIVÍDUO


COM MARCADORES REFLEXIVOS

FONTE: Teixeira, 2004.

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Em muitas aplicações a partir da posição dos marcadores, que identificam
os pontos anatômicos selecionados, é montado um modelo espacial, e são
calculados os deslocamentos, as posições, velocidades e acelerações dos
segmentos/articulações. O sistema de vídeo fornecerá, desta forma, os parâmetros
cinemáticos necessários para o cálculo das modificações do movimento (TEIXEIRA,
2004). A Figura 7 ilustra modelos espaciais de estudos relacionados com a flexão de
joelhos na máquina flexoextensora e com chute no futebol de campo.

FIGURA 7 – MODELO ESPACIAL (A) DE UM ESTUDO DA FLEXÃO DE JOELHOS


NA MÁQUINA FLEXOEXTENSORA (B) UM ESTUDO DO CHUTE COM O DORSO
DO PÉ NO FUTEBOL DE CAMPO

FONTE: Teixeira, 2004.

Um fator importante na seleção e utilização de determinada técnica de


registro e processamento de imagens é o número e a disposição da(s) câmera(s) em
relação ao objeto/corpo a ser analisado (Figuras 8a, 8b e 8c), permitindo uma
análise bidimensional ou tridimensional. A determinação de variáveis cinemáticas
depende do processamento da imagem coletada, ou seja, da reconstrução das
coordenadas dos pontos marcados no corpo do sujeito analisado.

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FIGURA 8 – DISPOSIÇÃO DA CÂMERA EM RELAÇÃO AO CORPO A SER
ANALISADO (A) FILMAGEM DE UM ESTUDO COM CICLISTAS, FILMAGEM DE
UM ESTUDO COM PNE’S E (C) DEMONSTRAÇÃO DA COLETA DE DADOS DO
EXERCÍCIO DA PUXADA VERTICAL

FONTE: Teixeira, 2004.

Com relação à frequência de aquisição, a escolha da taxa de amostragem é


específica para cada contexto. Normalmente se utiliza a frequência de 50 – 60 Hz
para a marcha humana e de 100 até 200 Hz para a corrida.
Alguns exemplos que podem ser explorados são associados ao contexto do
produto no qual a biomecânica, considerando uma avaliação cinemática, focaliza a
posição dos segmentos durante as atividades do trabalho.
A Figura 9 ilustra o posicionamento da cervical com o uso de dois tipos de
computadores e suas influências sobre o ângulo da cervical (STRAKER, JONES e
MILLER, 1997).

FIGURA 9 – ÂNGULO DA CERVICAL DURANTE A UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES


COMPUTADORES

FONTE: Straker, Jones e Miller, 1997.

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O estudo de Reiser, Wickel e Menzer (2008) relacionou duas diferentes
inclinações de pisos e uma superfície plana para o levantamento de pesos (25 kg
para os 22 homens avaliados e 15 kg para as 22 mulheres avaliadas) por meio da
cinemetria. O estudo demonstrou que os indivíduos foram afetados pelos diferentes
posicionamentos, sendo a lordose lombar natural perdida no caso em que a
superfície estava em declive com -20 com relação à horizontal. Assim, ao se
transportar uma carga, como na Figura 10, é importante preferir que o indivíduo faça
isso em um solo plano e não em um solo inclinado.

FIGURA 10 – POSICIONAMENTO CORPORAL EM RELAÇÃO À HORIZONTAL

FONTE: Reiser, Wickel e Menzer, 2008.

Outro exemplo associado ao exercício físico é o estudo de Teixeira, Pranke


e Mota (2007). Os autores buscaram quantificar as mudanças angulares da região
lombar em diferentes intensidades de sobrecarga (sem carga, 60% da carga de 1
repetição máxima (RM), 70% de 1RM e 85% de 1RM) durante o exercício flexão de
joelhos na máquina mesa romana. Os resultados encontrados no estudo podem ser
observados na Figura 11. Resumidamente, foram encontrados maiores ângulos da
lombar com o aumento da carga e estes foram maiores nas cargas iniciais.

