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Resíduos Sólidos

1ª Edição

Urbanos

Sheila de Lira Franklin


DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Texto: Sheila de Lira Franklin
Revisão Ortográfica: Marcus Vinicius da Silva e Rafael Dias de Carvalho
Projeto Gráfico: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos.
Editoração: Dynamo Ideias e Tecnologia
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói.

F834r Franklin, Sheila De Lira.


Resíduos sólidos urbanos / Sheila De Lira Franklin ; revisão Rafael Dias
de Carvalho Moraes. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2014.
140 p. : il.

1. Resíduo sólido. 2. Resíduo urbano. 3. Tratamento de resíduo. 4. Ge-


renciamento ambiental. 5. Engenharia química. 6. Ensino à distância. I.
Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título.

CDD 665.5388

Bibliotecária responsável: Ana Marta Toledo Piza Viana - CRB 7/2224

Informamos que é de única exlcusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC
pelo conteúdo do texto formulado.
© Departamento de Ensino à Distancia - Universidade Salgado de Oliveira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma
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mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).
Resíduos Sólidos Urbanos

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente


e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNI-
VERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes segmentos do ensino
a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes
do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa mo-
dalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos
dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e ger-
enciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela
própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que


alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento liga-
dos por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados
nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para
a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a dis-
tância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bemsu-
cedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as


novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o pro-
grama e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual!

Professora Marlene Salgado de Oliveira

Reitora.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Sumário

Apresentação da Disciplina ..................................................................................................... 05

Plano da Disciplina ..................................................................................................................... 06

Unidade I | Os diferentes resíduos oriundos das atividades humanas ............ 09

Unidade 2 | Tratamento e destinação final dos resíduos ....................................... 35

Unidade 3 | As políticas aplicáveis a resíduos sólidos e gestão de resíduos sólidos 67

Unidade 4 | Técnicas de recuperação de solos degradados ................................. 93

Unidade 5 | Gestão de resíduos sólidos radioativos .............................................. 115

Considerações Finais .................................................................................................................. 132

Conhecendo a Autora ................................................................................................................. 133

Referências .................................................................................................................................... 134

Anexos ............................................................................................................................................ 137

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Resíduos Sólidos Urbanos

Apresentação da Disciplina

Caro aluno,

Começa aqui, nossa jornada no mundo dos resíduos sólidos, área das ciências am-
bientais que destina-se a discutir um dos maiores problemas da sociedade mod-
erna, a geração de resíduos. Devido à intensa e inesgotável produção de resíduos
que acompanha a existência da espécie humana, é necessário conhecer bem as
características de resíduos provenientes de diferentes fontes e atividades, a fim de
gerenciá-los de forma adequada, empregando, caso existam tecnologias para seu
tratamento, reciclagem e descontaminação ambiental (caso venham a causar con-
taminação ambiental), e, somente em caso de esgotamento de alternativas viáveis,
realizar a destinação final dos mesmos.

Esperamos que ao final deste curso, você possa ampliar seus conhecimentos sobre
resíduos sólidos, bem como conhecer as ferramentas disponíveis para uma melhor
gestão dos resíduos sólidos. O que contribuirá para que se torne um profissional
diferenciado no mercado, capaz de agir de forma proativa na área de gerenciamento
de resíduos sólidos.

O material didático divide-se em cinco unidades. Na primeira unidade, serão carac-


terizados diferentes tipos de resíduos e apresentadas suas classificações. A segun-
da aborda as alternativas de tratamento e destinação final de resíduos, vantagens
e desvantagens de sua aplicabilidade e alternativas de reciclagem de resíduos. A
terceira unidade apresenta as políticas aplicáveis a resíduos sólidos e a gestão de
resíduos. A quarta detalha diferentes técnicas de recuperação de solos degradados
por resíduos sólidos. Já na quinta unidade é apresentada a gestão de resíduos radio-
ativos, devido suas peculiaridades.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Plano da Disciplina

Prezado aluno,

Uma nova etapa se inicia e com ela vamos conquistar novos horizontes. Nesta disci-
plina você terá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre Resíduos, tipos e
peculiaridades, bem como alternativas de tratamento, disposição final, reciclagem e
alternativas para tratamento de áreas contaminadas.

O tema, Resíduo, na área ambiental é indispensável para a sociedade, uma vez


que está associada à vida humana, ao estilo de vida e ao modelo de produção
vigente, sendo, para o Engenheiro Ambiental, uma área de conhecimento indis-
pensável com muitas possibilidades de atuação. Sem dúvida, seu conhecimento
será um diferencial no mercado.

Esta disciplina foi elaborada com o objetivo de oferecer a abordagem de temas rele-
vantes e atuais na área de gestão de resíduos urbanos suficiente.

Este livro foi preparado com intuito de ser um importante aliado para o enriquecimen-
to do seu conhecimento, contribuindo para sua formação e atuação profissional!

Sucesso!

Unidade I: Os diferentes resíduos oriundos das atividades hu-


manas

Nesta unidade, você vai conhecer as diferentes fontes de resíduos, bem como os
problemas ambientais relacionados à sua geração e principais classificações e carac-
terísticas dos diferentes tipos de resíduos.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Objetivos: Reconhecer os resíduos urbanos como problema ambiental e conhecer as


diferentes classificações para resíduos, para o correto gerenciamento dos mesmos.

Unidade II: Tratamento e destinação final dos resíduos

Nesta unidade, você vai conhecer as alternativas de tratamento e destinação final


dos resíduos.

Objetivos: Reconhecer as tecnologias disponíveis de tratamento, destinação final


dos resíduos e reciclagem e vantagens e desvantagens dos mesmos.

UNIDADE III: As políticas aplicáveis a resíduos sólidos e gestão


de resíduos sólidos.

Nesta unidade, você vai conhecer as diferentes políticas aplicáveis aos resíduos sóli-
dos e alguns conceitos e ferramentas que contribuem para uma gestão mais eficien-
te dos resíduos.

Objetivos: Conhecer as diferentes políticas aplicáveis a resíduos sólidos urbanos e


conceitos fundamentais na área de gerenciamento de resíduos.

Unidade IV: Técnicas de recuperação de solos degradados

Nesta unidade, você vai conhecer técnicas viáveis para a recuperação de solos de-
gradados, apresentando suas principais vantagens e desvantagens.

Objetivos: conhecer as técnicas empregadas para a recuperação de solos degrada-


dos e reconhecer a viabilidade de sua aplicabilidade em situações específicas.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Unidade V: Gestão de resíduos sólidos radioativos

Nesta unidade, você vai ter a oportunidade de conhecer o tópico: resíduos radioati-
vos e seu gerenciamento.

Objetivos: Conhecer as diferenças entre resíduo radioativo e nucleares, destinação


final, problemas ambientais associados aos resíduos e gerenciamento dos mesmos.

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1 Os diferentes resíduos oriundos
das atividades humanas

Introdução sobre origem dos resíduos e problemas ambientais


.associados a geração de resíduos sólidos nos centros urbanos.

Classificação dos resíduos sólidos segundo origem.

Classificação segundo NBR 10004/2004.

Classificação de resíduos segundo Resolução CONAMA 358/2005.

Classificação segundo Resolução CONAMA N.5, de 5 de agosto de 1993.

Classificação de resíduos da construção civil.


Resíduos Sólidos Urbanos

Caro aluno,

Objetivos da Unidade:
• Discutir sobre a problemática da geração de resíduos sólidos e seus impactos
ambientais;

• Caracterizar diferentes resíduos sólidos conforme suas origens;

• Apresentar diferentes classificações de resíduos sólidos segundo legislações


vigentes.

Plano da Unidade:
• Introdução sobre origem dos resíduos e problemas ambientais .associados a
geração de resíduos sólidos nos centros urbanos.

• Classificação dos resíduos sólidos segundo origem.

• Classificação segundo NBR 10004/2004.

• Classificação de resíduos segundo Resolução CONAMA 358/2005.

• Classificação segundo Resolução CONAMA N.5, de 5 de agosto de 1993.

• Classificação de resíduos da construção civil.

Bem-vindo à primeira Unidade de Estudo.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Os diferentes resíduos oriundos das


atividades humanas

As atividades que o homem desenvolve sobre o solo, alteram suas características


naturais, seja através de mudanças na sua estrutura física ou pelo o lançamento de
resíduos em sua superfície podendo resultar na sua poluição.

No meio urbano, muitas são as modificações impostas ao solo, podendo ser pre-
judiciais aos organismos que vivem nesta parte do ambiente natural, com reflexos
sobre o homem. Desta forma tornam-se importantes fontes de poluição dos solos:
as atividades que não se preocupam em conferir uma destinação correta de seus
resíduos, bem como a atração por estes resíduos dispostos inadequadamente, de
espécies disseminadores de doenças, incluindo o lançamento de resíduos líquidos,
domésticos ou industriais e atividades que possam resultar na erosão do solo.

O solo não é normalmente, um meio a partir do qual um poluente é transferido dire-


tamente para o homem, como acontece com a água e o ar.

Embora ocorra o contato das pessoas com os resíduos lançados no solo, o mais fre-
quente é acontecer, a partir do processo de poluição do solo, alterações na qualida-
de de outros recursos naturais, de modo a prejudicar a homem.

Das principais causas de poluição do solo, podem ser consideradas de maior impor-
tância do ponto de vista do planejamento urbano, o lançamento de resíduos sólidos
ou líquidos em locais inadequados e a utilização do solo para atividades que provo-
quem erosão do solo, tais como pecuária, agricultura e retirada da cobertura natural
do solo para construções, o que pode ser controlado através de disciplinamento do
uso e da ocupação do solo urbano.

A adoção de medidas de preservação e planejamento do uso do solo urbano con-


tribui para reduzir os efeitos da disposição dos resíduos no solo, bem como para
atenuar a erosão geralmente em áreas urbanas em desenvolvimento.

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Resíduos Sólidos Urbanos

As consequências do lançamento de resíduos no solo estão bastante relacionadas


com o ambiente que o cerca. A partir dos resíduos colocados no terreno podem ori-
ginar-se líquidos de percolação, os quais atingirão águas superficiais ou subterrâneas.

Para a definição de locais para lançamento de resíduos no solo devem ser previa-
mente analisados: aspectos geológicos, hidrológicos, topográficos, climáticos, cul-
turais e econômicos. Além disso, devem ser estabelecidas metas básicas, estudos e
análises, preparação de planos e políticas, implantação de planos e políticas e ava-
liação de impactos sobre o solo que algumas atividades antrópicas podem trazer.

A definição de usos do solo para uma cidade deve ser feita em função da infraes-
trutura sanitária existente ou projetada, observando-se as capacidades de absorção
dos consumos adicionais de água e das contribuições a mais de esgotos.

A erosão dos solos e suas consequências


Alguns dos mais graves problemas ambientais das cidades decorrem dos processos
erosivos provocados pela ocupação desordenada do território. O desmatamento e
ocupação de encostas de morros e margens de rios, o avanço das áreas construí-
das em locais íngremes e fraldas de morros, a abertura de vias sem os adequados
cuidados com a proteção dos solos. O resultado destas ações é observado nos des-
lizamentos de encostas e rolamentos de pedras, nas enchentes periódicas das áreas
planas e no comprometimento dos recursos hídricos.

Os solos carregados nos momentos de chuva intensa somam-se aos detritos e lixos
acumulados em encostas e nas vias públicos trazendo constantes problemas para a
rede pluvial cujos resultados se manifestam em inundações.

Outro problema significativo das cidades se refere à impermeabilização dos so-


los, provocada pelo processo de urbanização. Deve-se encontrar formas de mini-
mizar a impermeabilização dos solos, associando a arborização de ruas e praças,
criação de canteiros e áreas não asfaltadas.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Como propostas para resolução dos problemas gerados pela erosão podem ser ci-
tados: o reflorestamento de encostas, topos de morros e margens de rios; a criação,
em áreas estratégicas de encostas ocupadas por população de baixa renda, a cria-
ção de parques ecológicos com destinação de uso para lazer da comunidade, de
modo a assegurar sua manutenção e evitar invasões a partir do controle da própria
comunidade; maiores incentivos a programas comunitários de reflorestamento de
encostas; o desenvolvimento de programas de contenção de encostas baseados em
tecnologias de baixo custo e a expansão de áreas verdes nas cidades.

Em consequência do crescimento dos grandes aglomerados urbanos e do consu-


mismo humano, há como reflexo a grande quantidade de resíduos sólidos pro-
duzidos. Devido a sua produção ser constante e intensa, se consolidou como um
problema ambiental.

As atividades antrópicas produzem resíduos nos estados sólido e semissólido, os


quais são dispostos no ambiente, resultando em problemas como aspecto estético
desagradável (desfiguração da paisagem), produção de maus odores, proliferação
de insetos e roedores (animais que, além de serem repulsivos, são responsáveis pela
transmissão de doenças ao homem) e a contaminação do solo, da água e do ar.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei federal 12.305/2010,


compreende-se por resíduos sólidos qualquer material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final
se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder nos estados sólido
ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particula-
ridades tomem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos
d’agua, ou exijam para isso, soluções técnica ou economicamente inviáveis em face
da melhor tecnologia disponível.

Já os rejeitos, de acordo com a mesma lei, são caracterizados por resíduos sólidos
que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por

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Resíduos Sólidos Urbanos

processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem ou-


tra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

Os conceitos trabalhados na Política Nacional de Resíduos Sólidos nos permitem


concluir que o resíduo sólido possui frações que podem ser recicladas e outras, que
precisam ser direcionadas a tratamentos e disposições específicas que serão discuti-
dos ao longo dos próximos capítulos.

Classificação dos resíduos segundo suas origens

Os resíduos são classificados de acordo com suas características físicas, composição


química e origem.

Em relação as características físicas os resíduos podem ser classificados como seco


ou molhado. Como exemplos de resíduos secos podemos citar: os plásticos, madei-
ras, cerâmicas, metais e papéis. Já em relação aos resíduos molhados podemos citar
entre outros, restos de alimentos (matéria orgânica em decomposição).

A composição dos resíduos varia de acordo com os tipos de atividades desenvol-


vidas, cidades e países envolvidos, bem como os destinos dos mesmos, em função
das características de cada lugar, dos hábitos e do poder aquisitivo da população.
Além da matéria orgânica, que geralmente representa mais de 50% dos resíduos,
predominam o papel, plásticos, material metálico e vidro.

A composição química dos resíduos pode ser classificada como orgânica ou inor-
gânica. Os resíduos orgânicos são provenientes de seres vivos. Podemos citar como
exemplos de resíduos orgânicos: as podas de jardins, cabelos, unhas, restos de ali-
mentos em geral.

Os resíduos inorgânicos são sintéticos e como exemplos podem ser citados borra-
chas, plásticos, cerâmicas e vidros, entre outros.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Os resíduos também podem ter diferentes origens, a saber: domiciliar, industrial,


hospitalar, construção civil, agricultura e pecuária.

Resíduo domiciliar

Produzido nas residências, caracterizam-se por uma grande quantidade de matéria


orgânica, constituída de restos de alimentos, folhagens e outros detritos em putre-
fação; composto também de papéis, plásticos, vidros, latas, embalagens diversas,
material de varredura, etc.

Por ser bastante variável sua composição, é necessário realizar a triagem dos resídu-
os que podem ser reciclados. A coleta seletiva vem sendo cada vez mais divulgada,
e foi incorporada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n. 12.305/2010). No
entanto, o sucesso da coleta seletiva, depende da integração dos planos federal, es-
taduais e municipais de gestão de resíduos sólidos, bem como adesão e apoio da
sociedade e setor privado. O incentivo das boas práticas de responsabilidade socio-
ambiental devem ser introduzidas na sociedade por meio de educação ambiental.

Fonte: http://www.jornalnanet.com.br/public/img/noticias/2012/01/residuos.JPG

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Resíduos Sólidos Urbanos

Resíduo Comercial

Constituído, principalmente, por embalagens, papelão, plásticos e outros detritos


orgânicos, provenientes de bares, restaurantes, hotéis, etc.

Resíduo industrial

Possuindo resíduos de composição bastante variável incluindo resíduos tóxicos, os


resíduos industriais devem receber tratamentos diferenciados (reciclagem, aterro
industrial, compostagem, entre outros).

A resolução CONAMA nº 313, de 29 de outubro de 2002, dispõe sobre o inventário


Nacional de Resíduos Sólidos industriais. De acordo com esta resolução o Inventário
Nacional de Resíduos Sólidos Industriais: é o conjunto de informações sobre a gera-
ção, características, armazenamento, transporte, tratamento, reutilização, reciclagem,
recuperação e disposição final dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país.

Por meio desta resolução as indústrias passam a ter obrigação de prestar contas por
meio do preenchimento de formulário próprio, cujo modelo está contido na resolução
sobre especificação dos resíduos, quantificação do que é gerado por dia, semana, mês
anos, classificação de acordo com a NBR 10004, metodologias aplicadas de monitora-
mento ambiental, entre outros aspectos contidos na resolução CONAMA 313/2002.

As informações devem ser acompanhadas de carimbo de responsável administrati-


vo da empresa, bem como é necessário que o papel seja assinado, datado para ter
validade documental e deve ser apresentado aos órgãos ambientais competentes
para certificação do cumprimento da lei.

Registros da saída de caminhões com os resíduos, bem como identificação do nome


do motorista, sua documentação, horário de saída, nome do responsável na empre-
sa que verificou a saída deste material, destino do material e assinatura da empresa

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Resíduos Sólidos Urbanos

que recebeu o resíduo (destinação final) também fazem parte conjunto de informa-
ções que devem ser detalhadas no inventário. O inventário deve ser feito anualmen-
te, sendo importante arquivar registros de inventários anteriores, para comparação
e melhor gestão do ambiente.

Resíduos de serviços de saúde

Fonte: http://www.revistafator.com.br/imagens/fotos2/regenciamento_residuos

Os resíduos de serviços de saúde podem ser gerados em hospitais, clínicas, am-


bulatórios, consultórios, laboratórios de análises clinicas, laboratórios de pesquisa,
farmácias de manipulação e drogarias. Podem ser constituídos por resíduos perfu-
rocortantes (agulhas, seringas, lâminas), infectantes (contendo material biológico
como sangue, urina, fezes, secreções), químicos (resíduos de produtos químicos),
radioativos e comuns com características similares aos resíduos domiciliares.

Como exemplos podemos encontrar então como resíduos não patogênicos os


oriundos das atividades administrativas ou de outras que não causem contamina-

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Resíduos Sólidos Urbanos

ção (papéis, plástico, vidros, latas, restos de alimentos, embalagens, etc.); resíduos
patogênicos, tais como, material de laboratório, restos de cirurgias, alimentos con-
taminados, seringas, etc. Além de resíduos radioativos (tratamentos de radioterapia,
exames diagnósticos como cintilografia e filmes de raio-X) e fármacos.

Os resíduos hospitalares devem ser de acordo com suas características destinados a


cremação ou incineração, disposição em aterros sanitários ou aterros para resíduos
perigosos (aterro industrial) e sepultamento em cemitérios, visando a garantia da
preservação ambiental e da saúde pública.

A resolução CONAMA n.358, DE 29 DE ABRIL DE 2005, dispõe sobre o tratamento e a


disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

Já a resolução ANVISA RDC Nº 306, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004, dispõe sobre o


Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Es-
tabelecendo diretrizes para o PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Hospitalares, apresentando regras para o manejo, segregação, acondicionamento,
tratamento e disposição final para os resíduos sólidos hospitalares.

Uma vez que esta resolução não contempla fontes radioativas é necessária aplicação
de normas e legislações especificas aplicáveis a fontes radioativas seladas, que de-
vem seguir as determinações da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, e às
indústrias de produtos para a saúde, que devem observar as condições específicas
do seu licenciamento ambiental.

Resíduos de agricultura e pecuária

Os resíduos provenientes da agricultura contem características orgânicas e inor-


gânicas. A fração orgânica constituída por restos de vegetais, esterco de animais,
podem ser utilizados como insumos para a produção de biocombustíveis. Além
de poder ser empregado como adubo, devolvendo ao solo nutrientes. No en-

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Resíduos Sólidos Urbanos

tanto, o emprego de pesticidas tanto no plantio como no tratamento de animais,


pode provocar a contaminação de solo, água e ar. A partir destes compartimen-
tos, pode desencadear além da contaminação ambiental, problemas de saúde
pública. Devendo depois da utilização todos os recipientes de agrotóxicos serem
descartados e não reutilizados.

O decreto federal n. 4074, de 04 de janeiro de 2002, regulamenta a lei n.


7802, de 11 de julho de 1989, de rotulagem, o transporte, o armazenamento,
a comercialização, a propaganda comercial, a classificação, a importação e
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classifica-
ção, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes
e afins, e dá outras providências.

A resolução CONAMA n. 334, de 03 de abril de 2003, dispõe sobre os procedimen-


tos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos.

Resíduo Público - proveniente da varrição, capinação e raspagem de vias públicas,


caracterizando-se pela presença de: folhas, capins, papéis, pontas de cigarros, invó-
lucro de bombons, picolé, etc.; areia.

Resíduo de feiras e mercados - Com predominância de matéria orgânica em putre-


fação: frutas, palhas, restos de alimentos, folhas, etc.

Resíduo Especial – restos de poda, animais mortos de grande porte, entulho, mo-
veis velhos, grandes volumes, etc.

