Sistema Ferro-Carbono e suas Fases

9 - SISTEMA FERRO CARBONO
• 9.1 Introdução
• 9.2 Ferro Puro - Ferrita
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
• 9.7 Ligas Hipoeutetóides
• 9.8 Ligas Hipereutetóides
• 9.9 Ligas Eutetóides
• 9.10 Quantidade de Microestrutura
• 9.11 Influência de Elementos de Liga
9.1 Introdução
• De todos os sistemas de ligas binárias, possivelmente o
mais importante é formado pelo ferro e carbono;
• Formam os aços e os ferros-fundidos;

Carbono
• O carbono (do latim carbo, carvão) é um elemento químico, símbolo C de
número atômico 6 (6 prótons e 6 elétrons) e sólido a temperatura ambiente.
Dependendo das condições de formação pode ser encontrado na natureza
em diversas formas alotrópicas, carbono amorfo e cristalino em forma de
grafite ou diamante.
• É o pilar básico da química orgânica, se conhecem cerca de 10 milhões de
compostos de carbono, e forma parte de todos os seres vivos.
• O carbono é um elemento notável por várias razões. Suas formas
alotrópicas incluem, surpreendentemente, uma das substâncias mais
frágeis e baratas (o grafite) e uma das mais caras e duras (o diamante).
Mais ainda: apresenta uma grande afinidade para combinar-se
quimicamente com outros átomos pequenos, incluindo átomos de carbono
que podem formar largas cadeias. O seu pequeno raio atômico permite-lhe
formar cadeias múltiplas; assim, com o oxigênio forma o dióxido de
carbono, vital para o crescimento das plantas; com o hidrogênio forma
numerosos compostos denominados, hidrocarbonetos, essenciais para a
indústria e o transporte na forma de combustível derivados de petróleo e
gás natural. Combinado com ambos forma uma grande variedade de
compostos como, por exemplo, os ácidos graxos, essenciais para a vida, e
os ésteres que dão sabor às frutas. Além disso, fornece, através do ciclo
carbono-nitrogênio, parte da energia produzida pelo Sol e outras estrelas.
9.1 Introdução
Ligas Ferrosas
• Uso amplo resultado de três fatores:
– Compostos de Fe em quantidade abundante;
– Técnicas de extração, beneficiamento e fabricação relativamente
econômicas;
– Grande versatilidade (variedade de propriedades mecânicas e
físicas);
• Principal desvantagem → Corrosão

9.1 Introdução
Aços
• Liga Fe-C com 2,11%pC máximo (teórica).
• Na prática, as concentrações de carbono raramente excedem
1,0%pC;
• Aços doces - 0,15 a 0,25%C;

• Aços meio duros - 0,25 a 0,50% C;
• Aços duros - 0,50 a 1,40.
• Contém sempre Mn, S e P e, eventualmente, Si, Al e Cu.

• L.R. varia de 32 a 60 kgf/mm2.
• L.E. varia de 17 a 27 kgf/mm2.
9.1 Introdução
Figura 9.1 – Diagrama de fases ferro-cementita.

9.1 Introdução
• O eixo de composição na Figura 9.1 se estende apenas até
6,70%pC. Nesta concentração há 100% do composto
intermediário carboneto de ferro (ou carbeto de ferro), ou
cementita (Fe3C), o qual é representado por uma linha
vertical no diagrama de fases (6,70%pC = 100%pFe3C);
• O sistema ferro-carbono pode ser dividido em duas partes:

uma porção rica em ferro, como na Figura 9.1 e a outra (não
mostrada) para composições entre 6,70%C e 100%C em
peso (grafita pura);
• Na prática, todos os aços e ferros-fundidos possuem teores

de carbono inferiores a 6,70%pC.
9.1 Introdução
• O carbono é uma impureza intersticial no ferro;
• Na ferrita, somente pequenas concentrações de carbono

são solúveis; a máxima solubilidade é 0,022%pC a
727ºC;
• Abaixo de 768ºC, o metal formado pelo ferro-carbono

