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Educação e Diversidade PDF
Educação e Diversidade PDF
2017
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Profª Ana Cláudia Moser
370.19
M899e Moser; Ana Cláudia
Educação e diversidade / Ana Cláudia Moser: UNIASSELVI,
2017.
173 p. : il
ISBN 978-85-515-0053-8
1. Sociologia Educacional.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
Apresentação
“Não existe imparcialidade, todos são
orientados por uma base ideológica.
A questão é: sua base ideológica é
includente ou excludente?” (Paulo Freire)
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem
ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. (Nelson Mandela)
III
A Unidade 2 é formada pelo conjunto de reflexões a respeito das
relações entre legislação, educação, cidadania e diversidade. Nesse espaço
será apresentada a trajetória que levou ao reconhecimento dos Direitos da
Criança e do Adolescente e suas influências no espaço da escola através da
política de inclusão, da educação inclusiva e da gestão democrática.
E, por fim, o terceiro tópico encerra nossa jornada tratando dos desafios
do professor diante da noção de diversidade e de alteridade colocadas diante de
professores, gestores e da comunidade escolar. É o momento de encontrar elementos
IV
que possam nos levar a reflexão sobre a formação e atuação dos professores. O
objetivo é proporcionar um espaço de autorreflexão e fontes nas quais podemos
buscar inspiração para a construção de uma prática pedagógica inclusiva.
Bons estudos!
V
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
VI
VII
VIII
Sumário
UNIDADE 1 - DIVERSIDADE E CIDADANIA ................................................................................ 1
IX
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 81
X
UNIDADE 1
DIVERSIDADE E CIDADANIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você
encontrará dicas, textos complementares, observações e atividades que lhe
darão uma maior compreensão dos temas a serem abordados.
Assista ao vídeo
desta unidade.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Os direitos humanos foram criados para garantir aos cidadãos uma vida
plena, ou seja, os direitos humanos garantem, pelo reconhecimento das leis, dos
Estados e do povo, a cidadania através dos direitos civis, políticos e sociais.
2 DIVERSIDADE E CIDADANIA
3
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
4
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
FONTE: A autora
5
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
E
IMPORTANT
Toda pessoa tem direita à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O
ensino técnico e profissional deve ser generalizado, o acesso aos estudos superiores deve
estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao esforço dos direitos
do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância
e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Os pais têm um direito preferencial para escolher o tipo de educação que será dadas aos
seus filhos.
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TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
7
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
3 DIREITOS E CIDADANIA
A cidadania ganhou espaço no debate social com a luta pelos direitos civis
nos séculos XVII e XVIII. Os direitos civis estavam ligados à garantia da liberdade
de expressão, da liberdade religiosa, de ir e vir, da propriedade privada e escolha
de emprego. Os direitos passaram a ser incluídos nas legislações europeias, porém,
a noção de cidadania vigente amparava as elites em detrimento do restante da
população (MARSHALL, 1967).
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TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
9
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
É preciso, ainda, ressaltar a visão de senso comum da luta pela cidadania como
garantia de privilégios àqueles que pela meritocracia não os alcançaram. Essa visão
ignora as desigualdades promovidas pela estratificação social e as dívidas históricas,
por exemplo, em relação à escravidão e questão dos afrodescendentes no Brasil.
É importante uma parada para reflexão. A charge a seguir mostra que nossa
sociedade não está preparada para a plena inclusão social. Quais são os desafios
que você observa para a inclusão em nosso país, no seu estado, no município e no
seu bairro?
10
TÓPICO 1 | DIVERSIDADE COMO DIREITO: A INCLUSÃO COMO GARANTIA DA IGUALDADE E DIGNIDADE DO INDIVÍDUO
LEITURA COMPLEMENTAR
FONTE: Parâmetros Curriculares Nacionais – vol. 10 Pluralidade Cultural. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2015.
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
14
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
15
AUTOATIVIDADE
I – Direitos civis.
II – Direitos políticos.
III – Direitos sociais.
16
( ) A igualdade material representa a fórmula todos são iguais perante a lei.
( ) A justiça social e distributiva representa a igualdade formal.
( ) A igualdade formal representou o fim de privilégios sociais.
( ) A igualdade material representa o reconhecimento das identidades.
( ) Os critérios de raça, etnia e gênero dizem respeito à igualdade material.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 2
Assista ao vídeo de
resolução da questão 3
17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
O termo diversidade ganha espaço em diferentes abordagens e contextos
sociais. A multiplicidade das relações sociais se constituiu ao longo do tempo como
um campo fértil para debates teóricos e lutas dos movimentos sociais em busca de
direitos e reconhecimento de suas identidades.
FIGURA 9 - DIVERSIDADE
19
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
20
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
DICAS
21
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
DICAS
22
TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
Diante do exposto, fica claro o desafio que essas relações significam para a
educação. E, ao mesmo tempo, como a educação e a produção do conhecimento só
podem ser construídas através do diálogo e do contato com o outro, com a dúvida
e com as necessidades sociais que promovem as inovações.
NOTA
O que é etnocentrismo?
Etnocentrismo é uma visão do mundo em que o nosso próprio grupo é tomado como
centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores,
nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser
visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de
estranheza, medo, hostilidade etc. Perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar
sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto
elementos emocionais e afetivos. No etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano
– sentimento e pensamento – vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente
arraigado na história das sociedades como também facilmente encontrável no dia a dia
das nossas vidas. Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa
como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim,
pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos,
imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este
problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez
o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade. Como
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
E
IMPORTANT
Novos dados do Censo Demográfico 2010 divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, dia
17, mostram que a desigualdade racial diminuiu pouco no Brasil no que se refere à educação
e renda. Os brancos, assim como no Censo de 2000, seguem recebendo salários mais altos e
estudando mais que os negros (pretos e pardos).
Essa realidade é mais acentuada na região Sudeste do país, onde os rendimentos recebidos
pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos pretos. A menor diferença é observada
na região Sul, onde a população branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou preta.
A pesquisa mostra também que os brancos dominam o Ensino Superior no país e que ainda
há diferenças relevantes na taxa de analfabetismo entre as categorias de cor e raça. Enquanto
para o total da população a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai
para 5,9%. Já entre pardos e pretos a taxa sobe para 13% e 14,4%, respectivamente.
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TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
Outro dado revelado mostra que cerca de 70% da população brasileira tem relacionamentos
amorosos com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça. Entre os brancos, grupo mais
“fechado”, 69,3% se unem a pessoas da mesma cor. Eles são seguidos pelos pardos, com
68,5%, indígenas (65%) e pretos (45,1%).
Quanto à escolha de parceiros relacionada ao grau de escolaridade, a pesquisa revela
que a maioria dos homens (82,9%) e das mulheres (85,3%) sem instrução ou com Ensino
Fundamental incompleto se relacionam com pessoas com a mesma situação educacional.