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FIGURA 11 – MUDANÇAS ANGULARES NA REGIÃO LOMBAR REALIZANDO O
EXERCÍCIO DE FLEXÃO DE JOELHOS EM DIFERENTES INTENSIDADES

FONTE: Teixeira, Pranke e Mota, 2007.

Copetti et al. (2007) realizaram um estudo utilizando a cinemetria para


comparar os benefícios de um programa de equoterapia em crianças com síndrome
de down. Os resultados para o ângulo do tornozelo e joelho para uma das crianças
avaliadas podem ser visualizados na Figura 12.

FIGURA 12 – ÂNGULO DO TORNOZELO E JOELHO ANTES E APÓS O


TRATAMENTO COM EQUOTERAPIA PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN

FONTE: Copetti et al., 2007.

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1.2 DINAMOMETRIA

Segundo Amadio (1989 apud Amadio e Duarte, 1996), a definição do


conceito de força, sob o aspecto físico, somente pode ser interpretada a partir do
efeito de sua ação, e assim, pode-se interpretar seus efeitos estáticos e dinâmicos.
A principal dificuldade de compreensão da natureza da força está na dosagem ou
controle de sua grandeza e função tempo, as quais exercem uma grande influência
nos diferentes movimentos humanos que se utilizam deste parâmetro em distintos
graus de intensidade, com dependência de rendimento na execução do movimento.
Entre os principais objetivos que indicam a utilização da dinamometria pode-
se apontar:
(a) análise da técnica de movimento;
(b) análise da condição física;
(c) controle da sobrecarga;
(d) influência de fatores externos;
(e) influência de fatores internos;
(f) monitoramento de atletas; e
(g) indicadores para detecção de talentos esportivos.

Segundo a determinação de forças que atuam sobre os corpos, assim como


interação do corpo com o meio ambiente, onde o movimento acontece, a
biomecânica pode ser dividida, segundo Amadio e Serrão (2007) em: 1)
Biomecânica interna e 2) Biomecânica externa.
1) Biomecânica Interna: preocupa-se com a determinação das forças
internas (forças articulares e musculares) (AMADIO, 1996). Ainda é um problema
metodológico não totalmente resolvido na Biomecânica, mas constitui a base
fundamental para melhor compreensão do movimento. Na medição das forças
internas geralmente utiliza-se métodos invasivos com strain gauges e o processo de
sua avaliação é extremamente difícil, pois apresenta grandes dificuldades para sua
aplicação.
2) Biomecânica Externa: preocupa-se com a determinação das forças
externas e é metodologicamente mais simples. Alguns exemplos de instrumentação

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utilizados podem ser citados, tais como: plataformas de força, strain gauges e
sensores piezoelétricos. O instrumento básico da dinamometria é a plataforma de
força, que mede a força de reação do solo (FRS), na sua ação tridimensional
(vertical, médio-lateral e anteroposterior) e o ponto de aplicação desta força. As
forças externas são relativamente fáceis de medir (TEIXEIRA, 2004).

