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CURSO DE
MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM
BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO
HUMANO
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM
BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO
HUMANO
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
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1 MÉTODOS DE MEDIÇÃO EM BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO HUMANO
Segundo os mesmos autores, cada uma destas áreas, por sua vez, abrange
diversas possibilidades, como os exemplos ilustrados na Figura 1 que indica os
tópicos centrais de estudo em Biomecânica.
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FIGURA 1 – TÓPICOS CENTRAIS PARA O ESTUDO DA BIOMECÂNICA
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- Aperfeiçoamento da técnica do movimento;
- Aperfeiçoamento do processo de treinamento;
- Aperfeiçoamento e adaptações ambientais;
- Aperfeiçoamento do mecanismo de controle de cargas internas do aparelho
locomotor;
- Aperfeiçoamento de sistemas para simulação de movimentos;
- Aperfeiçoamento tecnológico instrumental para aquisição e processamento
de sinais biológicos;
- Aperfeiçoamento de sistemas (hardware e software) para análises de
movimentos e consequentes aplicações práticas.
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medidas. Por isto a técnica física de medir e sua aplicação no corpo humano
representam uma parte básica relevante dos métodos de trabalho da Biomecânica
(PRANKE, TEIXEIRA e MOTA, 2006).
Um aspecto importante a ser considerado é a seleção do instrumental e da
técnica de medição que será utilizada, pois a determinação das grandezas a serem
medidas deve ser feita com a exatidão exigida no caso. Obviamente, conforme citam
Amadio e Duarte (1996), são necessários que existam métodos de medição próprios
para serem aplicados nas situações desejadas.
Segundo Beckwith et al. (1993 apud TEIXEIRA, 2004), o processo ou o ato
de medição (Figura 2) consiste na realização de uma comparação quantitativa entre
um padrão predefinido e um mesurando. A palavra mesurando é usada para
designar o parâmetro físico que está sendo observado e quantificado, isto é, a
quantidade a ser medida. O ato de medir produz um resultado. O padrão de
comparação deve ter características semelhantes ao mesurando e normalmente
está definido por um órgão de normatização. A medição fornece informações
quantitativas a respeito de como se encontram em um determinado momento
variáveis físicas ou processos que de outra forma poderiam apenas ser estimados
(TEIXEIRA, 2004).
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No entanto, segundo Amadio e Duarte (1996), a biomecânica dispõe não
apenas da cinemática (cinemetria) ou da cinética (dinamometria), mas de quatro
grandes áreas que dispõe de métodos de medição para a investigação do
movimento.
Os métodos de medição são a cinemetria que relaciona a posição e
orientação dos segmentos corporais; a dinamometria, que relaciona as forças e
distribuição da pressão; a eletromiografia que relaciona a atividade muscular e a
antropometria que relaciona os parâmetros para os modelos corporais. A Figura 3
ilustra estes métodos e as suas especificações.
FONTE: A autora.
1.1 CINEMETRIA
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processo fotogramétrico de extração das coordenadas de uma imagem por meio de
câmeras foi inicialmente realizado por meio da utilização de filmes e equipamentos
analógicos, o que tornava o processo muito longo. No entanto, o avanço da
tecnologia permite a sua substituição por extrações eletrônicas automáticas e em
alguns casos em tempo real. A captação e digitalização de imagens são feitas
utilizando um sistema composto de câmeras de vídeo, calibrador, um software
específico e um computador (AMADIO e SERRÃO, 2007).
Um exemplo que pode ser identificado é o sistema Peak Motus (Peak
Performance, Inc., USA) com uma ou duas câmeras de vídeo com frequência de
aquisição de imagens de 60 ou 180 Hz, que registram as imagens para posterior
reconstrução bidimensional ou tridimensional dos movimentos, pelo método DLT
(Direct Linear Transformation) (ABDEL-AZIZ e KARARA, 1971). A Figura 4a ilustra
um sistema para a captação e digitalização de imagens; a figura 4b ilustra um
calibrador bidimensional e a figura 4c ilustra um calibrador tridimensional.
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Plagenhoef (1971 apud TEIXEIRA, 2004) fornece indicações de como
localizar a posição dos centros articulares a partir de referências anatômicas
externas.
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Em muitas aplicações a partir da posição dos marcadores, que identificam
os pontos anatômicos selecionados, é montado um modelo espacial, e são
calculados os deslocamentos, as posições, velocidades e acelerações dos
segmentos/articulações. O sistema de vídeo fornecerá, desta forma, os parâmetros
cinemáticos necessários para o cálculo das modificações do movimento (TEIXEIRA,
2004). A Figura 7 ilustra modelos espaciais de estudos relacionados com a flexão de
joelhos na máquina flexoextensora e com chute no futebol de campo.