Em números gerais, 68,2% das pessoas uniram-se a outras de mesmo nível de instrução (em
2000, esse percentual era de 63%), sendo que 47% dos homens com diploma universitário
escolhem parceiras com o mesmo grau de escolaridade. No caso das mulheres, o índice
sobe para 51,2%.
TUROS
ESTUDOS FU
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
DICAS
Queer é uma palavra inglesa, usada por anglófonos há quase 400 anos. Na Inglaterra havia até
uma “Queer Street”, onde viviam, em Londres, os vagabundos, os endividados, as prostitutas
e todos os tipos de pervertidos e devassos que aquela sociedade poderia permitir. O termo
ganhou o sentido de “viadinho, sapatão, mariconha, marimacho” com a prisão de Oscar
Wilde, o primeiro ilustre a ser chamado de “queer”.
Desde então, o termo passou a ser usado como ofensa, tanto para homossexuais, quanto
para travestis, transexuais e todas as pessoas que desviavam da norma cis-heterossexual.
Queer era o termo para os “desviantes”. Não há em português um sinônimo claro. Talvez,
como propõe a professora Berenice Bento, possamos pensar o queer como “transviado”.
Para saber mais sobre a teoria queer e suas implicações nas discussões de gênero, leia a
reportagem completa no link abaixo.
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TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
DICAS
O premiado filme de Daniel Ribeiro poderia ser apenas mais uma obra sobre o despertar
da sexualidade na adolescência, se não fosse por duas importantes variantes: Léo, o
protagonista, é cego e começa a gostar de Gabriel, um estudante de sua sala, de quem se
torna amigo. Claudia Mogadouro selecionou o filme em sua lista de 15 filmes nacionais para
crianças e adolescentes verem em cada momento do desenvolvimento.
Segundo a especialista, é uma boa obra para passar para estudantes do Ensino Médio. “O
tema da homossexualidade pode trazer nervosismo e, com isso, piadas de mau gosto.
Sem reprimi-las, sugere-se que as aproveite para discutir a homofobia em nossa cultura.
O filme também trata do desejo de autonomia em relação aos pais, o que é comum
entre os adolescentes. Mas a deficiência visual de Léo potencializa esse problema, dando
a oportunidade de se discutir a relativa e crescente autonomia que os adolescentes vão
conquistando à medida que amadurecem”.
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
Exclusão política:
Exclusão social:
ATENCAO
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
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TÓPICO 2 | DIVERSIDADE COMO CONCEITO: CONCEPÇÕES E INTERPRETAÇÕES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE
LEITURA COMPLEMENTAR
Educação e desigualdade
A luta por uma educação pública e igualitária deve estar na pauta das lutas
políticas nos mesmos níveis das demais lutas sociais e econômicas
Otaviano Helene*
Uma das características mais perversas da sociedade brasileira é a
desigualdade de renda. Nas últimas décadas, chegamos a ocupar a pior posição
entre todos os países. Mesmo considerando certa melhoria mais recentemente,
ainda estamos entre os 12 países mais desiguais do mundo, juntamente com a
África do Sul, o Chile, o Paraguai, o Haiti, Honduras, entre outros.
Enquanto entre nós os 10% mais ricos têm uma renda média (familiar per
capita) mais do que 50 vezes maior que os 10% mais pobres, nos antigos países
socialistas que ainda preservam algumas conquistas sociais (Eslováquia, República
Checa e Hungria entre eles) ou nos países que têm ou tiveram recentemente
influências socialistas relativamente fortes (como os países nórdicos, por exemplo),
essa mesma relação é da ordem de cinco vezes. Mesmo nos países de economia
fortemente liberal, EUA entre eles, essa relação está na faixa de 10 e 20 vezes. O que
ocorre aqui é simplesmente escandaloso.
31
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
A luta por uma educação pública e igualitária deve estar na pauta das
lutas políticas nos mesmos níveis das demais lutas sociais e econômicas, como a
reforma agrária, a luta por moradia, a defesa do setor público e a luta por salários
dignos. Se não rompermos com a atual situação educacional – e esse rompimento
só será possível por meio de uma ampla luta social – jamais construiremos bases
realmente sólidas para superarmos nossa desigualdade.
*Otaviano Helene é professor associado do Instituto de Física, presidiu a
Adusp (Associação de Docentes da Universidade de São Paulo) de julho de 2007 a
junho de 2009. Foi presidente do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais).
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
33
AUTOATIVIDADE
1 As relações sociais que configuram a exclusão social são diferentes e podem ser
consideradas a partir da divisão dessas relações em três níveis. Considerando
esses níveis, classifique as afirmações usando o seguinte código:
I – Exclusão econômica.
II – Exclusão política.
III – Exclusão social.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
34
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A compreensão da diversidade visando transformar nossa prática na
educação é um grande desafio, para tanto você terá contato, neste tópico, com
teorias que elaboram esse desafio propondo caminhos para construir uma educação
pautada no respeito à diversidade.
FIGURA 11 – ALTERIDADE
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
E
IMPORTANT
O que é Alteridade:
Alteridade é um substantivo feminino que expressa a qualidade ou estado do que é outro ou
do que é diferente. É um termo abordado pela Filosofia e pela Antropologia.
Um dos princípios fundamentais da alteridade é que o homem, na sua vertente social, tem
uma relação de interação e dependência com o outro. Por esse motivo, o "eu" na sua forma
individual só pode existir através de um contato com o "outro".
Quando é possível verificar a alteridade, uma cultura não tem como objetivo a extinção de
uma outra. Isto porque a alteridade implica que um indivíduo seja capaz de se colocar no
lugar do outro, em uma relação baseada no diálogo e valorização das diferenças existentes.
Alteridade na Filosofia
No âmbito da Filosofia, alteridade é o contrário de identidade. Apresentada por Platão (no
Sofista) como um dos cinco "gêneros supremos", ele recusa a identificação do ser como
identidade e vê um atributo do ser na multiplicidade das ideias, entre as quais existe a relação
de alteridade recíproca.
A alteridade tem também papel de relevo na lógica de Hegel: o "qualquer coisa", o ser
determinado qualitativamente, está em uma relação de negatividade com o "outro" (nisso
reside a sua limitação), mas está destinado a se tornar em outro, a se "alterar", incessantemente,
mudando as próprias qualidades (as coisas materiais nos processos químicos).
O uso do termo também surge na filosofia do século XX (existencialismo), mas com
significados não equivalentes.
Alteridade na Antropologia
A Antropologia é conhecida como a ciência da alteridade, porque tem como objetivo o
estudo do Homem na sua plenitude e dos fenômenos que o envolvem. Com um objeto de
estudo tão vasto e complexo, é imperativo poder estudar as diferenças entre várias culturas
e etnias. Como a alteridade é o estudo das diferenças e o estudo do outro, ela assume um
papel essencial na Antropologia.