Resíduo de Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: estes resí-


duos apresentam características orgânicas e inorgânicas, onde podemos citar como
exemplos de resíduos sólidos: restos de alimentos, garrafas plásticas, embalagens de
alimentos, alumínio, papel, papelão e resíduos sépticos (banheiros).

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Resíduos Sólidos Urbanos

Resíduo da construção civil

Fonte: http://www.revistafator.com.br/imagens/fotos2/regenciamento_residuos

O entulho proveniente das atividades de construção civil muitas vezes é disposto em


aterros clandestinos ou terrenos baldios, causando poluição visual e representando
risco à sociedade, uma vez que podem servir de criadouros para vetores de doenças,
e contribuir para a poluição do solo e das águas, com contribuição na ocorrência
de enchentes, assoreamento de rios; além das escórias serem perigosas para o ser
humano, representando neste último caso, riscos de acidentes.

Os resíduos da construção civil e demolição contêm areia, brita, argamassa a base


de cimento e concreto. Ainda estão presentes restos de tijolos, telhas, tubos, fiação,
restos de revestimentos cerâmicos, placas de gesso e vidro, amianto, todos esses
resíduos são exemplos de materiais cerâmicos.

No processo de construção também são empregados materiais metálicos, a exem-


plo chapas de aço galvanizado e concreto armado.

Não podemos esquecer das embalagens de papel, papelão, plástico, além de ma-
terial proveniente de poda de árvores, pedaços de madeira, resto de alimentação,
alumínio da embalagem de comida, resto de tintas e latas de tintas.

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Resíduos Sólidos Urbanos

A caracterização do tipo de resíduo mais evidente nas construções, depende do está-


gio da obra. O que leva a conclusão que muitos destes materiais podem ser reciclados.

Depois de triados os resíduos da construção civil podem ter diversas aplicações tais
como: envio para usinas de reciclagem, transformação em agregado que permite
sua utilização em pavimentação, em reciclagem de pavimento asfáltico, reutilização
para nivelamento de terreno ou o emprego em coprocessamento, que será discu-
tido no capítulo seguinte, abordando as técnicas de tratamento para os resíduos,
entre outros.

A resolução CONAMA N. 307/2002, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos


para a gestão dos resíduos da construção civil.

Radioativo - proveniente de atividades nucleares e hospitalares, que empregam


bário, tório, césio, radônio, cobalto e urânio, gerando ao final do processo resíduo
radioativo.

Em usinas nucleares os resíduos radioativos ficam armazenados em depósitos loca-


lizados dentro da área das usinas nucleares.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear estabelece normas para manipulação,


transporte, armazenamento e destinação final segura de materiais radioativos.

Fonte: https://encryptedtbn2. gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSINSOutpbD9jfGJJhdDoMS


UB9mTneswPnwB2HvM6Xx474pmq175g

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Resíduos Sólidos Urbanos

Pilhas e baterias
Apresentam em sua composição metais pesados, que são nocivos à saúde humana
e ao meio ambiente, sendo necessário realizar corretamente sua coleta, armazena-
mento e destinação final.

A resolução CONAMA n° 401, de 4


de novembro de 2008, alterada pela
Resolução nº 424, de 2010, estabe-
lece os limites máximos de chumbo,
cádmio e mercúrio para pilhas e bate-
rias comercializadas no território na-
cional e os critérios e padrões para o
seu gerenciamento ambientalmente
adequado, e dá outras providências.

É possível perceber que ainda há mui-


ta desinformação da sociedade em relação a este passivo ambiental.

De acordo com o Art. 16, desta resolução as pilhas e baterias deveriam conter no
corpo do produto das baterias chumbo-ácido, níquel-cádmio e óxido de mercúrio,
informações tais como nos produtos nacionais, a identificação do fabricante e, nos
produtos importados, a identificação do importador e do fabricante, de forma clara
e objetiva, em língua portuguesa, mediante a utilização de etiquetas indeléveis, legí-
veis e com resistência mecânica suficiente para suportar o manuseio e intempéries.

O objetivo é preservar as informações nelas contidas durante toda a vida útil da ba-
teria, a advertência sobre os riscos à saúde humana e ao meio ambiente; e a necessi-
dade de, após seu uso, serem devolvidos aos revendedores ou à rede de assistência
técnica autorizada para repasse aos fabricantes ou importadores.

Os fabricantes e importadoras devem indicar para o cliente se o produto pilha ou


bateria é passível de recuperação de componentes, reciclagem ou que necessita de

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Resíduos Sólidos Urbanos

retorno, ao local de compra para um correto tratamento e destinação final. A fis-


calização ainda é falha neste sentido, dificultando o gerenciamento deste tipo de
resíduo.

De acordo com a resolução CONAMA 257 de 1999, a reutilização, reciclagem, tra-


tamento ou a disposição final das pilhas e baterias abrangidas por esta resolução,
realizadas diretamente pelo fabricante ou por terceiros, deverão ser processadas de
forma tecnicamente segura e adequada, com vistas a evitar riscos à saúde humana e
ao meio ambiente, principalmente no que tange ao manuseio dos resíduos pelos seres
humanos, filtragem do ar, tratamento de efluentes e cuidados com o solo, observadas
as normas ambientais, especialmente no que se refere ao licenciamento da atividade.

A resolução CONAMA 257/1999, determina ainda que quando não for possível reali-
zar a reutilização ou reciclagem das pilhas e baterias, estas devam ser encaminhadas
para incineração, obedecendo as condições técnicas previstas na NBR - 11175 - Inci-
neração de Resíduos Sólidos Perigosos - e os padrões de qualidade do ar estabeleci-
dos pela Resolução Conama no 03, de 28 de junho de l990.

É importante ressaltar que as pilhas comuns e alcalinas, utilizadas em rádios, grava-


dores, walkman, brinquedos, lanternas etc, podem ser jogadas no lixo doméstico,
sem qualquer risco ao meio ambiente, conforme determinação da Resolução CO-
NAMA 257. Desta forma, não precisam ser recolhidas e nem depositadas em aterros
especiais. Isto porque os fabricantes nacionais e os importadores legalizados já co-
mercializam no mercado brasileiro pilhas que atendem perfeitamente as determina-
ções do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente – no que diz respeito aos
limites máximos de metais pesados em suas constituições.

As pilhas de níquel-metal-hidreto utilizadas em celulares, notebook, telefones sem


fios e filmadoras, assim como as de íon de lítio empregadas em celulares e notebook,
Zn-Ar empregadas em aparelhos auditivos e as de lítio, comumente utilizadas em
equipamentos fotográficos, agendas telefônicas, calculadoras, filmadoras, computa-
dores também podem ser descartadas no lixo doméstico.

23
Resíduos Sólidos Urbanos

Já as pilhas e baterias de níquel-cádmio, utilizadas em alguns celulares, telefones


sem fio e alguns sistemas recarregáveis devem ser encaminhadas aos fabricantes
e importadores. Comumente existem coletores de pilhas e baterias em lojas de te-
lefonia celular ou em outros ambientes comerciais, contribuindo para um melhor
gerenciamento do passivo ambiental e proteção ambiental

Lâmpadas fluorescentes

Existem lâmpadas incandescentes e fluorescentes. As incandescentes são lâmpadas


não potencialmente perigosas para o ambiente. Já as lâmpadas fluorescentes que
contém mercúrio, elemento entre os presentes nas lâmpadas considerado mais im-
pactante ao meio ambiente) podem causar contaminação ambiental. É valido res-
saltar que além do mercúrio existem outras substancias que causam contaminação
ambiental, tais como chumbo e cádmio.

Sendo o mercúrio biopersistente e biomagnificante, ele passa pela cadeia alimentar


em todos os níveis sendo incorporado, atingindo mais gravemente os organismos
que ocupam o topo das cadeias, espécies carnívoras representadas por aves, mamí-
feros e grandes peixes.

Em virtude de sua ampla utilização e dos riscos de contaminação ambiental, as lâm-


padas devem ser acondicionadas em caixas de papelão, preferencialmente sendo
protegidas por jornal ou plástico, para evitar que quebrem e ocorra evaporação de
mercúrio, em caso de quebra devem ser guardados os cacos em sacos plásticos ve-
dados e não devem ser jogados em lixo comum.

24
Resíduos Sólidos Urbanos

Classificação segundo NBR 10004/2004.

Na classificação dos resíduos de acordo com a NBR 10004/2004, também são consi-
derados aspectos importantes a inflamabilidade, corrosividade, reatividade e pato-
genicidade de uma substância.

Para efeitos da norma, os resíduos são classificados em:

a) Resíduos classe I – PERIGOSOS

b) Resíduos classe II – NÃO PERIGOSOS

c) Resíduos classe II A – NÃO INERTES

d) Resíduos classe II B - INERTES

Os resíduos classe I considerados perigosos apresentam alta periculosidade, ao


seja que apresentem riscos à saúde pública, provocando mortalidade, incidência
de doenças ou acentuando seus índices ou apresentando riscos ao meio ambiente,
quando os resíduos forem gerenciados de forma inadequada. Podendo ser
inflamável, corrosivo, toxico, patogênico ou reativo.

São exemplos de resíduos classe I: cianeto, cromo, chumbo, cianeto, tolueno,


pesticidas empregados no setor agrário e pecuário ou em processos industriais,
benzeno, amianto, entre outros.

Classe II – não perigosos dividem-se em:

Classe II A- não inertes, podem ter características tais como biodegradabilidade,


combustibilidade ou solubilidade em água. Não se enquadram como resíduos
perigosos ou inertes.

25
Resíduos Sólidos Urbanos

Classe II B – inertes, segundo a NBR 1004, quando submetidos a um contato dinâmi-


co e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, quando
não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores
aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza
e sabor.

(Classe 1- contaminantes e tóxicos);

Não-inertes (Classe 2A - possivelmente contaminantes);

Inertes (Classe 3A – não contaminantes).

Classificação de resíduos segundo Resolução


CONAMA 358/2005

A Resolução n. 358, de 29 de abril de 2005, dispõe sobre o tratamento e a disposição


final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

De acordo com esta resolução os resíduos sólidos dos serviços de saúde são classi-
ficados em:

GRUPO A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio am-
biente devido a presença de agentes biológicos.

Enquadram-se neste grupo, dentre outros: sangue e hemoderivados; animais usa-


dos em experimentação, bem como os materiais que tenham entrado em contato
com os mesmos; excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; teci-
dos, órgãos, fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área contami-
nada; resíduos advindos de área de isolamento; restos alimentares de unidade de

26
Resíduos Sólidos Urbanos

isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de


atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de en-
fermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte, objeto desta Resolução.
Neste grupo incluem-se, dentre outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes
de causar punctura ou corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes,
vidros quebrados, etc., provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços
de saúde.

GRUPO B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio am-
biente devido às suas características químicas.

Enquadram-se neste grupo, dentre outros:

a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados;

b) resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou


não-utilizados); e,

c) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10004


da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

Grupo C- rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os materiais radioativos


ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clí-
nicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo Resolução CNEN 6.05.

Grupo D- resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos
descritos anteriormente.

27
Resíduos Sólidos Urbanos

Classificação segundo Resolução CONAMA


N.5, de 5 de agosto de 1993.

A Resolução CONAMA nº 5, de 5 de agosto de 1993, dispõe sobre o gerencia-


mento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviá-
rios e rodoviários. A classificação dos resíduos sólidos oriundos de serviços de
saúde, que fazia parte desta resolução foi revogada pela Resolução n.358/05,
apresentada anteriormente.

28
Resíduos Sólidos Urbanos

Classificação de resíduos da construção civil.

A Resolução CONAMA Nº 307, DE 5 DE JULHO DE 2002, estabelece diretrizes,


critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Re-
solução, da seguinte forma:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais


como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras


obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componen-


tes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa
e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em con-


creto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:


plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnolo-
gias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/
recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais


como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demoli-
ções, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros

29
Resíduos Sólidos Urbanos

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco

30
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios da Unidade 1

1- Sobre a ABNT 10004/2004 sobre classificação de resíduos podemos afirmar que:

a) Resíduos classe I são perigosos.

b) Resíduos classe II são classificados como não perigosos.

c) Os resíduos classe II dividem-se em não inertes e inertes.

d) Os resíduos não inertes podem ter propriedades tais como


biodegradabilidade e combustibilidade.

e) Todas as respostas estão corretas

2- A opção incorreta sobre resíduos sólidos e sua classificação NBR 1004/2004 é:

a) Lixo doméstico é classificado como classe II, não inerte.

b) Resíduos classe II são não perigosos.

c) Os resíduos industriais podem ser classe I, II inertes ou não inertes.

d) Todos os resíduos provenientes de serviços de saúde são classe I.

e) A NBR 1004/2004 tem como exemplos de resíduos classe I: cianeto, cromo,


chumbo, cianeto, tolueno e pesticidas entre outros.

31
Resíduos Sólidos Urbanos

3- Sobre a fabricação e descarte de pilhas e baterias só não é correto afirmar que:

a) Baterias são potencialmente perigosas e podem afetar a saúde.

b) Pilhas comuns e alcalinas podem ser jogadas no lixo comum.

c) Os fabricantes nacionais e os importadores legalizados já comercializam


pilhas que atendem as determinações da resolução CONAMA 257.

d) O fato de existir uma legislação que orienta em relação ao limite máximo


de metais pesados na constituição de pilhas e baterias é garantia que todos
os produtos comercializados não afetem a saúde e o meio ambiente.

e) Devem ser encaminhas para os fabricantes pilhas e baterias de níquel-


cádmio utilizadas em alguns celulares, telefones sem fio e aparelhos com
sistemas recarregáveis.

4- Assinale a alternativa correta:

a) Planos de gerenciamento de resíduos sólidos não precisam considerar


possibilidades de reciclagem.

b) Os resíduos sólidos podem ser transportados em qualquer tipo de veículo.

c) A escolha por um sistema de tratamento e disposição final de resíduos é


livre ao poluidor, ou seja, a quem gera os resíduos.

d) Todos os portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários,


necessitam de um responsável técnico que responda pelo gerenciamento
de resíduos sólidos.

e) Todos os resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e


ferroviários,apresentam classificação de resíduos comuns, não oferecendo
quaisquer riscos de contaminação humana e ambiental.

32
Resíduos Sólidos Urbanos

5- Correlacione as colunas de acordo com a RE. CONAMA N.358/2005:

GRUPO A ( ) origem química

GRUPO B ( ) resíduos radioativos

GRUPO C ( ) resíduos comuns

GRUPO D ( ) resíduos biológicos

6- A RE CONAMA 358/2005 dispõe sobre o ________________________ e a


____________________________ dos resíduos dos ________________________.

7- De acordo com a RE n. 307/2002, os resíduos de construção civil:

a) Solos de terraplanagem são classificados como recicláveis e podem ser


reutilizados nas obras como agregados.

b) Os resíduos classificados como B não podem ser recicláveis como


agregados para a construção civil.

c) A classe D refere-se a porção dos resíduos de construção civil que são


classificados como perigosos.

d) Tintas e solventes são exemplos de resíduos classe C.

e) Metais e vidros são exemplos de resíduos classe A.

33
Resíduos Sólidos Urbanos

8- Resíduos radioativos são provenientes de atividades ___________e ___________.


A ______________________________, representada pela sigla _______________ é
o órgão que estabelece normas para o gerenciamento desses tipos de resíduos.

9- Resíduos de agricultura possuem características _______________________e


__________________. Uma das preocupações com este tipo de resíduos diz respeito
ao __________________inadequado e a _________________de recipientes que não
pode realizada em hipótese alguma, para garantia da integridade da saúde humana,
animal e da preservação ambiental.

10 – Sobre os resíduos hospitalares assinale a opção incorreta:

a) Os resíduos hospitalares possuem diferentes características podem ser


produzidos em setores distintos.

b) Todos os resíduos produzidos em ambientes hospitalares são patogênicos.

c) Dependendo das características os resíduos hospitalares podem ser


incinerados, dispostos em aterros sanitários ou industriais para a garantia da
preservação ambiental e da saúde publica.

d) Os serviços de saúde devem estabelecer um PGRSS, cujo regulamento


técnico está previsto na RDC ANVISA N. 306/2004.

e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

34
2 Tratamento, destinação final e
alternativas de reciclagem para
os resíduos sólidos urbanos

Principais tratamento e destinos para resíduos sólidos urbanos.

Política dos 5 R’s

Características dos materiais recicláveis

Tecnologias para reciclagem dos resíduos sólidos urbanos


Resíduos Sólidos Urbanos

Caro aluno,

Objetivos da Unidade:
• Apresentar as alternativas de tratamento disponíveis para resíduos sólidos;

• Abordar as principais formas de destinação final dos resíduos sólidos urbanos;

• Caracterizar os diferentes processos de reciclagem para os resíduos sólidos


urbanos.

Plano da Unidade:
• Principais tratamento e destinos para resíduos sólidos urbanos.

• Política dos 5 R’s

• Características dos materiais recicláveis

• Tecnologias para reciclagem dos resíduos sólidos urbanos

Bem-vindo à segunda Unidade de Estudo.

36
Resíduos Sólidos Urbanos

Principais tratamento e destinos para


resíduos sólidos urbanos.

Existem várias formas de destinação final para resíduos sólidos, que têm por finalida-
de a disposição desses materiais em locais adequados, garantindo assim a proteção
da saúde pública e a qualidade do meio ambiente.

Independente do método de destinação escolhido, a administração pública deve


encaminhar os resíduos para locais afastados das áreas industriais e agrícolas e dos
reservatórios naturais de água (rios, lagos, fontes). Esses locais também não devem
ficar muito afastados da cidade, para não encarecer os custos operacionais dos siste-
mas de tratamento de resíduos. Os principais destinos para os resíduos são: Aterros
Sanitários - Classe I, II e III, Incineração, Aterros Controlados, Compostagem e Usinas
de Reciclagem.

Aterros sanitários: os aterros sanitários são classificados em Classe I, II e III conforme


a periculosidade dos resíduos a serem dispostos. Os aterros sanitários Classe I po-
dem receber resíduos industriais perigosos; os de Classe II podem receber resíduos
industriais perigosos (não inertes); e os de Classe III, somente resíduos inertes.

Os aterros sanitários são espaços planejados, que passam por estudos de impacto
ambiental prévio e dependem de licenciamento ambiental. Nestes locais, o solo é
preparado e impermeabilizado, o que impede a contaminação do solo.

O chorume, líquido proveniente da decomposição da matéria orgânica pode se


combinar por ser úmido à parte inorgânica do resíduo sólido, este líquido deve ser
drenado e encaminhado para estação de tratamento de esgoto. Os gases, liberados
pela decomposição dos resíduos orgânicos devem ser drenados, evitando combus-
tão espontânea e possíveis acidentes, além de contaminação ambiental. Nos aterros
sanitários os resíduos sólidos orgânicos sofrem decomposição anaeróbica, sem con-
sumo de oxigênio, gerando o biogás, que substitui os derivados combustíveis de

37
Resíduos Sólidos Urbanos

petróleo, como o gás de cozinha, gasolina e diesel, e pode ser utilizado na produção
de calor e energia das indústrias.

Fonte: http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/imagens/residuos/aterro.gif

Biodigestores anaeróbios

Os biodigestores anaeróbios constituem sistemas fechados (tanques) onde a maté-


ria orgânica contida nos esgotos é digerida por bactérias anaeróbias (em ausência
de oxigênio) originando o biogás que pode ser transformado em energia. Além de
servir para transformar matéria orgânica em energia, os biodigestores exercem um
papel fundamental no tratamento das águas provenientes da pecuária (criação de
gado, porcos, galinhas), onde existe uma grande carga de excrementos.

Os biodigestores servem para digerir lixo urbano e doméstico, dejetos da agricultu-


ra, além de lodos das estações de tratamento de esgotos. Neste último caso serve
para auxiliar no tratamento das águas. O lodo proveniente deste processo pode ser
utilizado como bio-fertilizante.

38
Resíduos Sólidos Urbanos

Os gases liberados pela atividade anaeróbia das bactérias são basicamente metano
e carbônico. O gás metano tem formação comum em pântanos, lamas escuras e lo-
cais onde a celulose sofre decomposição como manguezais. A figura abaixo mostra
um modelo simples de biodigestor.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Usinabiogas.JPG

O gás, uma vez canalizado, pode ser utilizado para a geração de energia elétrica,
térmica ou mecânica de propriedades rurais, contribuindo para a redução dos custos
para o produtor. Conforme pode ser observado no esquema abaixo.

Fonte: http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/images/stories/teste1.jpg

39
Resíduos Sólidos Urbanos

Os biodigestores anaeróbios também são empregados nos aterros sanitários, uma vez
captado o gás metano e, este pode ser queimado e transformado em eletricidade.

A utilização de biogás deve ser estimulada, uma vez que o gás está naturalmente
presente nos aterros e quando liberado para a atmosfera, tem importante contribui-
ção para o efeito estufa. A queima incompleta do gás metano produz monóxido de
carbono que é tóxico.

Seu correto emprego, no entanto, contribui não somente para a redução da inten-
sificação do efeito estufa, podendo inclusive substituir a utilização do gás derivado
do petróleo, o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), reduzir os impactos ambientais e
tornar a energia mais barata, reduzindo a poluição atmosférica (odores e substâncias
tóxicas) e ampliar a geração de empregos.

