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Dialogando Com Paulo Freire e Vygotsky PDF
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Nunca falo da utopia como uma impossibilidade que, às vezes, pode dar
certo. Menos ainda, jamais falo da utopia como refúgio dos que não atuam ou
[como] inalcançável pronúncia de quem apenas devaneia. Falo da utopia, pelo
contrário, como necessidade fundamental do ser humano. Faz parte de sua
natureza, histórica e socialmente constituindo-se, que homens e mulheres não
prescindam, em condições normais, do sonho e da utopia.
Vygotsky (2001) critica o ensino direto da velha escola, dizendo que este extirpa
toda dificuldade do pensamento da criança, e esta tendência a facilitar contraria os mais
básicos princípios educativos. Afirma ele que
até hoje o aluno tem permanecido nos ombros do professor. Tem visto tudo com
os olhos dele e julgado tudo com a mente dele. Já é hora de colocar o aluno
sobre as suas próprias pernas, de fazê-lo andar e cair, sofrer dor e contusões e
escolher a direção. E o que é verdadeiro para a marcha – que só se pode
aprendê-la com as próprias pernas e com as próprias quedas – se aplica
igualmente a todos os aspectos da educação. (p. 452)
Assim, ler o mundo e compartilhar a leitura do mundo lido; a educação como ato
de produção, de reconstrução do saber, como prática de liberdade, afirmando a
politicidade do conhecimento são pressupostos pertinentes tanto a Paulo Freire quanto a
Vygotsky.
Entendemos, com base numa máxima freireana, que ninguém inclui ninguém;
ninguém se inclui sozinho; a inclusão decorre da união de todos na luta por uma
sociedade mais justa e mais solidária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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