36
TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
DICAS
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
Os novos olhares que direcionamos aos outros nos levam a novos olhares
que podem conformar e transformar a nós mesmos. Cabe à educação apresentar o
diferente e, mais além, promover a vivência da diferença. Tais momentos podem
ocorrer nas interações sociais e também nas interações com a natureza (GUÉRIOS;
STOLTZ, 2010). Nesse sentido, educação, cultura e subjetividade compõem o
mesmo cenário:
38
TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
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TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
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TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
E
IMPORTANT
[...] é muito importante detalhar o que está sendo o multiculturalismo no Brasil, apontando
para suas luzes e sombras, assim como para os novos desafios que esse fenômeno – de
fato, um movimento embora desorganizado – proporciona para a sociedade brasileira. Este
Núcleo Temático não pretende ser exaustivo, mas apontar para algumas novas tendências
que dizem respeito, sobretudo, ao meio acadêmico. Até agora, tem sido sobretudo nesse
meio que têm se concentrado os esforços de se criar algum tipo de multiculturalismo.
44
TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
DICAS
Esse livro, escrito por um dos mais importantes antropólogos brasileiros, não pretende trazer
uma definição exaustiva ou uma versão definitiva do que é o Brasil. Mas nos proporciona a
surpresa do verdadeiro encontro: O que faz do brasil, Brasil? é justamente aquilo que faz com
que reconheçamos como brasileiros nos mínimos e mais variados gestos. Múltiplo e rico, o
Brasil é o país do Carnaval e do feijão com arroz: da mistura e da fantasia. Mas também do
jeitinho que dribla a lei e da hierarquia velada pela cordialidade. Somos brasileiros na devoção
e no sincretismo, no culto à ordem e na malandragem, no trabalho duro e na preguiça. O
Brasil maiúsculo que Roberto DaMatta apresenta não é um conjunto de instituições ou de
fatos históricos, e sim o fundamento da nossa identidade. Nossa brasilidade é um estilo, uma
maneira particular de construir e perceber a realidade.
DAMATTA, Roberto. O que faz do brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
45
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
UNI
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UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
surge na tela vestindo uma jaqueta de couro e dirigindo seu carro ao som de Rock’Roll
Highschool, da banda Ramones. Logo nos primeiros minutos da película vemos a resistência
de Wenger em assumir o comando da classe, estando muito mais interessado na turma
de “Anarquismo”, inclusive por suas experiências no bairro de Kreuzberg, histórico reduto da
militância de esquerda em Berlim.
Dessa forma, a escola nega sua real função educacional, uma vez que
ao invés de tornar-se instrumento de ação política da classe dominada,
torna-se instrumento da classe dominante, reafirmando ainda mais o
antagonismo entre as classes e distanciando cada vez mais a classe de
trabalhadores da verdadeira consciência crítica e intencional. Diante
dessa afirmativa é que se faz necessário o desenvolvimento de uma
ação educativa transformadora, alicerçada por uma administração
escolar democrática, que recuse o modelo da administração empresarial
capitalista, que até então tem permanecido nas instituições escolares, no
intuito de articular-se aos interesses de toda a população e não apenas
de alguns (MATTOS, 2010, p. 6).
E
IMPORTANT
Professor defende a gestão coletiva como a forma de fazer com que todos sejam
corresponsáveis pela aprendizagem
Ocimara Balmant
Diretor que não decide tudo sozinho, professores que trabalham em parceria e currículo
que considera o aluno sujeito de seu próprio aprendizado. Para Vitor Paro, professor titular
da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), esses são elementos
fundamentais na construção de uma escola democrática. Um modelo de ensino que, ao
estimular o trabalho coletivo, forma cidadãos autônomos e críticos.
"Isso contrasta com o que se vê na maioria das escolas, nas quais o poder é centralizado e se
tem a falsa ideia de que basta que uma criança esteja na sala de aula para que ela aprenda",
afirma o pesquisador, que falou à revista GESTÃO ESCOLAR em novembro, por ocasião do
lançamento de seu livro Crítica da Estrutura da Escola, escrito com base no trabalho de
48
TÓPICO 3 | DIVERSIDADE COMO PRÁTICA: MULTICULTURALISMO, ALTERIDADE E GESTÃO DEMOCRÁTICA
VITOR PARO: A escola brasileira erra ao definir seus objetivos. A Educação deve formar
personalidades humanas, fazer com que os alunos se apropriem da cultura em seu sentido
amplo: valores, Ciência, todos os tipos de Arte. Para isso, o educando deve ser sujeito do
processo e precisa querer aprender. Principalmente na Educação Básica, quando a criança é
obrigada a frequentar a escola. Nesse segmento, o sistema não se mostra preocupado se ele
e sua família estão satisfeitos com o serviço que recebem. É um absurdo que hoje, com todo
o desenvolvimento da Ciência, se faça o que se fazia há 200 anos: confinando crianças em
um espaço restrito e imutável como a sala de aula.
PARO: Abrindo mão de trabalhar num sistema de relação vertical. Gerir não é mandar no
outro. Os meios têm de ser adequados aos fins. E a finalidade da Educação, para mim, é formar
indivíduos e cidadãos. Ora, isso sim é um objetivo democrático. Então, as maneiras eleitas
para atingi-lo não podem ser contraditórias a essa meta. Parece-me muito mais interessante
uma escola em que as decisões e as responsabilidades estão a cargo de um coletivo, e
não ter apenas uma pessoa respondendo por tudo. Minha proposta é a formação de um
conselho com quatro coordenadores: administrativo, financeiro, pedagógico e comunitário.
Vi uma estrutura parecida a essa numa instituição da rede pública na cidade de São Paulo
no início dos anos 2000. A diretora montou um colegiado com as duas coordenadoras e a
vice-diretora. Antes de tomar qualquer decisão, ela conversava com essa equipe.
PARO: A direção tem de se propor a circular pela escola e ouvir os que nela transitam. Em
uma reunião com os professores, por exemplo, deve escutar e considerar as inquietações e
demandas. Isso já faz com que o grupo se sinta respeitado e valorizado profissionalmente.
Outra ideia é promover a leitura de textos críticos entre os docentes e reservar um tempo
para conversar sobre o tema com eles, colocando assim todos na posição de sujeitos. Sem
imposição, o gestor começa a liderar tanto no sentido técnico como no político. Esse é o
primeiro passo para uma estratégia mais ousada, como a de estimular que um professor
assista à aula de outro. A resistência inicial é normal, mas, em pouco tempo, eles estarão
convidando os colegas para avaliar o seu plano de ensino e dar sugestões.
