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ANÁLISE DA TEMPERATURA DE CORTE EM UMA PEÇA DE AÇO 1020

UTILIZANDO CORTE A SECO, FLUIDO EMULSIONÁVEL E SINTÉTICO E


VEGETAL PARA USINAGEM E TORNO MECÂNICO.

¹Ayrton Campos Pestana, ¹Glauber Ferreira de Almeida, ¹José Felipe Lopez de Carvalho, ¹Leonardo da Silva
Chaves, ¹Raimundo Nonato Silva Sousa, ²Isaque Silva dos Santos.

1
Discente em Engenharia Mecânica – Faculdade Pitágoras. E-mail: ayrtoncampos@gmail.com;
glauberfa@outlook.com;felipecarvalholopez@hotmail.com;leonardomineiro29@gmail.com;nonato1978@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Mecânica - Faculdade Pitágoras. E-mail: santos.isaquesilva@gmail.com.

Resumo: Nas operações de usinagem em torno mecânico, sendo feita a seco ou com fluidos, a
operação sempre apresenta temperaturas elevadas, prejudicando assim o desempenho da
ferramenta de corte e também podendo comprometer a desempenho da peça que está sendo
usinada. Hoje há diversos métodos para a medição de padrões de usinagem, porém nem todos
mostram corretamente os valores e comportamento da temperatura na usinagem. Uma análise
mais completa dos conhecimentos das temperaturas de usinagem poderá trazer diversos
benefícios, como por exemplo, a diminuição dos mecanismos de desgaste, com isso
provocando o aumento da vida útil da ferramenta. Este ensaio será trabalhado em aço 1020,
onde o aumento da temperatura estará sendo monitorado nos diversos momentos desta análise
de temperatura, com os tipos de fluidos propostos (Emulsionável e Sintético).
Palavras–chave: temperatura, usinagem, ensaio, fluido, torno.

Introdução
A revolução industrial trouxe inúmeros benefícios como a otimização de processos,
máquinas e ferramentas. Essa evolução proporcionou a fabricação de inúmeros bens,
utensílios e máquinas que facilitam a vida moderna. Um dos processos de fabricação que
ganhou muitas melhorias e hoje é um dos mais utilizados, é a usinagem. Usinagem consiste
em aferir forma a matéria-prima por meio de remoção de material ou cavaco.
Porém um dos problemas que ainda persiste é um desgaste da máquina ou de partes
delas durante o processo de usinagem. Um desses processos a qual podemos destacar é o
torneamento. Durante o torneamento, a ferramenta de corte, em função do acúmulo do calor
no corte do material acaba de desgastando, diminuindo assim sua vida útil. Afirma
FERRARESI (1969, pág. 140) que “os efeitos de formação e transmissão do calor no corte de
metais são muito complexos, pois com o aumento da temperatura mudam as características
físicas e mecânicas do metal em trabalho”.
Para diminuir esse desgaste, são utilizados fluidos de corte, para assim minimizar as
altas temperaturas proporcionando a ferramenta lubrificação e refrigeração. De acordo com
DINIZ et al (2006) o fluido de corte pode proporcionar a redução do calor gerado e extraído
da ferramenta e peça a fim de minimizar o desgaste da ferramenta, diminuindo também os
esforços e a potência de corte. Neste trabalho será abordada a importância da análise de
temperaturas para estimar uma maior vida útil de ferramentas de corte para diferentes fluidos
de corte.
Material e Métodos
Este trabalho analisou diferentes temperaturas para o corte a seco e corte com dois
tipos de fluidos de corte, o emulsionável e sintético. Para o experimento foi utilizado o torno
mecânico convencional IMOR MAXI 520, pastilha de corte widea-metal duro, dois tarugos
de aço 1020 de 150 mm de comprimento e 51 mm diâmetro, um termômetro infravermelho
digital instrutherm, fluido de corte mineral e emulsionável. A sequência deste experimento
pode ser melhor entendida pelo fluxograma da figura 1.
Figura 1: Fluxograma de processos do experimento .

Fonte: Autor (2017)


Durante o experimento, a matéria-prima da usinagem (tarugo de aço 1020), foi
mantido a temperatura de 30° sempre no início do corte. A primeira etapa foi o corte de
Faceamento com 0,5 mm de profundidade de corte e velocidade de corte a 0,127 mm/rpm. A
sequência sempre obedeceu a utilização de corte a seco, com fluido mineral e fluido
emulsionável (solução de três partes da água e uma parte de óleo emulsionável). As rotações
adotadas foram de 325 rpm e 500 rpm. A segunda e terceira etapa foi focada no Torneamento
Externo com 1,0 mm de profundidade, e logo em seguida, 2,0 mm de profundidade de corte
com velocidade de 0,127 mm/rpm. Novamente a sequência obedeceu a utilização de corte a
seco, com fluido mineral e fluido emulsionável (solução de três partes da água e uma parte de
óleo emulsionável). As rotações adotadas foram de 325 rpm e 500 rpm. Durante todo o
processo foi adotado a usinagem de 60 mm de corte linear ao longo da peça.
• Torno Mecânico
SANTOS (2016, pág. 4) afirma que é um equipamento chamado de máquina-ferramenta
em função da utilização de vários mecanismos para a fabricação de peças.
Figura 2: Torno mecânico IMOR MAXI 520

