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6 – FALHAS EM SERVIÇO

¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.1 Introdução
A falha de materiais de engenharia é quase sempre um
evento indesejável por várias razões:

¾ vidas humanas são postas em risco;


¾ perdas econômicas;
¾ interferência com a disponibilidade de produtos e
serviços.
6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.2 Fundamentos da Fratura
A fratura simples causada por tensão que pode ser:
¾ Tração;
¾ Compressão;
¾ Cisalhamento;
¾ Torção.

São possíveis em duas modalidades:


¾ Dúcteis;
¾ Frágeis.
6.2 Fundamentos da Fratura

Figura 6.9 – (a) fratura altamente dúctil; (b) fratura moderadamente dúctil com
alguma estricção; (c) fratura frágil sem deformação plástica.
6.2 Fundamentos da Fratura
¾ Materiais dúcteis exibem tipicamente uma deformação
plástica com alta absorção de energia antes da fratura;
¾ Na fratura frágil existe normalmente pouca ou nenhuma
deformação com baixa absorção de energia.

Fratura dúctil é quase sempre preferida por 2 razões:

¾ A fratura frágil ocorre repentinamente e catastroficamente


sem qualquer aviso. Por outro lado, para fratura dúctil, a
presença de deformação plástica dá aviso de que a fratura é
iminente, permitindo que medidas preventivas sejam
tomadas;
¾ Mais energia de deformação é requerida para induzir fratura
dúctil uma vez que os materiais dúcteis são geralmente mais
tenazes.
6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.3 Fratura Dúctil
¾ Superfícies de fratura dúctil têm suas próprias
características distintivas nos níveis tanto
macroscópico quanto microscópico, caracterizado
pela estricção, exibindo uma redução em sua área.
6.3 Fratura Dúctil

Figura 6.10 - Estágios na fratura em


taça e cone (a) empescoçamento
inicial; (b) formação de cavidade
pequena; (c) coalescência de
cavidades para formar uma trinca; (d)
propagação de trinca; (e) fratura por
cisalhante num ângulo de 45o em
relação à direção da tensão.
6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.4 Fratura Frágil
¾ A fratura frágil ocorre sem qualquer deformação
apreciável e pela rápida propagação de uma trinca. A
direção do movimento de trinca é proximamente
perpendicular à direção da tensão de tração aplicada e
produz uma superfície de fratura relativamente plana;
Fratura Dúctil e Frágil

Figura 6.11 - (a) Fratura em taça e cone em alumínio;


(b) Fratura frágil em aço médio/alto teor de carbono.
6.4 Fratura Frágil
¾ Em algumas peças de aço, uma “marca de sargento”
com formato em “V” pode se formar próxima ao centro
da seção transversal da fratura, apontando para trás em
direção ao ponto de iniciação da trinca;

¾ Outras superfícies de fratura frágil contém linhas ou


arestas que se irradiam a partir da origem da trinca em
forma de leque.
6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.5 Ensaio de Impacto
¾ Dois testes padronizados, o Charpy e o Izod, foram
projetados para medir a energia de impacto, também
denominada tenacidade de entalhe.

¾ A técnica Charpy com entalhe em V é a mais usada nos


Estados Unidos.

¾ As energias de impacto são de interesse principalmente


num sentido relativo e para fazer comparações - valores
absolutos são de pouca significância.
6.5 Ensaio de Impacto

Figura 6.14 – Corpo de prova


utilizado nos ensaios de
impacto Charpy e Izod.

Figura 6.15 – Desenho esquemático de um


equipamento para ensaios de impacto.
6.5 Ensaio de Impacto

Figura 6.16 – Ensaio de


impacto tipo Charpy.

Figura 6.17 – Ensaio de


impacto tipo Izod.
6.5 Ensaio de Impacto

Tabela 6.1 – Dados de ensaio de impacto.


6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ Uma das funções principais dos testes Charpy e Izod é
determinar se um material apresenta ou não uma
transição dúctil-frágil com a diminuição da temperatura
e, se esse for o caso, as faixas de temperatura na qual
isso ocorre.