49
UNIDADE 1 | DIVERSIDADE E CIDADANIA
PARO: O melhor avaliador é mesmo o professor, não por ser ele a aplicar as provas, mas por
ser quem acompanha o aluno diariamente, em todas as suas manifestações, sendo ciente
de seus avanços e suas dificuldades corriqueiras. Essa observação é muito mais rica do que
qualquer prova escrita. Para que isso aconteça, além de o docente ser muito bem informado
e preparado, é preciso que haja uma equipe mais perene nas escolas, capaz de compreender
o desenvolvimento da criança ao longo do tempo.
A alta rotatividade de gestores e docentes nas escolas é um inimigo para a gestão
democrática?
PARO: É um elemento importante. Isso é estimulado pela própria forma de prover o cargo. Nas
redes que utilizam o concurso como forma de seleção, é comum o diretor começar sua carreira
em uma unidade de periferia e acumular pontos para se transferir para um bairro mais seguro
ou próximo da sua casa. Na escola que visitei para escrever meu livro, mesmo sendo em uma
região central, isto aconteceu: comecei a pesquisa com uma diretora e terminei com outra.
PARO: Acompanhei por um ano o dia a dia de uma escola de Ensino Fundamental de São
Paulo. Durante esse tempo, assisti às aulas, observei o horário de trabalho pedagógico de
professores e entrevistei a equipe gestora, os funcionários e os docentes. Meu objetivo foi,
com base no material que já tenho publicado sobre gestão escolar, apontar os problemas e
sugerir as possibilidades para que se estruture uma escola mais democrática.
LEITURA COMPLEMENTAR
51
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
52
AUTOATIVIDADE
PORQUE
54
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontra-
rá atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
Assista ao vídeo
desta unidade.
55
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UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, na Unidade 1 você foi apresentado ao contexto geral da
relação entre educação e diversidade. Neste tópico, nossa reflexão será dedicada à
compreensão da garantia à educação e ao respeito da diversidade como direitos da
criança e adolescente previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
57
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
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TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Por que o direito à educação é tão importante? Por que garantir educação
de qualidade a todos é fundamental para superar as desigualdades sociais? Porque
o reflexo da desigualdade no acesso à educação atinge outras áreas da vida das
pessoas, como o mercado de trabalho. Observe o infográfico a seguir:
59
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
Mercado de trabalho
Taxa de desemprego da população de 16 anos ou
mais de idade, segundo sexo e cor/raça. Brasil,
2009.
60
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Legenda
61
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
62
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
E
IMPORTANT
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UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
64
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
NOTA
Doutrina da Situação Irregular: Com essa doutrina havia uma distinção entre
crianças e adolescentes e menores. Quem eram os menores? Aquelas crianças e
adolescentes excluídos da sociedade, da escola, da saúde, da família. Com essa visão a
pobreza era criminalizada, pois em caso de infrações, os menores eram privados de sua
liberdade. Nessa doutrina a infância era objeto de proteção e o poder de ação sobre ela
estava concentrado na figura do juiz (SALIBA, 2006).
Mesmo diante dos avanços observados até aqui, é importante ressaltar que
o atendimento e a proteção de crianças e adolescentes nos moldes estabelecidos
pelos textos legais estão distantes de alcançar a todos.
A essa altura você já deve ter se perguntado: Por que é importante conhecer
o ECA? Como o ECA pode influenciar no contexto educacional? Nosso propósito
nesse tópico é apresentar a você, acadêmico, o universo da criança e do adolescente
pela visão do ECA e suas implicações para o direito à diversidade.
66
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
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UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
68
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
FONTE: A autora.
69
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
DICAS
NOTA
Medidas Socioeducativas
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta sua capacidade de cumpri-la, às
circunstâncias e à gravidade da infração.
§ 2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento
individual e especializado, em local adequado às suas condições.
70
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
71
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
DICAS
72
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O sucesso da abordagem vem acumulando prêmios, com boas passagens pelo Festival
de Brasília e pelo Clermont-Ferrand, tradicional festival francês dedicado aos curtas-
metragens, onde Meu Amigo Nietzsche faturou o prêmio do público e o de melhor
comédia da competição. A obra cria expectativa sobre o nome de Fáuston e sugere que o
cinema do Distrito Federal, que recentemente nos trouxe o ótimo Branco Sai Preto Fica,
vive um bom momento.
73
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
ATENCAO
• direito à educação;
• direito ao acesso e permanência na escola;
74
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
6 A DIVERSIDADE NO ECA
75
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
76
TÓPICO 1 | DIREITOS E CIDADANIA NA LEGISLAÇÃO: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Essa doutrina era adotada pelo Código de Menores de 1979 e deu origem a
um conjunto de regras jurídicas que se dirigiam a um tipo de criança específico, os
que se encontravam em situação irregular, como os infratores.
Foi preciso que a sociedade, como tal, reconhecesse que era extremamente
importante o tratamento da criança e do adolescente como uma questão prioritária.
Assim, muitos teóricos do Direito, como também aqueles envolvidos nas questões
relativas à criança e ao adolescente, estabeleceram a Doutrina da Proteção Integral,
que consiste no tratamento da questão da criança e do adolescente como prioridade
absoluta.
Portanto, proteção integral significa que toda criança deve ser protegida e ter
seu pleno desenvolvimento garantido pela família, pelo Estado, pela comunidade
e pela sociedade.
PROSTITUIÇÃO INFANTIL
79
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
80
AUTOATIVIDADE
I – Declaração de Genebra.
II – Declaração Universal dos Direitos da Criança.
III – Convenção Americana de Direitos Humanos.
IV – Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.
81
( ) A Doutrina da Proteção Integral resultou do esforço dos governantes,
independente do contexto das lutas sociais.
( ) O tratamento da criança e do adolescente como prioridade absoluta é o
princípio da Doutrina da Proteção Integral.
( ) A Doutrina da Proteção Integral é elemento marcante em diversos documentos
internacionais sobre a criança e o adolescente.
( ) A Doutrina da Proteção Integral é realidade nos países da América Latina
devido a suas características diversas em relação aos demais continentes.
82
UNIDADE 2
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
O direito à educação é garantido pela legislação a todos. Para tornar o texto
da lei em realidade é preciso transformar a educação e buscar recuperar o atraso
deixado por séculos de segregação social.
ATENCAO
83
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
NOTA
Inclusão Social
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos[1] resume alguns dados que podemos considerar
como exemplos de exclusão social:
- 125 milhões de crianças no mundo não frequentam a escola, sendo dois terços delas
mulheres.
- Somente 1% dos deficientes físicos frequentam a escola em países subdesenvolvidos e
emergentes.
- 12 milhões de crianças morrem por problemas relacionados à falta de recursos por ano.
