Você está na página 1de 10

49

PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE


IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO


SOBRE IMPLANTES CURTOS
COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

INFERIOR PROSTHESIS TYPE PROTOCOL


ABOUT SHORT IMPLANTS
WITH IMMEDIATE LOADING
CASE REPORT

Soraya de LUCA *
Flávio Henrique Silveira TOMAZI **
Marcelo Matos ROCHA ***
Ricardo Augusto CONCI ****
Geraldo Luis GRIZA *****

_______________________________________
* Especialista em Implantodontia pela EAP/ABO-PR
** Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pelo Colégio Brasileiro de CTBMF.
*** Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte - MG.
**** Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial pelo HU/UNIOESTE - Cascavél/PR.
***** Mestre em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial pela PUC/RS

LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
50
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

RESUMO
É uma realidade o aumento da expectativa e da qualidade de vida da
população mundial. Com isso, a reabilitação com implantes dos dentes perdidos
vem se tornando cada vez mais comum. Para tal, há a necessidade de qualidade e
quantidades ósseas suficientes que permitam a instalação dos implantes
osseointegráveis. Muitos pacientes não apresentam estas características e, os
implantes curtos vieram facilitar e, até mesmo, eliminar a necessidade de enxertos
ósseos para os pacientes. No trabalho, é relatado o caso de uma paciente do
gênero feminino que foi reabilitada através de uma prótese tipo protocolo inferior
com o uso de implantes curtos.

ABSTRACT
It's a reality the increase of the expectation and quality of life of the
population. Considering this, the rehabilitation of missing teeth using dental implants
is becoming more common. To this end, there is a need for sufficient bone quantity
and quality to allow the installation of dental implants. Many patients do not show
such characteristics and the short implants came to facilitate, and even eliminate, the
need for bone grafts to patients. At this article, we report the case of a female patient
who was rehabilitated through an inferior protocol using short implants.

UNITERMOS: Implantes; Curtos; Mandíbula; Atrófica.

UNITERMS: Implants; Short; Mandible; Atrophic.

INTRODUÇÃO
O anseio pela substituição dos dentes perdidos vem de longa data. As
civilizações antigas substituíam os elementos dentais por conchas, marfim, osso e,
outros materiais, para melhorar a estética e a função. No século XIV, Maggiolo
preconizou o uso de metais nobres para confecção de implantes dentais (SILVA,
2008). Estes primeiros dispositivos apresentavam uma enorme taxa de insucesso
em virtude, possivelmente, da corrente galvânica causada pelo contato dos metais
com o fluido oral (MAGGINI; CINTI, 1999). Com os primeiros estudos de Branemark
em 1952 que culminaram com a descoberta do fenômeno da osseointegração,
iniciou-se uma nova era na implantodontia. Atualmente, os implantes dentários são
uma realidade na Odontologia (MISCH; STEIGENGA; BARBOZA et al., 2006) e, as
reabilitações orais com implantes osseointegráveis para substituição de dentes
perdidos têm sido extremamente bem documentadas (ALBREKTSSON, 2008 e
MARZOLA, 2008).
O primeiro protocolo proposto por Branemark preconizava instalação
de quatro ou seis implantes ferulizados na região interforames mentuais com
mandíbula edêntula. Estes implantes serviriam como suporte para uma prótese total
fixa com cantilever distal, conhecida como “ponte de Toronto”. Desde então, com o
aprimoramento das técnicas em implantodontia, houve mudanças neste protocolo,
permitindo uma resolutividade muito maior nos mais variados casos. A colocação de
implantes pode ser limitada às situações de reduzida altura óssea ou acidentes

LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
51
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

