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Recife, 18 a 21 de agosto de 2013

Panorama Geral da Evasão e


Retenção no Ensino Superior
no Brasil (IFES)

Prof. Dr. Raul Ceretta Nunes


UFSM/RS – COGRAD/ANDIFES
O que é Evasão?
• [José Lino O. Bueno - 1993]*
– Evasão corresponde “a uma postura ativa do aluno que decide
desligar-se por sua própria responsabilidade”

• [Dilvo Ristoff - 1995]*


– “Parcela significativa do que chamamos evasão, no entanto, não
é exclusão mas mobilidade, não é fuga, mas busca, não é
desperdício, mas investimento, não é fracasso – nem do aluno
nem do professor, nem do curso ou da instituição – mas
tentativa de buscar o sucesso ou a felicidade, aproveitando as
revelações que o processo natural do crescimento dos
indivíduos faz sobre suas reais potencialidades”

• [Vincent Tinto]
– Aplicação da Teoria da Troca (relação custo x benefício)
* Apresentado pelo Nelson Cardoso Amaral (UFG) em palestra a ANDIFES em Novembro de 2008.
Ensino Superior e Sociedade
“A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
trabalho e a prática social.” (LDB, Art. 1°, §2°)

• Para o cidadão
– um curso superior satisfaz ambições, expectativas, aspirações
pessoais e profissionais, um futuro mais promissor.

• Para a sociedade
– um curso superior representa maior potencial de
desenvolvimento econômico e social.

• Sistema de ensino superior deve


– potencializar o desenvolvimento tanto qualitativamente quanto
quantitativamente.
Evasão
• Em números... Evasão corresponde a
saída definitiva do curso, instituição ou
sistema, sem concluir o curso(s).

• Pode ser estratificada no âmbito do curso,


instituição ou sistema.
Fatores que Levam a Evasão
• O próprio estudante

• O curso ou a instituição

• Aspectos sócio-culturais e econômicos


externos

Fonte: Nelson Cardoso Amaral – UFG


Palestra Andifes Nov 2008
Combate a Evasão nas IFES
Síntese das Políticas e Ações (REUNI)
• Programas junto às escolas de ensino médio
• Realização de Feiras das Profissões
• Atenção ao calouro
– Intensificação no processo de recepção
– acolhimento e orientação inicial
– apresentação das normas institucionais, do PPC e de formas e
oportunidades de integralização curricular
– Explicação sobre projetos e possibilidades de bolsa de extensão,
pesquisa e atividades acadêmicas, bem como de programas de
assistência estudantil
• Nivelamento e recuperação de conteúdos
– Aulas de reforço com bolsas para o estudante
– Utilização de TICs (monitoria em EAD)
– Uso da Internet para atividades de reforço para as disciplinas de maior
grau de reprovação
– Cursos de nivelamento em disciplinas introdutórios – Português,
Geografia, História, Matemática, Física, Química, Biologia e Línguas
– Oferta de disciplinas em período especial
– Regime especial de recuperação
Combate a Evasão nas IFES
Síntese das Políticas e Ações (REUNI)
• Programas de apoio a cursos de graduação
– Edital para projetos de aquisição, instalação e manutenção de
laboratórios e equipamentos destinados aos cursos de graduação;
– Melhoria das condições para o funcionamento de cursos noturnos
(segurança, funcionamento de bibliotecas e estruturas administrativas);

• Formação continuada dos professores


– oferta de cursos de “docência na educação superior”
– oferta de cursos de “gestão acadêmica dos cursos de graduação”

• Ajustes pedagógicos
– Flexibilização do currículo e da oferta de disciplinas
– Programas de apoio a novos projetos, metodologias e ações
– Incentivo e apoio a mobilidade acadêmica entre cursos e instituições;

• Novos processos de avaliação interna


– Novas metodologias de auto-avaliação
– Avaliação da situação individual de cada aluno
Combate a Evasão nas IFES
Síntese das Políticas e Ações (REUNI)
• Ampliação de programas de apoio aos estudantes
– bolsas de monitoria, de pesquisa e de extensão
– Programa de monitoria direcionado a cotistas
– Acompanhamento terapêutico/psicológico especializado
– Programa de tutoria para acompanhamento mais efetivo dos discentes
– Apoio a participação em eventos acadêmicos e esportivos

• Ampliação de programas de assistência aos estudantes e


políticas de inclusão
– bolsa de permanência, bolsa trabalho; bolsa moradia e alimentação
– Atendimento psicológico para aconselhamento de estudantes com
dificuldades de adaptação/aderência ao curso de graduação;
– Ampliação de políticas assistenciais como restaurante universitário,
medicamentos, eventos científicos;
– Isenção de taxas em eventos internos e emissão de documentos;
– Fornecimento de instrumental odontológico
Combate a Evasão nas IFES
Síntese das Políticas e Ações (REUNI)
• Indicadores acadêmicos voltados às coordenações de curso
– Sistema de gestão