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FIGURA 8 – DISPOSIÇÃO DA CÂMERA EM RELAÇÃO AO CORPO A SER
ANALISADO (A) FILMAGEM DE UM ESTUDO COM CICLISTAS, FILMAGEM DE
UM ESTUDO COM PNE’S E (C) DEMONSTRAÇÃO DA COLETA DE DADOS DO
EXERCÍCIO DA PUXADA VERTICAL
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O estudo de Reiser, Wickel e Menzer (2008) relacionou duas diferentes
inclinações de pisos e uma superfície plana para o levantamento de pesos (25 kg
para os 22 homens avaliados e 15 kg para as 22 mulheres avaliadas) por meio da
cinemetria. O estudo demonstrou que os indivíduos foram afetados pelos diferentes
posicionamentos, sendo a lordose lombar natural perdida no caso em que a
superfície estava em declive com -20 com relação à horizontal. Assim, ao se
transportar uma carga, como na Figura 10, é importante preferir que o indivíduo faça
isso em um solo plano e não em um solo inclinado.
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FIGURA 11 – MUDANÇAS ANGULARES NA REGIÃO LOMBAR REALIZANDO O
EXERCÍCIO DE FLEXÃO DE JOELHOS EM DIFERENTES INTENSIDADES
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1.2 DINAMOMETRIA
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utilizados podem ser citados, tais como: plataformas de força, strain gauges e
sensores piezoelétricos. O instrumento básico da dinamometria é a plataforma de
força, que mede a força de reação do solo (FRS), na sua ação tridimensional
(vertical, médio-lateral e anteroposterior) e o ponto de aplicação desta força. As
forças externas são relativamente fáceis de medir (TEIXEIRA, 2004).
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são muito pequenas também. Desta forma, um dispositivo chamado condicionador
de sinais converte variação de resistência elétrica em variação de voltagem (além de
amplificar, filtrar etc.) (TEIXEIRA, 2004).
A Figura 13 mostra um esquema ilustrativo de todo o processamento que
ocorre a partir da coleta de dados desde os transdutores na plataforma de força até
a visualização pelo monitor, incorporado ao computador. As cargas que são
aplicadas sobre as plataformas são convertidas em tensões elétricas por meio da
matriz de sensibilidade de cada plataforma. Estas tensões são então amplificadas e
convertidas através de um conversor analógico/digital (A/D). Estes sinais digitais são
visualizados pelo operador através do equipamento de informática, podendo ser
normalizados em relação à massa corpórea de cada indivíduo avaliado (MORAES,
2000).
Alguns exemplos que podem ser dados é a plataforma AMTI utilizada para
medidas de força de reação do solo e o dinamômetro JAMAR que é utilizado para a
verificação da força de preensão manual. A plataforma de força e um dinamômetro
de preensão manual estão ilustrados na Figura 14.
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Alguns estudos que podem ser relacionados como forma de exemplificação
é o de Peneireiro, Amadio e Serrão (2005). A Figura 15 ilustra os modelos de
mochilas avaliadas pelos autores, segundo configuração de alça sendo: a) alça
diagonal com bolsa lateral, b) alça lateral com bolsa lateral, c) alça lateral e
horizontal com duas bolsas laterais e, d) alça cruzada e horizontal com duas bolsas
laterais.
De acordo com os resultados encontrados foi possível identificar que a
menor sobrecarga gerada pela mochila de alça dupla e duas bolsas, evidenciando
melhor distribuição de massa. Assim, ao se projetar um produto, no caso uma
mochila, específica ao trabalho de um indivíduo que passa a maior parte da jornada
de trabalho em pé e caminhando, como no caso do carteiro, estas características
devem ser levadas em consideração para se chegar a uma conclusão final.
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Com relação à marcha, a Figura 16 ilustra as curvas características da força
de reação do solo, com e sem o transporte de carga.
1.3 ELETROMIOGRAFIA
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Eletromiografia (EMG) é o termo genérico que expressa o método de
registro da atividade elétrica de um músculo quando realiza contração (AMADIO e
DUARTE, 1996; AMADIO e SERRÃO, 2007). Enoka (2000) indica que a
eletromiografia é uma técnica de monitoramento da atividade elétrica das
membranas excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do
sarcolema, como efeito de voltagem em função do tempo. A Figura 17 ilustra um
gráfico do sinal EMG em relação ao tempo.
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FONTE: Teixeira, 2004.
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2) Algum ponto entre a zona de intervenção (ponto motor) e o tendão;
3) No próprio ponto motor.