pode ser magnético.
9.1 Introdução
• Ligas ferrosas são aquelas nas quais o ferro é o principal
componente;
• Existem 3 tipos: ferro, aço e ferro fundido;
• O ferro comercialmente puro contém menos do que
0,008%pC e é composto quase que exclusivamente de fase
ferrita à temperatura ambiente;
• As ligas ferro-carbono que contém entre 0,008 e 2,11%pC,
são classificadas como aços;
• Os ferros fundidos são classificados como ligas ferrosas que
contêm entre 2,11 e 6,70%pC;
• Entretanto, os ferros fundidos comerciais normalmente
contêm menos do que 4,5%pC.
DEFINIÇÕES:
REAÇÃO EUTÉTICA
Transformação de fase na qual, por resfriamento, toda a fase líquida se
transforma isotermicamente em duas fases sólidas.
TEMPERATURA EUTÉTICA
Temperatura à qual a reação eutética tem lugar.
COMPOSIÇÃO EUTÉTICA
Composição da fase líquida que a temperatura eutética, reage para formar
duas novas fases sólidas.
PONTO EUTÉTICO
Ponto determinado pela composição e temperatura eutéticas.
COMPOSIÇÃO HIPOEUTÉTICA
Qualquer composição à esquerda do ponto eutético.
COMPOSIÇÃO HIPEREUTÉTICA
Qualquer composição à direita do ponto eutético.
DEFINIÇÕES:
COMPOSIÇÃO EUTETOIDE
Aço que possui 0,76%pC.
AÇO HIPO-EUTETÓIDE
Aço com teor de carbono menor do que 0,76%.
AÇO HIPER-EUTETÓIDE
Aço com teor de carbono superior a 0,76% e inferior a 2,0%.
FERRITA PRÓ-EUTETÓIDE
Ferrita que se forma por decomposição da austenita a temperaturas
superiores à temperatura à temperatura eutetóide.
CEMENTITA PRÓ-EUTETÓIDE
Cementita que se forma por decomposição da austenita a temperaturas
superiores à temperatura eutetóide.
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.2 Ferro Puro - Ferrita
• A ferrita ou ferro α, ao ser aquecido, apresenta duas
mudanças de estrutura cristalina antes de se fundir;
• À temperatura ambiente, a forma estável, chamada ferrita ou
ferro α, tem uma estrutura cristalina CCC;
• A 912ºC, a ferrita sofre uma transformação para a austenita,
ou ferro γ, que possui estrutura cristalina CFC;
• Baixa dureza e baixa resistência à tração;
• Alta tenacidade e alongamento.
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.3 Austenita
• A austenita, ou a fase γ, não é estável abaixo de 727ºC;
• A máxima solubilidade de carbono na austenita,
2,11%C, ocorre a 1147ºC;
• Esta solubilidade é aproximadamente 100 vezes maior
do que a máxima para a ferrita, uma vez que as
posições intersticiais na estrutura CFC são maiores.
• A austenita é não-magnética;
• Boa resistência mecânica e tenacidade.
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.4 Ferro δ
• A ferrita δ é virtualmente idêntica à ferrita α;
• A ferrita δ é estável apenas em temperaturas

relativamente altas;
• Ela não tem qualquer importância tecnológica.

• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.5 Cementita
• A Cementita (Fe3C) se forma quando o limite de solubilidade
de carbono no ferro é excedido abaixo de 727ºC (para
composições dentro da região das fases α + Fe3C);
• O Fe3C também coexistir com a fase γ entre 727e 1147ºC;
• Muito dura e frágil;
• A resistência de alguns aços é aumentada pela sua

presença;
• Aumenta a dureza e resistência e diminui a tenacidade dos

aços.
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.6 Perlita
• A reação eutetóide do sistema Fe-C envolve a formação
simultânea de ferrita e cementita a partir da austenita;
• Há cerca de 12% de cementita e 88% de ferrita na

mistura resultante (razão entre as espessuras das
camadas de ferrita e de cementita na perlita é de
aproximadamente 8:1);
• Como se formam simultaneamente, a ferrita e a

cementita estão intimamente misturadas.
9.6 Perlita
Figura 9.4 – Perlita.

