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ANDERSON J. F.

DE ABREU

A IGREJA E SUA RELEVÂNCIA NO MUNDO PÓS-MODERNO:


Como ministrar a Palavra relevantemente na pós-modernidade?

Artigo apresentado originalmente


como avaliação parcial da disciplina
Religião e Sociedade Pós-moderna,
ministrada pelo professor Rev.
Donizeti Ladeia

SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO


SÃO PAULO, NOVEMBRO DE 2011
1

A IGREJA E SUA RELEVÂNCIA NO MUNDO PÓS-MODERNO

Introdução: uma instituição antiga pode ser relevante hoje?


Um dos fatos mais notórios a respeito da Igreja de Cristo é o fato
dela ser uma das instituições mais antigas da face da terra. São quase 2000
anos desde que Cristo e seus apóstolos estabeleceram suas bases. Isso se
levarmos em conta apenas sua manifestação neotestamentária, mas sabemos
que a Igreja não é uma criação do Novo Testamento. A Igreja existe desde
que Deus prometeu o Redentor para a humanidade lá no jardim do Éden (Gn
3.15).
Desta forma, não temos duvida de que a Igreja é uma instituição
muito antiga. Contudo, nós somos pessoas do século 21. Vivemos em um
mundo que seria difícil até mesmo os apóstolos sonharem que seria possível
existir. Toda a glória do Império Romano que forneceu a base para o mundo
ocidental nem de longe se assemelha com os feitos do mundo moderno.
Estamos cercados por tecnologias de todos os tipos. A vida é corrida e
agitada. Terminamos o dia sempre com a impressão de que faltou algo e que
seria muito bom se ele tivesse mais algumas horas de duração. Os costumes
são outros. Nossa vida é diferente. Pensamos diferente. Temos preocupações
e necessidades diferentes.
Diante desse contraste tão grande entre uma instituição tão antiga
como a Igreja e o nosso estilo de vida pós-moderno, a pergunta que se faz é:
como essas duas coisas podem coexistir? Nós podemos entender como
peças de museus podem coexistir com coisas tão modernas – como, por
exemplo, a própria modernidade do prédio onde as peças ficam expostas.
Um museu é um lugar aonde vamos para admirar e conhecer aquilo que é
antigo, que geralmente não existe mais ou não é mais utilizado em nosso
mundo. Dificilmente um museu irá oferecer uma filosofia de vida para que as
pessoas venham a guiar suas vidas por ela, mas não é assim com a Igreja. A
Igreja existe para influenciar, para ensinar, para moldar as pessoas de acordo
uma ideologia de vida segundo os princípios e mandamentos bíblicos. Por
esse motivo, há uma tensão inevitável entre a Igreja (antiga) e o estilo de vida
de uma sociedade cercada de modernidade com uma filosofia pós-moderna
de vida.
Então, diante dessa tensão e diferença nos perguntamos como a
Igreja deve atuar para fazer mais sentido e ser mais relevante para as pessoas
de nosso mundo atual. A Igreja deve se modernizar ou se manter como
sempre foi? A Igreja deve manter o seu discurso de sempre ou deve mudá-lo
já que ele não se aplica mais ao estilo de vida e pensamento das pessoas da
atualidade?
Nesse artigo gostaria de mostrar duas formas extremas da Igreja ser
irrelevante nesse mundo pós-moderno, principalmente quanto à transmissão
2

da mensagem bíblica. A primeira é o tradicionalismo no que diz respeito a


coisas externas que a Igreja acaba levando junto com a mensagem do
evangelho, mas que nada têm haver com a própria mensagem em si. A
segunda é a assimilação quase incondicional cultura moderna
(particularmente a cultura jovem) característica do movimento emergente.1
Essas duas formas, cada uma do seu jeito, fazem com que a Igreja se torne
irrelevante.
No tradicionalismo essa irrelevância é mais superficial, no que diz
respeito à forma como a mensagem é transmitida e na forma como nos
relacionamos com as pessoas, e não fundamental, no que diz respeito ao
conteúdo da mensagem e ensino. No movimento das igrejas modernistas,
essa irrelevância é de âmbito fundamental, no que diz respeito ao conteúdo
da fé e ensino, embora superficialmente ela seja atraente a certos nichos ou
grupos da sociedade moderna.
As igrejas tradicionalistas se preocupam em ser fieis ao conteúdo da
mensagem bíblica, mas se torna irrelevante por não se empenhar em
comunicar essa mensagem de forma clara e de forma que conquiste a
atenção das pessoas para ouvir aquilo que está sendo ensinado. No
tradicionalismo exacerbado o conteúdo da mensagem é bom, mas a
comunicação geralmente é péssima. O tradicionalismo tem a mensagem
(conteúdo) certa que faz diferença para o nosso mundo, mas acaba não
tendo para quem comunicá-la, pois a torna desinteressante.
Já as igrejas modernistas se preocupam em ser mais relevantes em
sua comunicação e relacionamento com as pessoas, mas se torna irrelevante
por não se empenhar em comunicar de forma fiel o conteúdo da mensagem
bíblica. Nas igrejas modernistas a comunicação e interação são boas,
conquistando a atenção e adesão das pessoas, mas o conteúdo da
mensagem é péssimo. O modernismo eclesiástico tem uma forma de
comunicação certa, mas acaba não tendo um conteúdo que realmente faça
diferença para o nosso mundo.