anatômicos, como numa extensa pneumatização do seio maxilar, ou da proximidade


com o canal mandibular (WALLACE; FROUM, 2005).
Após a perda dental, inicia-se um processo de reabsorção e
remodelação óssea (TALLGREN, 1972), podendo levar o paciente a apresentar
uma deficiência severa na quantidade e qualidade óssea para instalação de
implantes dentários de tamanho convencionais (MISCH, 1993). Fatores
relacionados à reabsorção óssea após perda dos dentes incluem fatores
anatômicos, metabólicos, funcionais e, protéticos (ATWOOD, 1963). Nos casos de
perda óssea severa é necessário lançar-se mão da cirurgia para a enxertia óssea,
elevação da mucosa do seio maxilar ou ainda, o reposicionamento do nervo alveolar
inferior (BARBOZA; CARVALHO; FRANCISCO et al., 2007 e MARZOLA, 2008).
Apesar das técnicas referidas anteriormente obterem sucesso, muitos
pacientes as rejeitam pela necessidade de diversos procedimentos cirúrgicos, maior
sensibilidade pós-operatória, altos custos, além da maior duração do tratamento.
Os implantes curtos apareceram para suprir esta lacuna propiciando
um menor tempo para a reabilitação, menores custos e, menor morbidade ao
paciente (GENTILLE; CHUANG; DODSON, 2005). Ainda há divergência quanto ao
tamanho dos implantes curtos (SILVA, 2008) e, alguns autores consideram
implantes de tamanhos reduzidos aqueles menores que 10 milímetros
(GONÇALVES; SILVA; MATTOS et al., 2009), entretanto, há quem considere os
implantes curtos somente aqueles menores de 7 ou 8,5 milímetros de comprimento
(NEVES; FONES; BERNARDES et al., 2006).
Os primeiros implantes de 7 milímetros surgiram em 1979, seguindo as
mesmas características dos implantes longos, não havendo nenhum diferencial que
compensasse seu tamanho reduzido (ROMEO; GHISOLFI; ROZZA et al., 2006).
Isso explica a grande taxa de insucesso destes dispositivos logo após seu
lançamento, podendo ser comprovado em trabalhos publicados sobre o assunto nas
décadas de 80 e 90 (GOODACRE; KAN; RUNGCHARASSAENG, 1999).
Atualmente, os implantes de tamanho reduzido possuem certas
características como os ápices cortantes e compactantes, que seriam um auxiliar
importante na busca de estabilidade em diferentes leitos ósseos, a presença de
roscas progressivas ao longo dos implantes, buscando compactação óssea e
diâmetros largos, além da grande área de superfície de tratamento (THOMÉ;
BERNARDES; SARTORI, 2009).
A literatura relata que quanto maior for a área total da superfície do
implante em contato com o osso alveolar, melhor será sua osseointegração, daí a
procura sempre que possível lançar mão do uso de implantes com diâmetro e
comprimento maiores (MISCH; PEREL; WANG et al., 2008).
Implantes de 7 mm ou menores apresentam taxas de sucesso
inferiores em relação aos implantes longos, entretanto, são viáveis do ponto de vista
clínico (NEVES; FONES; BERNARDES et al., 2006). Normalmente eles excedem
os parâmetros protéticos regulares na proporção coroa/implante, sendo esta
situação aceitável desde que a orientação de força e distribuição da carga seja
favorável e, a parafunção controlada (TAWIL; ABOUJAOUDE; YOUNAN, 2006).
As coroas sobre implantes curtos devem apresentar a mesa oclusal
reduzida, com o máximo de pontos de contato harmônicos, permitindo a
movimentação funcional do sistema estomatognático sem interferências, sulcos
rasos e cúspides rasas e, tais características diminuiriam a resultante das forças
sobre o sistema de implantes e, seus componentes (KIM; MISCH; WANG, 2005).

LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
52
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

Implantes com diâmetros maiores podem ser o caminho para maior


suporte das forças oclusais, aumentando assim, a estabilidade inicial, promovendo
favorável distribuição de forças ao redor do osso, mesmo em áreas de pobre
qualidade e quantidade (KIDO; SCHULZ; KUMAR et al., 1997).
Recentes experiências verificam que implantes curtos com superfícies
modificadas e adequada técnica de inserção praticamente igualaram as taxas de
sucesso dos implantes longos. Ficou demonstrado que a reabilitação protética dos
implantes curtos em mandíbulas atróficas apresentou sobrevivência similar àquela
dos implantes longos em estudos longitudinais (MALÓ; NOBRE; RANGERT, 2007).
Planejamento minucioso do caso é imprescindível para o sucesso do
tratamento com implantes de tamanho reduzido. Devem-se obter exames de
imagem com as radiografias ou tomografias com ótima qualidade, além de realizar
uma anamnese detalhada. Desta forma, é possível estabelecer a altura e espessura
óssea disponível, zona de segurança para se trabalhar e, ainda, possíveis situações
que possam contra-indiciar o procedimento (MURRAY, 2006).
Existe uma série de intercorrências podendo ocorrer durante ou após a
instalação dos implantes dentais. Dentre elas, podem-se citar lesões a estruturas
nobres, falta de estabilidade do implante, fraturas ou fenestrações ósseas, a
deiscência de sutura, infecções, equimoses, edema e ainda, hemorragia e dor.
Um rigoroso protocolo deve ser seguido para controlar os fatores de
risco e aperfeiçoar as características dos implantes curtos, com intuito de compensar
o seu pequeno comprimento, assegurando melhor longevidade ao tratamento
proposto (MISCH, 2006).
Este é o objetivo do presente trabalho, com a apresentação de caso
clínico cirúrgico para um melhor esclarecimento.