Fonte: SANTOS (2016)

• Fluido de Corte
O fluído de corte como elemento do processo de usinagem possibilita a remoção de
cavaco da peça e ferramenta reduzindo o atrito, item primordial para a integridade da
superfície da peça e ferramenta de corte. O efeito do uso de fluidos de corte depende não
somente das propriedades do fluido, mas também das condições de usinagem, ou seja, da
ferramenta de corte, material da peça e parâmetros de corte (RODRIGUES et al. 2011).
O emprego de fluidos de corte melhora a eficiência dos processos de usinagem
proporcionando: aumento da vida da ferramenta de corte, maior controle de tolerâncias
dimensionais, melhoria no acabamento superficial da peça usinada, promove a redução nas
forças de usinagem e amenização de vibrações (RODRIGUES, 2005; STEMMER, 2005).

Resultados e Discussão
Para primeira etapa foi utilizado o corte de Faceamento com 0,5 mm de profundidade de
corte, demonstrou-se que pela ausência de refrigeração o corte a seco apresentou as maiores
temperaturas durante o processo de usinagem. As menores temperaturas foram apresentadas
pelo corte com fluido emulsionável. A 325 rpm foi constatada uma diminuição de 11,9% da
temperatura do corte com fluido emulsionável em relação ao seco. A 500 rpm observou-se a
diminuição de 53,2% da temperatura do corte com fluido emulsionável em relação ao seco. A
figura 3 caracteriza os dados que foram obtidos:
Figura 3: Temperatura de corte x velocidade de corte para corte a seco, mineral e emulsionável para
Faceamento a 0,5 mm.

Fonte: Autor (2017)

A segunda etapa consiste no Torneamento Externo, corte de 1 mm de profundidade. O


corte com utilização do fluido emulsionável apresentou as menores temperaturas de corte.
Sendo que a 325 rpm o corte com utilização de fluido emulsionável apresentou uma redução
de 3,59 % na temperatura sobre o processo a seco que apresenta as maiores medições (39°C).
A 500 rpm a redução da temperatura chega a 25,4 % sobre o corte a seco em sua maior
medição (57°C). A figura 4 enfatiza os dados obtidos durante o experimento:
Figura 4: Temperatura de corte x velocidade de corte para corte a seco, mineral e emulsionável para
Torneamento Externo a 1,0 mm.

Fonte: Autor (2017)


A última etapa consiste no Torneamento Externo com corte de 2 mm de profundidade.
O corte com utilização do fluido emulsionável apresentou as menores temperaturas de corte.
A 325 rpm o processo de usinagem com utilização de fluido emulsionável apresentou uma
redução de 3,58 % na temperatura sobre o processo a seco que apresenta as maiores medições
(53°C). A 500 rpm a redução de temperatura com o fluido emulsionável chega a 66,38 %
sobre o corte a seco em sua maior medição (139,5°C). A figura 5 demonstra os dados obtidos:
Figura 5: Temperatura de corte x velocidade de corte para corte a seco, mineral e emulsionável para
Torneamento Externo a 2,0 mm.

Fonte: Autor (2017)

Conclusões
O fluido de corte emulsionável apresentou os melhores resultados durante a usinagem
do aço abnt 1020 proporcionando menor temperatura de corte para todas as velocidades de
corte. Todas as temperaturas medidas condicionaram o fluido emulsionável os menores
esforços de usinagem e tensões de cisalhamento nos planos primários e secundários na
ferramenta de corte, fazendo com que a ferramenta possua maior vida útil e proporcione a
peça usinada melhor acabamento superficial.

Referências

DINIZ. A. E; MARCONDES. F. C.; COPPINI, N. L. Tecnologia da Usinagem Dos Materiais. São Paulo:
Artiliber. 8ª Ed. 2006.

FERRARESI, Dino. Fundamentos da Usinagem dos Metais. São Carlos: Blucher. 1969.

SANTOS, Isaque Silva dos. O Método HRN Como Ferramenta de Intervenção em Máquinas e
Equipamentos: Aplicação da Ferramenta em um Processo Produtivo de um Torno Mecânico e Proposta
de Intervenção. Universidade Estadual do Maranhão. São Luís – MA. 2016. 21 pág.

RODRIGUES, J. R. P.; JÚNIOR, P. A. S. J.; IGOR, F. A. C.; SANTOS, I. S. Influência do Fluido de Corte de
Origem Vegetal No Acabamento Superficial do Aço ABNT 1045. ABCM. XVIII CREEM. 2011.

RODRIGUES, J. R. P. Componentes da Força de Usinagem no Processamento de Ligas Não Ferrosas e


Aços. Máquinas e Metais. v.476, 2005, pp. 42-53.

STEMMER, C.E. Ferramentas de Corte I. Edidora da UFSC, 6ª Edição, Florianópolis, 2005.

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