Igrejas modernistas:2 boa comunicação sem bom conteúdo.


As igrejas modernistas – emergentes, comunidades, etc – são grupos
cristãos que possuem uma profunda identificação com a modernidade e
coisas contemporâneas.3 São igrejas com um forte apelo relacional entre seus
membros e dos membros com as pessoas de fora. Muitas têm se voltado

1DRISCOLL, Mark. Reformissão: Como levar a mensagem sem comprometer o conteúdo. Niterói: Tempo de
Colheita, 2009, p. 51-52.
2 Emprego um termo mais abrangente, em vez de emergente, para incluir vários grupos e movimentos.
3Para um discursão sobre o termo emergente, ver: DeYONG, Kevin; KLUCK, Ted. Não Quero ser um Pastor
Bacana: e Outras Razões para não Aderir à Igreja Emergente. São Paulo: Mundo Cristão, 2011, pp. 17-25.
3

para determinados nichos da sociedade que não foram alcançados ou foram


rechaçados pelas igrejas tradicionais,4 principalmente grupos jovens.5
Igreja Emergente é um termo genérico para designar uma
constelação de pessoas, igrejas e movimentos que estão resistindo
e se rebelando contra os excessos das mega-igrejas e contra sua
maneira artificial plástica e impessoal de ser. Eles querem ter
relacionamentos acima de tudo e por isso minimizam a doutrina,
porque “a doutrina separa as pessoas e os relacionamentos as
unem”.6
Esses grupos procuram enfatizar o amor de Deus ao mundo perdido
e aos cristãos que não se deram bem nos círculos tradicionais. Segundo o
missionário Dr. Ronaldo Lidório, o evangelho penetra mais facilmente em
grandes cidades e tribos urbanas de jovens “a partir de uma base relacional”.7
Sabendo disso as igrejas emergentes têm procurado focar nos
relacionamentos. Contudo, John Piper adverte que, “quando se prioriza
relacionamentos em detrimento da verdade”, como fazem os emergentes,
caminha-se rumo à heresia, abandonando a Bíblia e o evangelho. “Quando os
relacionamentos são priorizados e a verdade é deixada de lado então ela se
perde.”8 Há quem entenda que alguns emergentes foram tão longe que é
difícil até mesmo continuar chamando-os de cristãos.9 O problema de muitos
é a “ausência de salvaguardas bíblicas na fundamentação de suas atitudes e
metodologias ao longo do processo de proclamação”.10 Mark Driscoll, que
não tem sido mais incluído por muitos no movimento emergente,11 diz:
A inovação, quando não vem atada à verdade do Evangelho, leva a
heresia. Todo herético, na história da igreja, que levou a
necessidade da relevância além dos limites da ortodoxia, fez o que
Paulo chama, na introdução a Romanos, de trocar a verdade por
uma mentira. Paulo argumenta que a verdadeira motivação de
inspiração desses heréticos é que eles ou estão em pecado ou
querem estar em pecado, por isso suprimem a verdade, como um
adolescente que tenta desesperadamente esconder a revista
pornográfica quando a mãe entra de surpresa no seu quarto. 12

Driscoll detecta nas igrejas pós-modernas um espírito


exacerbadamente igualitarista que rejeita a autoridade de qualquer líder ao
ponto de rejeitarem as Escrituras “como um meio pelo qual os líderes

4 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 70.


5 DeYONG, Kevin; KLUCK, Ted. Op. Cit., p. 19, nota 2.
6 PIPER, John. Vídeo disponível em: <http://youtu.be/-Znky32IaGE>. Acessado em 27 de Outubro de 2011.
7LIDÓRIO, Ronaldo. Plantando Igrejas: Teologia bíblica, princípios e estratégias de plantio de igrejas. São Paulo:
Cultura Cristã: 2007, p. 78.
8 PIPER, John. Vídeo disponível em: <http://youtu.be/-Znky32IaGE>. Acessado em 27 de Outubro de 2011.
9 PIPER, John. Vídeo disponível em: <http://youtu.be/-Znky32IaGE>. Acessado em 27 de Outubro de 2011.
10 LIDÓRIO, Ronaldo. Op. Cit., p. 23.
11Conforme dito em aula por professores do curso de Doutorado em Ministério no Centro de Pós-Graduação
Andrew Jumper, São Paulo-SP. Ver também: DeYONG, Kevin; KLUCK, Ted. Op. Cit., p. 17.
12 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., pp. 52-53.
4