9.6 Perlita
• A mistura é caracteristicamente lamelar, isto é,
composta de camadas alternadas de ferrita e cementita;
• Propriedades mecânicas intermediárias entre as duas

fases.
9.6 Perlita
Figura 9.5 –
Representação
esquemática da
formação da perlita a
partir da austenita. A
direção da difusão do
carbono está indicada
pelas setas.
PERLITA
Perlita fina:
FERRITA
20-30 Rc
Perlita grossa:
86-97 RB
Figura 9.6 – Microestrutura do aço.

• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.7 Ligas Hipoeutetóides
Figura 9.7 – Representações

esquemáticas das microestruturas
para uma liga ferro-carboneto de
ferro de composição hipoeutetóide
quando ela é resfriada a partir da
região da fase austenita até abaixo
da temperatura eutetóide.
• Uma composição do lado esquerdo do ponto eutetóide,
entre 0,022 e 0,77%pC é denominada uma liga
hipoeutetóide;
• A aproximadamente 875ºC, ponto c, a microestrutura

consistirá inteiramente de grãos da fase γ;
• Ao se resfriar até o ponto d, aproximadamente 775ºC,

que está dentro da região de fase α + γ, ambas estas
fases irão coexistir.
• Quando a temperatura é reduzida para uma temperatura
abaixo da eutetóide, ponto f, toda a fase γ se
transformará em perlita;
• Assim, a fase ferrita estará presente tanto na perlita na
fase que se formou enquanto se resfriava ao longo da
região das fases α+γ;
• A ferrita que está presente na perlita é chamada ferrita
eutetóide, enquanto que a outra é denominada ferrita
proeutetóide (grãos de ferrita pura).
Figura 9.8 – Fotomicrografia de uma aço de 0,38%C, em peso, tendo

uma microestrutura consistindo de perlita e ferrita proeutetóide.
Ampliação de 635x.
Figura 9.9 – Aço com 0,5% de carbono e com 0,1% de C.

• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.8 Ligas Hipereutetóides
Figura 9.10 – Representações

esquemáticas das
microestruturas de uma liga
ferro-carbono de composição
hipereutetóide C1 (contendo
entre 0,77 e 2,1%pC).
• Num ponto g somente a fase γ estará presente;
• No resfriamento para dentro do campo de fase γ + Fe3C,

ponto h , a fase cementita começará se formar ao longo dos
contornos de grão iniciais da fase γ. Esta cementita chamada
cementita proeutetóide - aquela que se forma antes da
reação eutetóide;
• Na medida em que a temperatura é reduzida, passando pelo

ponto eutetóide até o ponto i, toda a austenita remanescente
de composição eutetóide é convertida a perlita. Desta forma,
a resultante microestrutura consiste em perlita e cementita
proeutetóide.
Figura 9.11 – Fotomicrografia

de um aço 1,4%pC, tendo
uma microestrutura
consistindo de uma rede de
cementita proeutetóide
branca que envolve as
colônias de perlita. Apliação
de 1000x.
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.9 Ligas Eutetóides
Figura 9.12 –
Representações
esquemáticas das
microestruturas para uma
liga ferro-carbono de
composição eutetóide
(0,76%C) acima e abaixo
da temperatura eutetóide.
• Considerando uma liga de composição eutetóide
(0,76%pC), quando resfriada;
• Inicialmente, a liga é composta inteiramente da fase
austenita, tendo uma composição de 0,76%p;
• Quando a liga for resfriada, não haverá nenhuma
mudança até que se atinja a temperatura eutetóide
(727ºC);
• Ao se cruzar esta temperatura para o ponto b, a
austenita se transforma, decompondo-se para formar
Perlita.
Figura 9.13 – Fotomicrografia de um aço

eutetóide mostrando a microestrutura de
perlita consistindo de camadas
alternadas de ferrita a (a fase clara) e de
Fe3C. Ampliação de 500x.
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.10 Quantidade de Microestrutura
• Para uma liga hipoeutetoide, as quantidades relativas
de α proeutetóide e de perlita podem ser determinadas
usando a regra da alavanca em conjunto com uma linha
de amarração que se estende da fronteira entre as fases
α (0,022%pC) até a composição eutetóide (0,76%pC),
uma vez que a perlita é o produto da transformação da
austenita que possui esta composição.
Figura 9.14 – Uma região do diagrama de fases Fe-Fe3C usado nos

cálculos para quantidades relativas dos microconstituintes proeutetóide e
perlita para composições hipoeutetóide (C'o) e hipereutetóide (C'1).
Assim, para uma liga hipoeutetóide, a fração de perlita Wp pode
ser determinada de acordo com:
A fração de α proeutetoide Wα é calculada conforme a seguir:

