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ArtigoBabyView1210c PDF
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Fonte: fernandatoniolo.blogspot.com
Introdução
Mesmo sabendo dos benefícios que a prática regular de atividades físicas pode trazer à
mulher grávida, alguns cuidados devem ser adotados durante a prescrição dos
exercícios no sentido de promover uma completa adequação as condições específicas
apresentadas pela gestante. Neste contexto, alguns importantes fatores devem ser
considerados. São eles: segurança, meio ambiente e tipo de exercício.
Em relação a segurança, Foss e Keteyian (2000) apontam algumas importantes
recomendações que devem ser adotadas. A primeira delas afirma que os exercícios nas
posições supina (barriga para cima) e pronada (barriga para baixo) devem ser evitados
após o primeiro trimestre de gravidez, pois tais posições estão associadas com uma
possível redução no débito cardíaco na maioria das mulheres. Atividades que resultem
em riscos de perda de equilíbrio, traumatismo abdominal e fadiga física (exaustão
completa) também não são recomendadas. Já em referência ao meio ambiente, Artal,
Clapp e Vigil (2000) destacam a importância de praticar atividades em ambientes que
apresentem temperatura moderada, pois assim evita-se o estresse físico e a perda
excessiva de líquidos corporais. Neste sentido, as mulheres grávidas que se exercitam
devem garantir uma boa dissipação de calor por meio de hidratação adequada e de
vestimentas caracterizadas por roupas leves (Foss e Keteyian, 2000).
O tipo de atividade física talvez seja o fator mais importante a ser considerado na
prescrição de exercícios para gestantes. A escolha da atividade deve ser precedida por
uma avaliação médica, para que somente assim haja a segurança correta. Após a
aprovação do médico especializado, a mulher grávida deve ingressar em atividades que
lhe garantam prazer e bem estar, assim como também em atividades que apresentem
baixo risco. Segundo Matsudo e Matsudo (2000), as atividades físicas para gestantes
podem ser classificadas em três tipos: atividades de baixo risco, atividades de médio
risco e atividades desfavoráveis. O primeiro tipo refere-se aos exercícios mais
convenientes e benéficos para a gestante, pois comportam pequenos riscos tanto para a
mãe quanto para o bebê. Incluem-se neste grupo a caminhada, ciclismo em bicicleta
ergométrica, a natação e a hidroginástica leve. As atividades de médio risco são aquelas
que podem ser praticadas pela mulher grávida, porém quando tomadas certas
precauções; ginástica aeróbia, musculação e os esportes de raquete (tênis, squash)
estão incluídos neste grupo. Por fim, temos as atividades desfavoráveis, que são
totalmente contra indicadas para todas as mulheres em gestação. Neste grupo estão as
atividades de esportes de contato físico ou de grande probabilidade de trauma, entre as
quais podemos destacar o voleibol, basquetebol, esqui aquático, ginástica de alto
impacto e hipismo (Matsudo, 2004).
O presente trabalho dará ênfase sobre uma das atividades citadas anteriormente: a
musculação. Nosso objetivo principal será apresentar, através de uma revisão de
literatura, considerações levantadas a respeito da prática da musculação durante a
gestação, com enfoque especial sobre os efeitos orgânicos na saúde da gestante e no
crescimento fetal.
Para que o objetivo geral acima citado seja atingido, alguns objetivos específicos foram
delimitados. São eles: apresentar as principais adaptações fisiológicas em repouso que
ocorrem com a gravidez, verificar as prescrições de cargas corretas para o trabalho de
musculação com gestantes, analisar as contra indicações da musculação durante a
gravidez e apresentar os principais benefícios biológicos e psicológicos que podem
resultar da prática de musculação para mulheres grávidas.
Ao atingir os objetivos acima propostos, acreditamos estar dando contribuições
significativas para a disseminação do conhecimento metodológico a respeito do tema
"Musculação na gravidez", visto que constatamos existir um número reduzido de
pesquisas científicas na área. Estas contribuições representam, então, a principal
justificativa para a realização de um trabalho acadêmico com a presente temática.
Cardiovasculares
• Aumento no débito cardíaco de repouso de até 50 %• Aumento no volume sanguíneo
circulante• Aumento no tamanho diastólico terminal do ventrículo esquerdo• Aumento
na freqüência cardíaca de repouso e no volume de ejeção• Aumento no fluxo sanguíneo
em direção ao útero
Pulmonares
• Aumento na ventilação-minuto acarretando uma ligeira queda na PCO2 arterial•
Aumento no volume corrente
Outras
• Aumento no VO2 em repouso, aproximando-se no terceiro trimestre de 30% acima
dos valores das mulheres que não estão grávidas• Aumento nos hormônios estrogênios
e relaxina• Aumento no peso corporal total de 10-14 kg• Aumento no dispêndido
energético em repouso em aproximadamente 150 kcal/dia durante o primeiro trimestre
e de aproximadamente 350 kcal/dia durante o segundo e terceiro trimestres.