espirituais exercem o poder sobre o povo”.13 Por causa disso, os emergentes


também tem abandonado a objetividade da fé cristã, promovendo em seu
lugar o “mistério” e a indefinição, características da pós-modernidade. Afinal,
em um mundo pluralista e inclusivista, onde tudo deve ser aceito, afirmar
claramente uma verdade não é politicamente correto, nem promove a
comunhão e relacionamento tão pretendidos por essas igrejas.14
Teologicamente, uma igreja pós-moderna viciada no igualitarismo
também será marcada pela confusão em questões de gênero,
como masculinidade e feminilidade, e em questões sexuais, como
homossexualidade e bissexualidade, assim como por um
compromisso peculiar de certificar-se de que todas as vozes sejam
igualmente ouvidas e que cada opinião, bobagem ou não, seja
igualmente considerada, como se a igreja fosse uma grande sala
de bate-papo da internet. Muitas igrejas chegaram ao ponto de
substituir o monólogo da pregação de um líder reconhecido por
uma conversa espiritual entre um grupo de amigos que se recusam
a reconhecer a autoridade de qualquer líder sobre eles. Isto faz
tanto sentido quanto dar um tiro no seu médico e, em seguida,
juntar-se aos outros pacientes na sala de espera, para juntos
especularem sobre seus problemas de saúde, receitando-se uns
aos outros, aleatoriamente, em nome da igualdade. 15
Como as igrejas modernistas se imergem tanto na cultura a sua volta,
ela termina sendo diluída na mesma e a mensagem bíblica acaba sendo
perdida e, consequentemente, sem uma mensagem radicalmente diferente
do mundo, ela se torna irrelevante por não poder oferecer algo de diferente
e verdadeiramente significativo. Isso é irônico, pois, ao procurarem ser
relevantes, essas igrejas se imbuíram da cultura secular a tal ponto de se
tornar uma só coisa com ela perdendo assim o diferencial que a faria relevante
ao mundo, a mensagem bíblica.16 Assim, Cristo e sua mensagem se tornam
cada vez mais semelhantes à cultura pós-moderna – individualista, subjetiva
e relativa.17
Nosso mundo pós-moderno é carente de significado e sentido, tudo
é relativo, não existe mais uma verdade absoluta, as leis são mutáveis, a
existência não passa de um mero conjunto de matéria e energia que pode
ser sumarizada na equação de Einstein: E=mc2 (energia é igual à massa vezes
o quadrado da velocidade da luz). O ser humano é reduzido a uma coisa, a
um conjunto de matéria e forças fundamentais da natureza. Não é de se
admirar que as pessoas não encontrem mais sentido, pois não tem como
encontrar sentido na vida em E=mc2. Por isso, nesse mundo sem sentido e
valores, uma mensagem bíblica fiel é relevante, pois é radicalmente oposta a

13 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 172.


14 DeYONG, Kevin. Jornada: Os peregrinos ainda estão fazendo progresso? In: DeYONG, Kevin; KLUCK, Ted. Op.
Cit., p. 36-61, passim.
15 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 171-172.
16 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 51-52.
17 DeYONG, Kevin; KLUCK, Ted. Op. Cit., p. 11.
5

filosofia corrente nesse mundo. Mas as igrejas modernistas têm deixado de


lado essa mensagem ao diluí-la ou abandoná-la, assim, as igrejas modernistas
se tornam irrelevantes porque não tem mais algo significativo e verdadeiro a
oferecer ao mundo. Para serem relevantes essas igrejas deveriam ter uma
mensagem que oferecesse algo que o mundo não possui, algo que ele
precisa, algo que pode revelar sentido, dar respostas e modificar a crença e
prática das pessoas.
Não interessa o que mais um plantador de igrejas faça, ele precisa
proclamar o evangelho. Trabalho social, ministério holístico e
compreensão cultural jamais irão substituir a clara comunicação do
evangelho ou justificar a presença da igreja.18

Igrejas tradicionalistas:19 bom conteúdo sem boa comunicação.


As igrejas históricas são conhecidas por seu apego às Escrituras. São
igrejas que possuem uma profunda identificação com a Reforma Protestante
e têm procurado conservar sua identidade confessional, geralmente expressa
nos símbolos de fé (credos, confissões e catecismos).20
Essas igrejas procuram atender com seriedade a exortação de Paulo a
Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;
porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.”
(1Tm 4.16) A doutrina é algo fundamental, pois a forma como uma pessoa se
posiciona diante dela pode salvar ou condenar a sua vida. Doutrina diz
respeito às verdades que Deus quer que o homem creia e viva de acordo
com elas. Por isso, a Confissão de Fé de Westminster fala das “coisas que
precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação”.21 Em outras
palavras, doutrina diz respeito a como nos posicionamos diante de Deus –
ouvimos e procuramos viver segundo a sua verdade ou não.
Vivemos em um mundo que, de todos os lados, clama por novidades
e esse clamor é sentido no campo religioso, inclusive dentro do cristianismo.
Diante disso é importante relembrarmos o que Paulo diz: “haverá tempo em
que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres
segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”
(2Tm 4.3). Por isso, a Igreja deve ouvir as palavras do apóstolo como sendo
bem atuais para nós: “Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus
Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não
segundo a tradição que de nós recebestes” (2Ts 3.6) e “permanecei firmes e
guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por
epístola nossa” (2Ts 2.15). Nesses textos, como bem e explica John MacArthur