RELATO DE CASO
Paciente M. L. K. 53 anos, gênero feminino compareceu à Clínica
Odontológica da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG) com a queixa de
dificuldade para mastigação e dificuldade de adaptação da prótese total inferior. Na
anamnese, não foi relatado nenhum tipo de doença pregressa ou uso de medicação
por parte da paciente.
Ao exame clínico, pode-se observar uma mucosa normal em cor,
porém de espessura aumentada e, rebordo mandibular atrófico. Foi solicitada uma
tomografia computadorizada para se ter a noção exata das dimensões ósseas da
mandíbula mostrando o rebordo mandibular com altura diminuída, sendo maior na
região anterior com 8 mm (Figs. 1 e 2).
O tratamento proposto foi a reabilitação do paciente por meio de
prótese tipo protocolo com o uso de implantes curtos. Explicaram-se à paciente os
riscos inerentes à cirurgia, que concordou em fazer o tratamento. Paciente foi
medicada com 1g de amoxicilina e 4mg de dexametasona uma hora antes do
procedimento e, bochecho de 1 minuto com 10ml de digluconato de clorexidina
0,12% no pré-operatório imediato.
Após antissepsia extraoral com digluconato de clorexidina 2% e
instalação dos campos cirúrgicos, foi realizada anestesia para bloqueio dos nervos
alveolar inferior, lingual e bucal bilateralmente com o uso de Articaína 4% com
epinefrina 1:100.000. Com o uso de uma lâmina de bisturi número 15, foi realizada
a incisão sobre o rebordo alveolar entre a região dos forames mentuais.

LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
53
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

Realizado descolamento mucoperiosteal total, observou-se o rebordo


alveolar do tipo “lâmina de faca”. Foi optado pela realização de um platô ósseo
antes da inserção dos implantes. Instalaram-se 4 implantes de plataforma protética
hexágono externo P. I. Branemark, sendo dois deles de tamanho 3,75 x 7mm e, os
outros dois de 3,75x8mm. O torque de travamento dos implantes foi de 40N.cm.
Optou-se pelo uso da técnica de carga imediata para diminuir o tempo do tratamento
do paciente.

Fig. 1 – Tomografia da região mandibular, mostrando o rebordo mandibular com altura diminuída,
sendo maior na região anterior com 8 mm.
Fonte - Clínica Odontológica da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG).

Fig. 2 – Tomografia da região mandibular, mostrando o rebordo mandibular com altura diminuída,
sendo maior na região anterior com 8 mm.
Fonte - Clínica Odontológica da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG).

Na mesma sessão cirúrgica, foram instalados os tranferentes de


moldagem. Efetuou-se uma moldagem de transferência com silicona de
condensação e, no dia seguinte, a prova da barra metálica e, os demais
procedimentos protéticos até a acrilização da prótese tipo protocolo (Fig. 3). A
paciente permaneceu em acompanhamento clínico e radiográfico.
LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
54
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

Após 12 meses, pode-se observar na radiografia panorâmica (Fig. 4)


uma discreta saucerização dos implantes o que não comprometeu a eficiência
clínica do trabalho.

Fig. 3 - Aspecto radiográfico após instalação da prótese tipo protoloco.


Fonte - Clínica Odontológica da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG).

Fig. 4 - Pós Operatório de 12 meses.


Fonte - Clínica Odontológica da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG).