• Incentivo a permanência nas dependências da IFES


– prática do desporto
– participação em projetos culturais
– criação dos centros de interesse comunitários, como anfiteatros,
auditórios, lanchonetes, restaurantes, livrarias, farmácias, etc
Lobo, Maria Beatriz de Carvalho Melo. Panorama da Evasão no Ensino Superior Brasileiro: Aspectos Gerais
das Causas e Soluções. Palestra na ABMES, 2011.
Disponível em: http://institutolobo.org.br/imagens/pdf/artigos/art_087.pdf Acesso em: 03.08.2013
EVASÃO ANUAL DAS IFES/PÚBLICAS (BRASIL)
16

13,9
14 13,64
12,94
12,4
12,1 12,24
11,8 11,8
12 11,51
11,15
11,9
10,45 10,56
10,27
9,85
10 9,44 10,5
8,87 9,03
8,32 9,38
8 8,76 8,80

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

FORPLAD (IFES) Inst. Lobo (Públicas) COGRAD (IFES parcial)


Diferentes Metodologias de Cálculo*

PROUNI:

Instituto Lobo:

OCDE/REUNI:

MEC/Geração:

* Antônio Simões da Silva - MEC


Cálculo Adotado pelo
COGRAD/ANDIFES
• Taxa de evasão anual com dados semestrais

E(n) = 1 – [M1(n+1) – I1(n+1)] / [M1(n) + I2(n) – C1(n) – C2(n)]

M1 é número de matriculados no primeiro semestre


C1 é o número de concluintes no primeiro semestre
C2 é o número de concluintes no segundo semestre
I1 é o número de ingressantes no primeiro semestre
I2 é o número de ingressantes no segundo semestre
n é o ano em estudo
n+1 é o ano posterior ao de estudo
Metodologia para levantamento dos
dados
• Matriculados: Alunos regulares matriculados no ano em
consideração. OBS: este número inclui os alunos em retenção.

• Ingressantes: Vagas ofertadas e ocupadas nos diferentes


processos seletivos, exceto
– Transferências internas
– PARFOR, PEC-G e EAD
OBS: outras formas de ingresso (ingresso e reingresso, ex-ofício)
estão incluídas, mas estratificadas, podendo ser excluídas.

• Concluintes: Alunos regulares que concluíram o curso no ano


considerado.
Cálculo da Evasão
1.874 908 2.109

10.535 10.904 10.771


9.883 8.662
2011/1 2011/2 2012/1

539 1.021 1.221 evadidos


ou
12,35%

E12(n) = 1 – [M1(n+1) – I1(n+1)] / [M1(n) + I2(n) – C1(n) – C2(n)]


E12(2010) = 1 – [10771 – 2109] / [10535 + 908 - 539 - 1021]
= 1 – [8662] / [9883]
= 0,1235  12,35%
Ensino Superior e Sociedade
• REUNI (qualificação e ampliação de vagas)
• Lei nº 12.089/2009 (1 pessoa = 1 vaga)
• Lei nº 12.711/2012 (lei das cotas)
• Lei nº 12.799/2013 (isenção para estudantes ensino público)

53%
112%

Maior taxa de
evasão?

Fonte: MEC – Análise sobre a Expansão das Universidades Federais 2003 a 2012.
Novos “desafios” para as IFES
Evasão: Mitos ou verdades?

• Maior oferta de vagas/cursos...


• Adesão à sistema de cotas...
• Seleção pelo ENEM e/ou SISU...
• Cursos e/ou professores novos...
• Alunos mais fracos...

• COGRAD estratificou coleta de dados por


Forma de Ingresso
Coleta de Dados
Ingressantes, Matriculados e Concluintes

Vestibular | Seriado | SISU


Ano Semestre
Cotista
Outras
Reserva Portador Reserva Ensino Não Cotista Formas
Reserva Etnica Deficiencia Reserva Social Publico
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
2000 1
2000 2
2001 1
2001 2
2002 1
2002 2
2003 1
2003 2
2004 1
2004 2
2005 1
2005 2
2006 1
2006 2
2007 1
2007 2
2008 1
2008 2
2009 1
2009 2
2010 1
2010 2
2011 1
2011 2
2012 1
2012 2
2013 1
Resultados Preliminares
• 8 IFES consideradas até o momento
3 no Sul
UFSM, FURG e UNIPAMPA
4 no Nordeste
UNIVASF, UFFS, UFCG e UFRN
1 no Centro-Oeste
UNB
• Cálculos para Sistema IFES (por matrícula)
Evasão Anual IFES
50,00

45,00

40,00

35,00

Eventual tendência
30,00
de estabilização ao
25,00
redor de 13%?