A utilização de biogás também apresenta desvantagens, visto que, a quantidade de


energia não é constante e é dependente da produção, além de apresentar um perío-
do considerável para recuperação de investimentos com instalações.

Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da coleta seletiva, espera-se


reduzir não somente a quantidade de aterros a céu aberto, mas também do metano.

A triagem dos resíduos tem como objetivo a redução da disposição final dos resí-
duos em aterros e a própria redução da construção de novos aterros; o que aponta
que pelo menos a recuperação de biogás nos aterros terão um tempo limitado de
produção. O que não significa que não possa continuar sendo empregado nos de-
mais casos comentados.

Incineração: Outro método de destinação dos resíduos é a incineração. A incinera-


ção é o processo da queima de resíduos em altas temperaturas (até 12000 C), para
que eles sejam reduzidos a cinzas, que devem ser dispostas em aterros apropriados.
O volume de resíduos incinerado corresponde a aproximadamente 10% do volume

40
Resíduos Sólidos Urbanos

inicial. Esse método, proibido em alguns estados brasileiros, é o mais utilizado no


Japão devido à falta de espaço.

A incineração deve ser acompanhada de lavagem de gases para que a atmosfera


não seja contaminada por gases tóxicos. Durante a incineração são originadas
dioxinas e furanos, compostos químicos cancerígenos e extremamente impac-
tantes ao meio ambiente. Um processo eficiente de lavagem de gases permite
que estes gases sejam resfriados por condensação e precipitados, dando origem
a um esgoto químico que deve ser tratado, dando origem a lodo químico que
deve ser armazenado em aterros industriais.

O processo é caro, mas reduz o volume dos resíduos, ainda assim não deve ser visto
como alternativa para solucionar o problema dos resíduos, uma vez que a sociedade
deve reduzir o padrão de consumo. A figura abaixo representa um esquema de inci-
neração com tratamento de gases.

Fonte: http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/images/stories/teste1.jpg

41
Resíduos Sólidos Urbanos

Aterros controlados: neles, os resíduos sólidos são jogados em buracos que


são diariamente cobertos por uma camada de terra. Esse procedimento, no
entanto, continua causando problemas e poluindo o meio ambiente, porque
muitas vezes os resíduos aterrados contaminam os lençóis d’água, caso estes
estejam a menos de 15 metros de profundidade, podendo contaminar também
as residências próximas.

Para a sua construção, deve-se escolher criteriosamente as áreas destinadas, levan-


do em consideração a geografia local, a distância em relação à cidade, o impacto
ambiental de sua construção, entre outros aspectos.

A técnica consiste na impermeabilização do solo da área escolhida, para não


contaminar o lençol freático, seguida de um sistema de drenagem. Só então
os resíduos são colocados numa escavação onde é espalhado, compactado
e coberto diariamente com uma camada de terra. Uma camada de resíduos
compactado de 1m de espessura requer, aproximadamente, 30cm de terra de
cobertura, que deve ser colocada ao final de cada dia. Sobre essa camada de
terra pode ser depositada uma nova camada de resíduos e, em seguida, faz-se
nova cobertura de terra, e assim sucessivamente.

Nos aterros controlados, ao contrário do que ocorre nos aterros industriais, não
ocorre tratamento de gases. A parte do tratamento relativo ao chorume sofre
apenas biodegradação.

Compostagem: outro método de destinação é a compostagem, processo de


tratamento dos resíduos orgânicos (restos de alimentos), também chamado de
resíduo úmido, transformado em matéria-prima para a produção de adubo orgâ-
nico. O produto resultante é utilizado na agricultura, servindo também na pro-
dução de tijolos e insumo para a composição de concreto, além de ser capaz de
fornecer gás para gerar calor e energia elétrica.

42
Resíduos Sólidos Urbanos

Entre as vantagens da compostagem podemos destacar: estímulo ao desenvol-


vimento das raízes das plantas, que se tornam mais capazes de absorver água e
nutrientes do solo, aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a
erosão, manutenção da temperatura e níveis estáveis de acidez do solo (pH), di-
ficulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras (daninhas) e
ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de micro-organismos benéficos às
culturas agrícolas. A compostagem também é empregada como técnica de biorre-
mediação de solos contaminados segundo a Agência de Proteção Ambiental Ame-
ricana (1997). A figura abaixo mostra o preparo de composto orgânico.

FONTE: http://flores.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/1-224/o-que-
e-compostagem-1.jpg

43
Resíduos Sólidos Urbanos

Depósitos a céu aberto


Os aterros clandestinos são também conhecidos como lixões e são caracterizados
por locais inadequados, geralmente terrenos baldios, onde o lixo é depositado sem
cobertura, a céu aberto. O que causa contaminação dos solos, águas e ar, provoca no
meio ambiente, uma série de consequências negativas, já que o resíduo não recebe
nenhum tratamento posterior. Conforme podemos observar na figura abaixo.

Fonte: http://iguatu.net/novo/wordpress/wp-content/uploads/2012/05/lix%C3%B5es-a-
c%C3%A9u-aberto.jpg

Os depósitos não constituem solução sanitária para o destino de resíduos sólidos,


porém é largamente empregado em todo o Brasil devido seu baixo custo.

A crescente preocupação como os problemas de poluição dos ecossistemas, asso-


ciado à escassez de recursos naturais tem levado o homem a pensar mais seriamen-
te em reciclagem dos resíduos sólidos. Atualmente é muito contestado o uso de
fertilizantes artificiais na agricultura e por este motivo a compostagem vem sendo
utilizada como maior frequência. Embora esse recurso não represente o fim da pro-
blemática da poluição do solo e disseminação de vetores de diversas doenças, pode

44
Resíduos Sólidos Urbanos

contribuir significativamente como um elemento redutor dos danos causados pela


disposição desordenada dos resíduos no meio urbano, além de propiciar a recupe-
ração de solos esgotados em nutrientes graças à utilização dos mesmos para mono-
culturas ou pela ação de fertilizantes químicos aplicados indevidamente.

Infelizmente, a maioria das cidades brasileiras não adota soluções para o destino
final dos resíduos, sendo comum a disposição dos resíduos a céu aberto, com mui-
tos inconvenientes: desfiguração da paisagem, mau cheiro, desvalorização de áreas,
proliferação de insetos e roedores transmissores de doenças, catação não adequada,
poluição do solo, da água e do ar (resultante da queima dos resíduos sólidos). Os
principais destinos de resíduos são apresentados nas figuras seguintes:

Fonte:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000105.pdf

Alternativas para a reciclagem

Grande parte do que chamamos de resíduos é composto de materiais que podem


ser reutilizados ou reciclados. É preciso rever os valores, que estão norteando o nos-
so modelo de desenvolvimento e, antes de se falar em resíduos, é preciso reciclar
nosso modo de viver, produzir, consumir e descartar.

Como formas de redução do volume de resíduos produzido podem ser citadas:


a criação de usinas de resíduos, a manutenção da coleta seletiva de resíduos, a
criação de condições para retirar a população das mediações próximas aos ater-

45
Resíduos Sólidos Urbanos

ros, o reaproveitamento dos resíduos, a reciclagem e a orientação da população


por meio de educação ambiental.

Qualquer iniciativa neste sentido deve absorver, praticar e divulgar os conceitos


complementares de REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO, RECICLAGEM e RECUPERAÇÃO.

A articulação desses conceitos na área ambiental, visando a redução da problemáti-


ca causada pelo excesso de resíduos produzidos pelo homem foi originada na Con-
ferência das Nações Unidas de 1992 (Conferência da Terra, a ECO-92). Inicialmente a
proposta baseava-se na inserção da política dos 3R’s, que representava um conjunto
de ações sugeridas durante a Conferência da Terra, realizada no Rio de Janeiro em
1992, e o 5° Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento, realizado em
1993. A proposta baseava-se na redução, reciclagem e reutilização de materiais.

Passados alguns anos foi inserida a esta filosofia de gerenciamento de resíduos um


“R” a mais, o Recuperar, passando a ser conhecida como Política dos “Quatro Rs” vi-
sando a redução da utilização de fontes naturais.

Vejamos a seguir o que compreende cada uma desses R’s:

Reduzir - Podemos reduzir significativamente a quantidade de resíduos quando se


consome menos e de maneira mais eficiente, sempre racionalizando o uso de mate-
riais e de produtos no nosso dia a dia. É possível editar e revisar documentos na tela
do computador, antes de recorrer às copias impressas; obter fotocópias em frente e
verso; publicar informativos mensais ou semanais ao invés de produzir diversos me-
morandos; usar quadro de avisos para leituras coletivas, em substituição as circula-
res; usar mais eficientemente os materiais do nosso cotidiano, como pilhas, celulares
e até mesmo passando a utilizar materiais que possam ser reutilizados.

Reutilizar - O desperdício é uma forma irracional de utilizar os recursos; diversos


produtos podem ser reutilizados antes de serem descartados, podem ser usados na
sua função original ou criando novas formas de utilização. Muitos trabalhos envol-

46
Resíduos Sólidos Urbanos

vendo a reutilização estão sendo desenvolvidos com garrafas PET. Outros exemplos
de reutilização: podemos utilizar os dois lados de um papel, confeccionar blocos
para rascunhos com papel escrito ou impresso em apenas um dos lados; reutilizar
envelopes e clipes; reutilizar latas, sacos e embalagens plásticas para vasilhame e até
mesmo, brinquedos; triturar restos de materiais e entulhos de construções simples.

Reciclar - É o termo usado quando é refeito, por indústrias especializadas, o produto


de origem industrial, artesanal e agrícola, que foi usado e descartado ao fim de seu
ciclo de produção e utilização. Os materiais recicláveis encontrados nos resíduos são
o papel, o plástico, os metais e o vidro (também chamados de resíduos seco). A reci-
clagem vem sendo mais usada a partir de 1970, quando se acentuou a preocupação
ambiental, em função do racionamento de matérias-primas. É importante que as
empresas se convençam não ser mais possível desperdiçar e acumular de forma po-
luente materiais potencialmente recicláveis.

Recuperar - Através de tecnologias alternativas é possível recuperar o conteúdo


energético dos materiais caso não possam ser reutilizados ou reciclados. Principal-
mente se os resíduos descartados forem nocivos ao meio ambiente.

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Resíduos Sólidos Urbanos

O conceito da política dos 5 R’s

O amadurecimento da questão ambiental e do problema dos resíduos atualmente


expandiu para cinco, as filosofias para o gerenciamento de resíduos que se baseiam
em consumo consciente envolvendo os seguintes aspectos: repensar, reduzir, recu-
sar, reciclar e reaproveitar.

O amadurecimento da questão ambiental e do problema dos resíduos atualmente


expandiu para cinco, as filosofias para o gerenciamento de resíduos que se baseiam
em consumo consciente envolvendo os seguintes aspectos: repensar, reduzir, recu-
sar, reciclar e reaproveitar.

A necessidade de repensar sobre o que e quanto comprar faz parte do contexto des-
ta política, uma vez que o modelo capitalista estimula o consumismo, e que muitas
vezes compram-se produtos supérfluos e de baixa qualidade, que em muito pouco
tempo passam a ser classificados como resíduos.

A obsolescência programada, diz respeito à produção de bens de consumo, cuja


vida útil é programada para ser o mais curta possível, o que estimula o consumismo
e contribui para um maior descarte de resíduos pela sociedade. Além disso, mudan-
ças discretas no design de produtos e fortes investimentos na área de propaganda e
marketing, trabalham com aspectos psicológicos que induzem o desejo de compra
e de substituição de produtos.

A atitude de recusar a compra desnecessária de produtos contribui para a preserva-


ção dos recursos naturais e para a redução dos danos ambientais.

A redução do consumo é importante, uma vez que contribui para a redução da gera-
ção de resíduos e a preservação de recursos ambientais.

48
Resíduos Sólidos Urbanos

A reciclagem é realizada com materiais que depois de utilizados podem ser empre-
gados como matéria prima para a fabricação de novos produtos iguais aos originais
ou mantendo a mesma matéria prima como base.

O reaproveitamento aumenta a vida útil dos produtos cooperando para a redução


da geração dos resíduos sólidos.

Tecnologias de Reciclagem

Atualmente, a reciclagem é uma das formas de destinação mais adequada do ponto


de vista ambiental. Uma das suas vantagens é a diminuição drástica do volume de
resíduos acumulado nos aterros, pois cerca de 60% dos resíduos são recicláveis. Ou-
tra vantagem é a redução do ritmo da exploração dos recursos naturais, uma vez que
utiliza os resíduos como matéria-prima na confecção de produtos.

Para que a reciclagem dos resíduos ocorra são necessárias duas pequenas ações: a
separação dos resíduos e sua coleta seletiva.

- Separação dos resíduos: separar os resíduos significa classificar os materiais reci-


cláveis e os que não são recicláveis, e depende da contribuição individual de todos,
podendo ser feita em casa, nas escolas, nas empresas etc.

- Coleta seletiva: a coleta seletiva é um processo educacional e social que se


baseia no recolhimento de materiais potencialmente recicláveis previamente se-
parados na origem.

Para que haja uma otimização de reciclagem, é necessário trabalhar a sua implan-
tação. Um programa de coleta seletiva não é uma atividade lucrativa do ponto de
vista de retorno financeiro imediato. No entanto, é fundamental considerar os ga-
nhos ambientais e sociais, que são bastante expressivos. A coleta seletiva é parte

49
Resíduos Sólidos Urbanos

integrante e fundamental de um projeto de reciclagem e, quando bem gerenciados,


contribuirá decisivamente para aumentar a eficácia da reciclagem.

Não há uma fórmula universal. Cada lugar tem uma realidade e precisamos inicial-
mente de um diagnóstico local. Coletar seletivamente significa direcionar os ma-
teriais recicláveis para uma coleta específica, que encaminhará esses resíduos às
indústrias de reciclagem. Os sistemas mais empregados são a coleta por entrega
voluntária, coleta seletiva a domicílio e coleta espontânea.

No sistema de coleta por entrega voluntária, os resíduos são separados e levados até
um local pré-estabelecido, onde as pessoas o depositam em contêineres. Na coleta
seletiva a domicílio, um caminhão recolhe os resíduos separados, de porta em porta,
em dias e horários estabelecidos. O sistema de coleta espontânea consiste na coleta
dos resíduos feita por sucateiros.

Entende-se como coleta seletiva o recolhimento segregado de matérias recicláveis. O


conceito de coleta seletiva deve ser disseminado pela sociedade, uma vez que gera
inúmeras vantagens ambientais, além de contribuir para o aquecimento da economia.

Ao serem gerados resíduos de natureza domiciliar, comercial e industrial, existe


sempre a fração reciclável dos resíduos sólidos. Quando não ocorre a separação e
acondicionamento devidos na fonte geradora, muitas vezes as chances de recicla-
gem são reduzidas. Através dessa triagem ocorre a separação da fração reciclável
dos resíduos daquela que deve ser destinada a compostagem e, ainda da que será
destinada a aterros.

Os conceitos de coleta seletiva e os seus benefícios devem ser trabalhados por meio
de educação ambiental, sensibilizando a população dos problemas gerados pelo
acumulo de lixo no meio ambiente.

50
Resíduos Sólidos Urbanos

Na atualidade vem sendo discutida a relevante contribuição da coleta seletiva em


relação à redução dos impactos ambientais. Ela polpa recursos naturais e consumo
de energia gastos na fabricação de novos produtos.

A coleta seletiva também possui um papel social, uma vez que aquece a geração de
emprego e renda, contribuindo para a inclusão social. Ela também amplia o mercado
de compra e venda de recicláveis, além de criar oportunidades de fortalecimento de
organizações comunitárias.

Para os cofres públicos a coleta seletiva representa redução de gastos com a limpeza
urbana e saúde pública com atendimentos e tratamento de enfermidades ligadas à
ausência de saneamento básico e todas as consequências do acúmulo de resíduos
com espécies vetores de enfermidades, redução de problemas comuns associados a
enchentes e contribuição para a erradicação dos aterros clandestinos.

A Coleta Seletiva Solidária foi instituída pelo Decreto Presidencial n. 5.940, de 25 de


outubro de 2006, contribuindo para o acesso do segmento dos catadores de mate-
riais recicláveis à cidadania, à oportunidade de renda e à inclusão social, ganhando
força com a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10).

Cada município e estado brasileiro tem contribuído com a elaboração de programas


de coleta solidária, buscando parcerias com a iniciativa privada e o cadastramento
de cooperativas de recicláveis. São realizados levantamentos de cooperativas de re-
cicláveis, de estabelecimentos que potencialmente podem contribuir com a doação
de material reciclável fazendo uma ponte, e divulgando através de palestras e trei-
namentos junto a escolas sobre a relevância do papel cidadão para a coleta seletiva
e a sustentabilidade ambiental.

Essas atitudes, que vêm sendo propagadas em todas as regiões do país, contribuem
para a educação ambiental e mudanças no perfil comportamental da sociedade em
relação ao meio ambiente.

51
Resíduos Sólidos Urbanos

Cada material segregado tem um valor distinto. A tabela a seguir mostra o valor em
real relativo a uma tonelada.

http://sucatas.com/portal/pages/internas/Tabela-Nacional-de-Precos-0

A triagem compreende um sistema de tratamento que envolve um processo de


natureza física através da separação dos materiais segundo suas características
para reciclagem.

O que pode ser reciclado

Metais como o alumínio e aço, vidros, plásticos e papéis são os materiais mais
utilizados para a reciclagem. Veremos adiante algumas técnicas empregadas
para a reciclagem de materiais considerados inúteis, que têm contribuído para
a redução da utilização de recursos naturais, diminuição da geração da poluição
do ar, dos solos e das águas, contribuindo para a redução do consumo de ener-
gia e do volume de aterros sanitários.

52
Resíduos Sólidos Urbanos

Entretanto nem todas as atividades de reciclagem podem ter um balanço satisfató-


rio. Este balanço depende de inúmeros fatores, desde especificidades tecnológicas,
distâncias de transporte a custos operacionais.

Benefícios da reciclagem

Do ponto de vista ambiental a reciclagem é muito importante, pois propicia a con-


servação dos recursos naturais e diminui os impactos de poluentes no ar, no solo e
nas águas. Além desses benefícios, a reciclagem pode ser atualmente considerada
como fonte de economia.

Resíduos industriais – reciclagem

Devido à intensa industrialização e consumo nos grandes centros urbanos, os resí-


duos tornaram-se graves problemas urbanos com um tratamento bastante oneroso
e complexo para as indústrias.

Embora a redução na geração de resíduo seja sempre uma ação necessária, ela é li-
mitada, já que impurezas existem nas matérias primas, envolvendo custos e estágios
diferenciados de desenvolvimento tecnológico (ÂNGULO, et al, 2001).

Dentre os inúmeros benefícios que a reciclagem na construção civil pode trazer po-
demos citar: a redução no consumo de recursos naturais não renováveis, quando
substituídos por resíduos reciclados (PINTO, 1999); a Redução das áreas necessárias
para aterro, pela minimização de volume de resíduos pela reciclagem. Destacando-
-se a necessidade da própria reciclagem dos resíduos de construção e demolição,
que representam mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos (PINTO, 1999);
a Redução do consumo de energia durante o processo de produção. Destacando-se
a indústria do cimento, que usa resíduos de bom poder calorífico para a obtenção de
sua matéria-prima (co-incineração) ou utilizando a escória de alto forno, resíduo com

53
Resíduos Sólidos Urbanos

composição semelhante ao cimento (ÂNGULO, et al, 2001). A Redução da poluição,


por exemplo, para a indústria de cimento, que reduz a emissão de gás carbônico
utilizando escória de alto forno em substituição ao cimento convencional (ÂN-
GULO, et al, 2001).

Atualmente a indústria cimenteira (ligada ao ramo de construção civil) utiliza o co-


processamento como forma de reciclagem. O coprocessamento é a operação de re-
aproveitamento e destinação final, em uma única operação de queima de resíduos
industriais com características físico-químicas compatíveis ao processo de produção
de clínquer, em fornos rotativos da indústria cimenteira.

Enquanto um eficiente, seguro e econômico processo de tratamento e reciclagem


de resíduos está ocorrendo, através da utilização destes como combustíveis alterna-
tivos, substitutos de matéria-prima ou a simples destruição térmica dos mesmos, um
produto econômico importante está sendo produzido, o cimento.

Tal prática é plenamente compatível com a atual política mundial de preservação de


recursos naturais e energéticos.

Estima-se que a indústria cimenteira economizou entre 1976 e 1995 cerca de 750 mil
toneladas de óleo combustível queimando resíduos, como casca de arroz, serragem
e pedaços de babaçu, entre outros (ÂNGULO, et al, 2001).

Outros exemplos de resíduos de construção civil que estão sendo reciclados são as
argamassas onde se aproveita inclusive a atividade pozolânica conferida por algu-
mas cerâmicas, concretos e argamassas, e pavimentos asfálticos.

“O setor siderúrgico também contribui com a reciclagem. Grande parte do aço desti-
nado a reforço de concreto armado é proveniente de arco elétrico, que utiliza como
matéria prima quase que exclusivamente sucata” (ÂNGULO, et al, 2001).

Outros exemplos de materiais que devem ser reciclados são as pilhas e baterias que
devido à presença dos metais pesados como mercúrio, cádmio, chumbo, lítio, ní-

54
Resíduos Sólidos Urbanos

quel, zinco, cobalto e compostos como o bióxido de manganês, devem receber


destinos especiais.