A medição da força de reação do solo é realizada por meio de plataformas


de força geralmente triaxiais que fornecem um sinal elétrico proporcional à força
aplicada. Existem vários tipos de sensores para esse tipo de medição, sobressaindo-
se os strain gauges (extensômeros), piezoelétricos, piezoresistivios e capacitivos,
dentre outros (WINTER apud MORAES, 2000). Historicamente, parecem existir três
linhas principais de evolução das plataformas, desde as puramente mecânicas de
Amar, 1920, e Henry, 1952 (PAYNE apud AMADIO e DUARTE, 1996). A primeira
linha está associada ao desenvolvimento de sensores de cristal piezoelétrico, ao
passo que as outras duas linhas utilizam sensores do tipo strain gauges
(extensômetros de resistência elétrica). As plataformas que usam strain gauges
podem envolver dispositivos que deformam com cargas centrais do tipo axial ou do
tipo que utilizam vigas fletidas. Plataformas que operam com sensores piezoelétricos
são exclusivamente dinâmicas, possuem uma frequência natural alta, são muito
caras e são difíceis de operar (flutuações do sistema eletrônico, muito sensível a
pequenas vibrações do tipo veículos passando na rua próxima ao laboratório etc.).
Plataformas à base de extensômetros de resistência elétrica podem realizar
medições estáticas, são estáveis durante largos períodos de tempo, são mais
baratas que as piezoelétricas, mas possuem frequência natural mais baixa, o que é
um fator limitante importante, principalmente quando se pretende avaliar atividades
envolvendo impacto (salto em distância, vôlei, basquete etc.). A parte de
condicionamento eletrônico de sinal também é mais simples (TEIXEIRA, 2004).
Normalmente, uma força representa a ação de um corpo sobre outro
(quando não se está considerando forças internas). Quando se usam sensores do
tipo extensômetros de resistência elétrica, estes sensores captam a deformação
mecânica sofrida pelo elemento elástico da plataforma e, como consequência,
variam sua resistência elétrica. Como as deformações mecânicas são muito
pequenas (na região elástica), as variações de resistência elétrica correspondentes

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são muito pequenas também. Desta forma, um dispositivo chamado condicionador
de sinais converte variação de resistência elétrica em variação de voltagem (além de
amplificar, filtrar etc.) (TEIXEIRA, 2004).
A Figura 13 mostra um esquema ilustrativo de todo o processamento que
ocorre a partir da coleta de dados desde os transdutores na plataforma de força até
a visualização pelo monitor, incorporado ao computador. As cargas que são
aplicadas sobre as plataformas são convertidas em tensões elétricas por meio da
matriz de sensibilidade de cada plataforma. Estas tensões são então amplificadas e
convertidas através de um conversor analógico/digital (A/D). Estes sinais digitais são
visualizados pelo operador através do equipamento de informática, podendo ser
normalizados em relação à massa corpórea de cada indivíduo avaliado (MORAES,
2000).

FIGURA 13 – PROCESSAMENTO DE COLETA DE DADOS

FONTE: Moraes, 2000.

Alguns exemplos que podem ser dados é a plataforma AMTI utilizada para
medidas de força de reação do solo e o dinamômetro JAMAR que é utilizado para a
verificação da força de preensão manual. A plataforma de força e um dinamômetro
de preensão manual estão ilustrados na Figura 14.

FIGURA 14 – PLATAFORMA DE FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO E


DINAMÔMETRO DE PREENSÃO MANUAL

FONTE: Disponível em: <http://www.emgsystem.com.br/transdutores.html>. Acesso em: 03 ago.


2010.

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Alguns estudos que podem ser relacionados como forma de exemplificação
é o de Peneireiro, Amadio e Serrão (2005). A Figura 15 ilustra os modelos de
mochilas avaliadas pelos autores, segundo configuração de alça sendo: a) alça
diagonal com bolsa lateral, b) alça lateral com bolsa lateral, c) alça lateral e
horizontal com duas bolsas laterais e, d) alça cruzada e horizontal com duas bolsas
laterais.
De acordo com os resultados encontrados foi possível identificar que a
menor sobrecarga gerada pela mochila de alça dupla e duas bolsas, evidenciando
melhor distribuição de massa. Assim, ao se projetar um produto, no caso uma
mochila, específica ao trabalho de um indivíduo que passa a maior parte da jornada
de trabalho em pé e caminhando, como no caso do carteiro, estas características
devem ser levadas em consideração para se chegar a uma conclusão final.

FIGURA 15 – MODELOS DE MOCHILAS A SEREM UTILIZADAS PELOS


CARTEIROS

FONTE: Peneireiro, Amadio e Serrão, 2005.

