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Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes Mudanças Na História Brasileira PDF
Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes Mudanças Na História Brasileira PDF
RESUMO
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Graduada em Serviços pela PUC Minas, com Especialização em Intervenção Psicossocial no Contexto das
Políticas Públicas pelo Centro Universitário UNA- BH. Atuou como Assistente Social da Casa de Passagem da
Secretária Municipal de Desenvolvimento Social de Santa Luzia. É Técnica Social do Programa Fica Vivo! no
Aglomerado da Serra.
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INTRODUÇÃO
De acordo com Pereira (2004) o nome roda se refere a um artefato de madeira fixado
ao muro ou janela do hospital, no qual era depositada a criança, sendo que ao girar o
artefato a criança era conduzida para dentro das dependências do mesmo, sem que a
identidade de quem ali colocasse o bebê fosse revelada.
Segundo Viegas (2007), as primeiras iniciativas de atendimento à criança abandonada
no Brasil se deram, seguindo a tradição portuguesa, instalando-se a roda dos expostos nas
Santas Casas de Misericórdia. Em princípio três: Salvador (1726), Rio de Janeiro (1738),
Recife (1789) e ainda em São Paulo (1825), já no início do império.
Segundo Viegas (2007), no sistema de recebimento e encaminhamento da roda dos
expostos, os bebês institucionalizados eram cuidados pelas amas-de-leite externas.
Posteriormente, aos setes anos essas crianças retornavam para a Casa dos Expostos, que
procuravam caminhos para colocá-las em casa de famílias ou outras formas para serem
criadas.
A autora aponta que devido às situações de dificuldades financeiras, as denúncias de
abusos e desvios de verbas, entre outras, passaram a serem controladas pelos governos, que
implantou mudanças na atuação da Roda dos Expostos. A primeira mudança refere-se às
exigências feitas sobre as amas-de-leite, que eram apontadas como as principais causadoras
do alto índice de mortalidade infantil das crianças institucionalizam, devido à falta de higiene
e conhecimento. A segunda mudança visava o anonimato do expositor, o que facilitava o
abandono de um filho não desejado.
Essa metodologia só foi extinta definitivamente em 1950. Durante mais de um
século, a roda dos expostos foi praticamente a única instituição de assistência à criança
abandonada em todo o Brasil.
O advento da República no Brasil ensejou uma revalorização da infância, uma vez que
o imaginário republicano reiterava de várias formas a imagem da criança como herdeira do
novo regime que se estabelecia. Entretanto, a problemática do “menor” no período
republicano no Brasil, vítima de violência e de abandono, somente passou a ser enfrentada
em meados dos anos de 1970, principalmente através de denúncias regulares contra esta
situação.
O ano de 1979 foi indicado pela ONU como o Ano Internacional da Criança, com o
objetivo de chamar a atenção para os problemas que afetam as crianças em todo o mundo.
O assunto ganhou destaque no meio da sociedade brasileira passando a ser amplamente
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Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada convivência familiar
e comunitária, em ambiente livre de presença de pessoas dependentes de
substância entorpecentes. (BRASIL, 1990,Art. 19)
residência, deve ser encaminhado para instituições que visem e possibilitem o seu retorno à
família de origem ou, em última instância, a sua inserção em família substituta.
Rizzini (2007) relata sobre experiências no Brasil que permitem e estimulam a
convivência familiar e comunitária. A proteção de crianças e adolescentes que tiveram seus
direitos violados ou que se encontram em situação de risco é um direito que não se
contrapõe à eventual necessidade de acolhimento institucional, sendo possível manter a
meta de se preservar os vínculos familiares:
Estas experiências nos permitiram vislumbrar uma rica amostragem
de práticas que estimulam à convivência familiar e comunitária no
Brasil. A proteção de crianças e adolescentes, cujos direitos foram
violados ou que se encontram em situação de “risco”, é um direito
que não se contrapõe à eventual necessidade de acolhimento
institucional e mostra que é possível ter como meta a vida em
família. (Rizzini, 2007, p.88)
Assistência Social, a Norma Operacional Básica (NOB/SUAS- julho de 2005), que materializa
os fluxos de gestão do SUAS e a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-
RH/SUAS- 2006), que viabiliza perspectivas de gestão do trabalho, diretrizes para planos de
cargos e carreiras.
Com todas as mudanças ocorridas na concepção da política de assistência social, a
sua inserção na Seguridade Social, aponta também para seu caráter de Política de Proteção
Social, articulada a outras políticas do campo social, voltadas à garantia de direitos e de
condições de vida digna.
O acolhimento institucional encontra-se na proteção social especial, a qual se
estabelece pela exclusão social, como aponta a PNAS (2004) esse termo vai além da pobreza,
miséria, indigência, entre outros. A realidade das famílias brasileiras mostra que situações
socioeconômicas podem gerar a violação de direitos dos seus membros. Principalmente na
população com maior taxa de desemprego e renda baixa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“abrigados” e ainda não legitima essa prática tida como inovadora e humanizada. Nesse
sentido, as instituições de acolhimento ainda são um grande desafio.
Com a nova legislação a medida de proteção anteriormente conhecida como
“abrigo”, que possuía caráter punitivo e corretivo, levava ao simples abrigamento sem
acompanhamento e sem um trabalho direcionado ao retorno familiar das crianças e
adolescentes. As novas diretrizes trazem outro olhar mais amplo sobre crianças,
adolescentes, sua família e a comunidade. Pois recebem uma nova concepção gerando um
olhar mais amplo, passando a serem considerados como um todo.
Entretanto, em nossa prática profissional, ainda são encontrados resquícios dos
antigos problemas, havendo casos de retirada do convívio familiar relacionados à pobreza e
outras vulnerabilidades.
As mudanças nos serviços de acolhimento ainda não estabeleceram a efetivação das
ações: as instituições estão lotadas e a procura por vagas é constante. Apesar da
estruturação do trabalho para o retorno familiar, sempre existe a retirada de alguma criança
ou adolescente do seu núcleo familiar.
Ressalte-se também, que o problema da violação de direitos não se limita ao âmbito
individual, mas se, constitui em um problema da coletividade. Todos somos responsáveis por
esta questão social e devemos trabalhar na busca de soluções para minimizar estes conflitos.
É no investimento em políticas sociais básicas e na promoção plena de direitos
fundamentais como saúde, educação, esporte, lazer, cultura, alimentação, habitação, que
saídas podem ser encontradas. É através da plena manutenção dos direitos básicos, que a
população poderá realizar um movimento de empoderamento como sujeitos de direitos,
reconhecerem seus deveres e participar ativamente da sociedade, tornando-se protagonista
de sua própria história e, principalmente da história de uma sociedade mais justa, igualitária,
mais humana e menos excludente.
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REFERÊNCIAS
PEREIRA, Tânia da Silva. Famílias possíveis: novos paradigmas na convivência familiar. In: -
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. (coord.). Afeto, Ética Família e o Novo Código Civil, Belo
Horizonte: Del Rey, 2004. p.633 – 656. 685p.
RIZZINI, Irene (coord.); BAPTISTA, Rachel; NAIFF, Luciene; RIZZINI, Irma. Acolhendo crianças e
adolescentes: experiência de promoção de direito à convivência familiar e comunitária no
Brasil. São Paulo, Ed. Cortez; Brasília, DF; UNICEF; CIESP; Rio de Janeiro, RJ: PUC-RIO, 2007.