Os metais pesados levam um prolongado tempo para se degradarem na na-


tureza. Tais materiais quando expostos à ação de sol e chuvas, são oxidados e
contaminam o solo e espécimes vegetais e animais atingindo a espécie huma-
na por sucessão de cadeia trófica.

A Reciclagem de Pneus

A utilização de pneus é crescente e inevitável com o desenvolvimento da produ-


ção e do consumo de carros. Segundo estimativas da ANIP (Associação Nacional da
Indústria de Pneumáticos), a cada ano, dezenas de milhões de novos pneus são
fabricados somente no Brasil.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente cada pneu leva em média 600 anos para al-
cançar a decomposição natural. Em 2001, havia cerca e 100 milhões de pneus aban-
donados irregularmente no território nacional.

A principal matéria prima que constitui o pneu é a borracha vulcanizada que não se de-
grada facilmente. O grande problema dos pneus é o seu descarte e acúmulo na natureza.

Formas inadequadas de descarte e eliminação dos pneus contaminam o ambiente


com o carbono, enxofre e toxinas como PAHs e dioxinas, entre outros poluentes, que
são eliminados na queima a céu aberto.

Outro problema ambiental provocado pela presença de grandes quantidades de


pneus nos ecossistemas consiste no fato desses pneus servirem de criadouro para
mosquitos que são vetores de enfermidades como a malária e a dengue.

A legislação ambiental brasileira, no que se refere aos materiais pneumáticos usa-


dos, aprovada pela RES CONAMA No 258, DE 26 DE AGOSTO DE 1999, exige dos

55
Resíduos Sólidos Urbanos

fabricantes e importadores de pneus a coleta e destinação ambiental adequada. A


RES CONAMA 416, DE 30 DE SETEMBRO DE 2009, dispõe sobre a prevenção à de-
gradação ambiental provocada por pneus inservíveis e sua destinação adequada,
estabelecendo que os fabricantes e importadores de pneus novos, com peso unitá-
rio superior a 2,0 kg, ficam obrigados a coletar e destinar adequadamente os pneus
inservíveis existentes no território nacional. Já a RES CONAMA N.452/2012, proíbe a
importação de pneumáticos usados, sob qualquer forma e para qualquer fim.

A forma mais correta de deter o avanço desse material se faz através da reciclagem.
A reciclagem da borracha é dificultada pelo fato da composição da borracha vulca-
nizada ter alta resistência química e física, o que torna o processo pouco atraente
economicamente para a indústria. Os pneus já vêm sendo utilizados como recheio
para asfalto em alguns países.

A vulcanização é o processo em que a borracha é aquecida na presença de


enxofre e agentes aceleradores e ativadores. A vulcanização consiste na forma-
ção de ligações cruzadas nas moléculas do polímero individual, responsáveis
pelo desenvolvimento de uma estrutura tridimensional rígida com resistência
proporcional à quantidade destas ligações.

A vulcanização também pode ser feita a frio, tratando-se a borracha com dissulfeto de
carbono (CS2) e cloreto de enxofre (SCl2). Quando a vulcanização é feita com quantidade
maior de enxofre, obtém-se um plástico denominado ebonite ou vulcanite (SARDELLA
E MATEUS, 1981). Geralmente os pneus descartados são utilizados na fabricação de ta-
petes e solados de sapatos, na defesa para atracação de barcos, em artesanato e borra-
cha, como recifes artificiais no mar para aumento da produção pesqueira, são triturados
na confecção de novos pneus, misturados com asfalto velho, além de poder-se utilizar
pneus triturados para misturar à composição de estradas de rodagem ou ainda criações
de corais artificiais. Pneus inteiros são reutilizados como muros de arrimo, produtos ar-
tesanais ou na drenagem de gases em aterros sanitários. Isso, porque os processos de
reciclagem usados no Brasil ainda não permitem aplicações de maior valor agregado.

56
Resíduos Sólidos Urbanos

A pirólise constitui outra técnica de reciclagem de borracha que consiste em retalhar


pneus e degradar termicamente o material em ausência de oxigênio. Os produtos
resultantes são líquidos (carvão que contém minerais e baixas impurezas, conhecido
como negro de fumo) e gasosos. O produto líquido pode ser convertido em carvão
ativado. A utilização do negro de fumo como combustível é dificultada devido à alta
concentração de hidrocarbonetos aromáticos presentes, porém se for realizada com
controle de poluentes, a técnica se torna um processo economicamente viável além
de ecologicamente correto.

Esses pneus também podem ser utilizados na construção civil quando são transfor-
mados em pó que poderá ser utilizado para uso em pisos, isolamentos acústicos ou
térmicos, entre outros. O importante é que as tecnologias utilizadas para reciclagem
e reaproveitamento destes pneus sejam limpas, ou seja, atendam às normas am-
bientais. A reciclagem do pneu na Europa já é bem aplicada, cerca de 40% dos pneus
descartados são utilizados pelas fábricas de cimento como combustível alternativo
no lugar do carvão, que garante economia aos donos das chamadas “cimenteiras”. Os
pneus são picados e queimados em fornos fechados, onde a borracha sofre combus-
tão total – ao contrário do que acontece na queima a céu aberto – e a fumaça tóxica
emitida, preta e de forte odor, é filtrada para não poluir o meio ambiente. Mas no
Brasil, essa prática ainda é uma novidade.

A reciclagem de pneus não é uma atividade positiva apenas para o meio ambiente
já que criando centros de coleta específica para pneus serão gerados muitos empre-
gos: de carregador de pneus a engenheiros e outros especialistas.

A intenção é fazer da reciclagem do pneu uma tecnologia tão difundida quanto à do


alumínio ou do papelão.

No Brasil segundo a CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) menos de


10% de borracha inutilizada é reciclada.

57
Resíduos Sólidos Urbanos

A reciclagem do vidro

O vidro constitui um material líquido de origem inorgânica que tem como matérias
primas básicas a sílica (SiO2), Barrilha (Na2CO3), Calcário (CaO) e Feldspato (K, Ca,
Na, etc.). Para se obter o vidro, os materiais são expostos à temperatura e 1500oC. O
processo de fusão é acompanhado de um rápido resfriamento.

O vidro tem um largo emprego na indústria, sendo utilizado para a confecção de em-
balagens (garrafas, potes), a indústria automobilística, a construção civil, em artefatos
decorativos, na fabricação de tampas de fogões, componentes de geladeiras, lavado-
ras, confecção de pratos, copos, materiais laboratoriais, lâmpadas, TVs entre outros. No
entanto, seu pós-uso pode representar sérios problemas ao meio ambiente, por trazer
risco de servir como criadouros para espécies vetores de doenças, representar risco de
acidentes por material cortante e devido seu elevado tempo de permanência no meio
ambiente, considerado por especialistas como indeterminado.

A reciclagem do vidro assim como a de outros materiais, reduz o volume de resí-


duos destinados aos aterros sanitários. Do ponto de vista ambiental, ainda devem
ser mencionadas a conservação dos recursos naturais, a economia de energia, a di-
minuição da poluição das águas, do ar e dos solos e a economia de água, quando
comparado com o uso de matéria-prima virgem.

Para reciclar o vidro ele passa antes pela triagem, os vidros são limpos e separados
por tipos e cores. Os vidros depois de limpos são triturados, servindo como uma das
matérias primas para a confecção de novos vidros. O vidro triturado é adicionado a
areia, calcário e carbonato de sódio, sendo submetido à fundição, em fornos com
temperaturas de até 15000C. No entanto, alguns vidros não são recicláveis. Nesta
lista estão os espelhos, vidros planos, tubos de televisão, cristais, vidros temperados,
ampolas de medicamentos, vidro de lâmpadas, louças, cerâmicas e porcelanas.

58
Resíduos Sólidos Urbanos

A Tabela a seguir mostra a economia da reciclagem para alguns materiais escolhidos.

Por ser quimicamente inerte, o vidro depositado junto com os resíduos não deveria
causar problemas ambientais. Entretanto, esta é justamente a causa deles: devido à
sua grande estabilidade química, o vidro leva centenas e até milhares de anos para
se decompor. Um dos principais produtos criados com vidro são vasilhas ocas, que
têm um volume desproporcionalmente grande em relação à sua massa. Disto de-
correm enormes volumes dispostos e incomodamente estáveis.

Entretanto, o vidro pode ser totalmente reciclado e aproveitado como matéria-


-prima para a refusão e fabricação de um novo produto ou então, para a fabrica-
ção de um produto menos nobre. Isto depende basicamente da pureza da sucata
de vidro a ser empregada.

O problema da qualidade refere-se principalmente à cor dos cacos: como a presen-


ça de impurezas em teores de ppm afeta substancialmente a cor ou a transparên-
cia do vidro, os problemas de contaminação de um lote de sucata, com cacos de
outra cor é extremamente sério. Na Alemanha pratica-se a coleta seletiva do vidro
descartado; os receptores de sucata de vidro são seletivos para vidro branco, verde
ou marrom e azul. Apesar deste cuidado, a coleta assim pré-selecionada precisa

59
Resíduos Sólidos Urbanos

ser enviada para usinas de beneficiamento. Nestas, através de equipamentos so-


fisticados de separação por cor, as partículas estranhas a cada lote são eliminadas.
Com isto conseguem-se níveis de reciclagem de 90 %.

No Brasil algumas indústrias vidreiras utilizam sucatas para a produção quase que
exclusivamente de vidro de embalagens (ABIVIDRO, 2004).

A reciclagem do vidro traz como economia de energia aquela quantidade necessária


para promover a vitrificação das matérias-primas: gasta-se apenas a parcela destinada
à fusão. 20 % de cacos na carga implicam numa economia de 5 % da energia. 100 % de
cacos levam a uma redução de 25 %. Do ponto de vista operacional, a adição de sucata
à carga permite reduzir a temperatura do forno, o que aumenta a vida útil dos refratários
do seu revestimento e aumenta a sua disponibilidade operacional. (CHAVES, 1996).

Devido a sua larga empregabilidade e os baixos custos operacionais para se obter o


vidro, o material é acumulado na natureza, podendo representar riscos de contami-
nação para a população além de servir como criadouros de pragas como mosquitos.

Com a reciclagem do vidro há uma redução do volume de resíduos, redução de


gasto de matérias-primas, preservação do meio ambiente além da geração de
novos empregos.

O destino mais correto para o vidro é a reciclagem já que o vidro é um material não
compostável, não combustível e inorgânico.

O vidro sendo material totalmente reciclável representa uma grande redução da


energia gasta.

Segundo a ABIVIDRO – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automobilísticas de


Vidros –, cada tonelada de caco limpo de vidro representa uma tonelada de vidro limpo.

Além de reciclável o vidro constitui um material reaproveitável. No caso dos cas-


cos de refrigerantes e cervejas e vinhos, as garrafas são retornáveis, o que repre-
senta economia de energia.

60
Resíduos Sólidos Urbanos

Segundo a ABIVIDRO (2004), no ano de 2002, no Brasil 44% das embalagens de vidro
foram recicladas, o que representa em números 390 mil toneladas por ano.

Os pneus de veículos, como exemplo, representam um bem de consumo cujo ge-


renciamento de resíduos é importante. Devido a sua composição possuir derivados
de petróleo, são muito inflamáveis e produzem quantidades imensas de poluentes
atmosféricos como monóxido de carbono, dioxinas e PAHs. Como forma de redução
da imensa quantidade de pneus descartados e considerados inúteis, várias formas
de reciclagem e reaproveitamento vêm sendo desenvolvidos.

Muitos são os resíduos produzidos por atividades humanas, entretanto a atividade


de reciclagem não é desenvolvida com qualquer tipo de material, dependendo do
custo operacional, do valor agregado a esse recurso e da rentabilidade do processo.
Materiais como alumínio, papel e plásticos são bastante reciclados. O vidro por ser
um material muito utilizado na indústria vem ganhando destaque na reciclagem.

Para se alcançar o desenvolvimento sustentável e o equilíbrio dos ecossistemas é ne-


cessário um envolvimento sinergético da sociedade civil organizada e da articulação
política identificando os problemas sociais, econômicos e ecológicos, inserindo um
senso de responsabilidade coletiva da população em relação à preservação do meio
ambiente (VIEIRA, et al, 1995).

É válido ressaltar que para todos os materiais sem possibilidade de tratamento, o


destino alternativo é a disposição final em aterros industriais e a incineração.

Para o meio ambiente a construção de aterros sanitários só acarreta em transferência


de resíduos de um compartimento para outro, uma vez que causa impactos irrever-
síveis ao meio ambiente, não sendo possível recuperar a área ao estado original.

Já a incineração libera substâncias tóxicas como dioxinas e furanos para a atmosfera


que causam contaminação e efeitos adversos aos seres vivos.

Dispor em local adequado os resíduos envolve uma questão legal, que depende de
monitoramento contínuo do setor público para garantia do cumprimento.

61
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios da Unidade 2

1- Representam resíduos que não podem ser reciclados:

a) Alumínio e plástico.

b) Aço e pneus.

c) Papel e baterias.

d) Cerâmica e cristais.

e) Nenhuma das alternativas anteriores.

2- O vidro é quimicamente ________________ e devido sua grande


_____________________ pode demorar milhares de anos para se decompor. O
vidro consiste um material totalmente _____________.

3 - Correlacione as colunas:

a) Aterro controlado.

b) Aterro a céu aberto.

c) Aterro industrial.

d) Compostagem.

e) Biodigestores.

62
Resíduos Sólidos Urbanos

( ) pode transformar lodo em energia elétrica.

( ) depende de licenciamento ambiental, o solo é preparado e


impermeabilizado, mas os gases não são tratados.

( ) aproveita a porção úmida dos resíduos e é utilizada na produção de


adubos.

( ) o solo é preparado e impermeabilizado, o chorume e os gases são


tratados.

( ) não consiste em solução sanitária.

4- Sobre a incineração podemos afirmar que:

a) É um método de tratamento que não agride o meio ambiente.

b) Reduz o volume dos resíduos e deve ser considerada a solução para


os problemas de resíduos urbanos.

c) Liberam após a queima para atmosfera somente gás carbônico e


vapor de água.

d) Deve ser acompanhado de sistema de lavagem de gases para não


comprometer o meio ambiente.

e) Consiste em um processo de tratamento de resíduos barato.

5 - A coleta seletiva direciona materiais ___________contribuindo para ganhos


__________e _____________.

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Resíduos Sólidos Urbanos

6 - A coleta seletiva solidária foi instituída pelo Decreto n. ______/2006 e tem


contribuído para a maior ___________ e __________dos setores geradores de
resíduos junto ao segmento de catadores de recicláveis.

7 - Sobre a coincineração podemos afirmar, EXCETO que:

a) É uma técnica de reciclagem.

b) Reduz impactos ambientais com a extração de novas matérias primas.

c) É o aproveitamento do poder calorifico de resíduos específicos.

d) Pneus e resíduos de construção civil podem ser coincinerados.

e) Na coincineração a fumaça tóxica não é filtrada e causa poluição


ambiental.

8 - Os ______________________ produzem gás metano. Nesse sistema a


___________ é transformada em energia. O sistema é muito eficiente na
digestão de resíduos __________, ___________, da ______________e da
___________________.

9- Só não podemos afirmar sobre a pirólise que:

a) Constitui uma técnica de reciclagem.

b) Degrada termicamente o material em ausência de oxigênio.

c) Durante a pirólise a borracha sofre queima incompleta.

d) A pirólise também é empregada em fornos de cimenteira.

e) A pirólise pode originar carvão ativado.

64
Resíduos Sólidos Urbanos

10 - Sobre pneus e legislação aplicável, NÃO é possível afirmar que:

a) A vulcanização é uma técnica de reciclagem cara.

b) Existe legislação específica que determina a obrigação do fabricante


de pneus a recolher no pós-uso para destinação final adequada, no
entanto a lei é restrita a fabricantes e importadores de pneus novos,
com peso unitário superior a 2,0 kg.

c) A resolução CONAMA n.258/1999 é a legislação que determina a


obrigação de fabricantes e importadores a coletar pneus.

d) A resolução CONAMA 452/2012, dispõe sobre degradação ambiental


provocada por pneus.

e) A legislação RES CONAMA n.452/2012, proíbe a importação de


pneumáticos usados, sob qualquer forma e para qualquer fim.

11 - A filosofia do _____________________faz parte da Política dos 5 R’s, sendo


importante, uma vez que interfere na conscientização do consumidor em
relação as suas necessidades e escolhas.

65
Resíduos Sólidos Urbanos

66
Resíduos Sólidos Urbanos

Objetivos: Conhecer as ligações químicas, identificar os vários tipos de substâncias


químicas e e aprender como funciona as reações químicas.

3
Unidade 3 – Conceitos de Solução e Cinética Química.
As políticas aplicáveis a
Em nossa terceira unidade, veremos o que é uma Solução, suas concentrações e o
resíduos
uso desses conceitos no nossosólidos e gestão
cotidiano, veremos de das reações
ainda a velocidade

resíduos sólidos
química e o que fazer para acelerar ou retardar a sua ocorrência.

Objetivo: Entender o que é uma Solução e suas concentrações. Aprender a Calcular


a velocidade de uma reação química.

Introdução sobre origem dos resíduos e problemas ambientais


Unidade 4 – Termoquímica
associados à geração deeresíduos
Equilíbrio químico
sólidos nos centros urbanos.

Nesta unidade, estudaremos


Classificação o calor sólidos
dos resíduos liberadosegundo
ou absorvido
origem.nas reações químicas
compreenderemos porque alguns alimentos são chamados de calóricos e outros não,
Classificação
veremos ainda segundoocorrem
que várias reações NBR 10004/2004.
em dois sentidos mantendo certo equilíbrio
e estudaremos o que é pHde
Classificação e como estesegundo
resíduos termo está tão presente
Resolução em nosso
CONAMA dia a dia.
358/2005.
Objetivo: Identificar conceitos como: entalpia, caloria e Ph.
Classificação segundo Resolução CONAMA N.5, de 5 de agosto de 1993.

Classificação de resíduos da construção civil.


Unidade 5 – Eletroquímica e seus fenômenos.

Nesta unidade, estudaremos a energia elétrica liberada em certas reações


químicas e o seu aproveitamento, veremos ainda o que é corrosão e as maneiras
de evitar e seus malefícios.

Objetivo: Entender o que a oxi-redução, compreender o que é uma pilha, aprender


o que é corrosão e como evitá-la.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Objetivos da unidade:

Discutir sobre a problemática da geração de resíduos sólidos e seus impactos


ambientais;

Caracterizar diferentes resíduos sólidos conforme suas origens;

Apresentar diferentes classificações de resíduos sólidos segundo legislações


vigentes.

Plano da unidade:

• Introdução sobre origem dos resíduos e problemas ambientais associados à


geração de resíduos sólidos nos centros urbanos.

• Classificação dos resíduos sólidos segundo origem.

• Classificação segundo NBR 10004/2004.

• Classificação de resíduos segundo Resolução CONAMA 358/2005.

• Classificação segundo Resolução CONAMA N.5, de 5 de agosto de 1993.

• Classificação de resíduos da construção civil.

Bem-vindo à terceira Unidade de Estudo.

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Resíduos Sólidos Urbanos

O modelo de sociedade moderna e de produção vigente tornou necessário, a inter-


venção do Estado, por meio de políticas públicas no âmbito da gestão de resíduos
sólidos, que envolvem diretrizes específicas de acordo com a classificação dos resí-
duos, relativas à coleta, ao tratamento e à destinação final.

No passado, a geração de resíduos sólidos não era acompanhada de preocupação


com o meio ambiente e todos os impactos ambientais relacionados à sua geração.

Podemos associar o desenvolvimento das políticas aplicáveis à área de gestão de re-


síduos sólidos de forma especial: a Conferência de Estocolmo, Convenção de Basiléia
e da Conferência das Nações Unidas (ECO 92), que juntas contribuíram para o apro-
fundamento da questão ambiental, influenciando o desenvolvimento de políticas
internacionais e de política nacional de proteção ambiental, e de forma específica,
na área de gestão de resíduos sólidos.

A Conferência de Estocolmo (1972) ocorrida na Suécia foi a primeira conferência


mundial a abordar questões relativas ao meio ambiente, sendo reconhecida como
marco inicial na preocupação ambiental. Como principais frutos desta conferência,
podemos destacar a divulgação da lei de proteção ambiental dos Estados Unidos
(Environmental Protection Act - 1969) e da criação da Agência de Proteção Ambien-
tal dos Estados Unidos (USEPA) em 1971. O que influenciou o desenvolvimento de
políticas ambientais em várias partes do mundo.

Na década de 80, o modelo passou a ser adotado a princípio pelos países desenvol-
vidos e depois por países em desenvolvimento devido a exigências impostas por
órgãos financiadores de desenvolvimento econômico, tais como BIRD (Banco Inter-
nacional para Reconstrução e Desenvolvimento) e BID (Banco Internacional para o
Desenvolvimento) relacionadas à necessidade de maior atenção ao meio ambiente.

Anos mais tarde foi realizada na Suíça, a Convenção da Basiléia (1989). Esta conven-
ção discutiu de forma específica sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços
de Resíduos Perigosos, criando regras claras em relação à importação, exportação e

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Resíduos Sólidos Urbanos

trânsito de resíduos perigosos. A ratificação do documento elaborado nesta conven-


ção pelos países participantes fortaleceu a cooperação internacional sobre a gestão
dos resíduos sólidos.