Gertz et al. (2005) avaliaram digitadores de computadores em diferentes


níveis técnicos, por meio da dinamometria, e encontraram três resultados
conclusivos:
1) Que indivíduos com melhor qualidade de técnica de digitação aplicam
menor carga vertical (Fz) sobre a superfície da tecla durante a digitação;
2) A repetibilidade das curvas de força e momento, de forma que permitam
que um padrão seja gerado, é maior para os digitadores com maior nível de técnica
de digitação, principalmente com relação força horizontal (Fy);
3) Indivíduos com melhor qualidade de técnica de digitação tendem a
pressionar a tecla na parte superior, ou seja, na parte da superfície mais distante do
seu corpo (ou mais próxima do monitor).

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Com relação à marcha, a Figura 16 ilustra as curvas características da força
de reação do solo, com e sem o transporte de carga.

FIGURA 16 – FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO DURANTE A MARCHA DE UM


MÚSICO COM E SEM O TRANSPORTE DE SEU INSTRUMENTO MUSICAL,
CONSIDERANDO O MEMBRO INFERIOR DIREITO E ESQUERDO

FONTE: Teixeira et al., 2009.

Com relação à força de preensão manual, o estudo de Esteves et al. (2006)


buscou identificar as características antropométricas da mão de crianças de ambos
os sexos, com idade entre 7 e 14 anos, e mensurar a força de preensão máxima por
meio de mensuração direta, estabelecendo valores de referência para a força em
relação à idade, lateralidade e sexo. Os resultados indicaram diferenças
significativas na antropometria entre meninos e entre as meninas foram encontradas
diferenças nos grupos de 7, 8, 11 e 14 anos. Na preensão x lateralidade, as
diferenças foram para os grupos de 7, 8, 9, 13 e 14 no feminino e no masculino de 7
a 11 anos; a relação preensão x sexo mostrou-se sempre maior no masculino, e
apresentou diferenças significativas nos respectivos períodos pubertários. Tanto as
características antropométricas quanto o desenvolvimento de força são progressivos
no decorrer da faixa etária escolhida, apresentado suas maiores diferenças nos
períodos de maturação sexual de cada sexo.

1.3 ELETROMIOGRAFIA

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Eletromiografia (EMG) é o termo genérico que expressa o método de
registro da atividade elétrica de um músculo quando realiza contração (AMADIO e
DUARTE, 1996; AMADIO e SERRÃO, 2007). Enoka (2000) indica que a
eletromiografia é uma técnica de monitoramento da atividade elétrica das
membranas excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do
sarcolema, como efeito de voltagem em função do tempo. A Figura 17 ilustra um
gráfico do sinal EMG em relação ao tempo.

FIGURA 17 – GRÁFICO DO SINAL EMG EM RELAÇÃO AO TEMPO

FONTE: Silva, 2010.

A eletromiografia apresenta inúmeras aplicações, notadamente na clínica


médica, para diagnóstico de doenças neuromusculares; na reabilitação, na
reeducação da ação muscular (“biofeedback” eletromiografico); na anatomia, com o
intuito de revelar a ação muscular em determinados movimentos; e na biomecânica
no sentido de servir como ferramenta indicadora de alguns fenômenos (AMADIO e
DUARTE, 1996; AMADIO e SERRÃO, 2007).
Para tanto, o sinal da eletromiografia é adquirido, segundo Marchetti e
Duarte (2006) por meio de um eletromiógrafo que tipicamente está acoplado a um
computador. A Figura 18 ilustra um aparelho de eletromiografia.

FIGURA 18 – ELETROMIÓGRAFO LYNX

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FONTE: Teixeira, 2004.

Este computador é conectado à pele por meio de eletrodos, assim como


ilustra a Figura 19.

FIGURA 19 – ELETRODOS UTILIZADOS PARA A ELETROMIOGRAFIA DE


SUPERFÍCIE

FONTE: Berque e Gray, 2002.

O ponto de colocação dos eletrodos é ainda muito divergente entre os


pesquisadores. Hermens et al. (2000) realizaram uma análise metodológica com
foco na padronização da colocação dos eletrodos da eletromiografia. Para tanto os
autores analisaram 144 artigos e dividiram em três grandes grupos o
posicionamento dos eletrodos:
1) Sobre o ventre muscular (zona de maior massa aparente);

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2) Algum ponto entre a zona de intervenção (ponto motor) e o tendão;
3) No próprio ponto motor.