DISCUSSÃO
Em virtude da ausência dos elementos dentais, além do uso contínuo
de próteses removíveis sobre área edêntula, havia uma reabsorção grave do
rebordo alveolar, diminuindo sua altura óssea mandibular, de forma a tornar o nervo
alveolar inferior mais próximo à crista do rebordo ósseo (MAZZONETO;
MAURETTE; TOREZAN, 2005). Com isto, a instalação de implantes de tamanho
regular ou até mesmo o uso de próteses convencionais tornava-se prejudicado
(GONÇALVES; SILVA; MATTOS et al., 2009).
Muitos pacientes se mostram contrários às técnicas de cirurgia
avançada e de enxertia óssea para instalação de implantes (FELICE;
CANNIZZARO; CHECHI et al., 2009) e, nestes casos, os implantes de tamanho
reduzidos estão normalmente indicados (GENTILLE; CHUANG; DODSON, 2005).
LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
55
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

Atualmente, os implantes curtos têm apresentado um desempenho


muito similar aos implantes de tamanho convencional, em virtude do tratamento de
superfície, além da presença de ápices cortantes e compactantes (THOMÉ;
BERNARDES; SARTORI, 2009).
Pode-se definir sucesso no tratamento com implantes após reabilitação
quando ele não apresenta mobilidade, ausência de dor, infecção ou mesmo,
parestesia. Também, não deve apresentar perda óssea vertical com menos de
0,2mm após o primeiro ano após aplicação de cargas (ALBREKTSSON; ZARB;
WORTHINGTON et al., 1986).
Os implantes de tamanho reduzido, quando bem indicados, podem
diminuir a morbidade, o tempo e, os custos do tratamento para o paciente (NEVES;
FONES; BERNARDES et al., 2006). Para tanto, um planejamento minucioso faz-se
necessário através de anamnese e, exames de imagem de qualidade (MURRAY,
2006).
A cirurgia para instalação de implantes curtos é um procedimento muito
mais simples se comparado com as técnicas de aumento dos rebordos alveolares e,
com sucesso na casa de 92,5% (SANCHEZ-GARCEZ; COSTA-BERENGUER;
GAY-ESCODA, 2012).
Foi obtida uma taxa de sucesso de 95,8% com o uso de implantes
curtos em um acompanhamento de 3 anos, sendo atribuido o sucesso ao tipo de
tratamento de superfície com o condicionamento ácido que os implantes
apresentavam (GOENÉ; BIANCHESI; HÜERZELER et al., 2005).
Foi concluido também que os implantes curtos têm a mesma taxa de
sucesso em comparação com os implantes longos (TESTORI; WISEMAN;
WOOLFE et al., 2001).
Taxa de sucesso similar foi relatada, comparando implantes de
6x5,7mm em comparação com implantes longos (GENTILLE; CHUANG; DODSON,
2005), sendo este resultado contestado, afirmando-se que os implantes longos
apresentam taxa de sucesso maior que a dos implantes de diâmetro reduzido
(MISCH, 2006).
Em estudos de elemento finito é, também, citado que quanto maior o
comprimento dos implantes, melhor é a dissipação das forças mastigatórias no osso.
Afirmam ainda que a fragilização da cortical óssea promove tensões elevadas tanto
em osso cortical quanto no espojoso, podendo levar até à fratura da mandíbula
(HONG; VAN STADEN; YEW-CHAYE et al., 2010).
Deve haver um mínimo de 7 mm de altura e 6 mm de espessura óssea
para instalação de implantes dentários, do contrário, procedimentos de enxertia
óssea estão indicados previamente (CHNRKANOVI; CUSTÓDIO, 2009).
As próteses instaladas sobre os implantes curtos devem estar
devidamente ajustadas para que a relação coroa / implante ou comprimento mesio-
distal da prótese não se transformem no principal fator de risco para perda do
implante (TAWIL; ABOUJAOUDE; YOUNAN, 2006).
Acrescenta-se ainda que para melhorar seu desempenho deve-se
manter um guia anterior de desoclusão, eliminar / diminuir os cantilevers, instalar o
maior número de implantes possível e com a superfície tratada e, plataforma
estendida e, esplintando-os (MISCH, 2005).
Tudo isso pode ser perfeitamente constatado pelo caso apresentado,
razão pela qual sua discussão tornou-se imperiosa e perfeitamente confrontável.
Toda discussão pôde ser totalmente analisada pela apresentação do caso clínico
cirúrgico.
LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
56
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

CONCLUSÕES
Cada vez mais os pacientes procuram tratamentos para reabilitação
dental com maior rapidez e menor morbidade.
O uso dos implantes curtos, especialmente nos casos de reabilitações
totais da mandíbula, está indicado para os pacientes que apresentam atrofia do
rebordo alveolar. Devem-se escolher implantes com superfície tratada e de
diâmetro aumentado para aumentar a superfície de contato.
Um protocolo cirúrgico rígido precisa ser seguido, com atenção
especial para biossegurança e, irrigação constante durante o fresamento.
As próteses suportadas por implantes curtos devem ser ajustadas
corretamente e apresentar sulcos rasos e cúspides baixas para não transmitirem
forças excessivas para os implantes o que pode culminar com o insucesso do
tratamento.