Depois de ratificada no Brasil, ela deu origem ao Decreto n. 875, de 19 de julho de


1993, que promulgou o texto da Convenção da Basiléia e da Resolução CONAMA N. 23,
12 de dezembro de 1993, que dispõe sobre as definições e o tratamento a ser dado aos
resíduos perigosos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia.

A Conferência das Nações Unidas – ECO 92, ocorrida no Brasil – Rio de Janeiro foi
marcada pelo reconhecimento dos países participantes da crise ambiental, destrui-
ção do planeta e necessidade de criação de estratégias para atingir o desenvolvi-
mento sustentável.

A geração de resíduos sólidos envolve a necessidade de acondicionamento adequado


dos resíduos, bem como coleta e análise do material, a fim de se identificar suas carac-
terísticas classificando-os corretamente para encaminhá-los ao processo adequado de
recuperação ou disposição final. Todas essas etapas fazem parte da gestão de resíduos.

Legislações aplicáveis

A política nacional do meio ambiente – PNMA, criada em 1981 através da lei federal
6938 e a lei 9605/1998 - Lei de Crimes Ambientais, contribuíram para uma gestão
mais eficiente do meio ambiente no Brasil.

A resolução CONAMA 313/2002, dispõe sobre o inventário nacional de resíduos só-


lidos industriais. Tendo em vista os impactos adversos provenientes das atividades
industriais e a necessidade de intervenção governamental para maior controle dos
resíduos sólidos que esta resolução foi criada. De acordo com suas diretrizes as em-
presas são obrigadas a informar anualmente por meio de preenchimento de ficha
técnica padronizada pela resolução, informações da empresa e do gerenciamento

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Resíduos Sólidos Urbanos

de resíduos, apontando a classificação correta dos resíduos de acordo com a NBR


10004, seu tratamento e sua destinação final, tornando o cumprimento das determi-
nações, requisitos obrigatórios para o licenciamento da empresa e fazendo da reso-
lução CONAMA 313/2002, um importante instrumento de monitoramento industrial
de proteção ao meio ambiente.

A NBR 10004 (2004) é específica sobre classificação de resíduos sólidos. Em sua re-
dação aponta uma classificação para os resíduos de acordo com a identificação do
processo ou atividade que deu origem aos resíduos, dos constituintes dos resíduos e
suas características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e
substâncias cujos impactos à saúde e ao meio ambiente são conhecidos.

A classificação dos resíduos é dada de acordo com o risco à saúde humana e ambien-
tal, sendo considerados aspectos toxicológicos.

Para entender melhor, a toxicologia ambiental estuda os efeitos tóxicos de substân-


cias no meio ambiente. Substâncias químicas lançadas no meio ambiente, quando
não recebem o tratamento e a destinação final adequada podem causar impactos ao
meio ambiente, afetando entre outros seres vivos, à saúde humana.

Dentro deste escopo estão tanto os produtos químicos sintéticos quanto aqueles
encontrados naturalmente no ambiente.

Na toxicologia os efeitos são determinados pela dosagem-resposta da substância.


Dados toxicológicos relacionados sobre a nocividade de uma substância, como um
pesticida ou um metal pesado são citados mais facilmente determinando sua toxici-
dade aguda. No entanto, na toxicologia ambiental estamos normalmente preocupa-
dos com a toxicidade crônica.

Um mesmo produto químico pode provocar efeitos agudos (que se manifestam ra-
pidamente) e crônicos (os quais se manifestam em médio ou em longo prazo), me-
diante diferentes mecanismos fisiológicos.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Em relação à dose-resposta, a maior parte das informações quantitativa relativas à


toxicidade das substâncias é obtida a partir de experimentos efetuados mediante a
administração de doses de substâncias aos animais, embora recentemente estejam
sendo usados testes sobre certas bactérias para determinar se uma substância tem
probabilidade de ser carcinogênica ou não.

A dose de uma substância administrada nos testes de toxicidade é normalmente ex-


pressa como massa do composto, usualmente em miligramas por unidade de peso
do animal testado habitualmente expressa em quilogramas.

A divisão pelo peso corporal é necessária, pois a toxicidade de dada quantidade


de uma substância normalmente diminui à medida que o tamanho do indivíduo
aumenta (lembre que as doses máximas recomendadas para fármacos, tais como
remédios contra dor de cabeça, são menores para crianças que para adultos, devido
principalmente à diferença de massa corporal).

Os indivíduos diferem quanto a sua resposta a uma determinada substancia.


A dose média que causa morte em seres vivos damos o nome de LD (lethal
dose)/ LOD (lethal oral dose).

Nas curvas de dose-resposta para algumas substancias existe uma dose abaixo da
qual nenhum dos animais é afetada, ela é chamada de limiar. A maior dose para qual
não são observados efeitos encontra-se ligeiramente abaixo e é chamada nível de
efeitos não observáveis NOEL. O NOEL é expresso por miligramas do produto por
quilogramas de peso corporal por dia.

O resultado de seus estudos estabelece o valor aceitável de ingestão diária IDA, ou


dose diária máxima (DDM). Nos EUA, a EPA adota a referência RfD – dose referencial
de toxicidade. Experimentos envolvendo testes com animais também são utiliza-
dos para determinar o quanto um composto é carcinógeno. Porém, o teste AMES,

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Resíduos Sólidos Urbanos

que usa bactérias, pode ser aplicado com confiabilidade satisfatória para diferenciar
compostos com probabilidade satisfatória para diferenciar compostos com probabi-
lidade de ser carcinógeno ou não.

Avaliação e gerenciamento de riscos


Para efetuar uma avaliação de riscos de um produto químico é necessário conhecer:

1- Informação da avaliação de perigo, tipo de toxicidade esperada;

2- Informação quantitativa dose-resposta relativa às várias formas possíveis de expo-


sição (oral, dérmica, inalação);

3- Uma estimativa da exposição humana potencial ao produto químico.

Política Nacional de Resíduos Sólidos


A política nacional de resíduos sólidos no Brasil foi instituída através da criação da Lei
n. 12.305 de 02 de agosto de 2010. A lei determina diretrizes para a gestão integrada
e gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos, responsabilidades dos
gerados e do poder público, bem como sobre os instrumentos econômicos aplicáveis.

Tendo como compreensão que a geração de resíduos é de responsabilidade do setor


público, privado e da sociedade, a política estabelece entre outros aspectos, que
o consumo consciente deva ser estimulado por meio de práticas de educação am-
biental, maior controle e fiscalização dos órgãos ambientais, intensificação de ações
de coleta seletiva, de recuperação, e reciclagem, visando uma logística reversa que
contribua para redução dos aterros sanitários, e maior e melhor aproveitamento
energético dos resíduos, conforme sua classificação.

Os principais objetivos baseiam-se na redução dos resíduos, dos aterros sanitários


construídos e da destruição do meio ambiente com a retirada de recursos naturais,
contribuindo para a sustentabilidade ambiental.

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Resíduos Sólidos Urbanos

O gerenciamento de resíduos

O gerenciamento de resíduos reúne várias etapas que visam assegurar que os re-
síduos serão identificados e monitorados desde sua geração a fim de receberem o
tratamento e a destinação adequados a suas características.

Como é possível observar no fluxograma abaixo, ao serem gerados, os resíduos de-


vem ser caracterizados, esta constitui a primeira etapa para uma gestão adequada.
Identificando o resíduo, é possível encaminhá-lo para reciclagem e/ou dependendo
do resíduo, a destinação final adequada.

Etapas do Gerenciamento de Resíduos

A sociedade precisa ser mais bem orientada sobre os tipos de resíduos, bem como
forma adequada de acondicionamento visando uma maior eficiência para a recicla-
gem, uma vez que contribui para a redução do volume de resíduo a ser desprezado
em aterros sanitários e uma maior preservação de áreas verdes que não serão utili-
zadas para construção de novos aterros.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Gestão Pública de Resíduos Sólidos

A gestão pública de Resíduos Sólidos trabalha com o princípio da descentralização


político-administrativa que conta com a participação articulada dos governos fede-
rais, estaduais e municipais nesse gerenciamento, com ampla integração das áre-
as de saúde, educação, cultura, turismo, transportes, trânsito entre outros, que por
ações integradas podem contribuir para melhoria das condições ambientais.

Como exemplos pode-se citar: ampliação de saneamento básico, aumento do rigor


na cobrança do exercício de leis de proteção ao meio ambiente e de gerenciamento
de resíduos sólidos, a garantia dos serviços de coleta públicas, do correto transpor-
te, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos, da cobrança legal da corres-
ponsabilidade dos geradores no gerenciamento dos resíduos sólidos, bem como da
responsabilização pós-consumo do produtor pelos produtos e serviços ofertados.

A Gestão de Resíduos Sólidos das cidades deve ter também como princípios à mini-
mização sendo necessário se trabalhar com a redução da quantidade gerada e tam-
bém a redução da periculosidade dos resíduos.

A gestão de resíduos eficiente deve contar com investimentos em pesquisas para


não somente garantir melhor eficiência na reciclagem e tratamento dos resíduos,
mas para desenvolver modelos mais sofisticados de monitoramento e fiscalização
em todas as jurisdições.

Sabe-se que um sistema de controle eficaz deve possuir rede informatizada, com
banco de dados acessível a todos os órgãos envolvidos, e por estes atualizados pe-
riodicamente. Contando com o apoio especializado das equipes multidisciplinares
das instituições de meio ambiente e de defesa civil, treinadas especificamente para
tal, para atuar tanto na pesquisa e localização de fontes de risco e de poluição, como
na elaboração de planos de emergência para os casos de acidentes.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Gestão de resíduos nas corporações


Nas empresas, deve ser implantado plano de gerenciamento de resíduos - PGR, cujos
itens que devem ser considerados se encontram registrados no fluxograma abaixo:

PGR

O plano de gerenciamento de resíduos deve ser desenvolvido pela empresa visando


ao menos o atendimento às exigências legais impostas pelas legislações federais,
estaduais e municipais. É também importante dentro de uma empresa delegar res-
ponsabilidades a alguns colaboradores, de acordo com as atividades realizadas em
cada setor, criando alternativas que contribuam para a redução dos resíduos e para
correto tratamento e destinação de seus resíduos.

Neste plano já devem ser estudados os resíduos gerados pela empresa, bem como
os métodos de tratamento e disposição final, adequados e previstos os custos destes
métodos uma vez que, devem ser adequados do ponto de vista ambiental.

Um treinamento apropriado deve ser dado aos funcionários a fim de se orientar ade-
quadamente sobre resíduos (principalmente no que diz respeito ao: o quê e como
coletar, armazenar, transportar e onde destinar).

Em relação ao pré-tratamento o acondicionamento do resíduo é fundamental para sua


possibilidade de reciclagem. Devendo ser realizada corretamente a triagem de material,
separando lixo úmido de seco, acondicionados em sacos específicos e abrigo adequado.

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Resíduos Sólidos Urbanos

A etapa de destinação final seguirá conforme já discutido, as características de cada


tipo de resíduo devendo ser analisados os seguintes aspectos: tipo de resíduo, clas-
sificação do resíduo, quantidade de resíduo, escolha de metodologias adequadas de
tratamento e disposição final de resíduos que sejam compatíveis aos requisitos legais.

Toda a documentação relativa à gestão de resíduos deve ser de fácil acesso e deve
ser diariamente atualizada, evitando possíveis problemas junto aos órgãos ambien-
tais competentes e ainda, visando à máxima eficiência e controle ambiental possível.

As empresas podem em ocasião a elaboração dos planos de gerenciamento de re-


síduos implantarem o sistema PDCA, PLAN-DO-CHECK-ACT, empregado na gestão
ambiental e de acordo com os princípios da ISO 14001, de vigência voluntário no
Brasil, e já apresentadas durante a disciplina de Introdução à Engenharia Ambiental,
com a proposta de obter melhorias contínuas na gestão de resíduos sólidos.

A verificação e a proposta de ações corretivas são possíveis neste caso, por meio de
uma análise crítica dos resultados obtidos por meio de auditorias internas e exter-
nas, que permite acompanhar os fluxos da geração de resíduos.

Avaliação do ciclo de vida dos produtos


O ciclo de vida ACV (LCA - Life Cycle Assessment) é uma ferramenta de gestão am-
biental, que envolve a avaliação de todas as etapas de produção de um produto,
do “berço ao túmulo”, expressão que determina que a análise deva ocorrer desde a
seleção da matéria-prima que será utilizada até o descarte final dos resíduos ou do
“berço ao berço” quando no fim da vida útil de um produto é possível o aproveita-
mento do mesmo em outra cadeia de produção.

A análise do ciclo de vida dos produtos permite identificar o tempo de vida útil de
produtos, bem como seu pós-uso e tempo de permanência no ambiente.

Nesse processo são estudadas as possibilidades de substituição e redução nas eta-


pas de matérias-primas, insumos e maquinários, bem como na etapa final a seleção

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Resíduos Sólidos Urbanos

de embalagens, transporte dos produtos até que este chegue ao consumidor final
e o seu pós-uso, ou seja, quando costuma ser descartado e rotulado como resíduo.

Esta análise, portanto, visa à redução dos resíduos gerados em toda a cadeia de pro-
dução, além de contribuir para uma maior eficiência energética, economia e susten-
tabilidade ambiental.

Logística reversa

A logística reversa é um conceito empregado na área ambiental que aponta a possi-


bilidade de reinserção de materiais considerados inúteis, em novas cadeias de pro-
dução. Para o meio ambiente a aplicação do conceito é relevante, uma vez que pou-
pa e evita a extração in natura de recursos naturais. A aplicação da logística reversa
contribui para a redução dos aterros sanitários e todas as consequências adversas de
sua construção, vida útil e pós-uso.

Para os empresários representa um investimento com retorno garantido, (uma vez


que o mercado consumidor torna-se cada vez mais exigente), para cumprimento das
exigências legais e adesão aos blocos econômicos internacionais e maior visibilidade
no mercado, para redução do custo final do produto e para o aumento da lucrativi-
dade, uma vez que podem ganhar com a venda dos resíduos e com a utilização de
marketing verde. A inserção desta filosofia contribui para maior competitividade em-
presarial, visto que a iniciativa é sustentável. Auxiliando ainda na redução de custos
com tratamento e destinação final, uma vez que podem ser reciclados, melhoram a
imagem da empresa, demonstra responsabilidade empresarial, melhora a prestação
de serviços e ainda reduzem, de forma significativa, a produção de resíduos.

Nos últimos anos as indústrias vêm cooperando em termos ambientais com a subs-
tituição de embalagens menores, e de materiais recicláveis, contribuindo para a re-
dução do gasto de energia e de recursos naturais.

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Resíduos Sólidos Urbanos

A divulgação da utilização deste conceito na cadeia de produção (marketing verde)


trabalha o conceito de sustentabilidade ambiental, o que representa lucratividade. A
logística reversa abrange a política dos 5 R’s, considera o ciclo de vida dos produtos e
analisa a tendência à descartabilidade no cotidiano.

Visão da logística tradicional X logística reversa

Logística tradicional dos resíduos

Logística reversa

A logística reversa para o meio ambiente tem papel indispensável, uma vez que tam-
bém contribui para a correta destinação final de resíduos que não são passiveis de
recuperação ou reciclagem, e que, para evitar a contaminação ambiental, precisam
ser coletados, armazenados e enviados para uma destinação final segura.

Isso deveria ser empregado por todos os setores industriais, o que contribuiria para uma
melhor gestão dos resíduo e maior aproveitamento no setor das usinas de reciclagem.

A logística reversa aplicada à área ambiental vem timidamente sendo incorporada


por setores industriais, tais como empresas de pneus, que em suas lojas recebem os
pneus que seriam descartados de forma inadequada e no setor de telefonia celular,
que recebem baterias sem utilidade.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Apesar da existência de resíduos com logística reversa obrigatória prevista em re-


soluções CONAMA específicas tais como: pilhas e baterias (RE CONAMA 257/1999),
pneus (RE CONAMA 258/1999 e RE CONAMA 301/2002), lâmpadas fluorescentes
(PNRS/ Lei 12305/2010), óleos lubrificantes e seus resíduos e embalagens (Portaria
3214/78 NR1 ANEXO 13) e agrotóxicos ( Decreto federal n. 4074/2002 e CONAMA
N.334/2003), o país ainda é falho em relação ao monitoramento e controle legal, não
recebendo a devida atenção governamental.

Pegada Ecológica
A pegada ecológica de um país, estado, município ou cidadão reflete quanto de área
produtiva (hectare) é necessária para gerar produtos, bens e serviços que sustentam
determinados estilos de vida. Portanto a pegada ecológica mede o quanto retiramos
da natureza, sendo maior de acordo com o consumismo.

Rever seu estilo de vida pode contribuir para uma maior sustentabilidade e equilí-
brio ambiental, ainda reduzindo a quantidade de resíduos sólidos gerados.

Fonte: http://p2.trrsf.com/image/fget/cf/619/0/images.terra.com/2013/08/21/recursos-natu-
rais-pegada-ecologica-info619.jpg

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Resíduos Sólidos Urbanos

Manifesto de resíduos
O manifesto de resíduos é um modelo de instrumento de controle de resíduos sóli-
dos. Também conhecida com DZ-1310 foi elaborada na década de 1980 pela extinta
FEEMA – Fundação de Engenharia de Meio Ambiente, no estado do Rio de Janeiro.
Atualmente o Inea – Instituto Estadual do Ambiente, do Rio de Janeiro, utiliza este
modelo para controlar e monitorar os resíduos sólidos, considerando a fonte emis-
sora (poluidor), o transporte e a destinação final dos mesmos.

Modelos similares são adotados em outros estados sendo necessário ressaltar que,
dependendo da jurisdição, a legislação vigente pode ser mais rigorosa em relação
às legislações federais.

Os manifestos de resíduos devem ser diariamente preenchidos e catalogados para


controle e conferência da empresa e órgãos ambientais.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Modelo de manifesto de resíduos

http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/@inter_pres_aspres/documents/document/zwff/
mda3/~edisp/inea_007131.pdf

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Resíduos Sólidos Urbanos

Outras legislações aplicáveis aos resíduos


É dever das empresas, verificar a legislação federal, estadual e municipal, identifican-
do legislações aplicáveis aos resíduos sólidos.

A resolução CONAMA n. 316, de 29 de outubro de 2002, dispõe sobre procedimen-


tos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos.

A incineração libera gases tóxicos para atmosfera e, de acordo com o Sistema de licen-
ciamento de atividades poluidoras previsto na resolução n.237, de 19 de dezembro
de 1997, deve seguir criteriosamente as diretrizes de funcionamento, monitoramento
ambiental incluindo os limites máximos de poluentes a serem lançados pela atividade.

O Art. 46. da resolução CONAMA n. 316 aponta que o não cumprimento ao que dis-
põe esta Resolução sujeita os infratores as sanções e penalidades estabelecidas na
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de
1999, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

Educação ambiental
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso co-
mum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade e dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gera-
ções”. - Artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil.

A educação ambiental enquanto legislação ambiental foi decreta na Lei 9795, de 27


de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, instituindo a Política de
Educação Ambiental.

A educação ambiental constitui um processo de sensibilização da sociedade, através


das ações de transformação do homem, em busca do repensar das relações huma-
nas e da interação do homem com os ecossistemas.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Através da Educação Ambiental pode-se informar a sociedade sobre questões que


englobam melhorias de qualidade de vida.

Trabalhando com as comunidades seus problemas, leva-se à conscientização da ne-


cessidade de ação conjunta da sociedade para obtenção de tais objetivos. A educa-
ção ambiental tem a finalidade de integrar a sociedade aos contextos ecológicos,
questionando atitudes coerentes e incoerentes que podem vir a interferir na home-
ostase dos ecossistemas, o que acarreta em prejuízos à própria manutenção da vida,
em suas múltiplas formas.

Os seres humanos constituem o grupo de seres vivos que mais causa impactos sobre a
natureza e, como parte integrante do meio ambiente, interage com outros seres vivos e
com fatores abióticos de grande relevância para a sobrevivência de toda biodiversidade.

Devido ao fato de constituirmos um grupo de seres vivos dotados de capacidade


intelectual, temos o poder de interferir com decisões que podem prejudicar a
qualidade de vida no planeta Terra assim como, podemos através de conscien-
tização causar a modificação de atitudes, através de práticas sustentáveis que
possibilitem retirar da natureza os recursos necessários para nossa sobrevivência
e também para a das gerações futuras.

As áreas de aplicação de educação ambiental podem ser formais ou informais. Serão


formais quando as atividades ocorrerem no espaço escolar (em todos os níveis de
formação, incluindo os universitários) visando à aplicação da interdisciplinaridade
de temas ecológicos e buscando modificar as ações humanas, tornando os edu-
candos cidadãos conscientes da necessidade de preservação dos ecossistemas dos
quais fazem parte ou quando nesse mesmo espaço, treinar profissionais para se tor-
narem qualificados a executarem essas ações nos seus ambientes de trabalho.

