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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA DO JÚRI DA
COMARCA DE …

JOSÉ FERNANDO GONÇALVES SILVA, já qualificado nos autos da Ação Penal nº...,
por seu advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável decisão
que a pronunciou pela prática do crime previsto no artigo 121 do Código Penal, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, dentro do prazo legal, interpor

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

com fundamento no artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal.

Requer seja o presente recurso recebido e processado e, caso Vossa


Excelência, ao efetuar o juízo do artigo 589 do Código de Processo Penal, entenda
que deva manter a respeitável decisão, sejam encaminhados os autos, com as
inclusas razões, ao E. Tribunal de Justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local, data
Advogado, OAB

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RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Processo nº …
Recorrente: José Fernando Gonçalves Silva
Recorrida: Justiça Pública

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Douto Representante do Ministério Público,

Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. Juiz “a quo”, impõe-se a


reforma da respeitável decisão que pronunciou a ora apelante pelo crime do artigo
121 do Código Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

I – DOS FATOS
José Fernando Gonçalves Silva foi pronunciado pelo crime do artigo 121 do
Código Penal, sob a acusação de que teria causado a morte de Rubens José Garcia,
por hemorragia interna torácica, por meio de golpes de barra de ferro contra ele
desferidos, em razão de desentendimento havido entre a vítima e a companheira do
denunciado.

II – DO DIREITO
(APRESENTAÇÃO DA TESE) O presente feito deve ser anulado a partir da
citação, tendo em vista que não foi apresentada resposta à acusação.
(PREMISSA MAIOR) Segundo dispõe o artigo 408 do Código de Processo
Penal, citado o réu e não apresentada a resposta à acusação no prazo legal, o juiz
deve nomear defensor para oferecê-la. Tal disposição prestigia a ampla defesa, em
observância ao artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
(PREMISSA MENOR) No caso, não houve a apresentação de resposta à
acusação e o juiz deu andamento ao processo sem observar o comando legal acima

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citado, ou seja, deu prosseguimento ao feito sem a apresentação da peça defensiva,
o que configura nulidade processual por cerceamento de defesa.
(CONCLUSÃO) Portanto, de rigor a anulação do processo, com fulcro no artigo
564, inciso IV, do Código de Processo Penal, a partir da citação, com a devolução do
prazo para apresentação da resposta à acusação.
(APRESENTAÇÃO DA TESE) Caso assim não se entenda, deve-se
reconhecer a nulidade de decisão de pronúncia proferida pelo Magistrado singular,
por excesso de pronúncia.
(PREMISSA MAIOR) O artigo 413 do Código de Processo Penal, em seu §1º,
dispõe que “a fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação”.
(PREMISSA MENOR) Na hipótese em pauta, entretanto, ao proferir a
pronúncia, o Juízo de primeiro grau incorreu em excesso de pronúncia, violando a
determinação legal mencionada, já que não se limitou a indicar a materialidade e os
indícios de autoria, manifestando certeza sobre a autoria e rechaçando de forma
conclusiva a tese defensiva.
(CONCLUSÃO) Desta feita, de rigor a anulação da decisão ora comabtida, nos
termos do artigo 564, inciso IV, do Código de Processo Penal, por excesso de
pronúncia.
(APRESENTAÇÃO DA TESE) A decisão proferida pelo Juiz de primeiro grau
não deve prevalecer, pois o caso não é de pronúncia, mas de absolvição sumária,
pela incidência de causa excludente da ilicitude, a legítima defesa. Vejamos.
(PREMISSA MAIOR) Nos termos do artigo 413 do Código de Processo Penal,
o Juiz somente pode pronunciar o réu se as provas produzidas o convencerem da
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação.
De outro lado, consoante dispõe o artigo 415, inciso IV do Código de Processo
Penal, o acusado deve ser absolvido sumariamente se “demonstrada causa de
isenção de pena ou de exclusão do crime”.
(PREMISSA MENOR) No caso em apreço, restou devidamente comprovado
que o ora recorrente agiu em legítima defesa, repelindo injusta agressão da vítima.
Portanto, verificada a incidência da referida causa excludente de ilicitude, nos termos
do artigo 23, inciso II, e do artigo 25, ambos do Código Penal, deve José Fernando
ser absolvido sumariamente.

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(CONCLUSÃO) Assim, deve ser reformada a decisão ora recorrida, para que
José Fernando seja absolvido sumariamente, com fulcro no artigo 415, inciso IV, do
Código de Processo Penal.

III – DO PEDIDO
Ante o exposto, requer-se seja conhecido e provido o presente recurso, para
que o processo seja a partir da citação, com a devolução do prazo para apresentação
da resposta à acusação, ou para que seja anulada a decisão de pronúncia. No mérito,
requer-se a reforma da decisão proferida, para que seja o ora recorrente absolvido
sumariamente, com fundamento no artigo 415, inciso IV, do Código de Processo
Penal. Por fim, pugna-se pela concessão do direito de recorrer em liberdade.

Local, data.
Advogado
OAB

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