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PRIMEIRA AULA

LUBRICANTS IN OPERATION (Verlag)


U J Möller U Boor

MICROSTRUCTURE AND WEAR OF MATERIALS (Elsevier)


Zum Gahr
Lauralice de C. F. Canale
Prof. Associada – EESC/USP

ASM Handbook Volume 18

Apostila Ipiranga

SMM 215 – Lubrificação e lubrificantes automotivos- Primeiro semestre 2012


Tribologia
Tribologia
Tribologia nada tem a ver com índios ou outros grupos
humanos.

A palavra Tribologia origina-se de palavras gregas:


tribos = atrito; logia = estudo.

A matéria que abrange o atrito, desgaste e lubrificação é


chamada de Tribologia.
Tribologia
Definição:
Tribologia é a ciência e tecnologia de superfícies
interagindo em movimento relativo entre si e assuntos
e práticas a ela relacionadas.

A primeira idéia é a de que a Tribologia se ocupa


essencialmente na redução do atrito entre duas
superfícies em movimento relativo entre si. Porém a
Tribologia está também numa área totalmente oposta:
a de garantir atrito elevado para permitir a aceleração,
manutenção da velocidade e a desaceleração.
Tribologia
A indústria de
pneumáticos investe
nisso para garantir a
movimentação segura
de veículos: evitar
derrapadas e
acidentes. Sem atrito
suficiente entre os
nossos pés e o chão,
não andaríamos.
Tribologia
• Outros efeitos do atrito:
Geração de calor. Se for excessivo poderá causar
danos , “queimando” a superfície do componente
Tribologia
A lubrificação não é necessárias apenas em
máquinas. Ela é vital nas juntas do seres vivos e
também em forma de pêlos que evitam o atrito
nas axilas, por exemplo.
Biotribologia: estudo de atrito, lubrificação e
desgaste em sistemas biológicos,
especialmente em juntas articuladas .
Tribologia
Lentes de contato em pessoas com “síndrome
do olho seco”.

Buscas de lubrificantes que possam substituir a


lágrima.

Desenvolvimento de materiais dentários com


maior resistência ao desgaste.
Tribologia
Tribossistema

De acordo com a norma DIN 50320, um


tribossistema é composto de basicamente 4
elementos:

corpo sólido
contracorpo
elemento interfacial
meio
Tribologia
• O contracorpo pode ser um sólido, líquido ou gasoso,
ou ainda uma mistura deles. Lubrificantes, camadas
adsorvidas, poeira, elementos sólidos em geral, um
líquido gás ou mistura deles, podem existir como
elementos interfaciais.
• A ação dos elementos ou a interação entre eles varia
amplamente dependendo da estrutura do
tribossistema. Podem ocorrer entre esses elementos
interações físicas e químicas, resultando em
destacamento de material da superfície do contracorpo
e/ou da superfície do corpo sólido. A formação desses
detritos de desgaste é função dos mecanismos de
desgaste atuantes.
Tribologia
Análise do perfil de uma superfície

Embora as operações de usinagem possam promover


superfícies com ótimos acabamentos, irregularidades
microscópicas inevitavelmente estarão presentes.
Essas imperfeições são chamadas de asperidades e,
quando 2 sólidos estão em contato movendo-se um
contra o outro, haverá interferência entre as
asperidades opostas, levando ao atrito.
Tribologia
Asperidades interagem: adesão, deformação

Dissipação da energia nas junções das asperidades.


Tribologia
• Outra causa do atrito é que haverá uma
tendência das áreas planas das superfícies
opostas se soldarem, em função das altas
temperaturas que podem ser desenvolvidas
na presença de altas cargas.
Com o uso de lubrificantes o atrito é reduzido
pois as moléculas de óleo mantém as
superfícies se movendo mas separadas.
Tribologia
Tribologia
Tribologia
Tribologia
Tribologia
Tribologia

REAÇÃO TRIBOQUÍMICA
Este tipo de desgaste pode ser
caracterizado pelo contato com atrito entre
duas superfícies sólidas que reagem com o
meio. O meio corrosivo pode ser gasoso ou
líquido.
Tribologia
REAÇÃO TRIBOQUÍMICA

O processo de desgaste acontece por


remoção e formação contínua de camadas
reativas com a superfície de contato. Na
presença de oxigênio atmosférico, os
detritos de desgaste consistem
basicamente de óxidos que foram formados
na superfície e removidos por atrito
Tribologia
REAÇÃO TRIBOQUÍMICA
Fatores tribológicos que afetam o desgaste
Características do projeto Condições Operacionais
Transmissão de carga Área de Trabalho
Tipo de movimento Pressão de Contato
Formas Qualidade Superficial
Lubrificação Lubrificação
Temperaturas Temperatura
Ambiente de Trabalho Ambiente de Trabalho

Desgaste

Material

Composição Química
Tenacidade
Estrutura Molecular
Tensão Superficial
Propriedades Mecânicas
Encruamento
Inclusões
Segundas Fases
Estrutura Cristalina
Tamanho de Grão
Revestimentos Superficiais
Tribologia
A seguir serão apresentados alguns termos que são relacionados à
aparência da superfície de desgaste após o movimento relativo ter
produzido desgaste.