REFERÊNCIAS *
AGERBER, G.; CARLSSON, G. E. Chewing ability in relation to dental and general
health. Analysis of data obtained from a questionnaire. Acta Odontol. Scand., v. 39,
p. 147-53, 1981.
ALBREKTSSON, T.; ZARB, G.; WORTHINGTON, P. et al., The long-term efficacy of
currently used dental implants: A review and proposed criteria of success. Int. J. oral
Maxillofac. Impl., v. 1, p. 11–25, 1986.
ALBREKTSSON, T. Hard tissue implant interface. Aust. dent. J., v. 53, p. 34-8, 2008.
ATWOOD, A. Postextraction changes in adult mandible as illustrated by
microradiographs of midsagittal sections and serial roentgenograms. J. Prosthst.
Dent., v. 13, n. 5, 1963.
ATWOOD, D. A. Reduction of residual ridges: a major oral disease entity. J.
Prosthet. Dent., v. 26, n. 3, p. 266-79, 1971.
BARBOZA, E.; CARVALHO, W.; FRANCISCO, B. et al., Desempenho clínico dos
implantes curtos: um estudo retrospectivo de seis anos. Rev. Periodontia, v. 17, n. 4,
p.98-103, 2007.
CHRCANOVIC, B. R.; CUSTÓDIO, A. L. N. Mandibular fractures associated with
endosteal implants. Oral Maxillofac. Surg,, v. 13, n. 4, p. 231-8, 2009.
COLUSSI, C. F.; FREITAS, S. F. T. Aspectos epidemiológicos da saúde bucal do
idoso no Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 18, n. 5, p. 1313-20, 2002.
FELICE, P.; CANNIZZARO, G.; CHECHI, V. et al., Vertical bone augmentation
versus 7 mm long implants in posterior atrophic mandibles. Results of randomized
controlled clinical trial of up to 4 months after loading. Eur. J. oral Impl., v. 2, n. 1, p.
7-20, 2009.
GENTILE, M. A.; CHUANG, S. K.; DODSON, T. B. Survival estimates and risk
factors for failure with 6 x 5.7-mm implants. Int. J. oral Maxillofac. Impl., v. 20, p.
930–7, 2005.
GOENÉ, R.; BIANCHESI, C.; HÜERZELER, M. et al., Performance of short implants
in partial restorations: 3-year follow-up of Osseotite implants. Implant Dent., v. 14, p.
274–80, 2005.
GONÇALVES, A. R. Q.; SILVA, A. L.; MATTOS, F. R. et al., Implantes curtos são
seguros?. RGO. v. 57, n. 3, p. 287-90, 2009.
GOODACRE, C. J.; KAN, J. Y.; RUNGCHARASSAENG, K. Clinical complications of
osseointegrated implants. J. Prosthet. Dent., v.81, n. 5, p. 537-52, 1999.
LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
57
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

