Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INF002 Smn6 TBa01 A Linguagem de Especialidade e o Texto Tecnico-Cientifico PDF
INF002 Smn6 TBa01 A Linguagem de Especialidade e o Texto Tecnico-Cientifico PDF
ARTIGO
Specializedlanguagesandtechnical-scientific
texts:conceptualnotes
R E S U M O
ABSTRACT
1
Professora Doutora, Departamento de Ciência da Informação, Universidade de Brasília. Campus Universitário Darcy Ribeiro,
Asa Norte, 70910-900, Brasília, DF, Brasil. E-mail: <mgalvao@unb.br>.
Recebido em 17/9/2004 e aceito para publicação em 27/9/2004.
Ciência da Informação
lingüísticas decorrentes de fatores sociais,
Internacional geográficos e, porque não dizermos, políticos.
Supranacional Apresentaremos, nos parágrafos que seguem,
Engenharia
Agricultura
Nacional alguns autores que defendem uma ou outra
Medicina
Química
Regional
vertente.
Dialetos
Instituições Gambier (1991), afirma que a interati-
X
Works vidade é a base da criatividade científica e da
Gabi hop inovação tecnológica e que não há discurso de
n
Escri ete
tório especialidade sem preocupação com a divulga-
Anfi
t
Sala eatro ção (do laboratório à empresa, do serviço à
Cort de aula
Y e clientela, do comércio aos consumidores).
Assim, é impensável padronizar a produção e a
Figura 1. Abordagem pragmática da linguagem de difusão de termos, ignorando as percepções e
especialidade, segundo SAGER. as realidades do meio do trabalho.
Segundo Gambier (1991), o estudo de
uma linguagem de especialidade deve observar:
Sager (1980) agrega alguns outros
- características da instituição: setor da
elementos à disc us são de linguagens de
atividade, tipo da indústria; tamanho e localiza-
especialidade. Primeiro: quanto maior o número
ção, tipo de divisão de trabalho, rede de
de conhecimento produzido, maior a tendência
comunicação interna e externa, freqüência de
em se criar novos termos. Segundo: o número
interações, tipos de falas, impacto das novas
de pessoas com acesso à educação de nível
tecnologias;
superior está crescendo. Como conseqüência
disso, um número maior de pessoas tem acesso - características do mediador: função e
às linguagens de especialidade e aos conheci- posto ocupado na hierarquia da empresa, nível
mentos técnicos e científicos, e não apenas uma de poder e formação de origem, especialização
elite. Terceiro, há uma tendência na adoção de e qualificações, idade, local de moradia;
uma abordagem interdisciplinar de ensino, na qual - usos e competências lingüísticas: falar,
impõem-se uma integração entre as ciências escrever e ler; competências objetivas em
naturais e sociais, que depende da existência línguas, domínios e ocasiões de emprego das
de uma linguagem compatível entre elas. Quarto, linguagens de especialidade; motivação e
as mudanças na comunicação fazem com que interesse para empregar uma linguagem de
o conhecimento seja comunicado simulta- especialidade.
neamente à sua descoberta, não havendo tempo
Bélanger (1991) não define o que é
para maturação dos termos e conceitos.
linguagem de especialidade, mas fornece alguns
Tradicionalmente, podemos observar que indícios sobre quais fenômenos devem ser
a linguagem de especialidade sempre foi observados no estudo das mesmas. O autor
entendida como o campo dos signos monos- afirma que, após vinte anos, os terminólogos
sêmicos (relação entre um termo, um conceito, colocaram na mão dos usuários, em particular
um referente). No entanto, esta abordagem vem dos tradutores, um número impressionante de
sofrendo alterações com os estudos da socioter- obras terminológicas de todos os tipos. Estas,
minologia. Pesquisas mais recentes evidenciam em sua maioria, visaram recensear todos os
as características “lingüísticas” da linguagem de termos existentes relacionados a um domínio;
especialidade, observando que, mesmo no para isso, partiram do pressuposto teórico
campo técnico-científico, existem variações segundo o qual a terminologia, enquanto área
com que finalidade, em que situação de fala e de ocorrência. Segundo a autora, os glossários
escrita o texto foi produzido, quais as condi- em ordem alfabética ou em ordem sistemática
cionantes das variações lingüísticas ou mudan- podem também conter sinonímia, variante(s) e
ças dos termos; equivalente(s). Finalmente, define-se o glossário
como repertório em que os termos são dispostos
lconceder, na análise do funcionamento
em ordem alfabética ou em ordem sistemática
dos termos, estatuto principal à sintaxe e à
seguidos de informação gramatical e do contexto
semântica;
de ocorrência.