A prática de educação ambiental pode ser informal quando ambientes e públicos


alvos são diferentes. A educação ambiental neste caso é desenvolvida para a comu-

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Resíduos Sólidos Urbanos

nidade, podendo ser aplicada através de associações de moradores, condomí-


nios, palestras em empresas para trabalhadores. Indiferente do público alvo, a
educação ambiental tem um comprometimento de disseminar conhecimen-
tos sobre o meio ambiente, ampliando a consciência ambiental e ética, como
forma de contribuir para o desenvolvimento sustentável (SEMA-Secretaria de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2003).

Qualquer ação desenvolvida com o intuito de incluir a participação popular nas to-
madas de decisões, de incorporar comportamentos ambientalmente adequados,
visando à melhoria da qualidade de vida da população, constituem formas de edu-
cação ambiental.

Alguns dos exemplos de atividades de educação ambiental são: atividades científi-


cas e de pesquisa, conferências, cursos, seminários, promoção da cultura, da conser-
vação da natureza, assessoria técnica ambiental, educacional e sociocultural.

As atividades de educação ambiental podem receber apoio econômico de órgãos pú-


blicos ou do setor privado que sustenta as ONGS (organizações não-governamentais).

Pode-se, por exemplo, através da educação ambiental combater o desperdício de


matérias-primas através de reciclagem, de reaproveitamento e de redução do uso,
através da redução da poluição do ar, do solo e das águas bem como, a incidência de
doenças relacionadas a estes vetores.

Alternativas para a redução dos resíduos sólidos nos centros


urbanos
Várias alternativas podem contribuir para a redução dos resíduos sólidos nos cen-
tros urbanos e dos problemas gerados pela sua disposição em aterros. A educação
ambiental como visto anteriormente, combate o desperdício de matérias-primas
através da reciclagem o que reduz a poluição do ar, solo e das águas bem como, a

85
Resíduos Sólidos Urbanos

incidência de doenças relacionadas a estes vetores. Além de gerar consciência am-


biental, o que pode representar mudanças no estilo de vida e em maior valoração
ambiental por parte da sociedade.

O incentivo ao desenvolvimento de programas de gerenciamento integrado de resí-


duos sólidos ligados a centros de pesquisas, universidades públicas e setor privado vi-
sando à cooperação técnica e financeira (especialmente entre as áreas de saneamento
básico, e meio ambiente e saúde pública) pode trazer significativos resultados na re-
dução dos resíduos sólidos. Podem contribuir também, para o avanço das tecnologias
de reciclagem e para divulgação por meio de propagandas, reuniões e cursos abertos.

Parcerias com entidades ambientalistas e associações comunitárias articuladas a


setores públicos e privados podem contribuir para promover educação ambiental,
orientando a sociedade, para um consumo mais consciente sobre o correto acondi-
cionamento, tratamento e disposição final dos resíduos.

Uma vez que já existe definição dos procedimentos relativos a todas as etapas de
gerenciamento de resíduos, é importante aperfeiçoar e intensificar os programas de
capacitação técnica na área de gerenciamento de resíduos sólidos, além de promo-
ver com maior frequência, campanhas educativas e informativas junto à sociedade
sobre a gestão ambientalmente adequada de resíduos sólidos.

O governo deve incentivar a criação de novas cooperativas de catadores de reciclá-


veis orientando-os e conduzindo-os a parcerias, uma vez que o trabalho realizado
por estes trabalhadores garante renda a centenas de famílias e uma importante con-
tribuição à sustentabilidade ambiental.

As escolas e locais de trabalho devem receber maiores incentivos para a coleta e


reciclagem de materiais descartados tais como: metais, pneus, vidro, papel e plás-
ticos em especial as garrafas de PET.

O governo deve incentivar, ainda, a criação de novos mercados e a ampliação dos já


existentes para os produtos reciclados.

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Resíduos Sólidos Urbanos

Planos emergenciais de controle de acidente envolvendo resíduos perigosos para as


principais rodovias principalmente para aquelas que atravessam ou margeiam ma-
nanciais de abastecimento de água devem ser cobrados com rigor.

O governo deve garantir acesso ao serviço de limpeza pública urbana, principalmen-


te, aquelas comunidades onde os demais serviços de saneamento básico são defi-
cientes, assim como os incentivos fiscais, financeiros e creditícios para as empresas
que trabalham com minimização ou reciclagem de resíduos.

Investimentos em saneamento, conscientização da redução do lixo, destino adequa-


do dos rejeitos e da aplicação de programas de educação ambiental constituem as
principais alternativas para uma melhor adequação da relação uso-ocupação dos
solos urbanos.

87
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios da Unidade 3

1- Sobre logística reversa podemos dizer que:

a) Contribuem para a redução dos impactos ambientais para situações


específicas onde sejam esgotadas as possibilidades de disposição final.

b) Serve para desobrigar o governo das responsabilidades com a


fiscalização ambiental.

c) Pode trazer retorno econômico para o setor empresarial e a


possibilidade de um maior aproveitamento em reciclagem e reuso de
matérias-primas, uma vez que o resíduo, que já passou por triagem
e desta forma será destinado ao correto tratamento para possível
recuperação, reciclagem ou descarte adequado.

d) Sua utilização não é aplicável a embalagens longa via, automóveis


ou lâmpadas que contenham mercúrio.

e) É uma alternativa que se aplica ao pré-uso de produtos.

2- Dentre as alternativas abaixo, aquela que não condiz como alternativa para
a redução de resíduos urbanos é:

a) Gestão integrada contando com apoio da sociedade, governo,


empresas, centros de pesquisas e universidades.

b) Educação ambiental, uma vez que esta ação é de responsabilidade


do setor de educação e deve ser disseminada nos níveis básicos de
educação, não sendo capaz de provocar mudanças na sociedade.

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Resíduos Sólidos Urbanos

c) Maior inserção de parcerias não governamentais representadas por


entidades ambientalistas.

d) Incentivo aos programas de cooperativas de catadores de recicláveis,


uma vez, que o trabalho incentiva o consumismo.

e) Maior fiscalização e pressão dos órgãos às empresas poluidoras.

3- Em relação ao conceito de pegada ecológica, sabe-se que quanto maior ela


for maior é a ___________________de recursos naturais do meio ambiente,
revelando um estilo de vida _____________, fruto do modelo econômico
vigente, o ____________. Este estilo de vida gera grandes quantidades de
__________, o que causa significativos impactos ambientais.

4- Em relação às legislações ambientais aplicáveis aos resíduos sólidos é correto


afirmar que:

a) no Brasil não é permitida a incineração.

b) devido à inexistência de uma política de gestão de resíduos, cada


poluidor deve destinar ao seu critério, os resíduos provenientes de suas
atividades.

c) Inexistem leis que determinem aos infratores penalidades a disposição


inadequada de resíduos.

d) o avanço nos conhecimentos permite afirmar que a incineração é


um processo de tratamento de poluentes que pode causar impactos
ambientais e desta forma, a legislação aponta critérios que determinam
como deve ser o processo de incineração, incluindo lavagem e
tratamento de gases.

e) nenhuma das alternativas anteriores aponta afirmativas corretas.

89
Resíduos Sólidos Urbanos

5- Em relação ao ciclo dos produtos não podemos afirmar que:

a) envolve todas as etapas de vida dos produtos.

b) aplica-se as expressões “do berço ao berço” e do “berço ao berço”.

c) pode indicar possibilidades adequadas de redução de insumos.

d) destina-se a uma análise pós-uso.

e) contribui para a sustentabilidade ambiental.

6- Coloque na ordem crescente de etapas o PGR.

Destinar corretamente os resíduos, Conferir pré-tratamento necessário, realizar


treinamento, realizar inventário, desenvolver plano.

7- Correlacione as colunas:

a) Conferência das Nações Unidas. ( ) criada em 1981.

b) Convenção da Basiléia. ( ) dispõe sobre inventário


nacional de resíduos sólidos.
c) PNMA.
( ) marcada por vários tratados
d) CONAMA 313/2002.
em busca da sustentabilidade
ambiental.

( ) trata de resíduos perigosos.

90
Resíduos Sólidos Urbanos

8- A NBR 10004 (2004) dispõe sobre a ________________de resíduos sólidos.


Para tal é necessário realizar a identificação do processo ou atividade que deu
origem aos resíduos, dos constituintes dos resíduos e suas __________________.

9- Em relação à toxicologia ambiental não podemos afirmar que tenha relação


com os resíduos sólidos:

a) O fato de resíduos sólidos poderem contaminar devido descarte


inapropriado o meio ambiente, causando danos a seres vivos, incluindo
o ser humano.

b) Os efeitos adversos são determinados pela dosagem-resposta da


substância.

c) A toxicidade aguda se manifesta em médio ou em longo prazo,


mediante diferentes mecanismos toxicológicos.

d) Grande parte a determinação de doses e respostas de substâncias


tóxicas são obtidas graças a experimentos com espécies cobaias.

e) Resíduos sólidos urbanos podem conter contaminantes químicos


em grandes concentrações. Estes contaminantes podem se espalhar e
contaminar: a água, o solos e ar.

91
Resíduos Sólidos Urbanos

10 – O gerenciamento de resíduos sólidos é exigido legalmente. São ações que


fazem parte do gerenciamento de resíduos, exceto:

a) Necessidade de a empresa delegar a alguns funcionários, conforme


seus setores, responsabilidades que contribuam para uma gestão
eficiente dos resíduos.

b) Caracterização dos resíduos para a correta destinação dos mesmos

c) Identificado em legislações vigentes a existência de mais de uma


alternativa adequada de destinação final para determinado tipo de
resíduo, é permitido à empresa o estudo de custos, para seleção do
mesmo, contudo devem ser adequados ambientalmente.

d) O treinamento da equipe não é relevante aspecto de gerenciamento


ambiental

e) A etapa de pré-tratamento, diz respeito ao acondicionamento do


resíduo muito importante para que ocorra reciclagem.

92
Resíduos Sólidos Urbanos

Objetivos: Conhecer as ligações químicas, identificar os vários tipos de substâncias


químicas e e aprender como funciona as reações químicas.

4
Unidade 3 – Conceitos de Solução e Cinética Química.
Técnicas de Recuperação de
Em nossa terceira unidade, veremos o que é uma Solução, suas concentrações e o
SolosnoDegradados
uso desses conceitos nosso cotidiano, veremos ainda a velocidade das reações
química e o que fazer para acelerar ou retardar a sua ocorrência.

Objetivo: Entender o que é uma Solução e suas concentrações. Aprender a Calcular


a velocidade de uma reação química.

A relevância da gestão dos aterros sanitários e lixões após o


Unidade 4 – Termoquímica
encerramento e Equilíbrio químico
de suas atividades.

Nesta unidade, estudaremosambiental


A contaminação o calor liberado ou pesados.
por metais absorvido nas reações químicas
compreenderemos porque alguns alimentos são chamados de calóricos e outros não,
Bioacumulação
veremos ainda e biomagnificação.
que várias reações ocorrem em dois sentidos mantendo certo equilíbrio
e estudaremos o que é pH e como este termo está tão presente em nosso dia a dia.
A Biorremediação.
Objetivo: Identificar conceitos como: entalpia, caloria e Ph.
O Bioventing na Biorremediação.

Bioasparging .
Unidade 5 – Eletroquímica e seus fenômenos.
Dessorção Térmica.
Nesta unidade, estudaremos a energia elétrica liberada em certas reações
químicas e o seu aproveitamento, veremos ainda o que é corrosão e as maneiras
Compostagem.
de evitar e seus malefícios.
Fitorremediação.
Objetivo: Entender o que a oxi-redução, compreender o que é uma pilha, aprender
o que é corrosão e como evitá-la.

93
Resíduos Sólidos Urbanos

Nesta unidade, você vai conhecer técnicas viáveis para a recuperação de solos
degradados, apresentando suas principais vantagens e desvantagens.

Objetivos da unidade:

Conhecer as técnicas empregadas para a recuperação de solos degradados e


reconhecer a viabilidade de sua aplicabilidade em situações específicas.

Plano da unidade:

• A relevância da gestão dos aterros sanitários e lixões após o encerramento de suas


atividades.

• A contaminação ambiental por metais pesados.

• Bioacumulação e biomagnificação.

• A Biorremediação.

• O Bioventing na Biorremediação.

• Bioasparging .

• Dessorção Térmica.

• Compostagem.

• Fitorremediação.

Bons Estudos.

94
Resíduos Sólidos Urbanos

Introdução

Os solos podem ser degradados por várias atividades antrópicas, tais como a pecu-
ária, a agricultura e a disposição de resíduos domésticos e industriais. As condições
naturais podem contribuir para o agravamento do quadro. Destacam-se como con-
dições naturais: as chuvas, os ventos fortes e os alagamentos.

Uma área é considerada contaminada quando se tem comprovação do acúmulo


de resíduos e substâncias tóxicas em situações acidentais ou intencionais (como no
caso do acúmulo de resíduos em aterros sanitários, industriais ou ainda, em aterros
a céu aberto). Nas áreas contaminadas os poluentes podem ser disseminados por
diferentes compartimentos; afetando a qualidade das águas, do ar e dos solos, além
de poder causar poluição odorífera e visual.

É importante ressaltar que a destinação pós-encerramento das atividades, depende-


rá das características geológicas, químicas e físicas do aterro, bem como seu histó-
rico de disposição e tratamento (aterros sanitários ou lixões), da realidade política e
orçamentária da jurisdição.

Em áreas de lixões, onde a disposição de resíduos é inadequada, não é possível rea-


lizar uma total descontaminação, uma vez que o ambiente sofreu intenso processo
de perturbação (degradação), a caracterização dos resíduos é desconhecida e não
ocorreu tratamento devido dos mesmos.

No entanto, a área é passível de revitalização, medida considerada mitigadora (não


devolve as condições originais, mas reduz os impactos causados).

A revitalização dos lixões envolve um conjunto de ações, tais como a limpeza da


área, a promoção da cobertura dos resíduos dispostos a céu aberto, a eliminação do

95
Resíduos Sólidos Urbanos

risco de explosões (devido à formação de metano e combustão espontânea comum


nestes cenários), a coleta e o tratamento dos gases e chorume, drenagem de águas
pluviais e revegetação da área. Medidas que melhoram o aspecto ambiental e redu-
zem a contaminação dos solos, águas e ar.

Uma área que foi utilizada como lixão pode ter suas atividades encerradas e rece-
ber ações de revitalização, podendo inclusive ser transformada em área de aterro
sanitário. A prática vem sendo adotada em cidades brasileiras, onde é limitada
a disponibilidade de áreas livres para a construção de novos aterros sanitários.
Essa possibilidade contribui para preservar áreas verdes, que seriam utilizadas
para a construção de novos aterros.

Uma área, após encerramento de atividades como aterro, pode ainda, ter destina-
ções recreativas, como vem sendo realizado em países desenvolvidos. Neste último
caso, são as boas condições dos aterros sanitários que permitem a utilização desta
área para a construção de campos de futebol ou golfe, cobertos com grama sintética
ou áreas de lazer (parques) como vem ocorrendo em países como Japão e EUA. No
entanto, esta transformação é bastante cara.

A recuperação dos solos contribui para a melhoria da qualidade de vida das


comunidades de entorno e ambiental, causada pela implantação irregular de
aterros clandestinos.

A relevância da gestão dos aterros sanitários e lixões


após o encerramento de suas atividades.

Após o encerramento de aterros sanitários e lixões deve ocorrer gestão para evitar
problemas ambientais e de saúde pública. Uma vez que a área seja revitalizada, as
espécies selecionadas para o revegetação devem ser criteriosamente selecionadas
(para evitar a contaminação de outras espécies), a área não deve ser destinada para

96
Resíduos Sólidos Urbanos

a construção de edificações devido a possível instabilidade do terreno, ou ser permi-


tida a ocupação clandestina das áreas de entorno.

Áreas de lixões ocupadas indevidamente colocam em risco a vida humana, devido


à produção de metano, gás inflamável. A construção de casas sob terreno instável,
pode provocar explosões e desabamento.

Um exemplo negativo da ocupação indevida de terrenos já utilizados como lixões


ocorreu no ano de 2010, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. O lixão foi desati-
vado em 1981, tendo sido em seguida ocupado com construções irregulares, o que
originou uma comunidade conhecida como Morro do Bumba. A instabilidade do
terreno (solo empobrecido por processo de erosão é suscetível a desabamento), so-
mada a produção e acúmulo de gás metano e aliada a forte chuva de verão, culmi-
nou em um acidente de grandes proporções. Ocorreu o deslizamento da encosta,
levando várias casas e provocando a morte de mais de 200 pessoas. A vista do local,

Fonte: http://www.rota83.com/wp-content/uploads/2012/01/deslizamento-morro-do-bumba.jpg

97
Resíduos Sólidos Urbanos

http://1.bp.blogspot.com/_cQYVBLOa6QM/S78NqvR9h6I/AAAAAAAABGU/nzie4HVkXpc/
s1600/rio+de+janeiro+deslizamento+lix%C3%A3o+2010+enio+carlos.jpg

bem como os impactos ambientais pós-desabamento do Morro do Bumba podem


ser visualizados nas figuras abaixo.

Atualmente os sobreviventes desta catástrofe foram removidos da área e a encosta


foi revitalizada.

A contaminação ambiental por metais pesados

Os metais pesados diferem de outros agentes tóxicos porque não são sintetizados
nem destruídos pelo homem. A poluição dos solos por metais pesados pode ser cau-
sada pelo descarte de resíduos em local indevido, considerando resíduos domicilia-
res e industriais. O que pode causar contaminação do solo, das águas e do ar, já que
existem substâncias voláteis. São exemplos de metais pesados: mercúrio, cádmio,
chumbo, zinco e cromo.

98
Resíduos Sólidos Urbanos

O perigo está no solo, na água e no ar. Quando absorvidos pelo ser humano, os me-
tais pesados (elementos de elevado peso molecular) se depositam no tecido ósseo
e gorduroso e deslocam minerais nobres dos ossos e músculos para a circulação, o
que provoca doenças. O consumo habitual de água e alimentos - como peixes de
água doce ou do mar – contaminados com metais pesados coloca em risco a saúde
humana e de toda a biota.

Em aterros de resíduos sólidos comumente ocorre à contaminação dos solos por


metais pesados, que percolam pelo solo com o chorume. O chorume se caracte-
riza por ser um líquido escuro proveniente da decomposição de resíduos orgâni-
cos e inorgânicos. Dependendo das características dos resíduos domiciliares ou
industriais, pode existir grande concentração de metais pesados.

A composição do chorume pode ser bastante variável em função do tipo de


resíduo, tempo de disposição dos resíduos no ambiente (idade do aterro) e
condições pluviométricas. Por ser solúvel, quando não tratado, pode se infiltrar
no solo contaminando as águas superficiais e subterrâneas, além de represen-
tar risco a saúde pública.

O chorume coletado nos aterros sanitários é conduzido para a estação de tratamen-


to de esgotos, onde recebe tratamento adequado.

Bioacumulação e biomagnificação

O aumento na concentração dos metais pesados em um organismo comparado


com a concentração no seu alimento chama-se bioacumulação. Elementos com
valores altos têm menor capacidade para a bioacumulação, mesmo se sua forma
predominante no ambiente seja bastante disponível para assimilação. No caso do
mercúrio, Hg, ocorre o fenômeno de biomagnificação, ou seja, aumento exponen-
cial de concentração ao longo da cadeia trófica.

99
Resíduos Sólidos Urbanos

A Biorremediação
A biorremediação consiste na utilização de seres vivos ou seus componentes na
recuperação de áreas contaminadas podendo ser realizado por seres aeróbios ou
anaeróbios. Sua empregabilidade é adequada em áreas degradadas potencialmente
produtivas ou destruição dos reservatórios de água potável. Também é largamente
empregada na descontaminação de solos e aquíferos por metais pesados ou hidro-
carbonetos do petróleo ou para melhoramento dos solos.

A atividade microbiológica auxilia a degradação de componentes gerados por ativi-


dades antrópicas que, em condições normais levariam muito tempo para serem me-
tabolizados e inutilizaria solos potencialmente produtivos. Além de tornar reservas
de água potável inapropriadas para consumo.

A biorremediação é bastante empregada no tratamento de áreas utilizadas


para depósitos de resíduos, que comprometem a qualidade dos solos e das
águas subterrâneas.

Em países desenvolvidos, a utilização dessas técnicas vem crescendo nas últimas


décadas, porém países em desenvolvimento não costumam adotar os sistemas. Os
benefícios da biorremediação nem sempre ocorrem rapidamente e dependendo da
gravidade dos casos podem demorar, tornando-se onerosos quando comparados a
práticas que não são ecologicamente corretas.

De acordo com as principais propriedades físico-químicas do solo (granulome-


tria, textura, pH, umidade, capacidade de campo, porosidade, permeabilidade
e capacidade de troca iônica) e levando-se em consideração o tipo, nível de
poluição ou desgaste do solo, é escolhida a opção ideal. Os profissionais envol-
vidos nos projetos buscam sempre que possível otimizar os custos do planeja-
mento e execução dos projetos.

Efluentes provenientes da agricultura, indústrias e de acidentes industriais contami-


nam a superfície das águas, os solos, o ar e os reservatórios subterrâneos. Um novo

100
Resíduos Sólidos Urbanos

composto desenvolvido tecnologicamente, conhecido como composto para biorre-


mediação está sendo usado para restaurar solos contaminados, controlar odores e
degradar compostos orgânicos voláteis.