HONG, G.; VAN STADEN, R.; YEW-CHAYE, L. et al., Evaluation of multiple implant-
bone parameters on stress characteristics in the mandible under traumatic loading
conditions. Int. J. oral Maxillofac. Impl., v. 25, n. 3, p. 461-72, 2010.
IBGE. Referência obtida na Internet. <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em novembro
/ 2012.
KIM, Y. O. H.; MISCH, C. E.; WANG, H. L. Occlusal Considerations in implant
therapy. Clinical guidelines with biomechanical rationale. Clin. oral Impl., v. 16, p. 26-
35, 2005.
KIDO, H.; SCHULZ, E. E.; KUMAR, A. et al., Implant diameter and bone density:
Effect on initial stability and pull-out resistence. J. oral implantol., v. 23, n. 2, p.163-9,
1997.
MAGGINI, R.; CINTI, S. História dos implantes: do sonho à realidade. RBO, v. 55, n.
5, p. 15-18, 1999.
MALÓ, P.; NOBRE, M. A.; RANGERT, B. Short implants placed one-stage in maxilla
na mandible. A retrospective clinical study with 1 to 9 years follow-up. Clin. Impl.
Dent. Relat. Res., v. 9, p. 15-21, 2007.
MARZOLA, C. Fundamentos de Cirurgia Buco Maxilo Facial. São Paulo: Ed. Big
Forms, 2008, 6 vs.
MAZZONETTO, R.; MAURETTE, M. A.; TOREZAN, J. F. R. Avaliação retrospectiva
das complicações presentes em 72 casos tratados com distração osteogênica
alveolar. Implant News. v. 2, n. 3, p. 245-49, 2005.
MISCH, C. E.; STEIGENGA, J.; BARBOZA, E. et al., Short dental implants in
posterior partial edentulism: A multicenter retrospective 6 year case series study. J.
Periodontol., v. 77, p. 1340-47, 2006.
MISCH, C. E. Divisions of available bone. Contemporary Implant Dentistry, v. 7, p.
725-28, 1993.
MISCH, C. E.; PEREL, M. L.; WANG, H. L. et al., Implant success, survival and
failure: The International Congresso of Oral Implantplogists (ICOI) Pisa Consensus
Conference. Implant. Dent., v. 17, n. 1, p. 5-15, 2008.
MISCH, C. E. Prótese sobre implante. São Paulo: Ed. Santos, 2006.
MISCH, C. E. Short dental implants: a literature review and rationale for use. Dent.
Today. v. 24, p. 64–6, 2005.
MURRAY, A. Short dental implants as a treatment option: result from an
observational study in a single private practice. Int. J. oral Maxillofac. Impl., v. 21, n.
5, p.769-76, 2006
NEVES, F. D.; FONES, D.; BERNARDES, S. R. et al., Short implants. Na analysis of
longitudinal studies. Int. J. oral Maxillofac. Impl., v. 21, p. 86-93, 2006.
PJETURSSON, B. E.; TAN, K.; LANG, N. P. et al., A systematic review of the
survival and complication rates of fixed partial dentures after an observation period of
at least 5 years. Clin. oral Impl. Res., v. 15, p. 625-42, 2004.
ROMEO, E.; GHISOLFI, M.; ROZZA, R. et al., Short dental implants in the
rehabilitation of partial and complete edentulism. A 3 to 14 year longitudinal study.
Int. J. Prosthodont., v. 19, n. 6, p. 586-92, 2006.
SÁNCHEZ-GARCÉS, M. A.; COSTA-BERENGUER, X.; GAY-ESCODA, C. Short
Implants: A descriptive study of 273 Implants. Clin. Impl. Dent. Rel. Res., v. 14, n. 4,
2012.
SILVA, A. L. Estudo Longitudinal de implantes curtos na mandíbula. Tese de
mestrado. CIODONTO, Rio de janeiro, 2008.

LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.
58
PRÓTESE INFERIOR DO TIPO PROTOCOLO SOBRE
IMPLANTES CURTOS COM CARGA IMEDIATA
RELATO DE CASO

TALLGREN, A. The continuing reduction of the residual alveolar ridges in complete


denture wearers. A mixed-longitudinal study covering 25 years. J. Prosthet. Dent., v.
27, p. 120-32, 1972.
TAWIL, G.; ABOUJAOUDE, N.; YOUNAN, R. Influence of prosthetic parameters on
the survival and complication rates of short implants. Int J OralMaxillofac Implants. v.
21, p. 275–282, 2006.
TESTORI, T.; WISEMAN, L.; WOOLFE, S. et al., A prospective multicenter clinical
study of the Osseotite implant: Four-year interim report. Int. J. oral Maxillofac. Impl.,
v. 16, p. 193– 200, 2001.
THOMÉ, G.; BERNARDES, S. R.; SARTORI, I. M. Uso de Implantes curtos: Decisão
baseada em evidências cientificas. J. IIapeo, p. 2-4, jun., 2009.
WALLACE, S. S.; FROUM, S. J. Effect of maxillary sinus augmentation on the
survival of endosseous dental implants. A systematic review. Ann. Periodontol., v. 8,
p. 328-43, 2005.

___________________________________
* De acordo com as normas da ABNT e da Revista da ATO.

o0o

LUCA, S.; TOMAZI, F. H. S.; ROCHA, M. M. et al., Prótese inferior do tipo protocolo sobre implantes curtos com carga imediata
– Relato de caso. Rev. Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 15, n. 2, p. 49-58, fev., 2015.

Você também pode gostar