¾ A transição dúctil-frágil está relacionada à dependência


da absorção de energia de impacto medida em relação
à temperatura.
6.6 Transição Dúctil-Frágil

Figura 6.19 – Dependência da energia de impacto Charpy (A) e da fratura


por cisalhamento (B) em relação à temperatura para um aço A283.
6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ A aparência da superfície de falha serve como indicativo da
natureza da fratura e pode ser usada nas determinações de
temperatura de transição.
¾ Para fratura dúctil, esta superfície parece fibrosa ou opaca.
De maneira contrária superfícies totalmente frágeis possuem
uma textura granular ou brilhosa.

Figura 6.20 – Fotografia das superfícies de fratura de corpos de prova


Charpy do aço A36 testados em diversas temperaturas.
6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ Estruturas construídas a partir de ligas que exibem este
comportamento dúctil-frágil devem ser usadas somente em
temperaturas acima da temperatura de transição, a fim de
evitar falha frágil e catastrófica.

¾ Exemplos clássicos deste tipo de falha ocorreram, com


consequências desastrosas, durante a Segunda Guerra
Mundial, quando inúmero navios de transporte contendo
soldas, distantes do combate, repentinamente se partiram ao
meio. As embarcações eram construídas a partir de uma liga
de aço que possuía ductilidade adequada de acordo com os
ensaios de tração realizados à temperatura ambiente. As
fraturas frágeis ocorreram em temperaturas ambientes
relativamente baixas, cerca de 4oC, na vizinhança da
temperatura de transição da liga.
6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ Nem todas as ligas metálicas apresentam uma transição
dúctil-frágil. Os metais CFC de baixa resistência
(algumas ligas de alumínio e cobre) e a maioria dos
metais HC não apresentam uma transição dúctil-frágil;

¾ Para materiais com alta resistência (ligas de titânio) a


energia de impacto também é relativamente insensível à
temperatura, entretanto, esses materiais também são
muito frágeis com baixos valores de suas energias de
impacto.
6.6 Transição Dúctil-Frágil

Figura 6.24 – Curvas esquemáticas da energia de impacto em função da


temperatura.
6.6 Transição Dúctil-Frágil
Tipos de fratura em Impacto (Charpy)
Energia (J)
CCC
CCC

CFC

T1 Temperatura (ºC)

Figura 6.25 – Qual a melhor curva? Verde ou vermelha?


6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ O refinamento do tamanho grão aumenta tanto a resistência
quanto a tenacidade dos aços.
¾ Um aumento do teor de carbono aumenta a resistência, mas
também aumenta a temperatura de transição dos aços.

Figura 6.26 – Influencia do


teor de carbono sobre o
comportamento da energia
Charpy em função da
temperatura para o aço.
6.6 Transição Dúctil-Frágil

Figura 6.27 – Variação na temperatura de transição de dúctil para frágil


para ligas de Fe-Mn-0,05C com diversos níveis de manganês.
6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.7 Fluência
¾ Fluência (Creep): ocorre em material colocado em
serviço sob temperatura elevada e expostos a tensões
mecânicas estáticas;

¾ Para os metais a fluência se torna importante para


temperaturas maiores do que 0,4 Tf (Tf: temperatura
absoluta de fusão);
6.7 Fluência
¾ Deformação permanente do material;

¾ Depende de três fatores:

¾ Tensão

¾ Temperatura

¾ Tempo

¾ Plásticos e borrachas são extremamente sensíveis.


6.7 Fluência
ASME Sec. VIII, Div. 1

Efeito dominante
Resistência Fluência
σADMISSÍVEL

temperatura
6.7 Fluência
Balanço entre encruamento
Endurecimento do material e recuperação
encruamento

Figura 6.28 – Curva típica de fluência mostrando a


deformação em função do tempo sob tensão constante.
6.7 Fluência

Figura 6.29 – Influência da tensão (σ) e da temperatura


(T) sobre o comportamento da fluência.
6.7 Fluência
¾ Às vezes surge a necessidade de se obter dados de fluência
(como em exposição prolongada da ordem de anos). A
solução é executar ensaios por fluência em temperaturas
mais altas, para então se fazer uma extrapolação para as
condições de serviço.