Quadro 01 - alterações fisiológicas em repouso que se manifestam na mulher
grávida(adaptado de Foss e Keteyian, 2000)
A musculação pode ser definida como sendo a utilização de exercícios contra resistência
objetivando atuar nos ambientes competitivo, profilático, terapêutico, recreativo,
estético e de preparação física (Bittencourt, 1986). Segundo Santarém (2000b), o
trabalho de musculação pode ser realizado através de dois tipos de sobrecarga:
tensional e metabólica. A sobrecarga tensional representa o grau de tensão que ocorre
nos músculos durante a contração, e do ponto de vista prático é dada pela carga de
trabalho; quanto maior for a carga, maior será a sobrecarga tensional. Já a sobrecarga
metabólica representa a solicitação acentuada dos processos de produção de energia,
principalmente a partir da glicólise anaeróbia. Do ponto de vista prático é dada pelo
alto número de repetições e pelo intervalo curto entre as séries.
Por outro lado, Matsudo e Matsudo (2000) afirmam que a musculação proporciona
fortalecimento muscular à grávida, deixando-a mais hábil para tolerar o seu peso
corporal, realizar as atividades do dia-dia, melhorar a postura e evitar uma das
principais queixas da gravidez: a lombalgia.
Uma forma bastante simples e correta de controlar a intensidade das cargas é através
da escala de percepção de esforço subjetivo proposta por Borg (1998). No trabalho de
musculação com gestantes, os valores devem variar entre 9 e 11 nesta escala, o que
corresponde a atividades com estímulos de carga muito leves e leves, respectivamente
(ver quadro 02).
Tradicionalmente, a escala de Borg vem sendo utilizada somente para a avaliação e
controle da intensidade em exercícios de características aeróbias. Porém, não existe
nada na literatura pesquisada que impeça tal recurso de também ser utilizado em
atividades de força muscular, tais como os exercícios resistidos característicos da
musculação, daí a justificativa para a sua utilização em trabalhos com gestantes.
A seguir, a escala de Borg está representada no quadro 02 para que haja melhor
entendimento sobre o assunto em discussão.
06
07 Extremamente leve
08
09 Muito leve
10
11 Leve
12
13 Moderadamente forte
14
15 Forte
16
17 Muito forte
18
19 Extremamente forte
20
A primeira situação refere-se aos tipos de respiração durante a execução dos exercícios
de musculação. Neste contexto, as respirações do tipo bloqueada e combinada não
devem em hipótese alguma ser aplicadas no trabalho com gestantes. O primeiro tipo é
aquele em que a praticante, antes de iniciar o movimento, inspira, realiza os
movimentos concêntrico e excêntrico, e só depois expira o ar, ou seja, ela bloqueia a
circulação de oxigênio durante toda a execução do movimento; já a respiração
combinada é aquela em que a praticante, antes de iniciar o movimento, inspira, realiza
o movimento concêntrico e expira durante a realização do movimento excêntrico. Tanto
uma quanto a outra envolvem a chamada "Manobra de Valsalva", a qual provoca
aumento do percentual isométrico da atividade, o que conduz a uma elevação da
resistência periférica na passagem sanguínea, fazendo com que a pressão arterial
apresente-se mais alta, tendo como conseqüência uma solicitação cardíaca maior e uma
elevação da freqüência cardíaca. Em outras palavras, os tipos de respiração
anteriormente descritos provocam sobrecarga ao coração e problemas de circulação
sanguínea, principalmente no que se refere a obstrução do retorno venoso, sendo,
portanto, não recomendadas para a prática com gestantes, já que estas devem
apresentar uma circulação sanguínea estável para proporcionar um fluxo de sangue
adequado ao feto em desenvolvimento.
Benefícios psicosociais
Conclusão
O objetivo principal de nosso estudo consistiu na realização, através da revisão
bibliográfica, de uma análise a respeito da prática da musculação durante a gestação,
com enfoque especial sobre os efeitos orgânicos na saúde da gestante e no crescimento
fetal. Acreditamos que tal objetivo tenha sido atingido, do mesmo modo como também
acreditamos que a realização do presente trabalho contribuiu de forma significativa
para a consolidação do aprendizado científico sobre o tema "Musculação na gravidez".
Perante a literatura pesquisada, verificamos que a musculação não se constitui em uma
das atividades físicas mais recomendadas pelos profissionais de saúde durante a
gravidez, sendo classificada como uma prática de médio risco para a gestante. A
hidroginástica, caminhada, natação e outras atividades de características
predominantemente aeróbias, são as atividades priorizadas e normalmente
recomendadas para mulheres grávidas. No entanto, verificamos também que a
musculação, quando ambientada em um contexto recreativo e com prescrições
adequadas de cargas, pode proporcionar importantes benefícios à gestante.
Deste modo, podemos concluir que a prática da musculação, quando prescrita
adequadamente, não modifica a duração da gestação, não prejudica o desenvolvimento
do feto e muito menos induz a ocorrência de abortos espontâneos, como muitas
mulheres temem, o que só vem a ressaltar sua importância na manutenção da saúde
materna e do bem estar do feto. De qualquer modo, devido ao número bastante
limitado de pesquisas científicas publicadas na área, sugerimos que outros estudos
sejam realizados com o objetivo de analisar de forma mais aprofundada os efeitos da
atividade de musculação sobre a mulher em gestação.
Referências bibliográficas
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Nota: * Acadêmico de Educação Física pela UFRN
Editor: Allan José Costa - Revista Virtual EFArtigos