• As quantidades relativas dos microconstituintes, perlita e
Fe3C proeutetóide, podem ser calculadas para aços
hipereutetóides numa maneira análoga àquela para
materiais hipoeutetóides. A linha de amarração se
estende entre 0,76 e 6,70%pC. Desta forma, frações de
perlita Wp e de cementita proeutetóide WFe3C' são
determinadas a partir das seguintes expressões de
regra da alavanca:
Exemplo 9.1
Liga 99,65%p Fe + 0,35%p C, temperatura abaixo da

eutetóide, determine:
a) Frações de Ferrita total e Cementita;
Exemplo 9.1

b) Frações de Ferrita Proeutetóide e Perlita;
Exemplo 9.1

C) A Fração de Ferrita Eutetóide;
• 9.3 Austenita
• 9.4 Ferro δ
• 9.5 Cementita
• 9.6 Perlita
9.11 Influência de Elementos de Liga
• Adições de elementos de liga (Cr, Ni, Ti, etc.) trazem
mudanças no diagrama de fases binário ferro-carbono;
• Uma das mudanças é o deslocamento em posição do

ponto eutetóide em relação à temperatura e à
concentração de carbono.
9.11 Influência de Elementos de Liga
Figura 9.17 – Influência

do teor de carbono
sobre as propriedades
dos aços

Sistema Ferro-Carbono e suas Fases

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9 - SISTEMA FERRO CARBONO

• Formam os aços e os ferros-fundidos;

• Principal desvantagem → Corrosão

• Aços doces - 0,15 a 0,25%C;

• Contém sempre Mn, S e P e, eventualmente, Si, Al e Cu.

Figura 9.1 – Diagrama de fases ferro-cementita.

• O sistema ferro-carbono pode ser dividido em duas partes:

• Na prática, todos os aços e ferros-fundidos possuem teores

• Na ferrita, somente pequenas concentrações de carbono

• Abaixo de 768ºC, o metal formado pelo ferro-carbono

• A ferrita δ é estável apenas em temperaturas

• Ela não tem qualquer importância tecnológica.

• O Fe3C também coexistir com a fase γ entre 727e 1147ºC;

• Muito dura e frágil;

• A resistência de alguns aços é aumentada pela sua

• Aumenta a dureza e resistência e diminui a tenacidade dos

• Há cerca de 12% de cementita e 88% de ferrita na

• Como se formam simultaneamente, a ferrita e a

Figura 9.4 – Perlita.

• Propriedades mecânicas intermediárias entre as duas

Figura 9.6 – Microestrutura do aço.

Figura 9.7 – Representações

• A aproximadamente 875ºC, ponto c, a microestrutura

• Ao se resfriar até o ponto d, aproximadamente 775ºC,

Figura 9.8 – Fotomicrografia de uma aço de 0,38%C, em peso, tendo

Figura 9.9 – Aço com 0,5% de carbono e com 0,1% de C.

Figura 9.10 – Representações

• No resfriamento para dentro do campo de fase γ + Fe3C,

• Na medida em que a temperatura é reduzida, passando pelo

Figura 9.11 – Fotomicrografia

Figura 9.13 – Fotomicrografia de um aço

Figura 9.14 – Uma região do diagrama de fases Fe-Fe3C usado nos

A fração de α proeutetoide Wα é calculada conforme a seguir:

Liga 99,65%p Fe + 0,35%p C, temperatura abaixo da

Liga 99,65%p Fe + 0,35%p C, temperatura abaixo da

Liga 99,65%p Fe + 0,35%p C, temperatura abaixo da

• Uma das mudanças é o deslocamento em posição do

Figura 9.17 – Influência

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