Vale lembrar que, por exemplo, se uma pessoa é de determinada etnia, ou cor, ou se
ela possui algum tipo de deficiência física ou é portadora de necessidades especiais, ela
não é automaticamente uma pessoa socialmente excluída. No entanto, se a sociedade
não oferece condições e faz com que qualquer uma dessas características se torne um
impeditivo à liberdade humana, então há um caso de exclusão social. Portanto, mais do
que uma expressão, a exclusão social é, de certo modo, uma forma de violência ao ser ou
à dignidade humana, pois impede que um indivíduo exerça a sua cidadania por razões
eticamente não justificáveis.
84
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
No caso das pessoas com deficiência física, a legislação garante seu acesso às
escolas, pois historicamente o atendimento a esse grupo acontecia em instituições
especiais. No Brasil a história do atendimento às pessoas com deficiência remete
ao período colonial e, em grande parte dessa trajetória, as ações do Estado voltadas
para esse atendimento acabaram por criar uma cultura de exclusão, já que as
pessoas com necessidades especiais eram atendidas em instituições à parte da
educação regular.
• Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854) - atual Instituto Benjamin Constant
(IBC) e Instituto dos Surdos-Mudos (1857) - atual Instituto Nacional de Educação
de Surdos (INES), ambos no Rio de Janeiro.
• Instituto Pestalozzi (1926) - atendimento de pessoas com deficência mental, onde
foi criado o primeiro atendimento educacional especializado. Em 1954 foi fundada
86
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
DICAS
Fonte: https://acessibilidade.ufg.br/up/211/o/TERMINOLOGIA_SOBRE_DEFICIENCIA_NA_
ERA_DA.pdf?1473203540
89
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
DICAS
Intocáveis (2012)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
O filme conta a história de Philippe, um homem rico que, após sofrer um grave acidente, fica
tetraplégico. Precisando contratar um assistente, sua história cruza com a de Driss, jovem
de baixa renda e sem nenhuma experiência na função de cuidador. O percurso trilhado
pelos dois é de aprendizagem mútua. Driss contribui para a retomada da identidade e da
autoestima de Philippe a partir de um trabalho que mostra o cuidado com as deficiências,
mas também uma atenção ímpar com as potencialidades envolvidas.
90
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
Colegas (2012)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Aninha, Stalone e Márcio protagonizam uma história de amizade e sonhos. Os três fogem
do instituto em que viviam para perseguir seus respectivos desejos de casar, ver o mar e
voar. Ao longo da trama, os três trilham um percurso de aventura, contribuindo para que
a Síndrome de Down seja retratada dentro de um contexto de autonomia, superação e
aprendizagem.
Cordas (2014)
Classificação indicativa: livre
O curta animado “Cordas” narra a amizade entre Maria, uma garotinha muito especial,
e Nicolás, seu novo colega de classe, que sofre de paralisia cerebral. A pequena, vendo
algumas das impossibilidades do amigo, não desiste e faz de tudo para que ele se divirta
e consiga brincar. Reconfigurando e recriando jogos e atividades, Maria celebra a vida do
colega, aprende ao passo que ensina e emociona a todos – inclusive os espectadores
–, com as possibilidades do sonho e de uma amizade verdadeira. Ao final, uma surpresa
especial, que lembra a todos da importância do educar e da relação que se estabelece no
ensino e aprendizagem.
A inclusão social das pessoas com deficiência segue como desafio para a
educação brasileira mesmo após a criação da política de educação especial e da
evolução da legislação no que se refere à inclusão das pessoas com deficiência.
Além dos entraves apontados acima, ainda persistem como desafios para
a inclusão as discussões que envolvem questões como a inclusão do debate sobre
gênero e sexualidade, sobre a diversidade religiosa, sobre a imigração e sobre
questões políticas. Quando afirmamos, amparados pela CF, que a educação é
direito de todos, tornamos imprescindível a reflexão acerca de tais questões para
construir uma educação de qualidade.
91
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
92
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
93
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
94
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
95
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
dessa temática, na contramão dos movimentos que lutaram para tornar esse
tema parte do currículo. Sem dúvida, é um tema que levanta questionamentos e
merece a atenção e reflexão por parte de gestores, professores, pesquisadores e da
comunidade escolar.
96
TÓPICO 2 | A INCLUSÃO SOCIAL E A EDUCAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
Declaração de Salamanca
97
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
FONTE: MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete
Declaração de Salamanca. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil.
São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/declaracao-
de-salamanca/>. Acesso em: 8 de set. 2016.
98
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O debate a respeito das questões que envolvem gênero e orientação sexual são
temáticas polêmicas e exigem uma postura reflexiva da comunidade escolar.
99
AUTOATIVIDADE
100
a) ( ) A política de inclusão voltada para a educação inclusiva surgiu no período
colonial através da criação de institutos para atender pessoas com deficiência.
b) ( ) A política de inclusão social surgiu a partir do reconhecimento da distância
entre ampliação do acesso à educação e ao caráter elitista da educação no Brasil.
c) ( ) A política de inclusão social representou poucos avanços no sentido de
democratizar a educação, pois não garante o acesso ao ensino regular.
d) ( ) A política de inclusão social prevê a criação de escolas especiais que
atendam às necessidades educacionais especiais das pessoas com deficiência.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
101
102
UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
“Toda vez que se propõe uma gestão democrática da escola pública básica que
tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba
sendo considerado como coisa utópica […] A palavra utopia significa o lugar que não
existe. Não quer dizer que não possa vir a existir”. (Vitor Henrique Paro)
103
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
E
IMPORTANT
104
TÓPICO 3 | DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO
Cabe aqui ressaltar que a gestão democrática deve incluir todos no ambiente
escolar, independentemente de suas características particulares. Todas as classes
sociais, etnias, pessoas com necessidades especiais devem ser contempladas no
planejamento e na prática pedagógica. Assim como devem ter voz ativa no que diz
respeito à sua educação.
E
IMPORTANT
105
UNIDADE 2 | ESTADO, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO
106
TÓPICO 3 | DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO
E
IMPORTANT
Nas palavras de Cury (2007, p. 489), a gestão democrática deve ser princípio
para a educação e presença obrigatória nas escolas:
108
TÓPICO 3 | DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
Saiba como os Conselhos Escolares funcionam e por que você deve aderir
ao da sua escola
FONTE: Educar para crescer. Democracia na gestão da escola. Disponível em: <http://
educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/democracia-gestao-escolar-490189.
shtml>. Acesso em: 16 set. 2016.
110
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Entre as formas de participação mais comuns nas escolas está a participação nos
órgãos colegiados, como: Conselho Escolar, Conselho de Classe, Associação de
Pais e Mestres e Grêmio Estudantil.
• Para promover a gestão democrática são necessárias ações do gestor para propiciar
o acesso ao ensino básico, a permanência de todos na escola e qualidade do ensino
na escola.
