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Universidade Federal de Sergipe

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia

Fenômenos de Transporte II

Trocadores de Calor

Professora: Bruna Lima Veras Maia

Alunos: Alana Melo Menezes

Pedro Vitor Goes Araújo

1. Introdução
Segundo a definição de Cengel (2011, p 630) Os trocadores de calor,
diferentemente das câmaras de mistura, permitem que dois fluídos com temperaturas
diferentes troquem calor sem se misturarem. Tendo assim, passagens separadas para cada
um dos dois fluxos, mas ainda com uma superfície de troca de calor sob a forma de placas
ou tubos. Eles possuem várias funções como aquecer, resfriar, condensar, evaporar,
ferver, esterilizar, pasteurizar, destilar, entre outras, possuindo assim vários tipos e
construções (tubular, placa, aletado, e regenerativo).

Esse tipo de equipamento é importante para os chamados ciclos termodinâmicos,


como ciclo de um refrigerador (o qual pode ser exemplificado pela serpentina presente
nas geladeiras, sendo os fluídos água e ar), ciclo Otto, Diesel (o qual pode-se perceber
pela presença do radiador em motores e moto-bombas), Rankine. Esse equipamento se
tornou essencial também no ambiente industrial, pois há muitos fluídos que necessitam
de aquecimento e outros de resfriamento, como exemplo as usinas nucleares do tipo PWR
(sigla em inglês para "reator de água pressurizada"). A integração destas funções em um
só equipamento gerou uma redução de consumo energético muito importante.

2. Tipos de Trocadores de Calor

2.1 Trocador de calor de Casca e Tubo


Figura 1 – Tipo Casca e Tubo
Fonte: http://www.importherm.com.br

O trocador de calor de casca e tubo é um dos tipos de permutadores mais versáteis


que existem. Eles são utilizados em uma ampla gama de processos industriais, que
incluem desde refinarias Petroquímicas, no processo de pré-aquecimento de derivados do
petróleo para seu refinamento, até em estações nucleares. Eles também podem ser
utilizados em sistemas de refrigeração.

Esse tipo de permutador de calor é construído a partir de um amontoado de tubos,


que estão paralelos a uma casca cilíndrica. Seu funcionamento ocorre quando um fluido
passa por esses tubos (geralmente o fluido o qual irá ser aquecido/refrigerado), enquanto
outro fluido (fluido com maior temperatura ou refrigerante) passa em contracorrente
através do casco, realizando a transferência de calor entre os fluidos. Uma
esquematização simples desse processo pode ser vista na figura 2:

Figura 2 – Esquemática de funcionamento

Fonte: https://www.awpengenharia.com.br/inspecao-trocador-calor

Para sua aplicação, é possível listar algumas características positivas e negativas:

• Vantagens: Projeto de permutador extremamente flexível, com


fácil manutenção e reparação; Excelente transferência de calor; Eles podem ser
projetados para atuar em alta pressão e temperatura (>> 3 MPa e 260 graus), razão
de serem amplamente utilizados em processos industriais.
• Desvantagens: Requer uma grande área para sua instalação, por
vezes necessitando de uma área ainda maior para sua limpeza; Sua construção
necessita de equipamentos/veículos pesados; Outros tipos de trocador de calor são
mais baratos em pressões e temperaturas abaixo de 1,6 MPa e 200 graus.

2.2 Trocador de calor de Placas


Figura 3 – Trocador tipo placa

Fonte: Sadik Kakaç and Hongtan Liu (2002). Heat Exchangers: Selection, Rating and Thermal Design 3nd Edition.

Os trocadores de calor de placas foram introduzidos inicialmente em 1930 na


indústria alimentícia, mas se consolidou apenas em 1960 com o desenvolvimento de seu
projeto térmico (desenvolvimento de placas mais eficientes; materiais melhores). Com
sua consolidação, ele pôde ser utilizado em uma ampla gama de aplicações na indústria
como na pasteurização de produtos e recuperação de calor residual proveniente de
sistemas térmicos. Eles também podem ser utilizados como uma ótima alternativa para
substituir permutadores de casca e tubo, em aplicações com baixa/média pressão e
temperatura na transferência de calor.

Nesse tipo de permutador, a transferência de calor ocorre por via das placas
metálicas, que em decorrência da alta pressão presentes nas mesmas, a troca de calor entre
os fluidos é bastante intensificada, aumentando sua eficiência, podendo ser melhor
visualizado na figura 4:
Figura 4 – Trocador de calor tipo placas expandido

Fonte:https://www.alfalaval.com/microsites/gphe/tools/how-gphes-work/

Para sua aplicação, é possível listar algumas características positivas e negativas:

• Vantagens: pode ser facilmente desmontado para sua limpeza; A


capacidade de aquecer/resfriar o fluido pode ser modificada; Seus
componentes podem ser facilmente repostos, caso danificados; Alternativa
mais barata que os trocadores de casca em tubo em baixa/ média pressão
e temperatura.
• Desvantagens: A temperatura máxima de pressão e temperatura são
limitadas pelo material composto em sua estrutura, que não resistem a alta
corrosão ocorrida nesse processo; suas vias podem ser facilmente
entupidas por serem muito estreitas.