Figura 6.30 – Gráfico da


tensão em função do tempo
de vida até a ruptura em
uma liga níquel-carbono
com baixo teor de C em três
temperaturas.
6.7 Fluência
¾ O procedimento de extrapolação comumente usado emprega o
parâmetro de Larson-Miller.

P = T (C + log t r ) E 6.1

C: uma constante (geralmente igual a 20);


T: temperatura [K];
tr: tempo de vida até a ruptura [horas]
6.7 Fluência

Figura 6.31 – Gráfico do


logaritmo da tensão em
função do parâmetro
Larson-Miller para um
ferro S-590.
Exemplo
Usando os dados de Larson-Miller para o ferro S-590, estime o tempo
de vida até a ruptura para um componente que está submetido a uma
tensão de 140 MPa a 800ºC.
Solução:
Da figura: P = 24.103
T = 800ºC = 1073 K
6.7 Fluência
¾ Existem vários fatores que afetam as características de
fluência dos metais. Estas incluem temperatura de fusão,
módulo elástico e tamanho de grão;
¾ Em geral, quanto maior a temperatura de fusão, maior o
módulo de elasticidade;
Tabela 6.2 – Relação entre temperatura de fusão e módulo de
elasticidade dos metais.
Módulo de elasticidade
Metal Temperatura de fusão (ºC)
(GPa)
Chumbo (pb) 327 14
Magnésio (Mg) 650 45.5
Alumínio (Al) 660 70
Prata (Ag) 962 72
Ouro (Au) 1064 79
Cobre (Cu) 1085 127
Níquel (Ni) 1453 209
Ferro (Fé) 1538 210
Molibdênio (Mo) 2610 304
Tungstênio (W) 3410 414
6.7 Fluência
¾ Fatores que influenciam as propriedades de fluência:
¾ Temperatura de fusão (Tf)
¾ ↑ Tf → ↑ resistência a fluência
¾ Módulo de elasticidade (E)
¾ ↑ E → ↑ resistência a fluência
¾ Tamanho de grão (TG)
¾ ↑ TG → ↑ resistência a fluência
¾ Composição química: adição de elementos de liga que precipitem
carbonetos termodinamicamente estáveis (Mo; Nb; Ti; V; W).
6.7 Fluência
Resumo:

¾ Temperatura de fusão (Tf)


¾↑ Tf → ↑ resistência a fluência

¾ Módulo de elasticidade (E)


¾↑ E → ↑ resistência a fluência

¾ Tamanho de grão (TG)


¾↑ TG → ↑ resistência a fluência
6.7 Fluência

Tabela 6.3 – Máxima temperatura de


materiais típicos.

Tabela 6.4 – Máxima temperatura


de materiais típicos.
6 – FALHAS EM SERVIÇO
¾ 6.1 Introdução
¾ 6.2 Fundamentos da Fratura
¾ 6.3 Fratura Dúctil
¾ 6.4 Fratura Frágil
¾ 6.5 Ensaio de Impacto
¾ 6.6 Transição Dúctil-Frágil
¾ 6.7 Fluência
¾ 6.8 Fadiga
6.8 Fadiga
¾ Fadiga é uma forma de falha que ocorre em estruturas
submetidas a tensões dinâmicas e oscilantes, tais como
pontes, aeronaves e componentes de máquinas;

¾ A fadiga é a maior causa individual de falhas nos metais,


representando aproximadamente 90% de todas as falhas
metálicas;

Figura 6.33 – Ciclo de fadiga.


6.8 Fadiga

Figura 6.34 – Material que exibe um limite de resistência à fadiga.