SMEARING: remoção mecânica de material da superfície


usualmente envolvendo deformação plástica e cisalhamento, e
redeposição do material como uma fina camada em uma ou
ambas as superfícies.
SCUFFING: prejuízo localizado, causado pela ocorrência de uma
“adesão” entre as superfícies que deslizam, sem a fusão
superficial local (=SCORING (EUA)).
SCRATCHING: formação de finos riscos (arranhões) na direção de
escorregamento. Scratching pode ser devido a asperezas na
superfície mais dura, partículas duras encrustradas em um dos
materiais ou a partículas duras entre superfícies.
Tribologia
SCORING: severo SCRATCHING (abrasão), podendo
ocorrer “adesão”.
RIDGING: é uma forma profunda de scratching com
estrias paralelas e é causada usualmente por
escoamento plástico da camada subsuperficial.
GALLING: forma severa de scuffing, associado com
prejuízo grosseiro da superfície ou falha do elemento.
Galling é usado geralmente quando o processo de
desgaste foi mascarado pelo prejuízo grosseiro da
superfície.
GOUGING: abrasão a altas tensões com formação de
sulcos profundos.
Tribologia
SEIZURE: emperramento
SPALLING: separação de partículas de uma
superfície na forma de flocos, usualmente
como resultado de fadiga da subsuperfície
e geralmente mais extenso do que pitting.
Geralmente associada com elementos de
mancais de rolamento e engrenagens.
PITTING: qualquer remoção ou
deslocamento de material resultando na
formação de cavidades de superfície.
Tribologia
SHELLING: é o termo usado em engenharia
ferroviária para descrever uma fase avançada
de spalling.
DELAMINATION: processo de desgaste em que
finas camadas de material são formadas e
removidas da superfície de desgaste.
PLOUGHING (PLOWING): formação de sulcos
(estrias) por deformação plástica da mais mole
das duas superfícies em movimento relativo.
Ploughing é usualmente o deslocamento de
material, diferindo de scratching que está
associado com a remoção de material.
Tribologia
RIPPLING: é a formação de saliências periódicas e
vales transversais à direção do movimento.
SCABBING: é a formação de abaulamentos
(saliências) na superfície.
WELDING: em tribologia significa a adesão entre as
superfícies sólidas em contato direto, em qualquer
temperatura.
WEDGE FORMATION: em metais sob
escorregamento, a formação de uma cunha ou
cunhas de metal plasticamente cisalhado em regiões
(localizadas) de interação entre as superfícies de
escorregamento.
Tribologia
Estes termos se relacionam à aparência da superfície
prejudicada.
Scratching, scoring, scuffing e galling são
basicamente graus de severidade em remoção de
material associado com uma dimensão,
comprimento.
Ploughing, ridging e rippling são deslocamentos de
material característicos , novamente associados com
uma dimensão, sendo ridging e rippling ao longo e
através da dimensão comprimento.
Tribologia

Pitting, scabbing, spalling e shelling são graus de


severidade de remoção de material de basicamente
3 dimensões (remoção de volume de forma
irregular) com scabbing e pitting sendo algo
relacionado com macho e fêmea.
Dados históricos confirmam que há mais de
1000 anos AC o homem já utilizava
processos de diminuição de atrito sem
naturalmente conhecer esses princípios que
hoje são conhecidos por lubrificação.

É difícil deixar de relacionar a ideia de


lubrificação ao petróleo, isso porque são as
suas substâncias derivadas as mais
frequentemente empregadas na
formulação de óleos lubrificantes.
A origem da palavra petróleo vem do latim petra
(pedra) + oleum (óleo). O petróleo já era
conhecido antes mesmo do seu “real”
descobrimento. Há inúmeras referências
encontradas, inclusive textos bíblicos em que os
povos antigos como os egípcios, gregos, fenícios e
astecas o utilizavam em diferentes aplicações.
Lubrificação
Na lubrificação o atrito é importante. Pode-se definir:

 Atrito estático:
é a força de 2 corpos em contato mas sem movimento
relativo, tendo magnitude suficiente para prevenir o
movimento relativo.

Atrito dinâmico:
é a força de atrito produzida entre as 2 superfícies se
movendo uma contra a outra.

μe > μd
Atrito Dinâmico

 Por escorregamento: descreve o


atrito produzido com movimento
de translação entre 2 corpos.

Por rolamento: é gerado pelo


movimento rotacional entre 2
superfícies
Atrito Dinâmico

SOB CARGAS IGUAIS, O COEFICIENTE DE


ROLAMENTO É MUITO MAIS BAIXO DO QUE O DE
ESCORREGAMENTO (SEM LUBRIFICAÇÃO)
Atrito Dinâmico

 Por rolamento-escorregamento:
É muito importante na prática,
pois não é completamente possível
prevenir escorregamento (micro-
escorregamentos) causados pela
deformação elástica dos elementos
rodantes e contraface.

O componente de escorregamento
é dependente:
• do material
• da carga aplicada
Alguns valores de coefic de atrito
Algumas maneiras de reduzir o
atrito entre as superfícies.
• Lubrificação anti-desgaste e aditivos de
lubricidade reduzem a ação da “soldagem” e o
rasgamento, promovendo uma baixa resistência
ao cisalhamento do filme entre as duas
superfícies. A baixa resistência ao cisalhamento
do filme permite o escorregamento entre as
asperidades uma passando sobre a outra sem
sulcamento e sem aumento significativo da
temperatura que causaria uma ação de
“soldagem” a ponto.
• Baixa adesão

Filme de baixa
resistência ao
cisalhamento
• Aditivos de extrema pressão também previnem a
ação de solda e rasgamento pela “modificação
química” da superfície.

• Outra maneira de reduzir a interação entre as


superfícies é separar as duas superfícies de
escorregamento. O lubrificante separa esses
“montes e vales”, similar à hidroplanagem em
autoestrada, reduzindo a área de contato de
contato e reduzindo o atrito.
• Superfícies separadas com
um filme líquido (óleo)

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