2.3 Trocador de calor Espiral


Figura 5 – Trocador tipo Espiral

Fonte: http://inproheat.com/product/heat-exchangers/spiral

Os trocadores de calor em espiral são usados desde da década de 30, quando eles
foram desenvolvidos na Suécia para recuperação de energia térmica em fábricas de
celulose. Sua aplicação está intimamente ligada ao aquecimento/resfriamento de fluidos
viscosos e no tratamento mineral, onde o teor de sólido no fluido chega a até 50%.

Seu funcionamento ocorre devido ao par de superfícies planas, que são espiraladas
de modo que se é formado dois canais em fluxo de contracorrente, favorecendo a
transferência de calor entre o fluido que se deve ser aquecido/resfriado e o fluido
refrigerante ou a alta temperatura.

Para sua aplicação, é possível listar algumas características positivas e negativas:

• Vantagens: É o trocador que melhor lida com fluidos de alta


viscosidade; dimensões compactas.
• Desvantagens: A aplicabilidade está ligado a situações específicas,
não sendo optado com frequência.

2.4 Trocador de calor de tubo enrolado (Coiled Tube Heat


Exchanger)
Figura 6 – Trocador do tipo tubo enrolado

Fonte: https://www.m-technique.co.jp/e/html/shouhin/sub_categoly/m_coil.html

O trocador de calor de tubo enrolado se trata de um permutador com um grande


número de tubos enrolados em forma de hélice ao redor de um tubo central, onde o mesmo
aquece/ resfria o fluido que passa pelos tubos menores. Sua aplicabilidade mais ligada a
situações de baixa temperatura, embora também possa ser usado em aplicado em altas
temperaturas.

Para sua aplicação, é possível listar algumas características positivas e negativas:

• Vantagens: É possível a transferência de calor entre mais de dois fluxos;


pode atuar em altas pressões e baixíssimas temperaturas.
• Desvantagens: Sua eficiência é menor quando aplicado a altas
temperaturas; custo alto.

3. Integração Energética
Com a intenção de reduzir o desperdício de energia e maximizar a eficiência dos
sistemas, visando a sustentabilidade de forma geral, o método da integração energética
consiste no aproveitamento do calor residual presente na transferência de energia térmica
entre fluidos, comumente ocorridas em trocadores de calor. Esse método é de extrema
importância para o desenvolvimento industrial de um país, pois ele visa melhorar o
potencial térmico dos sistemas industriais e, por conseguinte, ocasiona a melhora da
relação entre o custo operacional e custo fixo, em busca de um ponto ótimo, em que o
gasto para manutenção anual da estrutura do processo é mínimo.

Um grande exemplo de aplicabilidade desse método em trocadores de calor, foi


na unidade de Tratamento de Nafta da Refinaria Tesoro Anacortes. Seu funcionamento
(figura 7) consistia na entrada de nafta bruto nos trocadores de calor, que após ser pré-
aquecido e ir para uma fornalha, o fluido bruto adentrava em um reator onde suas
impurezas eram removidas, sendo refinado para o mercado. No entanto, o fluido residual
das impurezas era reaproveitado, pois ele era o fluido utilizado para aquecer o nafta bruto
que adentrava nos trocadores de calor, evitando seu desperdício e diminuindo os custos
do sistema, em virtude da integração energética projetada para esse sistema térmico.

Figura 7 – Esquema de Tratamento de Nafta

Fonte: http://www.csb.gov/assets/1/7/tesoro_anacortes_2014-may-01.pdf
4. Referências Bibliográficas
ALBERTO, L.; SOUSA, N. G.; PFEIFER, A. A. Estudo da integração energética de
processos químicos utilizando simuladores computacionais. Fortaleza: XXI Congresso
Brasileiro de Engenharia Química, 2016.

Sadik Kakaç and Hongtan Liu (2002). Heat Exchangers: Selection, Rating and Thermal
Design 3nd Edition.

Saunders, E. A. (1988). Heat Exchanges: Selection, Design and Construction. New York:
Longman Scientific and Technical.

Thulukkanam, K. (2013). Heat Exchanger Design Handbook 2nd Edition.

U.S. Chemical Safety and Hazard Investigation Board: Catastrophic Rupture of Heat
Exachanger(Seven Fatalities) Tesoro Anarcortes Refinery. Washington, 2014.
Disponível em: http://www.csb.gov/assets/1/7/tesoro_anacortes_2014-may-01.pdf

“Trocador de calor, um dispositivo muito utilizado nas indústrias” Mecânica Industrial


Disponível em: <https://www.mecanicaindustrial.com.br/582-trocador-de-calor-um-
dispositivo-muito-utilizado-nas-industrias/> Acesso em: 29/03/2019

CENGEL, Yunus A.; GHAJAR, Afshin J. Transferência de Calor e Massa: Uma


abordagem prática. São Paulo: AMGH Editora Ltda., 2012.

RAVAGNANI, Mauro Antonio da Silva Sa. Projeto e otimização de redes de trocadores


de calor. 1994. 130f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Quimica, Campinas, SP. Disponível em:
<http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/266488>. Acesso em: 20 jul.
2018.

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