111
AUTOATIVIDADE
PORQUE
112
a) ( ) O saber sistemático é o conhecimento que deve ser contemplado pela escola.
b) ( ) As heranças culturais devem ser valorizadas em disciplinas específicas
da grade curricular.
c) ( ) A herança cultural é capaz de ampliar horizontes e transformar a realidade.
d) ( ) O saber sistemático por si só promove a criticidade e autonomia do sujeito.
113
114
UNIDADE 3
O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO
COTIDIANO ESCOLAR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontrará
atividades que o ajudarão a aplicar os conhecimentos apresentados.
Assista ao vídeo
desta unidade.
115
116
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O espaço do debate sobre gênero e sexualidade na educação exige o
reconhecimento dos aspectos biológicos e culturais da questão de gênero e
sexualidade, bem como a compreensão das identidades de gênero presentes em
nossa sociedade e, por consequência, na escola.
117
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
118
TÓPICO 1 | O DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE
ATENCAO
UNI
O pequeno Romeo Clarke tem cinco anos e adora usar seus mais de 100 vestidos
para as atividades do dia a dia. "Eles são fofos, bonitos e têm muito brilho", explicou ao
tabloide britânico Daily Mirror. Clarke virou notícia em maio do ano passado. O projeto
de contraturno que ele frequentava na cidade de Rugby, no Reino Unido, considerou as
roupas impróprias. O menino ficou afastado até que decidisse - palavras da instituição - "se
vestir de acordo com seu gênero". [...]
A instituição deve ser um ambiente em que todos os alunos se sintam acolhidos. Para que
isso aconteça, é importante que a sexualidade seja discutida constantemente, mostrando
que não há uma única maneira possível de explorá-la. Também é preciso apoiar alunos
que busquem os educadores para discutir sua sexualidade. Nas regras de convivência e nas
ações concretas de gestores e professores, deve estar claro que situações de homofobia e
piadinhas não são toleráveis.
119
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
120
TÓPICO 1 | O DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE
Vale lembrar que a proposta feminista não representa a luta pela construção
de um padrão onde o feminino é superior ao masculino. O feminismo busca a
igualdade de gênero através da superação da dominação masculina que prevalece
em nossa sociedade. Os exemplos dessa dominação podem ser observados na
violência contra a mulher no mercado de trabalho, com média salarial inferior em
relação aos homens. Acompanhe na figura a seguir as diferentes identidades de
gênero e suas representações.
121
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
UNI
Gênero e educação
Organizar este dossiê consistiu, para nós, um grande desafio. Por certo, não precisamos "inventar"
justificativas para a oportunidade de sua publicação: de um lado, porque a demanda pela inclusão
na REF de artigos voltados para a Educação já vem se manifestando há algum tempo; de outro
lado, porque reconhecemos que as questões de gênero e sexualidade vêm ganhando espaço
nas análises e pesquisas educacionais, ainda que não com o ritmo ou da forma como muitas
de nós, estudiosas feministas, desejávamos e esperávamos. De qualquer modo, entendemos
que a articulação entre Educação e Estudos Feministas é um processo em curso e que o dossiê
deveria ser representativo desse processo. Tal tarefa nos parecia, contudo, quase impossível de ser
realizada a contento.
122
TÓPICO 1 | O DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE
país, e tentam estabelecer um diálogo com a teorização e a produção internacional da área. Seria
preciso reconhecer, ainda, que, não apenas nestes espaços, mas também em escolas e centros
comunitários, alguns docentes e estudantes questionam suas experiências e ensaiam práticas sob
a ótica do gênero. Um processo, portanto, plural, polêmico e complexo, no qual práticas educativas
e pedagógicas cotidianas incitam questões e problemas teóricos, ao mesmo tempo que novas
teorias e movimentos sociais provocam ou transformam as práticas pedagógicas. Seria possível
expressar adequadamente essa multiplicidade?
O presente dossiê traz apenas uma pequena amostra desse quadro. Os artigos que se seguem,
produzidos por estudiosos de algumas instituições brasileiras, são construídos a partir de diferentes
posições disciplinares e teóricas e elegem algumas temáticas relevantes para o campo educacional,
mais uma vez, distintamente concebidas. O leitor atento poderá perceber pontos divergentes e de
tensão entre eles. Entendemos, contudo, que essa característica se constitui em uma das "marcas"
mais instigantes e produtivas do feminismo e que, portanto, não há sentido em negá-la.
No artigo que abre o dossiê: "Educação formal, mulher e gênero no Brasil contemporâneo", Fúlvia
Rosemberg questiona a esperada articulação entre os estudos de gênero e o campo da educação
e, com apoio de dados quantitativos recentes, apresenta um quadro crítico da situação de
homens e mulheres no sistema educacional brasileiro. A autora analisa, ainda, as metas nacionais
e internacionais hoje afirmadas em relação à igualdade de oportunidades de gênero na educação
e põe em discussão algumas das interpretações convencionais.
Em "Teoria queer: uma política pós-identitária para a Educação", Guacira Lopes Louro busca
analisar questões significativas da teorização queer e indicar alguns desafios que ela pode sugerir
ao campo educacional. "Como", pergunta a autora, "uma tal teoria, declaradamente não propositiva,
pode 'falar' a um campo que, tradicionalmente, vive de projetos e de intenções, objetivos e planos
de ação?" A transgressão de fronteiras sexuais e de gênero e o questionamento da dicotomia
heterossexualidade/homossexualidade – centrais na análise queer – servem aqui de mote para
refletir sobre o atravessamento e a contestação de muitos outros binarismos importantes para o
campo educacional.
Para construir o artigo intitulado "Mau aluno, boa aluna? Como os professores avaliam meninos e
meninas", Marília Carvalho recorre a uma pesquisa qualitativa realizada com docentes de uma escola
pública de Ensino Fundamental em São Paulo. Os depoimentos favorecem uma aproximação mais
'direta' ao cotidiano escolar e permitem à autora uma análise interessante dos critérios de avaliação
e das opiniões dos docentes sobre comportamentos, atitudes, sucessos e insucessos de meninos
e meninas.
Helena Altmann privilegia uma questão que, nos últimos anos, ocupa (e preocupa) professoras
e professores das escolas brasileiras, ou seja, as diretrizes dos PCN. No artigo "Orientação Sexual
nos parâmetros curriculares nacionais", a estudiosa discute como o dispositivo da sexualidade é
apresentado neste documento oficial e as proposições que são feitas para operar nas escolas com
este 'tema transversal'. Finalmente, ela se volta para os efeitos de tais propostas nas salas de aula,
mais particularmente, nas atividades da Educação Física.
O artigo que encerra o dossiê: "Mídia e educação da mulher: uma discussão teórica sobre modos
de enunciar o feminino na TV", assinado por Rosa Fischer, sai do espaço escolar e assume a
educação em seu sentido mais amplo. Recorrendo a conceitos de Michel Foucault e Homi Bhabha,
bem como às formulações de Maria Rita Kehl sobre a enunciação do feminino, a autora analisa
criticamente o discurso que a televisão brasileira vem produzindo sobre as mulheres.