18 LIDÓRIO, Ronaldo. Op. Cit., p. 21.


19Emprego o termo em sentido totalmente negativo, significando a deterioração e exacerbação da tradição que
em si não é má.
20 NICODEMUS, Augustus. O que Estão Fazendo com a Igreja? São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p. 200.
21 Confissão de Fé de Westminster. I.VIII.
6

Jr., temos uma exortação não à aceitação de “tradições” extra bíblicas, como
entendem os católicos, mas sim para nos apegarmos ao ensino que
certamente foram transmitidos pelos apóstolos.22
Por outro lado, muitas vezes as igrejas tradicionais, além de se
apegarem à tradição genuinamente apostólica, se apegam a alguns
costumes, “tradições”, que são meros costumes e estilos de uma época ou
lugar, caindo assim no tradicionalismo. Assim, o que muitas vezes ocorre, é
que essas “tradições” ou costumes acabam sendo transmitidas juntamente
com o ensino bíblico como se elas também fizessem parte intrínseca e
inequívoca da mensagem bíblica.23 Cada um de nós tem que responder à luz
do ensino claro da Bíblia algumas questões como essas: o pastor tem que
vestir batina, toga, clerical ou terno? O culto tem que começar com confissão
(catolicismo) ou louvor (protestantismo histórico)? Existe afinal uma ordem
litúrgica determinada pela Bíblia ou esta é uma convenção e julgamento do
que cada grupo considera melhor e mais lógico? Cada hino ou cântico tem
que vir intercalado com leitura bíblica e oração? Devemos cantar salmos,
hinos ou cânticos pop? Devemos responder a essas e outras perguntas
sabendo fazer uma clara distinção entre o ensino bíblico claro e os nossos
costumes e preferências eclesiásticas que forma o conjunto de tradições de
cada igreja.
O que muitas vezes observamos é que alguns argumentam que não
alteram isso ou aquilo na igreja porque não querem se acomodar a nossa
cultura para serem mais agradáveis. Porém, muitos se esquecem de que
muito daquilo ao qual se apegam hoje como mais sagrado, foi introduzido
no passado como algo que era o mais natural e relevante culturalmente para
sua sociedade e que se encaixavam, ao mesmo tempo, ao momento
reverente de culto a Deus. Aquilo que antes era popular e típico de sua
época, com o correr do tempo tornou-se o tradicional e clássico, ou melhor,
se tornou o “sacro” de hoje. O que antes foi usado por ser relevante, hoje é
sacralizado e mantido mesmo sendo irrelevante. J. I. Packer chama isso de
“conservadorismo carnal”.
O conservadorismo carnal pode surgir e surge logo que um grupo
cristão começa a valorizar alguma coisa em sua tradição como o
ideal de Deus, tratando sua própria visão aquilo como essencial
para o testemunho e fidelidade ao Senhor. Observa-se quando
uma congregação tem feito (ou não tem feito) determinada coisa
por uma geração, essa coisa torna-se o foco do conservadorismo
carnal, no momento que uma mudança for sugerida.24

22MACARTHUR JR, John F.. A Suficiência da Palavra Escrita: Respostas aos modernos apologistas católicos-
romanos. In: BEEKE, Joel; et al. Sola Scriptura: Numa época sem fundamentos, o resgate do alicerce bíblico. São
Paulo: Cultura Cristã, 2000, pp. 138-50.
23Cf.: PACKER, J. I.. O Conforto do Conservadorismo. In: BOICE, James; et al.. Religião de Poder. São Paulo:
Cultura Cristã, 1998, p.232-36, 238-41.
24 PACKER, J. I. Op. Cit., p. 239.
7

Décadas atrás, aquelas pessoas conseguiam ter sucesso na prática


da missão e na penetração do Evangelho em sua cultura, porque
conseguiam ser simultaneamente fiéis ao conteúdo das Escrituras e
ao contexto do ministério. Contudo, os tempos mudaram, mas elas
mesmas não o fizeram, preferindo viver na nostalgia do tempo em
que tinham sucesso. Agora, elas sonham com a volta daquela
época quando o povo vinha a pé para a igreja, preferia um órgão
ao invés [sic] de uma banda e as pessoas eram leais às tradições
denominacionais de seus pais.25