l registrar o termo e as variantes do
nomenclatura: repertório de termos que
l
termo. O especialista precisa observar: o termo
considera relações conceituais fortemente
e as variantes nas dimensões oral e escrita; as
estruturadas;
ocorrências do termo na estratificação vertical e
horizontal da língua; a interação entre usuários banco de terminologia: repertório
l
textos técnico-científicos. Além disso, nos textos técnico-científicos tenta escrever de forma não
manifestam-se as capacidades metalingüísticas subjetiva, eliminando suas opiniões.
l Denotação: a significação de vocábulos tenham que ter um estilo seco. O escritor deste
científicos é, geralmente, denotativa. tipo de texto deve ter a preocupação de adequar
l Verificabilidade: a ciência, cujo objetivo
suas mensagens à norma da língua empregada,
elaborando uma redação elegante.
é demonstrar o conhecimento dos fenômenos,
necessita apresentar em suas pesquisas e seus Segundo Martin et al. (1996), os textos
resultados, provas suficientes (reproduzíveis, técnico-científicos podem ser classificados em
portanto) para corroborar a veracidade dos seus três formas de organização:
achados. 1) Textos expositivos: são textos minu-
lArbitrariedade: nos componentes das ciosos, que pretendem explicar uma experiência.
mensagens técnico-científicas, observa-se o prin- Sua estrutura é formada por: uma hipótese,
cípio do caráter não natural do signo lingüístico. detalhamento ou histórico científico de uma
experiência e conclusões que afirmam ou
lFunção lingüística: os textos técnico-
reforçam a exposição inicial. Na conclusão,
-científicos, como expressão e intercâmbio de
podem ser indicados também novos caminhos
conhecimentos e definições, têm um caráter
de pesquisa.
denotativo, e, por tanto, a função essencial desta
mensagem é a simbólica ou a referencial. Tanto 2) Textos descritivos: este tipo de textos
a explicação continua, como a produção abun- é de caráter mais técnico que científico. Tratam
dante de termos e conceitos, se apóiam na da utilização de um instrumento ou de operações
pré-fixadas.
função metalingüística. Muitos textos técnicos
(folhetos explicativos sobre o uso de aparatos 3) Textos argumentativos: neste tipo de
eletrodomésticos) agregam à função simbólica texto discute-se uma teoria ou uma tese sobre
ou referencial, a função conotativa. uma experiência ou um fenômeno. Sua estrutura
é formada por: estado atual de um problema;
lFormalização: este traço está presente
delimitação do campo de pesquisa; exposição
em todos os textos técnico científicos. A lingua-
e demonstração da tese ou idéia que ocupa o
gem especializada, a qual usa a mesma
corpo da mensagem, contrastando-a com idéias
gramática da linguagem geral, leva ao extremo
ou teorias opostas Ao final, a conclusão que
a univocidade da linguagem, como no caso da
ratifica a hipótese inicial.
formalização da linguagem do domínio da
Não concordamos com a abordagem, de
matemática, na qual se estabelece, por meio de
Martin et al. (1996), pois ela parece considerar
fórmulas, um objetivo de exatidão que não admite
como “textos técnico-científicos,” apenas aque-
a ambigüidade. A formalização científica gera
les produzidos pelos campos do conhecimento
terminologias, conjuntos de termos com
mais “exatos” e tradicionais, omite a complexi-
significados designativos, com uma definição
dade das ciências humanas, das áreas interdisci-
explícita. Nestas terminologias, as relações
plinares, das áreas em formação, por exemplo.
entre os signos são de exclusividade.
Consideramos também genérica, a tipolo-
Coerência: o caráter universal desta
l
gia textual proposta por Martin et al. (1996). Os
linguagem determina, por sua vez, que, quando
estudos mais recentes da socioterminologia nos
se emprega um termo, no início do texto, com
permitem inferir que, os textos técnico-científicos
um significado ou com um valor definido, estes de cada uma das diferentes áreas, obedecem a
devem se manter até o fim do discurso, para superestruturas textuais específicas do campo.
que a precisão e a clareza sejam alcançadas. Sabemos, por observação empírica, que um texto
l Adequação e elegância: o rigor, a da área de administração é substancialmente
precisão e a coerência dos elementos lingüísti- diferente do texto filosófico. Isto indica que os
cos não supõem que os textos técnico-científicos alunos de graduação precisam, não apenas
REFERÊNCIAS