20,00

15,00 13,90 13,64


12,94
10,56 11,15
10,45 9,85 10,27
8,87 9,03 9,44
10,00 8,32

5,00

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evasão Anual IFES - Vestibular
50,00

45,00

40,00

35,00

30,00

25,00

20,00

15,00 12,89 13,18


11,83
8,78 10,18
9,74 9,16 9,24 9,71
8,76 8,32
10,00 7,94

5,00

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evasão Anual IFES - Seriado
50,00

45,00

40,00

35,00

30,00

25,00

20,00

15,00
11,27 10,11 9,70 10,42 10,10
8,86 9,23 9,78
10,00 7,96 7,60
7,24 6,88

5,00

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evasão Anual IFES - SISU
50,00

45,00

40,00

35,00

30,00
25,86
25,00 23,48

20,46 20,48
20,00
17,78
15,55

15,00

10,00

5,00

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00


0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evasão Anual IFES - Outras Formas de Ingresso
50,00

45,00

40,00

35,00

30,00
26,11
23,40
25,00 20,73 22,28
20,34 20,27 21,14
19,35
18,12
20,00
15,77 14,61

15,00 12,56

10,00

5,00

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evasão IFES - Vestibular x Seriado x SISU x OFI
50,00

45,00 Conclusões parciais:


40,00 1) taxa cresceu apenas dentre os ingressantes via vestibular
2) taxa decrescente nos ingressantes via SISU
35,00 3) taxa relativamente estável nos ingressantes via Seriado e OFI
30,00
26,11 Vestibular
25,00 23,40 Seriado
22,28 25,86
20,73 23,48 21,14 SISU
20,34 20,27
19,35 20,48
20,00 OFI
18,12
20,46
15,77 17,78
14,61 15,55
15,00 12,89 13,18
12,56
11,83
11,27 10,11 10,18
9,74 9,16
10,00 8,76 8,78 9,23
7,94
9,71 10,42 10,10 9,78
9,24 9,70
8,86 8,32
7,96 7,60
5,00 7,24 6,88

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Evasão Anual IFES
50,00

45,00

40,00

35,00
Desafio: Conclusão Parcial:
Como cotistas estão influenciando? Crescimento oriundo
30,00 do aumento da
taxa de evasão
25,00
dos ingressantes
20,00
pelo vestibular

15,00 13,90 13,64


12,94
10,56 11,15
10,45 9,85 10,27
8,87 9,03 9,44
10,00 8,32

5,00

0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
50,00
Evasão SISU - Cotista x Não Cotista
46,91

45,00

40,00

35,00

30,00

24,97 23,97
25,00 23,48 Cotista
Não Cotista
20,46
20,00
17,78 17,40

15,00
10,64
10,00

5,00

0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,000,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Taxa de Evasão SISU por Cota
60,00
Baixa influência devido
Conclusões parciais: ao baixo número de
50,00
cotistas étnicos frente
1) Cotista SISU evade menos aos cotistas do
do que não cotista; e
40,00 ensino público
2) Taxa de evasão cotistas SISU
segue taxa dos cotistas da
30,00 reserva ao ensino público

20,00

10,00

0,00
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Reserva P Def
Reserva Social
Reserva Etnica 57,14
Reserva Ens Pub 20,46 17,78 23,48 24,97 17,40 10,60
Cotista SISU 20,46 17,78 23,48 24,97 17,40 10,64
Vestibular - Cotista x Não Cotista
50,00

45,00

40,00

35,00

30,00
Cotista

25,00 Não Cotista


21,51

20,00 19,48

15,00 13,63
12,26 13,13
10,31 11,19
9,74 8,78 9,79
9,16 8,76 9,33
10,00 8,01 7,50 8,35 7,48
6,80
4,64
5,00

0,00
0,00 0,00 0,00 0,00
0,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Taxa de Evasão Vestibular por Cota
70,00

60,00
Conclusões parciais:
1) Exceto reserva étnica, cotista
50,00 vestibular tende a evadir menos

40,00
2) Variação na taxa é
dominada por variação
da cota ensino público
30,00

20,00

10,00

0,00
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Reserva P Def 40,00 18,52 14,77 13,56
Reserva Social
Reserva Etnica 6,73 7,35 7,41 9,01 10,17 9,95
Reserva Ens Pub 7,08 61,81 31,70 17,05
Cotista Vestibular 6,73 7,50 7,48 21,51 19,48 13,63
Evasão por Gênero
50

45

40

35

30

25

20

15

10

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Masculino 11,70 10,80 10,22 9,97 9,54 11,22 12,08 10,63 12,60 14,20 14,98 15,01
Feminino 8,97 8,74 7,31 7,93 6,90 9,18 8,82 8,17 9,67 11,67 12,84 12,29
Conclusões
Mitos temporariamente derrubados
• Adesão à sistema de cotas
• Seleção pelo ENEM e/ou SISU
tendem a não figurar como vilões.

• MEC pode ser importante colaborador para que


IES sistematizem seus estudos de evasão e
busquem compreender fatores locais (CENSO)
• O combate a evasão é um processo que
permeia as IES em diversas ações, mesmo
antes dos alunos ingressarem no ensino
superior
OBRIGADO!!
Prof. Raul Ceretta Nunes
Pró-Reitor Adjunto de Graduação
Universidade Federal de Santa Maria
Coord. do GT Evasão e Retenção – COGRAD/ANDIFES

2013

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