Longe de sugerir conclusões ou propostas definitivas, esperamos que este conjunto de textos
estimule o debate e suscite outros estudos e análises sobre possíveis articulações entre a Educação
e os Estudos Feministas.
123
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
124
TÓPICO 1 | O DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE
125
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
• O conteúdo dos livros didáticos que apresentam tarefas diferentes para homens
e para mulheres, com maior valor social para as tarefas dos homens.
• Nossa educação, de maneira geral, não apresenta homens e mulheres como
detentores de direitos iguais.
• Não mostra aos alunos como se formam as desigualdades sociais.
• Reproduz o modelo tradicional de ensino que desloca o conhecimento da realidade
valorizando ou desvalorizando características, atitudes e comportamentos.
• Valoriza o silêncio, a obediência e a acomodação.
• Reconhece a desobediência como característica natural para os meninos e negativa
para as meninas.
126
TÓPICO 1 | O DEBATE SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE
Vale lembrar, caro acadêmico, das discussões que você acompanhou nas
Unidades 1 e 2, que mostraram os desafios da diversidade e também como o
respeito à diversidade e o acesso à educação de qualidade para todos são previstos
na legislação brasileira.
LEITURA COMPLEMENTAR
127
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
de gênero”, que nos últimos dois anos vem sendo divulgados e exaustivamente
repetidos em vídeos, textos, cartilhas, documentos da CNBB, palestras etc. Uma
retórica que afirma haver uma conspiração mundial entre ONU, União Europeia,
governos de esquerda, movimentos feminista e LGBT para “destruir a família”,
mas que, em última análise, objetiva, sim, propagar um pânico social e voltar as
pessoas contra os estudos de gênero e contra todas as políticas públicas voltadas
para as mulheres e a população LGBT, sobretudo nas questões relacionadas aos
chamados novos direitos humanos, por exemplo, no uso do nome social, no direito
à identidade de gênero, na livre orientação sexual.
129
RESUMO DO TÓPICO 1
• As lutas pela representatividade ganharam espaço a partir dos anos 1960, visando
dar visibilidade a diferentes modos de vida.
130
AUTOATIVIDADE
131
3 Os debates sobre a questão da diversidade ganham espaço a partir dos anos
1960, quando grupos de estudantes, negros, mulheres e minorias sociais e
étnicas levantam questionamentos em relação aos padrões sociais excludentes
que dominavam nossa sociedade. Partindo desse contexto, assinale a
alternativa CORRETA:
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
132
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
A formação da sociedade brasileira é constantemente representada e
recontada a partir da noção de diversidade cultural que remete ao processo de
colonização europeia, das tentativas de escravização dos povos tradicionais, ao
uso da mão de obra escrava dos povos africanos e aos processos de imigração
europeia para substituição de mão de obra após o fim da escravidão.
133
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
FIGURA 32 - OS OPERÁRIOS – TARSILA DO AMARAL
134
TÓPICO 2 | AS RELAÇÕES ÉTNICAS E A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
FONTE: A autora
135
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
só existe quando todos sabem exatamente o lugar a que pertencem. Observe com
atenção a tirinha de Quino:
Quais são as formas mais comuns de preconceito que você observa no seu
cotidiano? E a escola, em quais situações a escola reproduz discursos ou práticas
que excluem negros e indígenas, por exemplo?
136
TÓPICO 2 | AS RELAÇÕES ÉTNICAS E A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
137
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
FIGURA 36 - CRÍTICAS AO MULTICULTURALISMO
É preciso ressaltar que essas relações são influenciadas pelas dinâmicas que
produzem e reproduzem as desigualdades e levam à marginalização de grandes
grupos populacionais em todo o mundo. Nesse contexto, a cultura representa
um espaço privilegiado no desenrolar da articulação e reprodução das relações
sociais e também nos movimentos que afirmam antagonismo em relação a essas
configurações (SOUZA; NUNES, 2003).
138
TÓPICO 2 | AS RELAÇÕES ÉTNICAS E A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
139
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
LEITURA COMPLEMENTAR
[…]
Em síntese, pode-se focalizar essa noção na direção de um contexto amplo
de configurações caracterizadas como multiculturais. Nesse sentido, a ideia de
uma sociedade multicultural, constituída por diferentes expressões culturais
definidas a partir de grupos minoritários étnicos, pode ser ilustrativa da distinção
entre educação multicultural e educação intercultural. […] Dada essa tendência
em direção a uma maior diversidade cultural, fomentar a interculturalidade
140
TÓPICO 2 | AS RELAÇÕES ÉTNICAS E A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
[…]
No contexto acadêmico brasileiro, o debate tem ganhado forma sob o termo
multiculturalismo, tendo sido incorporado como objeto de estudo e preocupação
de um grupo restrito de pesquisadores somente a partir das duas últimas décadas.
Fortemente influenciadas pelos debates da academia norte-americana, as produções
expressam noções que buscam diferenciar os vários tipos de multiculturalismo,
sem apresentar preocupações distintivas no que diz respeito à interculturalidade.
Objetivamente, o debate sobre a diferença cultural expressada por grupos
étnicos centra-se em discussões que envolvem culturas indígenas e negras (afro-
brasileiras), ou então o estudo com imigrantes europeus, principalmente no Sul
do país. Da mesma maneira, constata-se que o debate no interior das práticas
educativas tem indicado alternativas para pensar a educação dessas populações
de formas diversas e seccionadas, sem levar em conta a perspectiva intercultural,
estando inserido em um contexto social multicultural.
141
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
142
RESUMO DO TÓPICO 2
143
AUTOATIVIDADE
144
( ) A noção de igualdade racial brasileira, através da valorização da miscigenação
cultural, representa o mito da democracia racial brasileira.
( ) O preconceito racial no Brasil é uma forma de preconceito explícita baseada
na noção de desvalorização das contribuições africanas para nossa cultura.
( ) O preconceito racial brasileiro é considerado velado, porque a forma de
discriminar é garantir que as pessoas fiquem no seu lugar e saibam qual é
seu lugar.
Assista ao vídeo de
resolução da questão 2
Assista ao vídeo de
resolução da questão 3
145
146
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Os caminhos para chegar à universalização do acesso à educação de
qualidade impõem a professores, gestores, alunos e pesquisadores da área da
educação a tarefa de refletir sobre a formação de nossa sociedade, compreender as
formas de preconceitos existentes e buscar metodologias e práticas didáticas que
permitam reconfigurar as relações sociais no sentido do respeito à diversidade e
educação democrática capaz de formar sujeitos críticos e autônomos em relação à
sociedade em que vivemos.