As atividades de agricultura, mineração, energia nuclear e disposição de resíduos


industriais e urbanos são as principais causas de poluição dos solos.

Uma das principais vantagens da biorremediação diz respeito a ser um método na-
tural de descontaminação, não transferindo contaminantes de um meio para outro.

Já como desvantagem, podemos citar o fato de se tratar de uma solução ime-


diata, necessidade de tratamento prévio dos locais que receberão o tratamen-
to para suportar a ação dos micro-organismos, necessidade de maior entendi-
mento dos processos e seus controles, bem como dos projetos estabelecidos
para aplicação. O processo de descontaminação pode ter custo elevado, exis-
tência de substâncias recalcitrantes (persistentes) e o fato de algumas substân-
cias degradarem-se parcialmente.

Para se obter bons resultados com biorremediação é necessário que o solo reúna
condições adequadas. Uma das principais características, diz respeito à natureza dos
resíduos presentes no solo. Estes devem ser susceptíveis à degradação biológica e se
encontrarem presentes sob forma física acessível para os micro-organismos.

Os micro-organismos apropriados devem estar disponíveis e as condições ambien-


tais (tais como pH, temperatura e nível de oxigênio) devem ser adequadas.

Quando a área se encontra impactada são empregados micro-organismos selecio-


nados através da engenharia genética.

O tratamento por biorremediação pode tanto ser realizado In Situ (quando o local
contaminado não sofre escavação do solo ou remoção de água) quanto ex-situ,
quando há a necessidade de remoção do material contaminado para a realização do
processo de tratamento fora do local poluído e On Situ (quando o local contaminado

101
Resíduos Sólidos Urbanos

sofre perturbação física – escavação do solo ou remoção da água, ocorrendo o trata-


mento do solo no mesmo local).

Como técnicas de biorremediação In Situ podemos citar: a Bioinoculação, a Bioes-


timulação, Bioventing ou Bioasparging e como técnicas empregadas On Situ pode-
mos citar Landfarming, Compostagem, Biopilhas ou Biorreatores.

A Bioestimulação estabelece as condições favoráveis ao crescimento de micro-or-


ganismos. A Bioaumentação adiciona micro-organismos previamente selecionados
visando o aumento da população microbiana ativa.

O Bioventing na Biorremediação

Bioventing é uma técnica recente e promissora, que se baseia no estímulo da de-


gradação in situ de qualquer composto degradável aerobiamente, através do forne-
cimento de baixas concentrações de oxigênio aos micro-organismos presentes no
solo. Normalmente o oxigênio é fornecido através da injeção direta de ar.

A técnica vem sendo usada no tratamento de solos contaminados por hidrocarbo-


netos derivados do petróleo, solventes não clorados, alguns pesticidas, conservan-
tes de madeira, entre outros orgânicos.

Apresenta algumas limitações: a proximidade da superfície do nível freático, a exis-


tência de zonas saturadas, ou a baixa permeabilidade do solo reduzem a eficiência
desta técnica. Pode ocorrer acumulação de vapor em cavidades no raio de influência
dos poços de injeção. O problema pode ser atenuado através da extração de ar na
proximidade dessas estruturas.

Teores de umidade extremamente baixos podem limitar a biodegradação e a efici-


ência do bioventing, é possível a necessidade de monitorização dos gases liberados
e a biodegradação aeróbia de muitos compostos clorados pode não ser eficiente na
ausência de co-metabolismo adequado ou de um ciclo anaeróbio.

102
Resíduos Sólidos Urbanos

Temperaturas baixas diminuem a velocidade de descontaminação, embora existam exem-


plos bem-sucedidos de aplicação de técnicas biológicas em climas extremamente frios.

Devem ser realizados testes in situ para determinar a permeabilidade do solo ao ar


e a taxa de respiração microbiológica. Características do solo que afetam a atividade
microbiana são o pH, umidade, temperatura e nutrientes.

Os custos de operação de um sistema de Bioventing variam geralmente entre 10 e


70 US$ por metro cúbico (EPA, 1997). Os fatores que afetam os custos incluem: tipo
e concentração de contaminantes, permeabilidade do solo, número e espaçamento
entre poços, taxa de bombagem e tratamento de gases. Esta tecnologia não exi-
ge equipamento dispendioso e o número de operadores envolvidos na operação
e manutenção do sistema é reduzido, com monitorização periódica. Na Figura 04, é
possível perceber como funciona o sistema de Bioventing.

Figura 04 - Fonte: www.hgcinc.com/petror.htm, 12/12/2003.

103
Resíduos Sólidos Urbanos

Bioasparging

Consiste em uma técnica de biorremediação in situ, que introduz ar no aquífero con-


taminado para produzir borbulhamento na água criando uma aeração que remove
os contaminantes por volatização. O Air Sparging deve ser utilizado junto a um siste-
ma de extração de Vapores (SVE – Soil vapor extraction) para onde os contaminantes
são carregados. Conforme esquema abaixo:

FONTE: http://www.nmenv.state.nm.us/ust/images/remed-7.gif

A técnica do Landfarming é um sistema de tratamento de resíduos. O processo é


aeróbio e a técnica é ideal para solos contaminados ou lodos contaminados por
pesticidas, diesel, óleo, conservante de madeira, creosoto, resíduos do coque (refino
do petróleo), não podendo ser utilizada para terras de plantações e sendo restrita à
aplicação em pequenas extensões de solo.

A técnica de Biopilhas consiste no tratamento do resíduo/solo através do empilha-


mento deste sob manta impermeabilizante que tem como objetivo reter a lixívia
(chorume percolado pelo solo). Ar e nutrientes são nutrientes (oxigenação de pe-
quenas partes do solo para acelerar a atividade microbiana).

104
Resíduos Sólidos Urbanos

Os Biorreatores são empregados nos casos em que existe dificuldade na manuten-


ção das condições ótimas de processo (processo de fermentação).

Dentre as principais técnicas de recuperação de solos e aquíferos destaca-se a des-


truição ou alteração do contaminante – métodos térmicos, biológicos e químicos (in
situ ou ex situ), a extração ou separação dos contaminantes do local, o tratamento
por dessorção térmica, lavagem e extração com solventes e extração de vapores do
solo (SVE – soil vapor extraction).

Dessorção Térmica

A dessorção térmica é uma tecnologia de tratamento inovadora para solos, lamas ou se-
dimentos contaminados com resíduos tóxicos, baseando-se no aquecimento direto do
solo (tratamento físico-térmico), sendo utilizada para separar contaminantes com baixo
ponto de ebulição (vaporização). Dentre estes se encontram os contaminantes orgâni-
cos, como pesticidas, produtos derivados do petróleo, cianetos e metais pesados.

A função desta tecnologia é aquecer o solo contaminado por um determinado perí-


odo de tempo, até uma temperatura suficiente para volatilizar a água e os contami-
nantes, para posterior tratamento dos gases.

A tecnologia de tratamento através de dessorção térmica é um processo diferen-


te do tratamento por incineração. Na dessorção térmica utiliza-se do aquecimento
para se separar fisicamente o contaminante do solo, sendo o ar contaminado extraí-
do do maciço e tratado posteriormente.

As vantagens da dessorção térmica em relação ao método tradicional de incineração


abrangem três fatores importantes: custo, reutilização do solo e gasto energético.

Os sistemas de dessorção térmica on site tratados ex situ são geralmente classificados


em dois grupos, com unidades de aquecimento direto e indireto. Nas unidades de aque-
cimento direto, transfere-se calor através da radiação e convecção de gás para o sólido.

105
Resíduos Sólidos Urbanos

O aquecimento indireto transfere calor através da técnica por condução ou


promove aquecimento através de bastonetes de resistência elétrica colocados
no solo, sendo então os contaminantes volatilizados e expelidos para os siste-
mas de controle de emissão.

Podem existir processos de pré-tratamento, tais como: secagem e ajuste de pH. Os


processos pós-tratamento são: o tratamento dos sólidos (resfriamento), e o trata-
mento de gases (separadores ciclones, oxidadores térmicos, resfriadores evapora-
tivos, condensadores, sistema de carvão ativado, etc.). A escavação de solos é uma
tecnologia que torna o processo mais caro devido à mobilização de equipamentos,
custo de transporte e reconstrução da área escavada, bem como aumenta o risco de
disposição e dispersão do contaminante enquanto manuseado.

Compostagem
A compostagem é similar ao landfarming, mas com a adição de um material corretivo do
solo (matéria orgânica – utilização do produto final como fertilizante, uso na agricultura).

A compostagem consiste em uma técnica ex situ, já que o solo contaminado é re-


movido do local para ser tratado.

O termo compostagem também é utilizado para descrever um processo de biorre-


mediação aeróbio, no qual ocorre grande evolução de calor. Quando a composta-
gem é utilizada para auxiliar num processo de descontaminação de um solo, nele é
inserido algum material corretivo ao solo.

Neste caso a adição do material corretivo terá por finalidade aumentar a permeabili-
dade do solo, a taxa de transferência de oxigênio, além de propiciar uma melhora da
textura do solo e um melhor suprimento do sistema como fonte de energia capaz de
sustentar a atividade microbiana.

É nestes processos que materiais como palha, grama, folha, cavacos de madeira, ba-
gaço de cana, serragem esterco etc., são largamente empregados.

106
Resíduos Sólidos Urbanos

Para descontaminação de áreas afetadas pode-se utilizar como forma de biorreme-


diação a compostagem.

A compostagem é um método que traz resultados rapidamente, além de ser ecolo-


gicamente correto e apresenta custos reduzidos quando comparados a outras técni-
cas de descontaminação. Vale ressaltar que as técnicas de descontaminação não são
escolhidas somente pelo custo operacional, mas também pela eficácia na retirada os
resíduos indesejáveis de solos e aquíferos.

Fitorremediação
Assim como as técnicas apresentadas, a fitorremediação constitui outro método de
biorremediação onde uso da vegetação é utilizado na descontaminação in situ de
solos e sedimentos onde são encontradas grandes quantidades de metais pesados
e poluentes orgânicos.

A fitorremediação empre-
ga plantas com o objetivo
de remover, transferir, es-
tabilizar ou destruir ele-
mentos nocivos. Como
pode ser observado na
imagem ao lado.

Os organismos sempre
estiveram expostos aos
metais tóxicos, entretanto,
a poluição do ambiente
por metais, incluindo ra-
dionucleotídeos, aumen-
tou consideravelmente
nos últimos anos. Tal fato FONTE: http://www.nmenv.state.nm.us/ust/images/remed-7.gif

107
Resíduos Sólidos Urbanos

deve-se, principalmente, ao crescimento da atividade industrial, embora produtos agrí-


colas e lançamento de esgotos também contribuam para esse crescente incremento e
degradação ambiental. (MORENO e CORSEUIL, 2001).

A fitorremediação emprega plantas com o objetivo de remover, transferir, estabilizar ou


destruir elementos nocivos, sendo aplicável a solos com baixos níveis de contaminação.

Na fitorremediação os poluentes são eliminados por três vias distintas, a primeira delas
é através da ingestão e acumulação dos contaminantes pela planta (fitoextração) que
envolve o cultivo de plantas com capacidade de concentração de metais pesados. Es-
sas plantas devem depois da biorremediação serem removidas do local e encaminha-
das para incineração e, suas cinzas, para disposição final em aterros industriais.

A segunda via é através da liberação no solo de oxigênio e substâncias bioquí-


micas que estimulam a biodegradação dos poluentes e a terceira que ocorre de-
vido à inserção de fungos e bactérias que contribuem para a intensificação da
degradação por fungos e micróbios localizados na interface raiz-solo. Podendo
ser empregada em grandes áreas, sendo capaz de remediar não somente solos
contaminados, mas também águas. O tratamento por fitorremediação pode ser
extenso e demorar anos para ser finalizado.

Dependendo da natureza dos poluentes presentes no solo, é possível que a


biomassa dos vegetais empregados na fitorremediação sejam reciclados, com
finalidades variadas, tais como uso como fertilizante, ração animal, fabricação
de papel ou geração de biogás, entre outros.

No entanto, a disposição final de resíduos em aterros sanitários envolve a presença


de resíduos industriais, com elevado potencial tóxico, tais como metais pesados e
pesticidas, o que impede que tenha a destinação de reciclagem.

As vantagens da fitorremediação incluem seu custo relativamente baixo, específicos


estéticos e natureza não evasiva. Como exemplo de planta utilizada no tratamento
de solos contaminados podemos citar o arbusto mostarda-alpina, que tem capaci-
dade de hiperacumular cádmio, zinco e níquel (COLIN, 2002).

108
Resíduos Sólidos Urbanos

O termo fitorremediação é utilizado para englobar todos os processos envolvi-


dos na remediação e solos, sedimentos e aquíferos contaminados por meio da
seleção e utilização de espécies vegetais em regiões contaminados por etanol e
gasolina. (MORENO e CORSEUIL, 2001).

A contaminação de solos e aquíferos por metais pesados comumente ocorre em re-


giões próximas a indústrias poluentes, principalmente indústrias químicas que não
tratam de forma correta os seus resíduos.

Em Moreno e Corseuil (2001) foi testada a planta Salix babylonica, conhecida popu-
larmente como chorão, na fitorremediação. Análises demonstraram que a planta é
eficaz no tratamento de solos contaminados por etanol e gasolina.

Os metais pesados costumam se acumular em solos e sedimentos e é normal que


em mangues ocorra um acúmulo de metais pesados, entretanto, devido à presença
de raízes é possível reduzir o nível de poluentes, já que as plantas os absorvem.

Os mangues servem como ecossistemas filtradores de impurezas, e precisam se


manter conservados, pois as descargas de poluentes recebidas alteram a qualidade
dos alimentos que oferecem às muitas espécies que utilizam o mangue como cria-
douro natural (caranguejos, mariscos, camarões, ostras e peixes). A matéria orgânica
e os nutrientes dos mangues são utilizados por muitas espécies ao longo da cadeia
alimentar podendo contaminar o homem ao serem remobilizados.

Os metais pesados têm a capacidade de mudar de forma química e acumularem-se


em organismos vivos. A causa mais frequente de contaminação humana e envene-
namento nos seres vivos por metais pesados vem da contaminação por ingestão de
alimentos contaminados (REBELO e MEDEIROS, 1988).

A técnica vem sendo usada no tratamento de solos contaminados por hidrocarbo-


netos derivados do petróleo, solventes não clorados, alguns pesticidas, conservan-
tes de madeira, entre outros orgânicos.

109
Resíduos Sólidos Urbanos

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

110
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios da Unidade 4

1) Sobre fitorremediação só não podemos afirmar que:

a) É o uso de vegetação na descontaminação de solos e sedimentos

b) Serve para eliminar metais pesados e poluentes orgânicos

c) As plantas podem remediar poluentes por fitoextração

d) A fitorremediação consiste em técnicas de descontaminação ex situ

e) Em alguns casos a descontaminação se dá a longo prazo

2) Assinale a opção que indica uma afirmativa correta sobre a aplicabilidade da


técnica de biorremediação:

a) Selecionar os micro-organismos apropriados e verificar pH, temperatura e


nível de oxigênio no solo

b) O ambiente deve se encontra pouco contaminado

c) A biorremediação deve ser realizada somente por bactérias aeróbias

d) A biorremediação é aconselhável somente para os poluentes insolúveis


em água

e) Pode ser realizada para qualquer tipo de poluente

111
Resíduos Sólidos Urbanos

3- Sobre a técnica da dessorção térmica podemos afirmar que:

a) Só pode ser utilizada in situ

b) Só pode ser aplicada ex situ

c) Consiste no aquecimento do solo seguido de tratamento dos


poluentes voláteis

d) A descontaminação dependendo da extensão da área pode


apresentar custos elevados

e) A dessorção térmica é igual a incineração

4- Sobre a compostagem só não podemos afirmar que:

a) Consiste em uma biorremediação anaeróbia

b) Deve inserir algum material corretivo no solo

c) Pode ser empregado no processo restos de limpeza urbana

d) Pode ser empregado lodo proveniente de resíduos domiciliares

e) Consiste em uma técnica de baixo custo

5- O Air Sparging consiste em uma técnica de biorremediação:

a) Que introduz no solo vapor

b) Que introduz ar para promover aeração e promover remoção de


contaminantes

c) Pode ser usado sozinho sem sistema de extração de Vapores

d) É uma técnica de biorremediação ex situ

e) Que envolve a inserção de fertilizantes no solo

112
Resíduos Sólidos Urbanos

6- Assinale a alternativa errada:

a) A biorremediação pode acelerar a degradação de contaminantes por


micro-organismos

b) A biorremediação pode alterar as condições bioquímicas naturais do solo


ou de águas subterrâneas contaminadas

c) Processos térmicos podem acelerar a mudança de fase do contaminante, o


que facilita sua remoção do solo

d) O bioventing é uma técnica de biorremediação que fornece altas


concentrações de oxigênio aos micro-organismos.

e) A técnica de extração de gases promove a remoção de gases compostos


orgânicos voláteis

7- Sobre a técnica de biopilhas assinale a opção incorreta:

a) É um tratamento que se aplica a descontaminação de solos e resíduos

b) Insere ar e nutrientes no solo

c) A técnica injeta ar e nutrientes para aumentar a degradação microbiológica

d) Adiciona material corretivo ao solo

e) A técnica de biopilhas tem o papel de realizar o tratamento da lixívia

8- Quando há a necessidade de retirada de solo ou efluente do local contaminado


para que os mesmos sejam tratados em outro local, o processo é chamado de
biorremediação__________________.

113
Resíduos Sólidos Urbanos

9- A utilização de aterros sanitários, é um método de tratamento alternativo


para resíduos sólidos urbanos. Neste, o processo de decomposição é:

a) Aeróbia devido à grande quantidade de oxigênio presente

b) Aeróbia devido à escassez de ar dentro das células

c) A digestão é realizada artificialmente

d) Ocorre digestão aeróbia e anaeróbia

e) A decomposição dos resíduos não ocorre

10- Sobre a biorremediação não podemos afirmar que:

a) Aplicação de organismos vivos em tratamento de ambiente


contaminado a fim de reduzir a concentração dos poluentes

b) Quando ocorre no mesmo local pode ser classificada como in situ ou


on situ

c) Pode ser classificada como in situ quando o tratamento do material é


realizado no próprio ambiente sem necessidade de remoção do material

d) É necessário caracterizar física, química e microbiologicamente a


área contaminada e do tipo de contaminante para escolha do método
de biorremediação de solo

e) On situ quando há a necessidade de remoção do material contaminado


para a realização do processo de tratamento fora do local poluído

114
5 Gestão de Resíduos
Sólidos Radioativos

Usinas Nucleares

Vantagens e desvantagens da energia nuclear

Acidente de Chernobyl

Acidente nuclear de Fukushima – Japão

Acidentes radiativos

Alternativas para o gerenciamento de resíduos nucleares


Resíduos Sólidos Urbanos

Nesta unidade você vai ter a oportunidade de conhecer o tópico: resíduos radioativos
e seu gerenciamento.

Objetivos da unidade:

Conhecer as diferenças entre resíduo radioativo e nucleares; conhecer a destinação


final; entender os problemas ambientais associados aos resíduos e gerenciamento
dos mesmos.

Plano da unidade:

• Usinas Nucleares

• Vantagens e desvantagens da energia nuclear

• Acidente de Chernobyl

• Acidente nuclear de Fukushima – Japão

• Acidentes radiativos

• Alternativas para o gerenciamento de resíduos nucleares

Bons Estudos.

116
Resíduos Sólidos Urbanos

Entende-se por resíduos radioativos; qualquer material resultante de atividades huma-


nas, que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção es-
pecificados na Norma CNEN 6.05/1985 cuja reutilização é imprópria ou imprevista.

O gerenciamento de resíduos radioativos é distinto, de acordo com as instalações.


Os nucleares, dizem respeito ao material utilizado em usinas nucleares, abrangendo
instalações do ciclo do combustível, mineração, conversão, enriquecimento, recon-
venção, produção de pastilhas.

Os resíduos radioativos dizem respeito aos provenientes a clínicas, hospitais, centros


de pesquisas, universidades, indústrias.

Ainda de acordo com a norma CNEN 6.05/1985, a gestão de resíduos radioativos é o


conjunto de atividades administrativas e técnicas, envolvidas na coleta, segregação,
manuseio, tratamento, acondicionamento, transporte, armazenamento, controle,
eliminação e deposição de resíduos radioativos.

Os materiais radioativos produzidos em Instalações Nucleares (Reatores Nucle-


ares, Usinas de Beneficiamento de Minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo
do Combustível Nuclear), Laboratórios e Hospitais, nas formas sólida, líquida ou
gasosa, emitem radiação e devem receber tratamento específico para não cau-
sarem contaminação ambiental.

Cada elemento radioativo apresenta uma meia vida característica, o que representa
o tempo necessário para que a atividade radioativa deste elemento seja reduzida
pela metade da atividade inicial.

A tabela abaixo informa o tempo de decaimento de alguns elementos. É importante


lembrar que, quanto maior o tempo de decaimento, maior o risco que representa ao
meio ambiente e a vida em suas múltiplas formas.