Determinada igreja tradicional, muito conhecida e respeitada por


muitos no meio conservador, não admite o uso instrumentos musicais,
exceto o piano. Também não aceita os costumeiros cânticos cantados em
muitas igrejas por julgarem música não apropriada para a tradição
reformada. Porém, incoerentemente com a tradição reformada, na maior
parte do culto apenas o coral canta e a congregação ouve. Além disso, vários
dos hinos clássicos ou “sacros” cantados são praticamente ininteligíveis às
pessoas que não os conhecem, mesmo aos ouvidos mais atentos. A questão
que podemos levantar primeiramente é: onde está o argumento reformado
de que o mais importante é a letra e a compreensão da mesma? Não foi isso
que os reformadores levantaram diante do catolicismo? Em segundo lugar
podemos indagar: onde está o conceito protestante de que o povo deve
participar do culto? Não foi contra isso que os reformadores se opuseram no
culto católico? O que podemos perceber claramente nessa igreja local, é que,
na realidade, há uma valorização do que é antigo e clássico e, como desculpa
(inconsciente ou não), tenta-se argumentar com base numa suposta
ortodoxia reformada do culto.
Nossa conclusão é que “o mero tradicionalismo é uma coisa legalista
que mata; não oferece vida nem esperança”,26 como afirma Packer. O
tradicionalismo é estéril e termina sendo irrelevante por valorizar tanto
costumes e formas antigas que acaba, em casos extremos, transformando a
igreja em um museu irrelevante.
A igreja de alto impacto, assim como a maçã, precisa ter forma e
ser agradável aos olhos. A casca da maça corresponde ao
ministério visível da igreja: o evangelismo, a programação, a
estrutura organizacional e a liderança.27
O problema com muitos de nós, pastores conservadores e
reformados, é que não estamos abertos para mudanças e
adaptações nos cultos, nas atitudes e posturas, por menores que
sejam, com o objetivo de dar uma cara mais simpática à igreja. Ser
acolhedor, convidativo, atraente e interessante não é pecado e
nem contraria as confissões reformadas ou a tradição puritana.
Igrejas sisudas com cultos enfadonhos nunca foram o ideal
reformado de igreja. Pastores reformados precisam pensar em

25 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 50.


26 PACKER, J. I. Op. Cit., p. 232.
27 MORRIS, Linus. Uma Igreja de Alto Impacto. São Paulo: Mundo Cristão, 2003, p. 23.
8

meios de dar crescimento a suas igrejas, em vez de se resignarem e


racionalizarem em suas mentes que ter uma igreja pequena é
normal.28

Conclusão: Sendo relevante através do bom conteúdo bíblico


aliado à boa comunicação.
Primeiramente devemos pensar numa questão primordial. A questão
é a seguinte. Só o fato de nossa mensagem ser atrativa faz com que as
pessoas sejam convertidas? Ou, pensando por outro lado, a nossa forma de
transmitir a mensagem é um obstáculo determinante para a não aceitação do
evangelho e conversão à fé?
Evidentemente as respostas vão ser diferentes dependendo da
posição soteriológica de quem as responde. Um arminiano, que atribui ao
homem caído capacidade própria para responder ou recusar o chamado do
evangelho, responderá sim para ambas as perguntas se ele for realmente
coerente com seu sistema de crenças. Por outro lado, um
reformado/calvinista irá responder não para ambas, pois tem a convicção de
que a salvação depende da ação soberana de Deus sobre a vida do eleito. O
fato é que a mensagem do evangelho e a mensagem bíblica em geral, não
são agradáveis ao homem escravizado ao pecado, mesmo que essa
mensagem seja transmitida de forma clara e relevante. Sem dúvida Jesus é
conhecido como um pregador claro e relevante e foi ele quem disse aos
judeus:
Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que
me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está
escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto,
todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem
a mim. (Jo 6.43-45; ver também o verso 65)
Alister McGrath, ao tratar da questão das pontes ou pontos de
contato entre o ser humano e a verdade bíblica, faz a uma importante
observação:
Antes de seguirmos adiante, devemos esclarecer um sério
equívoco em relação à natureza e função desses pontos de
contato. Os pontos de contato não são, em si mesmos, meios
adequados para atrair pessoas ao Reino de Deus; eles são pontos
de partida para esse objetivo. Tampouco são adequados em si
mesmos para atrair as pessoas especificamente à fé cristã. Podem,
quando muito, apontar para a existência de um ser supremo
criador e benevolente. A ligação com o “Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo” (1Pedro 1.3) é algo ainda por fazer.29

28 NICODEMUS, Augustus. Op. Cit., p. 199.


29McGRATH, Alister. Apologética Cristã no Século XXI: ciência e arte com integridade. São Paulo: Vida, 2008, p.
21.
9