Além disso, neste estudo os autores ainda colocam que 50 dos 144 artigos
avaliados utilizam uma distância entre os eletrodos de 20 mm, mas esta costuma
variar conforme o comprimento do músculo avaliado, sendo que músculos mais
longos tendem a possuir uma distância entre os eletrodos maior.
O sinal EMG captado no corpo humano é um sinal analógico (um sinal
contínuo no tempo) que é convertido para um sinal digital para poder ser registrado
pelo computador. Para tanto, certos parâmetros devem ser ajustados na aquisição
do sinal, dependendo da tarefa e dos objetivos (MARCHETTI e DUARTE, 2006).
Para a coleta dos dados a frequência de aquisição, para a eletromiografia de
superfície, é considerada como a maior frequência que fica em torno de 400 a
500 Hz. Para Menzel (2009), a frequência de aquisição deve ser, no mínimo,
1000 Hz.
Após a coleta de dados são necessários importantes procedimentos para o
tratamento do sinal. Os valores para os filtros são diversificados e podem ser
utilizadas frequências de 8-500 Hz para o tratamento (filtro passa banda) (SILVA,
2010).
LEITURA DE APROFUNDAMENTO
Com relação aos estudos que tratam da eletromiografia, pode-se dizer que
há uma busca principalmente associada à investigação da ativação muscular no
esporte e na locomoção.
Lunes e Santos (2005) avaliaram três músculos: tibial anterior, gastrocnêmio
(tríceps sural) e músculos lombares (paravertebrais) para a comparação da marcha
de forma natural, primeiro descalços, depois usando salto baixo e finalmente salto
alto. Os resultados indicaram que o tibial anterior e o gastrocnêmio mostraram um
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aumento da atividade muscular durante a marcha com salto alto, quando comparada
à marcha descalça. Durante a marcha com salto baixo, a atividade muscular do tibial
anterior e gastrocnêmio foi diferente da marcha descalça. Os músculos lombares
não mostraram uma alteração significativa.
Com relação às atividades ocupacionais pode ser citado o estudo de Ribeiro,
Lourenção e Lopes (2004), que avaliou dois tipos de mouse assim como ilustra a
Figura 20 (sendo o mouse da figura da direita um protótipo considerado mais
ergonômico pelos autores).
1.4 ANTROPOMETRIA
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usada em várias áreas do conhecimento, dentre as quais estão: a performance
desportiva, a saúde e a composição corporal e a ergonomia.
A importância das medidas antropométricas ganhou especial interesse na
década de 40, provocada de um lado pela necessidade da produção em massa, pois
um produto mal dimensionado pode provocar a elevação dos custos e por outro,
devido ao surgimento dos sistemas de trabalho complexos onde o desempenho
humano é crítico e o desenvolvimento desses sistemas depende das dimensões
antropométricas dos seus operadores (RODRIGUEZ-AÑEZ, 2001).
No entanto, considerando dados significativos da população, as tabelas
existentes ainda demonstram carências de investigações (SHOENARDIE et al.,
2010). Sell (2002) indica que a própria população brasileira por suas características,
que englobam misturas de diversas raças e com condições sociais distintas entre as
grandes regiões do país, dificulta o projeto dos postos de trabalho no qual todos os
trabalhadores devem estar bem-acomodados e dificulta a produção dos produtos.
Iida (2005) indica as diferenças das proporções corporais de indivíduos de
diferentes etnias (americanos, japoneses e brasileiros), assim como ilustra a Figura
21.
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FONTE: Iida, 2005.
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FONTE: Panero e Zelnik, 2006.
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Desta forma, durante o processo projetual, particularmente na fase
preliminar, dois tipos de problemas são enfrentados quanto aos dados
antropométricos:
1) Qual referência antropométrica utilizar?
2) Como facilitar o uso prático dos dados apresentados?
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O estudo de Couto (1995) foi realizado com 400 trabalhadores também do
sexo masculino e 100 trabalhadoras de escritórios de uma fábrica na região paulista
do ABC. Estes resultados podem ser observados na Figura 24.
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FIGURA 25 – PRINCIPAIS VARIÁVEIS A SEREM UTILIZADAS EM MEDIDAS DE
ANTROPOMETRIA
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FIGURA 26 – RESULTADOS FINAIS DO TRATAMENTO ESTATÍSTICO DAS
VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS (VALORES EM CM)
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FIGURA 27 – REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS
MEDIDAS A SEREM REALIZADAS CONSIDERANDO AS 29 VARIÁVEIS
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fitas metálicas, devido o fato de não serem completamente maleáveis (GLANER,
2004).
Para a coleta de dados antropométricos, Glaner (2004) indica os seguintes
equipamentos:
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