117
Resíduos Sólidos Urbanos

http://3.bp.blogspot.com/_K5spnh4KzR8/TLCvzhlDrI/AAAAAAAAAuQ/wHo-
ca3bQmKc/s1600/xxxxxx.jpg

Dependendo do tipo de radiação os efeitos e o poder de penetração são distintos,


conforme é verificado na tabela abaixo.

http://www.ced.ufsc.br/men5185/trabalhos/A2005_outros/34_gamagrafia/tipos_7.jpg

118
Resíduos Sólidos Urbanos

Qualquer dose absorvida de radiação ionizante, inclusive de radiação natural, pode


causar danos ao organismo. O que determina a gravidade é no entanto, a dose de
exposição, tempo de exposição e a forma de exposição.

O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo depende basicamente da


dose absorvida. De acordo com a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nucle-
ar, radiação ionizante é aquela cuja energia é superior à energia de ligação dos
elétrons de um átomo com o seu núcleo; radiações cuja energia é suficiente
para arrancar elétrons de seus orbitais.

A norma CNEN 6.05/1985, estabelece uma classificação para os resíduos radioativos:

• rejeitos de nível baixo de atividade, os quais não requerem blindagem para


manuseio e transporte;

• rejeitos de nível médio de atividade, os quais requerem blindagem para manuseio


e transporte e não são geradores de calor;

• rejeitos de nível alto de atividade, os quais requerem blindagem e também resfria-


mento, uma vez que são geradores de calor.

Como recomendação para o tratamento destes resíduos, a norma CNEN


6.05/1985, destaca-se a necessidade dos resíduos serem separados fisicamen-
te, de quaisquer outros materiais.

Os resíduos submetidos à segregação, que não puderem ser removidos da instala-


ção, devem ser colocados em recipientes adequados e armazenados até que possam
ser transferidos ou eliminados, em conformidade com requisitos específicos.

Os recipientes destinados tanto à segregação quanto à coleta, transporte e armaze-


namento de resíduos devem portar o símbolo internacional de presença de radia-
ção, colocado de maneira clara e visível.

O local para armazenamento provisório de resíduos radioativos deve ser incluído


no projeto da instalação. A Lei Federal n.10308, de 2001, dispõe sobre a seleção de

119
Resíduos Sólidos Urbanos

locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a inde-


nização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos
radioativos, e dá outras providências.

A norma CNEN 6.05/1985 determina que a segregação dos resíduos deve ser
feita no mesmo local que os mesmos forem produzidos, levando em considera-
ção as seguintes características:

• Sólidos, líquidos ou gasosos

• Meia, curta ou longa vida;

• Compactáveis ou não compactáveis

• Orgânicos ou inorgânicos

• Putrescíveis ou patogênicos

• Outras características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilida-


de, piroforicidade, corrosividade e toxicidade química)

A norma CNEN 6.05/1985 também aponta que devam ser classificados com base no
seu estado físico, natureza da radiação, concentração e taxa de exposição.

Usinas Nucleares
Em usinas nucleares são classificados como resíduos de baixa radioatividade: lu-
vas, roupas especiais, ferramentas e sapatos, por exemplo.

Os materiais radioativos são acondicionados em tambores apropriados para evitar


a passagem de radiação. Após o decaimento da radiação são descartados.

Como exemplos de resíduos de médio nível de atividade, podemos citar: as resinas


exauridas (usadas na remoção/purificação da água contaminada), assim como os
filtros usados.

120
Resíduos Sólidos Urbanos

Os resíduos de alto nível de atividade estão diretamente relacionados aos elemen-


tos usados nos reatores nucleares.

As entidades que trabalham com material radioativo devem tratá-los, armazená-


-los provisoriamente e entregá-los à CNEN.

Os resíduos nucleares são estocados e armazenados em área específica dentro das pró-
prias usinas. No Brasil ainda não existem lugares definitivos para depósito dos resíduos
nucleares. Os resíduos são depositados em depósitos intermediários (provisórios).

Em relação aos depósitos de resíduos radioativos/nucleares, existem os depósitos


iniciais, intermediários e finais. Estes devem ser construídos, licenciados, adminis-
trados e operados segundo critérios, procedimentos e normas estabelecidas pela
CNEN, vedado o recebimento nos depósitos finais de rejeitos radioativos na forma
líquida ou gasosa, conforme legislação federal, Lei n. 10308/2001.

A CNEN possui um depósito definitivo em Goiânia, específico para os resíduos do


acidente com o Césio - 137, ocorrido em 1987. Este depósito definitivo teve que ser
construído emergencialmente, em virtude do maior acidente envolvendo mate-
rial radioativo da história no Brasil, o qual será abordado adiante. Como depósitos
temporários, conta com a parceria de alguns centros de pesquisa no Brasil.

Vantagens e desvantagens da energia nuclear


A utilização da energia nuclear apresenta algumas vantagens como ser uma alter-
nativa viável de substituição à exaustão das reservas de combustíveis fósseis. Cons-
tituem reservas de energia superiores às de combustíveis fósseis, necessitam de
pequeno espaço para instalação de uma usina nuclear, possibilita a diversos países
a conquista da independência energética das principais matrizes energéticas utiliza-
das na atualidade (petróleo e gás), além de não contribuir para o efeito estufa.

As desvantagens da utilização desta fonte energética estão relacionadas às caracte-


rísticas de seus resíduos, a sua estabilidade e permanência no meio ambiente.

121
Resíduos Sólidos Urbanos

Em toda a cadeia de produção do urânio, há a presença de radiação (da extração


à geração dos resíduos nucleares), não existem tecnologias de reciclagem ou reu-
tilização destes passivos ambientais, além de se constituir um grande problema, a
questão da destinação final.

Os possíveis impactos ambientais que acidentes radioativos/nucleares podem


causar ao meio ambiente são inquestionáveis. Ainda que a área destinada à
construção de uma usina seja relativamente pequena, são elevados os custos de
construção e operação das usinas.

Nas usinas nucleares, o calor gerado no núcleo do reator nuclear aquece a água
do circuito. Na etapa seguinte, a água circula pela tubulação do gerador de va-
por. A alta pressão de água faz com que as turbinas se movimentem e alimentem
o gerador elétrico. Dentre os elementos mais utilizados nas usinas nucleares
destacam-se o tório, o urânio e o actínio.

Acidente de Chernobyl

O maior acidente nuclear da história ocorreu em 1986, na Ucrânia, o ano de 1986,


que consistiu na explosão de um reator que funcionava com Césio-137.

O acidente causou a morte de centenas de pessoas, Chernobyl virou uma cidade


fantasma, pois toda a população teve de abandonar suas casas. Cerca de 45.000 fo-
ram retiradas de suas casas, devido à intensa radiação que era registrada e de todos
os riscos à vida, que o acidente nuclear representava.

O vazamento foi controlado e no local, construído um sarcófago de concreto e aço,


para isolar a radiação. O local encontra-se abandonado e um segundo sarcófago está
sendo construído, para evitar maior contaminação ambiental.

122
Resíduos Sólidos Urbanos

O solo da região no entorno da usina foi totalmente contaminado, de forma


que foi necessário o sacrifício de todos os animais da região, para evitar disse-
minação da radiação.

Até hoje, a população da Ucrânia sofre as consequências da exposição à radiação,


crianças sofrem com má formação fetal, além de ser comum entre a população a
ocorrência de abortos, e considerada alta a incidência de tumores cancerígenos.

Acidente nuclear de Fukushima – Japão

Um acidente nuclear no Japão, devido ao domínio da área de tecnologia e ao rigoroso


controle ambiental, não era esperado. No entanto, o fato do Japão ser uma ilha e uma
região propensa a terremotos e maremotos, torna a área instável e suscetível a desas-
tres naturais. O que em caso de acidentes, amplia os riscos de acidentes ambientais.

Um terremoto teria causado danos à usina de Fukushima, após o terremoto ocorreu


um tsunami (que derreteu e explodiu reatores em Fukushima) ocasionado morte de
funcionários e contaminação da área de entorno.

O Japão resolveu, após a tragédia, cessar as atividades de suas 55 usinas nucle-


ares, principal fonte geradora de energia elétrica. Atualmente o país está substi-
tuindo a forma convencional de geração de energia por fontes alternativas, como
a maremotriz, que aproveita a energia proveniente da movimentação das águas
dos oceanos. O que serve de exemplo para que outros países revejam suas ma-
trizes energéticas. Este acidente é considerado o mais grave desde Chernobyl.

É importante ressaltar que a energia nuclear também pode ser utilizada para
produzir armas com grande poder de destruição, o que representa riscos de
extinção em massa.

123
Resíduos Sólidos Urbanos

A gestão dos resíduos ra-


dioativos/nucleares, em re-
lação aos riscos ambientais
é complexa e indispensável.
Sendo importante refletir
sobre os possíveis impactos
provenientes destas ativi-
dades, cujos resíduos re-
querem cuidados especiais
e locais especiais para sua
disposição final. A seguir

Fonte: http://imgs-srzd.s3.amazonaws.com/srzd/upload/
imagem do acidente na usi-
f/u/fukushimanuclear.jpg na nuclear de Fukushima.

Acidentes radiativos

No Brasil, o pior acidente envolvendo resíduos radioativos ocorreu em Goiânia, no


dia 13 de setembro de 1987, dois anos após o acidente nuclear de Chernobyl, ante-
riormente comentado.

O IGR – Instituto Goiano de Radioterapia – já realizava na época tratamentos utili-


zando o Césio-137. Na época, ele estava fechado e havia um aparelho abandonado
de radioterapia. O Césio-137 é emissor de radiação ionizante, já que apresentam
pequeno comprimento de onda e alta frequência, e devido as suas propriedades é
empregado no processo. O Césio-137 estava encapsulado em chumbo.

Catadores de recicláveis invadiram o local em busca de material que pudesse ser


vendido para ferros-velhos e levaram a cápsula de Césio-137. Eles abriram a cápsula
e foram expostos diretamente a grande incidência de radiação.

124
Resíduos Sólidos Urbanos

A radiação ultrapassou, paredes, móveis e tecidos humanos, provocando a contami-


nação e a morte de várias pessoas.

Entre as vítimas fatais, uma criança de seis anos que espalhou o pó brilhante no rosto
e contaminou toda a família.

O acidente foi um marco histórico para o gerenciamento de resíduos radioati-


vos/hospitalares no Brasil, uma vez que tornou mais rigoroso o processo de mo-
nitoramento e passou a exigir uma postura de responsabilidade socioambiental
aos estabelecimentos que geram estes tipos de resíduos. A falta de incentivos
na área de educação ambiental podem causar sérias consequências à sociedade.

O descaso das autoridades e o desconhecimento da sociedade em relação aos riscos


ambientais relacionados a materiais radioativos marcaram o acidente.

A radiação ionizante tem a capacidade de remover elétrons da eletrosfera, podendo


ocasionar mutações celulares, provocando doenças genéticas, várias formas de cân-
cer, má formação congênita, anemia, entre outras.

Diretrizes básicas de proteção radiológica –


Norma 3.01/2014 da CNEN.

A CNEN divulgou em março de 2014 as diretrizes básicas de proteção radiológica,


norma 3.01 sobre diretrizes básicas de proteção radiológica. Esta norma é aplicável
a todas as atividades que envolvam a utilização de radiação, o manuseio, a geração
de resíduos radiológicos e deposição de materiais radioativos. Sendo importante
observar que as práticas de radiodiagnóstico médico e odontológico são regula-
mentadas por legislação distinta, a Portaria do Ministério da Saúde (alterado pela
Resolução CNEN/CD 48/2005, D.O.U. em 14/11/2005).

125
Resíduos Sólidos Urbanos

Dentre os tópicos abordados na norma CNEN 3.01/2014, destacam-se: programas de


monitoramento ambiental, monitoramento da saúde ocupacional e gerenciamento
de resíduos radioativos.

Para maior aprofundamento:

Alternativas para o gerenciamento de resíduos nucleares


Para resíduos sólidos nucleares existem algumas alternativas que podem ser empre-
gadas no gerenciamento:

• Compactação – para reduzir o volume de resíduos de baixo ou médio nível de


atividade;

• Incineração - pode ser utilizado para vários tipos de materiais: papel, madeira, po-
límeros, carcaças de animais e líquidos orgânicos (sólidos, líquidos, combustíveis);

• Descontaminação - separação do material radioativo existente na superfície de


objetos contaminados, descartados como resíduo radioativo, para reutilizar os ob-
jetos, reciclar os materiais depois de descontaminados. Pode ser física (remoção
mecânica do contaminante) ou química (utilizando soluções químicas);

• Encapsulamento – Imobilização o resíduo sólido não compactável em matriz de


cimento;

• Precipitação química (para remoção de radionuclídeos específicos ou grupo de


radionuclídeos dos resíduos líquidos de nível de atividade baixo e médio);

• Troca iônica – resíduos líquidos de baixa atividade;

• Evaporação – resíduos líquidos de média atividade;

• Filtração – para resíduos gasosos;

• Lavagem – para resíduos gasosos.

126
Resíduos Sólidos Urbanos

É HORA DE SE AVALIAR!

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo


a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-
aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie
através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!

127
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios da Unidade 5

1 - Os resíduos nucleares devem ser armazenados em _______________


intermediários situados na própria___________________. A radiação deve ser
monitorada no ar, na terra e na água. As pessoas que trabalham com radiação
também são monitoradas diariamente.

2 - De acordo com a norma _________________, que trata de gerência de


resíduos radioativos, os resíduos nucleares são classificados com base no seu
________________, ________________, ________________ e taxa de exposição.

3- Assinale a opção incorreta:

a) alguns alimentos recebem radiação para aumentar o tempo de vida


útil e esta radiação, não faz mal à saúde.

b) os resíduos nucleares podem ser provenientes da indústria.

c) resíduos radioativos podem ser provenientes da medicina.

d) embora a radioatividade se reduza com o tempo, o processo de


decaimento radioativo de alguns materiais pode levar milhões de anos.

e) existe a necessidade de se fazer um descarte adequado e controlado


de resíduos.

128
Resíduos Sólidos Urbanos

4 - Os resíduos nucleares representam um problema ambiental que se destaca por:

a) emitir gases estufa.

b) acumula-se em quantidades superiores aos resíduos urbanos.

c) representa resíduos de origem orgânica.

d) as emissões de radiações podem provocar danos as diferentes formas


de vida e o decaimento da meia vida pode demorar milhões de anos para
ocorrer.

e) libera dioxinas e furanos.

5 - Sobre as usinas nucleares e seus resíduos podemos afirmar que:

a) Todos os resíduos em usinas nucleares são classificados como rejeitos


de nível baixo de atividade.

b) Mesmo após o decaimento da radiação, os resíduos radioativos


representam riscos ambientais.

c) Resíduos nucleares são armazenados em locais distantes das usinas


nucleares.

d) A destinação final dos resíduos nucleares deve ocorrer em aterros


industriais.

e) Depósitos de resíduos radioativos devem ser licenciados pela CNEN.

129
Resíduos Sólidos Urbanos

6 - Não constitui uma alternativa para gerenciamento de resíduos nucleares:

a) Incineração.

b) Compactação.

c) Biorremediação.

d) Encapsulamento.

e) Precipitação química.

7 - Sobre os diferentes tipos de radiação podemos afirmar que:

a) A radiação alfa provoca danos irreversíveis ao DNA

b) A radiação alfa é utilizada em usinas nucleares

c) Os elementos radioativos, após transformação, tornam-se mais nocivos


ao meio ambiente.

d) A radiação gama pode atravessar completamente o corpo humano.

e) O poder de penetração da radiação beta pode ser barrado por uma


folha de papel.

8- Os resíduos nucleares são aqueles utilizados em ____________________,


abrangendo instalações do ciclo do __________________, da mineração, da
conversão, do __________________ da reconvenção e da produção de pastilhas.

130
Resíduos Sólidos Urbanos

9 - Correlacione as colunas:

a) Norma 3.01/2014.

b) Lei Federal n.10308.

c) CNEN 6.05/985.

( ) Dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o licenciamento, a


operação, de rejeitos radioativos entre outros.

( ) Determina local de segregação de resíduos nucleares.

( ) Dispõe sobre proteção radiológica.

10 - Quanto a segregação dos resíduos radioativos, marque a opção que não


indica corretamente uma característica a ser avaliada:

a) Meia vida.

b) Patogenicidade.

c) Recuperação.

d) Capacidade de ser compactado.

e) Estado físico.

131
Resíduos Sólidos Urbanos

Considerações Finais

Chegamos ao final dos estudos de Resíduos Sólidos Urbanos. Ao longo das


Unidades de Estudo você encontrou um conteúdo relevante e prático que reúne
os principais tópicos de resíduos sólidos urbanos. Tenho certeza que a aplicação
deste conhecimento será útil para sua vida profissional. É necessário, no entanto
levar em consideração que o livro não esgota o assunto, uma vez que a cada
dia são criadas novas tecnologias de descontaminação, novas legislações de
proteção ao meio ambiente e novas alternativas de recuperação de resíduos, o
que certamente contribuirá para a redução dos passivos ambientais relacionados
à temática dos resíduos. A Universo o parabeniza por ter concluído seus estudos,
aumentando sua bagagem com conhecimentos e habilidades que irão beneficiá-
lo por toda a vida. Mantenha o hábito da leitura por toda sua vida profissional,
atualizando-se continuamente. Desejo a todos sucesso!

132
Resíduos Sólidos Urbanos

Conhecendo a Autora

SHEILA DE LIRA FRANKLIN - Possui graduação em Ciências Biológicas pela UERJ,


doutorado em Ciências, mestrado em Engenharia Ambiental e especialização
em Química Ambiental, pela mesma instituição. Atua nas seguintes áreas de
concentração: microbiologia ambiental, avaliação de impactos ambientais,
controle ambiental, gestão ambiental, biossegurança, qualidade do ar de
interiores, saúde ocupacional e educação ambiental. Atualmente é professora
visitante do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - DESMA/UERJ.

133
Resíduos Sólidos Urbanos

Referências

ÂNGULO, S. C. et al, 2001, Desenvolvimento Sustentável e Reciclagem de


Resíduos na Construção Civil, Publicações USP. Disponível em: <www.
reciclagem.pcc.usp>. Acesso em: 15/03/2004.

BRAGA, B. et al., Introdução à Engenharia Ambiental, São Paulo: Prentice Hall, 2003.

COLIN. B. Química Ambiental. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2002.

CHAVES, A.P. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios. São Paulo: Signus,


1996, v.1, pp 2.

FRANKLIN, S.L. A Relação Entre a Química Ambiental, Crescimento Populacional,


Pobreza e a Fome: Suas Contribuições Para o Desenvolvimento Sustentável.
Rio de Janeiro: 2004, 69 pp. Monografia de Pós- -Graduação em Química Ambiental
– Instituto de Química. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

MORENO, N. F.; CORSEUIL, X. H. Fitorremediação de Aquíferos Contaminados


por Gasolina. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, vol 6, n. Jan/March, 2001

PINTO, T.P. Metodologia Para a Gestão Diferenciada de Resíduos Sólidos


da Construção Urbana. São Paulo: 1999, 189 pp. Tese de Doutorado – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo.

SARDELLA, A. MATEUS, E. Dicionário Escolar de Química, São Paulo: Ática,


1981, pp-294.

VIEIRA, F.P. et al. Meio Ambiente, Desenvolvimento e Cidadania: Desafios


Para as Ciências Sociais, São Paulo: Cortez, 1995.

134
Resíduos Sólidos Urbanos

USEPA - EPA (UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROCTECTION AGENCY) -


Innovative Uses of Compost – Biorremediation and Pollution Prevention
- Solid Waste and Emergency Response (5306W), October 1997.18/09/2003.
Disponível em: www.epa.gov. Acesso em: 16/06/2014.
www.abvidro.com.br – acesso em: 13/03/2004.

CNEN – Disponível em: http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/radio.pdf


acesso em: 13/03/2004.

CNEN – Disponível em: http://www.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.


pdf acesso em: 13/03/2004.

135
Resíduos Sólidos Urbanos

136
A
nexos
Resíduos Sólidos Urbanos

Gabaritos

Exercícios unidade 1
1. E
2. D
3. D
4. D
5. B/C/D/A
6. tratamento / disposição final / serviços de saúde
7. D
8. nucleares / hospitalares / Comissão Nacional de Energia Nuclear /
CNEN
9. orgânicas / inorgânicas / descarte / reutilização
10. B

Exercícios unidade 2
1. D
2. Inerte/ estabilidade química/ reciclável
3. E / A / D / C / B
4. D
5. Recicláveis/ambientais/sociais.
6. n.59401/2006/ adesão e parceria
7. E
8.Biodigestores/matéria orgânica/urbanos/domésticos/agricultura/pecuária
9. C
10. D
11. repensar

138
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios unidade 3

1. C

2. B

3. Retirada/consumista/capitalismo/resíduos

4. D

5. D

6. Desenvolver plano – realizar treinamento – conferir pré-tratamento


necessário – realizar inventário – destinar corretamente os resíduos.

7. C / D / A / B

8. Classificação/identificação/características

9. C

10. D

Exercícios unidade 4

1. D

2. A

3. C

4. A

5. B

6. D

7. D

8. ex situ.

9. B

10. E

139
Resíduos Sólidos Urbanos

Exercícios Unidade 5

1. Depósitos/ usina nuclear

2. CNEN 6.05/1985 /estado físico/natureza da radiação/concentração

3. B

4. D

5. E

6. C

7. D

8. usinas nucleares/combustível/ enriquecimento

9. B/ C / A

10. C

140

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