Deus é soberano na salvação e isso não pode ser esquecido. Por


outro lado, não podemos nos esconder e nos esquivar de nossa
responsabilidade pessoal, pois esta também é uma doutrina calvinista. É
muito fácil por a “culpa” em Deus, como argumenta o Dr. Augustus
Nicodemus.30 O fato é que temos a responsabilidade de nos esforçarmos
para que a nossa mensagem seja transmitida de forma que as pessoas sejam
confrontadas com a verdade de Deus.31 Quando a mensagem de Deus é
transmitida de forma clara ela será relevante, mesmo que seja rejeitada e
produza oposição. Sproul aponta para isso ao dizer:
Não é de se admirar que tantos de nossos contemporâneos
julguem a igreja irrelevante e maçante. Como o coração pode
responder àquilo que não conhece, sem o uso de truques
manipulativos para animar o povo? Existe um conteúdo na
revelação que Deus nos deu, e esse conteúdo dirige-se às nossas
mentes para que o entendamos. Quanto mais conhecemos a
revelação de Deus, mais devemos ser levados a responder em
louvor e adoração.32
Não é de se admirar que a igreja seja vista como irrelevante. É
porque o povo não ouve a mensagem do caráter e do ato salvador
de Deus na História. Se estivermos comunicando quem Deus é, as
pessoas poderão se zangar, podem até querer nos expulsar da
cidade, como fizeram aos apóstolos tantas vezes, mas existe uma
coisa que elas não vão estar, e isso é, entediadas. Ninguém,
absolutamente ninguém, chamava Matinho Lutero de entediante.
Ninguém, pensava que o que ele dizia fosse irrelevante. 33
Linus Morris afirma que o “mundo ocidental precisa
desesperadamente de igrejas que se choquem contra a indiferença espiritual
dominante e impacte a sociedade com o evangelho de Jesus Cristo.”34 E diz
mais: “Igrejas podem e devem mudar se quiserem atrair os ‘desigrejados’ e
evitar que o cristianismo se torne uma subcultura irrelevante em meio à
sociedade.”
O que estamos levantando nesse artigo não é tanto o converter
pessoas por meio da nossa relevância ao transmitirmos a genuína mensagem
bíblica, pois a conversão é obra exclusiva do Deus Soberano e Salvador. O
que estamos levantando, primordialmente, é como sermos relevantes na
transmissão da mensagem e na conquista pessoas para ao menos ouvirem a
mensagem. Muitas vezes pastores e mestres fracassam até mesmo em tirar
lições ou aplicações para seus ouvintes das pregações e estudos bíblicos que
ministram em suas igrejas. Muitas vezes as pregações e estudos se resumem
a informar sobre um assunto. Então os membros saem da igreja sabendo

30 NICODEMUS, Augustus. Op. Cit., p. 198.


31 NICODEMUS, Augustus. Op. Cit., p. 200.
32SPROUL, R. C.. O Objetivo da Relevância Contemporânea. In: BOICE, James. Religião de Poder. São Paulo:
Cultura Cristã, 1998, p. 264.
33 SPROUL, R. C.. Op. Cit., p. 262.
34 MORRIS, Linus. Op. Cit., p. 20.
10

muitas coisas, mas sem saber que diferença (além da mera informação) esse
conhecimento faz em suas vidas. Muitas vezes a mensagem é tão carregada
de informação técnica e seca que nem pessoas com inclinação fortemente
intelectual conseguem se concentrar e se interessar por ela. Olhe que
estamos falando isso com relação às pessoas que já são crentes, imagine
então como se sentem perdidos, confusos e entediados os incrédulos que
visitam nossas reuniões. Diante disso, Olyott nos adverte: “Não pode haver
muitos pecados maiores que esse – cansar as pessoas com a Palavra de
Deus!”35
Contudo, como observa Lidório: “Frequentemente percebo iniciativas
evangelísticas que possuem uma ótima abordagem humana, clara
comunicação, relevante apelo social. Porém peca onde não podemos errar:
na ausência da Palavra no ato evangelístico.” 36 Por isso, devemos atentar
para a afirmação de Driscoll:
o evangelho deve ser contextualizado de um modo que o torne
acessível à cultura ao mesmo tempo que o mantenha fiel às
Escrituras, o povo de Deus deve revisar constantemente a sua
apresentação do Evangelho, para certificar-se de que o formato no
qual o estão apresentando seja o mais eficiente.37

Não estamos propondo, como já deixamos claro, que deixemos o


conteúdo bíblico de lado ou que manipulemos as pessoas. Estamos
propondo que uma mensagem doutrinariamente saudável seja transmitida
de forma compreensível, clara e aplicada à vida.38 Que os mestres cristãos
transmitam junto com o conteúdo a relevância daquilo que acabaram de
dizer e que devem procurar fazer isso de forma profundamente pessoal a
cada tipo de pessoa.39
Por exemplo, ao ensinar sobre a Trindade, além do fato maravilhoso
de conhecermos melhor o nosso Deus, existe alguma implicação para a nossa
vida? Segundo Karl Rahner: “Se a doutrina da Trindade for considerada falsa,
a maior parte da literatura religiosa permanecerá inalterada”40 devido ao fato
de não termos aprendido a tirar as implicações dessa doutrina para a vida da
igreja. Eu mesmo confesso que fiquei admirado quando aprendi que ela tem
muito a dizer à nossa vida diária. Não é apenas uma doutrina para ser crida,
mas possui implicações para como vivemos em sociedade. Principalmente
em uma sociedade individualista e solitária quanto a nossa.41 A doutrina da