Além disso, neste estudo os autores ainda colocam que 50 dos 144 artigos
avaliados utilizam uma distância entre os eletrodos de 20 mm, mas esta costuma
variar conforme o comprimento do músculo avaliado, sendo que músculos mais
longos tendem a possuir uma distância entre os eletrodos maior.
O sinal EMG captado no corpo humano é um sinal analógico (um sinal
contínuo no tempo) que é convertido para um sinal digital para poder ser registrado
pelo computador. Para tanto, certos parâmetros devem ser ajustados na aquisição
do sinal, dependendo da tarefa e dos objetivos (MARCHETTI e DUARTE, 2006).
Para a coleta dos dados a frequência de aquisição, para a eletromiografia de
superfície, é considerada como a maior frequência que fica em torno de 400 a
500 Hz. Para Menzel (2009), a frequência de aquisição deve ser, no mínimo,
1000 Hz.
Após a coleta de dados são necessários importantes procedimentos para o
tratamento do sinal. Os valores para os filtros são diversificados e podem ser
utilizadas frequências de 8-500 Hz para o tratamento (filtro passa banda) (SILVA,
2010).

LEITURA DE APROFUNDAMENTO

MARCHETTI, P. H.; DUARTE, M. Instrumentação em eletromiografia. 29 p. 2006.


Disponível em: http://demotu.org/pubs/EMG.pdf

Com relação aos estudos que tratam da eletromiografia, pode-se dizer que
há uma busca principalmente associada à investigação da ativação muscular no
esporte e na locomoção.
Lunes e Santos (2005) avaliaram três músculos: tibial anterior, gastrocnêmio
(tríceps sural) e músculos lombares (paravertebrais) para a comparação da marcha
de forma natural, primeiro descalços, depois usando salto baixo e finalmente salto
alto. Os resultados indicaram que o tibial anterior e o gastrocnêmio mostraram um

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aumento da atividade muscular durante a marcha com salto alto, quando comparada
à marcha descalça. Durante a marcha com salto baixo, a atividade muscular do tibial
anterior e gastrocnêmio foi diferente da marcha descalça. Os músculos lombares
não mostraram uma alteração significativa.
Com relação às atividades ocupacionais pode ser citado o estudo de Ribeiro,
Lourenção e Lopes (2004), que avaliou dois tipos de mouse assim como ilustra a
Figura 20 (sendo o mouse da figura da direita um protótipo considerado mais
ergonômico pelos autores).

FIGURA 20 – TIPOS DE MOUSE AVALIADOS

FONTE: Ribeiro, Lourenção e Lopes, 2004.

Os resultados dos autores apontaram que o mouse ergonômico reduziu a


atividade muscular em extensores de punho e seu uso parece menos associado ao
desenvolvimento de queixas clínicas de dor em membros superiores. Além disso, foi
verificado que seu uso em tempo prolongado pode ser mais aceito em função do
menor gasto energético que se tem.

1.4 ANTROPOMETRIA

A antropometria que trata das medidas do corpo humano, particularmente,


com as medidas do tamanho e a forma. Para Glaner (2004), a antropometria é

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usada em várias áreas do conhecimento, dentre as quais estão: a performance
desportiva, a saúde e a composição corporal e a ergonomia.
A importância das medidas antropométricas ganhou especial interesse na
década de 40, provocada de um lado pela necessidade da produção em massa, pois
um produto mal dimensionado pode provocar a elevação dos custos e por outro,
devido ao surgimento dos sistemas de trabalho complexos onde o desempenho
humano é crítico e o desenvolvimento desses sistemas depende das dimensões
antropométricas dos seus operadores (RODRIGUEZ-AÑEZ, 2001).
No entanto, considerando dados significativos da população, as tabelas
existentes ainda demonstram carências de investigações (SHOENARDIE et al.,
2010). Sell (2002) indica que a própria população brasileira por suas características,
que englobam misturas de diversas raças e com condições sociais distintas entre as
grandes regiões do país, dificulta o projeto dos postos de trabalho no qual todos os
trabalhadores devem estar bem-acomodados e dificulta a produção dos produtos.
Iida (2005) indica as diferenças das proporções corporais de indivíduos de
diferentes etnias (americanos, japoneses e brasileiros), assim como ilustra a Figura
21.