6.8 Fadiga
¾ Para algumas ligas ferrosas e ligas de titânio, a curva
σ-N se torna horizontal para os valores de N mais altos,
ou seja, existe um nível de tensão limite, chamado limite
de resistência à fadiga (ou limite de durabilidade) abaixo
do qual a falha por fadiga não ocorrerá;

¾ Este limite de fadiga representa o mais alto valor de


tensão oscilante que não causará falha para um número
essencialmente infinito de ciclos;

¾ Para muitos aços, limites de resistência à fadiga variam


entre 35 e 60% do limite de resistência à tração.
6.8 Fadiga
Tabela 6.5 – Comparação entre o limite de resistência à fadiga (LRF) e o
limite de resistência a tração (LRT) para algumas ligas.
6.8 Fadiga
¾ A maioria das ligas não-ferrosas (por exemplo, de alumínio,
cobre, magnésio) não possui um limite de fadiga;
¾ Neste caso, a curva σ-N continua a sua tendência
decrescente para valores maiores de N;
¾ Para estes materiais, a resposta à fadiga é especificada
como resistência à fadiga, definida como o nível de tensão
no qual a falha irá ocorrer para algum número de ciclos;
¾ Um importante parâmetro que caracteriza o comportamento à
fadiga de um material é a vida em fadiga Nf . Ela é o número
de ciclos necessário para causar a falha sob um nível de
tensão, conforme determinado gráfico σ-N.
6.8 Fadiga

Figura 6.35 – Material que não exibe um limite de resistência à fadiga.


6.8 Fadiga
¾ Sempre existe uma dispersão considerável nos dados de
fadiga, ou seja, a figura mostrada representa uma curva de
melhor ajuste;
¾ Essa variação é causada pela variação de fabricação do
corpo de prova, preparo da superfície, variáveis metalúrgicas,
alinhamento, frequência...
¾ Várias técnicas foram desenvolvidas para especificar a vida
em fadiga e o limite de resistência à fadiga em termos de
probabilidades;
¾ Uma maneira conveniente de representar os dados tratados
dessa maneira é através de uma série de curvas de
probabilidade constante;
¾ O valor de P associado a cada curva representa a
probabilidade de falha.
6.8 Fadiga
¾ Por exemplo, numa tensão de 200 MPa a probabilidade é que
1% das amostras falhem com 106 ciclos
¾ Para a mesma tensão de 200 MPa, 50% das amostras
devem falhar com 2x107 ciclos.

Figura 6.36 – Curvas σ-N de probabilidade de falha por fadiga para


uma liga de alumínio 7075-T6.
Iniciação e Propagação de Trincas
O processo de falha por fadiga é caracterizado por 3 etapas
distintas:

¾ Iniciação de trinca, onde uma pequena trinca se forma em


algum ponto de alta concentração de tensões;

¾ Propagação da trinca, durante a qual esta trinca avança a


cada ciclo de tensão;

¾ Falha final, que ocorre muito rapidamente, uma vez a trinca


que está avançando tenha atingido um tamanho crítico.
Iniciação e Propagação de Trincas
As trincas associadas a falhas por fadiga quase sempre se
iniciam na superfície de um componente, em algum ponto de
concentração de tensões, como:

¾ Ângulos vivos;
¾ Rasgos de chavetas;
¾ Fios de roscas.

Figura 6.37 – Canto vivo e adoçamento.

A carga cíclica pode também produzir descontinuidades


superficiais microscópicas que resultam dos degraus de
escorregamento de discordâncias, e também podem atuar
como concentradores de tensões.
Iniciação e Propagação de Trincas
A região de uma superfície de fratura que ser formou pode
ser caracterizada por dois tipos de marcas:

¾ Marcas de praia;
¾ Estrias;

Estas marcas indicam a posição da extremidade da trinca em


um dado instante e aparecem como nervuras que se
expandem para longe da iniciação da trinca.
Iniciação e Propagação de Trincas

As marcas de praia possuem


dimensões macroscópicas e
podem ser observadas a olho nu.

Figura 6.38 – Superfície de fratura


de um eixo rotativo de aço que
sofreu falha por fadiga, mostrando
as marcas de praia.
6.8 Fadiga

Figura 6.41 – Curva S-N para a liga de titânio e liga de alumínio. A liga de
titânio apresenta um limite de fadiga, enquanto que a curva da liga de
alumínio decresce continuamente.

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