35 OLYOTT, Stuart. Ministrando como o Mestre: Aprendendo com os métodos de Cristo. São José dos Campos:
Fiel, 2005, p. 29.
36 LIDÓRIO, Ronaldo. Op. Cit., p. 23.
37 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 55.
38 Cf.: NICODEMUS, Augustus. Op. Cit., p. 198.
39 Cf.: OLYOTT, Stuart. Op. Cit., p. 26.
40 SOUSA, Ricardo Barbosa de. A Trindade e a Espiritualidade. In: O Caminho do Coração: Ensaios sobre a
Trindade e a Espiritualidade Cristã, 5ª ed.. Curitiba: Encontro, 2004, p. 52.
41 Cf.: SOUSA, Ricardo Barbosa de. Op. Cit., pp. 51-92, passim.
11

“Trindade determina a razão de ser do cristão enquanto pessoa, bem como


define a natureza da igreja enquanto comunidade”. “O Deus triúno da graça,
que se revela como um ser-em-comunhão, criou-nos à sua própria imagem
para que possamos encontrar nosso verdadeiro ser-em-comunhão com Ele e
com o próximo.”42 Esse é apenas um exemplo do tipo de relevância e
aplicação que estamos propondo para a igreja ao pregarmos e ensinarmos
para cristãos e não-cristãos.
Os mestres devem procurar mais do que informar, devem mostrar
que a verdade é importante e que ela faz diferença. Que ao crermos em uma
doutrina falsa, não é apenas o conteúdo do que armazenamos em nossa
mente que é afetado, mas também a nossa vida diária. Segundo Lidório, um
dos problemas da plantação de igrejas é a “ausência de sensibilidade social e
cultural, pregando um evangelho sem sentido para o contexto receptor. Uma
igreja alienada da realidade da vida.”43 “O evangelho nos primeiros séculos
era um recipiente dos valores de Deus, os quais reivindicavam um modo
transformado de vida. Era prático, visível, existencial e contagiante.” 44 Por
causa disso os pastores devem sair de suas bibliotecas e irem ao povo, se
relacionarem com as pessoas, conhecerem suas lutas diárias, suas
inquietações para que então possam voltar para suas bibliotecas de estudo e
prepararem uma mensagem bíblica que venha ao encontro dos anseios mais
profundos da alma humana mostrando o porquê das coisas estarem como
estão e qual a solução que Deus oferece em sua palavra.
David Mathis, coeditor com John Piper do livro With Calvin in the
Theater of God (cujo titulo em português foi traduzido por Com Calvino no
Teatro da Graça), diz que somos tentados a achar que quando Genebra
colocou Calvino como seu pastor, a Reforma estava jogando fora o seu maior
e mais brilhante escritor, pois envolvido com o pastoreio e administração da
cidade ele não teria todo o tempo que teria para se dedicar aos estudos e
escrita, que era o desejo inicial de Calvino. Mathis conclui que na verdade se
deu o oposto do que achamos, pois “na verdade, ele não poderia ter escrito
de forma tão volumosa se ele tivesse podido viver tranquilamente em
Estrasburgo ou Basileia”.45
Foi o cotidiano de sofrimento que produziu sua angústia santa, o
cotidiano de desordem que implorou por sua disposição, a vida
quotidiana dos prazos que estimulou a sua produtividade. Foi uma
vida cotidiana rodeada por almas desesperadas precisando de
encorajamento e pecadores profundamente depravados
precisando de ajuda com a santidade. Ele simplesmente não teria –
não poderia – ter realizado o que ele fez se tivesse escondido na

42TORRANCE, James B. In: PACKER, J. I.; WILKINSON, Loren (editores). Alive to God: Studies in Spirituality.
Downers Grove: InterVarsity Press, 1992, p. 141. Apud: SOUSA, Ricardo Barbosa de. Op. Cit., p. 60.
43 LIDÓRIO, Ronaldo. Op. Cit., p. 23.
44 LIDÓRIO, Ronaldo. Op. Cit., p. 82.
John; DAVID, Mathis (editors). With Calvin in the Theater of God: The Glory of Christ and
45PIPER,

Everyday Life. Wheaton: Crossway, 2010, p. 20.


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solidão do estudo, tentando maximizar o seu isolamento do