FIGURA 21 – DIFERENÇAS ENTRE AS PROPORÇÕES CORPORAIS DE


INDIVÍDUOS DE DIFERENTES ETNIAS

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FONTE: Iida, 2005.

Estas preocupações tornam-se ainda maiores ao se projetar produtos onde


os consumidores podem estar espalhados por muitos países. Segundo Rodriguez-
Añez (2001), Iida (2005) e Panero e Zelnik (2006), mesmo que ainda não existam
medidas confiáveis para a população mundial, grande parte das medidas disponíveis
são oriundas de contingentes das forças armadas limitando a utilização dos dados,
pois esta população caracteriza-se por ser predominantemente do sexo masculino,
na faixa dos 18 aos 30 anos e que atenderam aos critérios para recrutamento militar
como peso e estatura mínimos.
Como se pensar então em desenvolver produtos que atendam à população
mundial? A própria estatura corporal apresenta modificações ao longo dos anos. A
Figura 22 ilustra as modificações da estatura corporal, considerando os anos de
1870 a 1980, de militares norte-americanos.

FIGURA 22 – TENDÊNCIA DA ESTATURA CORPORAL DE HOMENS NORTE-


AMERICANOS

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FONTE: Panero e Zelnik, 2006.

Ademais, no Brasil, os estudos na área da antropometria podem ainda ser


amplamente desenvolvidos, uma vez que devido às condições histórico-geográficas
do país, torna-se difícil definir um padrão brasileiro, caracterizando as poucas
referências encontradas e consideradas por Felisberto e Paschoarelli (2000) como
tendo inestimável valor.
Os mesmos autores ainda indicam que os poucos dados encontrados são
ainda representativos de indivíduos específicos, o que torna sua utilização pouco
confiável considerando outras circunstâncias. Menin e Pashoarelli (2006), por
exemplo, encontraram discrepâncias com as medidas antropométricas considerando
as normas e uma amostra de indivíduos obesos do Brasil.
Para o projeto, muitas vezes, outras fontes são exploradas como aquelas
originadas de normas e padrões internacionais as quais, segundo Felisberto e
Paschoarelli (2000), apresentam os mesmos problemas da realidade brasileira.
Hanson et al. (2009) indicam que a homogeneidade dos dados antropométricos na
população da Suécia vem diminuindo, o que indica necessidades de atualizações
ergonômicas para a adaptação de novos produtos e postos de trabalho.

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Desta forma, durante o processo projetual, particularmente na fase
preliminar, dois tipos de problemas são enfrentados quanto aos dados
antropométricos:
1) Qual referência antropométrica utilizar?
2) Como facilitar o uso prático dos dados apresentados?

No Brasil, pode-se citar basicamente duas tabelas de medidas


antropométricas de trabalhadores brasileiros. O estudo do Instituto Nacional de
Tecnologia foi realizado com uma amostra de 3100 homens trabalhadores homens
de 26 empresas industriais do Rio de Janeiro. Os resultados encontrados pelos
autores estão ilustrados na Figura 23.

FIGURA 23 – MEDIDAS DE ANTROPOMETRIA DE 3100 HOMENS


TRABALHADORES BRASILEIROS DO RIO DE JANEIRO

FONTE: Iida, 2005.

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O estudo de Couto (1995) foi realizado com 400 trabalhadores também do
sexo masculino e 100 trabalhadoras de escritórios de uma fábrica na região paulista
do ABC. Estes resultados podem ser observados na Figura 24.