147
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
148
TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
149
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
espaço para a ideia de que quando todos são iguais e se submetem às mesmas
regras, a harmonia social é garantida (THONES; PEREIRA, 2013).
Algo urgente chama nossa atenção nas atuais discussões sobre a questão
da alteridade: a necessidade de uma formação que insira a tolerância
como fundamental no processo de educação, principalmente se a
ideia de educação pretendia seguir os princípios normativos de uma
educação voltada para o pleno desenvolvimento do espírito cidadão e
democrático de cada um.
150
TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
UNI
FONTE: DORNELLES, Beatriz Vargas. Educação igual para todos? Disponível em: <http://loja.
grupoa.com.br/revista-patio/artigo/6328/educacao-igual-para-todos.aspx>. Acesso
em: 2 nov. 2016.
151
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
Nessa mesma direção, Pinheiro (2010, p. 39) nos mostra os desafios diante
da noção de igualdade:
153
UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
DICAS
Histórias Cruzadas (Tate Taylor, 2011). O filme narra a luta de Eugenia Skeeter Phelan para
dar voz às mulheres negras vítimas do forte racismo presente na década de 60 nos Estados
Unidos. Moradora de Jackson, uma pequena cidade no Estado do Mississipi, a garota, que
quer ser jornalista, decide escrever um livro sob a perspectiva das empregadas negras
acostumadas a cuidar dos filhos da elite branca, da qual ela mesma faz parte. Skeeter se
alia à empregada de sua melhor amiga, Aibileen Clark e, mesmo contrariando a sociedade,
juntas seguem em busca de igualdade.
Preciosa – Uma história de Esperança (Lee Daniels, 2009). Inspirada pelo romance “Push”,
da escritora Sapphire, o filme conta a história de Claireece “Precious” Jones, uma jovem de
16 anos que sofreu diversos abusos durante sua infância. Ela engravida pela segunda vez –
de seu pai – e é suspensa da escola. A diretora, então, consegue uma vaga em uma escola
alternativa, onde, com a ajuda de uma educadora que consegue ver para além das marcas
da violência que sofreu, ela aprende a ler e escrever e consegue mudar os rumos de sua
vida.
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TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
Quem foi?
Que fez o samba embolar?
Quem foi?
Que fez o coco sambar?
Quem foi?
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UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
E diz aí Tião!
Diga Tião! Oi!
Foste? Fui!
Compraste? Comprei!
Pagaste? Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais
Me diz quanto foi?
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TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
Me diz aí Tião!
Diga Tião! Oi!
Fosse? Fui!
Comprasse? Comprei!
Pagasse? Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais...
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UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
Eu digo deixe
Que digam
Que pensem
Que falem!
Eu digo
Deixa isso ‘pra’ lá
Vem ‘pra’ cá
O que que tem?
‘Tô’ fazendo nada
Você também
Não faz mal bater um papo assim gostoso com alguém
Eu digo deixe
Que digam
Que pensem
Que falem!
Eu digo
Deixa isso ‘pra’ lá
Vem ‘pra’ cá
O que que tem?
‘Tô’ fazendo nada
Você também
Não faz mal bater um papo assim gostoso com alguém
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TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
Cada época histórica, cada grupo humano, fez da escola uma instância,
entre outras, de mediação de sua concepção de mundo. Devido a
isso, podemos concluir que todo indivíduo é um ser em constante
transformação e reformulação, e que participa de uma sociedade em
incessante mudança, da qual é, ao mesmo tempo, fator e produto
(MACHADO, 2002, p. 47).
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UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
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TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
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UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
LEITURA COMPLEMENTAR
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TÓPICO 3 | O PAPEL DO DOCENTE E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
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UNIDADE 3 | O ESPAÇO DA DIVERSIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
Estes são os sete saberes necessários para ensinar, não digo isso para
modificar programas. Na minha opinião, não temos que destruir disciplinas, mas
temos que integrá-las, reuni-las umas às outras em uma ciência, como as ciências
estão reunidas, por exemplo, as ciências da Terra, a sismologia, a vulcanologia, a
meteorologia, todas elas articuladas em uma concepção sistêmica da Terra. Penso
que tudo deve estar integrado, para permitir uma mudança de pensamento que
concebe tudo de uma maneira fragmentada e dividida e impede de ver a realidade.
Essa visão fragmentada faz com que os problemas permaneçam invisíveis para
muitos, principalmente para muitos governantes. E, hoje, que o planeta já está ao
mesmo tempo unido e fragmentado, começa a se desenvolver uma ética do gênero
humano para que possamos superar esse estado de caos e iniciar, talvez, a civilizar
a Terra.
FONTE: MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2002.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A diferença é parte constitutiva da nossa sociedade e não deve ser superada, mas
sim reconhecida e valorizada, especialmente na escola.
165
AUTOATIVIDADE
( ) Toda escola é adequada para uma função, incluindo a forma como realiza
a seleção de seu currículo.
( ) A função social da escola a levou a reproduzir e legitimar padrões sociais
includentes ao longo da história.
( ) A escola representa uma contradição nas sociedades democráticas, por
reproduzir os padrões de diferenciação e exclusão social.
( ) A educação escolar representa o espaço da democracia e da autonomia social
em nossa sociedade.
2 O contexto escolar com o qual nos deparamos hoje foi construído ao longo do
tempo e carrega consigo características decorrentes das transformações sociais
e culturais de nossa sociedade. A história da educação remete à manutenção
e reprodução das desigualdades sociais presentes em nossa sociedade. Dessa
forma, a história de nosso país é também parte da história da educação
brasileira. Partindo desse pressuposto, avalie as afirmações a seguir:
166
3 A diversidade representa um desafio para a escola. Esse desafio se constitui
nas relações que são estabelecidas entres os diferentes sujeitos envolvidos
no processo de ensino e aprendizagem. O encontro de sujeitos tão diferentes
usualmente promove um estranhamento. Partindo desse cenário, assinale a
alternativa CORRETA:
167
168
REFERÊNCIAS
ALVES, Adriana de Carvalho. Revista Espaço Acadêmico. n. 168. Maio/2015.
Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/
article/viewFile/27671/14612>. Acesso em: 12 out. 2016.
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
170
v. 27, n. 1, abr. 2011. ISSN 2447-4193. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/
index.php/rbpae/article/view/19971/11602>. Acesso em: 13 out. 2016.
MARQUES, Luciana Pacheco; JESUS, Alan Willian de. Revista NUPEM, Campo
Mourão, v. 7, n. 12, jan./jun. 2015. Disponível em: <http://www.fecilcam.br/revista/
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171
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva. Inclusão: Revista Educação Especial, Brasília,
v. 4, n. 1, p. 7-17, jan./jun. 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/
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MORIN, Edgar. X da questão: o sujeito à flor da pele. Porto Alegre: Artmed, 2003.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Cortez,
2016.
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