mundo e seu estado decaído. Em quarentena na igreja, ele teria
sido pouco proveito para ela.46
É por isso que Calvino foi tão relevante para a cidade de Genebra.
Calvino estava atento às necessidades de seu povo. É porque ele vivia
próximo das pessoas e convivia com suas dificuldades diárias que os seus
comentários de textos bíblicos são tão práticos e preocupados com a
piedade pessoal. Mas muitos lideres de hoje, inclusive muitos que se chamam
de calvinistas, vivem em torres de marfim achando que assim irão se preparar
melhor para a pregação e ensino de Domingo, mas ao se afastarem do dia a
dia do povo eles prestam um desserviço a sua própria pregação. Ao
passarem a semana compenetrados na linguagem acadêmica de seus livros
de teologia eles se esquecem da linguagem do povo e acabam falando como
que outra língua que ninguém entende. Ao conhecerem apenas as lutas
apologéticas dos que labutam nas academias eles se esquecem das lutas
diárias do povo e acabam trazendo armas que ninguém da igreja consegue
manusear. Alguns pastores, ao serem indagados sobre visitar os seus
membros, chegam a dizer que não vão deixar seus estudos para “tomarem
cafezinho na casa dos outros”. Isso só demonstra o quão despreparados
estão, pois têm a ideia totalmente equivocada de que visita pastoral é tomar
café ou chá com bolacha na casa dos crentes. A visita pastoral, quando feita
de forma consciente e diligente, é uma grande oportunidade de ensinar
pessoalmente os crentes e conhecê-los em seu dia a dia. Geralmente, será em
particular que os crentes irão expor suas dúvidas e problemas com relação a
suas vidas pessoais e familiares. Um pastor que sabe dosar corretamente sua
visita pastoral com suas visitas à sua biblioteca de estudos estará muito mais
preparado para o púlpito Domingo. Um pastor que visita seus membros
aprende que é necessário primeiro fazer a exegese da vida de suas ovelhas,
para depois fazer exegese do texto bíblico para aplicá-lo como uma flecha
que atinge o centro das necessidades espirituais e existenciais de sua igreja.
As igrejas tradicionalistas, geralmente são boas em fazer exegese das
Escrituras, mas falham em fazer exegese das pessoas e de suas respectivas
culturas, por isso falham em transmitir com eficácia a mensagem de Deus e
prepararem suas atividades. Já as igrejas modernistas são boas em fazer
exegese das pessoas e da cultura, mas falham e fazer exegese das Escrituras
Sagradas, por isso falham em transmitir com fidelidade e eficácia a verdade
das Escrituras. Desta forma, tanto as igrejas tradicionalistas quanto as
modernistas, cada uma do seu jeito, terminam sendo irrelevantes. As
tradicionalistas, por não conseguirem se comunicar eficientemente e
perderem a atenção dos ouvintes; as modernistas por não conseguirem
comunicar uma mensagem de qualidade bíblica. O ideal é, com sabedoria e
prudência, aliar essas duas coisas, exegese das pessoas e exegese das

46PIPER, John; DAVID, Mathis (editors). Op. Cit., p. 20.


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Escrituras, pois somente assim seremos relevantes em nosso mundo tendo


uma solida e verdadeira mensagem e tendo a atenção das pessoas para nos
ouvirem, que então serão confrontadas de forma direta, pessoal e clara com
a mensagem da Palavra de Deus.
As motivações subjacentes tanto para o tradicionalismo quanto
para a busca de inovação são o senso de falta de abrigo e um
senso de perda. Nesta nossa cultura insana, caracterizada por um
ritmo acelerado e por constantes mudanças, os cristãos tendem a
se apegar ao passado ou a saírem em disparada em direção ao
futuro em busca de um lar. Mas, então, qual deve ser o nosso alvo,
se não for perpetuar a tradição ou abraçar a inovação? O alvo da
reformissão é Jesus. É caminhar fielmente ao lado dele a cada
passo de nossa jornada, seguindo em direção ao lar que ele nos
preparou. Qualquer coisa e tudo mais que não seja uma vida nele,
com um ministério através dele, para glória dele, pela graça dele,
conforme prosseguimos em nossa jornada com ele, deve ser
motivo de arrependimento constante, como de um pecado, não
importa qual seja nossa história ou grau de atualização com as
tendências.47
... um desafio à igreja de Cristo: comunicar o evangelho de forma
teologicamente fiel e ao mesmo tempo humanamente inteligível e
relevante. E este talvez seja o maior desafio de estudo e
compreensão quando tratamos da teologia da contextualização. 48

Que Jesus Cristo, Pastor que sempre foi e será relevante, nos ajude e
nos torne capazes da sublime tarefa de levar sua Palavra a um mundo
carente da verdade.

47 DRISCOLL, Mark. Op. Cit., p. 53.


48 LIDÓRIO, Ronaldo. Op. Cit., p. 25.
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BIBLIOGRAFIA

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do alicerce bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.
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Razões para não Aderir à Igreja Emergente. São Paulo: Mundo Cristão,
2011.
DRISCOLL, Mark. Reformissão: Como levar a mensagem sem comprometer o
conteúdo. Niterói: Tempo de Colheita, 2009.
LIDÓRIO, Ronaldo. Plantando Igrejas: Teologia bíblica, princípios e
estratégias de plantio de igrejas. São Paulo: Cultura Cristã: 2007.
McGRATH, Alister. Apologética Cristã no Século XXI: ciência e arte com
integridade. São Paulo: Vida, 2008. 364 p.
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2003.
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Mundo Cristão, 2008.
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de Cristo. São José dos Campos: Fiel, 2005.
PIPER, John; DAVID, Mathis (editors). With Calvin in the Theater of God: The
Glory of Christ and Everyday Life. Wheaton: Crossway, 2010
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em: 27 de Outubro de 2011.
SOUSA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração: Ensaios sobre a
Trindade e a Espiritualidade Cristã, 5ª ed.. Curitiba: Encontro, 2004.

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