FIGURA 24 – MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DE 400 TRABALHADORES E 100


TRABALHADORAS DE ESCRITÓRIO DA REGIÃO PAULISTA DO ABC

FONTE: Iida, 2005.

Estas medidas se referem às regiões corporais, indicadas por Iida (2005),


ilustradas na Figura 25.

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FIGURA 25 – PRINCIPAIS VARIÁVEIS A SEREM UTILIZADAS EM MEDIDAS DE
ANTROPOMETRIA

FONTE: Iida, 2005.

No entanto, o que se observa é que o número de indivíduos avaliados não


reflete uma amostra significativa da população brasileira. Neste contexto, Felisberto
e Paschoarelli (2000) reuniram os dados disponibilizados por autores como Iida
(2005) e Panero e Zelnik (2006) e definiram parâmetros antropométricos por meio de
técnicas estatísticas.
Desta forma, os autores obtiveram a Figura 26 considerando 29 variáveis
antropométricas, assim como indica as referências da Figura 27.

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FIGURA 26 – RESULTADOS FINAIS DO TRATAMENTO ESTATÍSTICO DAS
VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS (VALORES EM CM)

FONTE: Felisberto e Paschoarelli, 2000.

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FIGURA 27 – REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS
MEDIDAS A SEREM REALIZADAS CONSIDERANDO AS 29 VARIÁVEIS

FONTE: Felisberto e Paschoarelli, 2000.

Internacionalmente, foram encontrados estudos com 367 indivíduos de


amostra da Suécia (105 homens e 262 mulheres), com idades entre 18-65 anos
(HANSON et al., 2009); 315 indivíduos de uma amostra de Singapura (206 homens
e 109 mulheres) e 377 indivíduos de uma amostra da Indonésia (245 homens e 132
mulheres) com idades entre 18-45 anos (CHUAN, HARTONO e KUMAR, 2010), e
300 indivíduos de uma amostra da Tailândia (150 homes e 150 mulheres) 20,56 ±
71,53 anos (KLAMKLAY et al., 2008). No entanto, da mesma forma que ocorre com
os dados Brasileiros, o número de indivíduos avaliados ainda não representa de
forma significativa a população dos países.
Para as avaliações, pode-se dizer que sãos dois os tipos básicos de
dimensões corporais com importância para os projetos e produtos: estruturais e
funcionais. As dimensões estruturais, às vezes chamadas de estáticas, incluem
medidas de cabeça, tronco e membros em posições padronizadas, como as
observadas nas Figuras anteriores. As dimensões funcionais, também chamadas de
dinâmicas, incluem medidas tomadas em posições de trabalho, por exemplo.
Os equipamentos antropométricos mais comumente usados são: fita
métrica, estadiômetro, balança, adipômetro para dobras cutâneas e paquímetros. A
fita métrica é usada para medir os perímetros corporais e sua escala de medida
deve ser em milímetros (mm), e com 7 mm de largura. Não é recomendado o uso de

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fitas metálicas, devido o fato de não serem completamente maleáveis (GLANER,
2004).
Para a coleta de dados antropométricos, Glaner (2004) indica os seguintes
equipamentos:

O estadiômetro é usado para medir a estatura e a altura troncocefálica, esta


também denominada de altura sentada. Recomenda-se um estadiômetro com
escala de medida em milímetros. Na falta desse equipamento, basta fixar uma fita
métrica em uma parede lisa que forme um ângulo de 90º em relação ao chão e sua
escala de medida deve ser em mm.
A balança é o equipamento utilizado para mensurar a massa corporal. De
preferência, sua escala de medida deve ser de 100 gramas.
Os adipômetros são usados para medir as dobras cutâneas e os
paquímetros são usados para medir os ossos. Os paquímetros de hastes curtas
servem para medir os diâmetros menores, como o bimaleolar; o de hastes longas
mede os diâmetros maiores, como o biacromial, e comprimentos ósseos, como o
radial-estiloide. O paquímetro de pontas rombas também é usado para medir a
profundidade anteroposterior do tórax.

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