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Resumao Radcliffe Brown
Resumao Radcliffe Brown
Para Boas a etnologia teria como missão desvendar, como leis semelhantes operam
mundos nativos diferentes. A ocorrência de fenômenos similares em lugares culturais
sem contato histórico podem sugerir resultados importantes ao serem analisados, já que
existem leis que atuam na mente humana nos mesmos moldes, e em toda a parte. Desta
forma, Boas evoca que a antropologia social deve estudar as regularidades encontradas
no seio de cada sociedade primitiva.
A crítica que Radcliffe-Brown faz aos primeiros estudiosos da metodologia
comparativa, está no método dos “antropólogos de gabinete” e devido a isso, denuncia a
antropologia de gabinete de Frazer. Para o autor, além o gabinete não deve ser
abandonado ou negligenciado, mas é preciso combinar os estudos comparativos com a
experiência de campo para fazer uma pesquisa etnográfica próxima do real.
Radcliffe-Brown explana sua pesquisa com diferentes tribos do interior da Nova Gales
do Sul na Austrália. Percebe que em todas as tribos australianas há um dualismo que
divide a população em espécies, tribo do gavião real (kilpara) e a tribo do corvo
(makxara), por exemplo. O autor questiona o motivo das dicotomias quase sempre
serem identificadas em espécies de aves e entende que a importância de entender essa
divisão das tribos australianas deve-se ao fato de que tal divisão abrange uma divisão
social bastantes complexa, e essa divisão está relacionada com as várias gerações
alternadas, com as metades exogâmicas.
O autor afirma que após fazer uma pesquisa comparativa é capaz de estabelecer uma lei
geral para qualquer lugar do mundo, seja na Austrália na América ou na Melanésia. Sua
ideia é que existe sempre uma estrutura social de metades exogâmicas, e as metades são
pensadas de uma forma relacional uma como a outra, e acabamos denominando-as
como pares de oposição, no entanto, não há hostilidade entre as mesmas, há conflitos
relacionados a comportamento que pouco se relaciona com o antagonismo das tribos.
Os pares de opostos são encontrados de formas variadas em diferentes sociedades, e tem
por função manter uma relação contínua entre os grupos e as pessoas, de hostilidade ou
antagonismo aparente, mas, sobretudo artificial. Toma como exemplo o casamento entre
as tribos primitivas, em que há uma espécie de teatro, a qual um homem de metade
diferente da mulher a toma como sua esposa, causando hostilidade à família da noiva.
A relação entre os pares contrários separa, mas também une, demonstrando um tipo
especial de integração social. Devido a isso, Radcliffe-Brown pensa que o termo
“oposição” não seria o correto, pois não dá conta de todas as relações, mas utiliza-o por
não achar um termo melhor e pensa que tal termo acentua apenas o lado da separação e
da diferença. Desta forma, o termo mais coerente seria a “união de opostos”.
Para o autor a mais completa elaboração dessa ideia está representada na filosofia Yin-
Yang, da China antiga, a frase em que ela se define é: um yin-yang fazem a ordem, em
que o yin seria o princípio feminino e o yang o masculino, compondo um “todo
ordenado”. O homem e a mulher constituem a unidade de um casal, do mesmo modo
que um dia (yang) e a noite (yin) fazem um todo unificado, ou que um verão (yang) e
um inverno (yin) fazem a unidade do ano. Logo, essa ideia de unidades de opostos
abrange inúmeras extensões, para a filosofia chinesa todo o universo é interpretado
como uma ordem que se baseia em um todo ordenado.
A filosofia Yin-Yang é uma elaboração sistemática que também define a estrutura social
de metades nas tribos australianas, já que os pares de metades são como uma unidade de
grupos opostos, os dois grupos oponentes tem uma relação amistosa, há uma integração
social. Nas tribos australianas, as estruturas sociais possuem três tipos principais de
relação entre as pessoas e grupos: há relações de inimizade e luta entre grupos opostos;
relações de solidariedade simples, entre irmãos e pessoas do mesmo grupo; relação de
oposição, sendo uma combinação de acordos e desacordos, leis de solidariedade e
diferença.
O autor trás duas observações, onde diz que uma hipótese é que nem tudo na vida social
nos grupos possuem função, mas sim que é algo interessante e que podemos buscar os
resultados a qual procuramos. Outra é o que parece ser o mesmo costume social em
duas sociedades pode ter funções diferentes nas duas, e ele dá o exemplo do celibato na
Igreja Católica de hoje, e diz que o mesmo costume não é que era diferente do antigo,
mas apresentava uma função diferente da Igreja Cristã Primitiva. É necessário não
apenas observar a forma de costume, mas também sua função.
O ponto de vista "funcionalista" apresentando por Radcliffe-Brow implica, portanto,
que tenhamos de investigar o mais completamente possível todos os aspectos da vida
social, considerando-os uns em relação com os outros, e que parte fundamental da tarefa
é a investigação do indivíduo e do modo pelo qual é modelado pela vida social ou
ajustado a ela. Ou seja, temos que investigar mais completamente os aspectos da vida
social e de que forma o indivíduo é modelado por ela.
No segundo texto, o autor inicia com notas de explicação pessoal onde faz alguns
esclarecimentos. Posteriormente define a antropologia como sendo “a ciência teórico
natural da sociedade humana, isto é, a investigação dos fenômenos sociais por métodos
essencialmente semelhantes aos empregados nas ciências físicas e biológicas.” E
esclarece que o mais importante é o assunto, não nome, pois a mesma pode ser chamada
de sociologia comparada e alguns a definem como o estudo da cultura.
O autor define estrutura social como sendo a rede de relações realmente existente e
afirma que ela é parte fundamental da antropologia social. As relações que compõem a
sociedade, não os indivíduos, e as instituições são o conjunto das relações. Os
fenômenos sociais são consequência da estrutura social.
O autor esclarece que “a escolha dos termos e suas definições é questão de conveniência
cientifica”.