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MANUAL DE APOIO
1 – OBJECTIVOS DO CURSO:
Clarificar os conceitos de mais valias contabilísticas e mais valias fiscais, bem como o seu
apuramento, tendo por base os diferentes métodos de reconhecimento dos activos que as
originam;
Articular o apuramento entre mais valias contabilísticas e mais valias fiscais, em particular
na situação das entidades com contabilidade regularmente organizada;
Conhecer o impacto das mais e menos valias nas obrigações dos contribuintes de IRS e
IRC, quer no seu registo quer declarativas para efeitos de tributação.
2- COMPETÊNCIAS:
Proceder ao cálculo e à validação das mais e menos valias contabilísticas, bem como
proceder à sua verificação contabilística nas entidades com contabilidade regularmente
organizada;
O mesmo que referido na alínea anterior no que concerne às mais valias fiscais;
Ter mais conhecimentos na articulação das +- contabilísticas e fiscais, podendo
relacionar os valores apurados numas com os apurados nas outras;
Apurar correctamente o montante das mais e menos valias em IRC, bem como o seu
impacto no valor do imposto apurado;
Apurar correctamente a tributação das mais e menos valias em IRS, quer para
entidades residentes, quer para não residentes;
Pode dizer-se que a contabilidade se apresenta actualmente como um sistema de informação que a
partir das operações/acontecimentos realizadas/ocorridos nas entidades a que se aplica, os regista
em suportes próprios por forma a dar a conhecer aos múltiplos utilizadores (stakeholders):
− As necessidades internas (dos gestores) de conhecer esta situação global para efeitos de
planeamento e tomada de decisões.
Estas necessidades são supridas através da elaboração periódica de três quadros de síntese,
denominados por demonstrações financeiras:
• Balanço,
Balanço que traduz a situação financeira da entidade, através dum quadro onde releva o
conjunto de bens, direitos e obrigações afectos ao exercício da actividade num
determinado momento, ou seja, elementos controlados pela entidades que irão originar
futuros fluxos de caixa quer de entradas (activos), quer de saídas (passivos), de que
resultará um valor residual para os “donos” da entidade (capitais próprios);
• Demonstração dos
dos Resultados,
Resultados que evidencia a situação económica, determinando os
resultados (lucros ou prejuízos) alcançados no período de referência, pela comparação dos
rendimentos (valor das produções e das prestações de serviços) com os gastos (consumos
ou utilização de recursos);
As mais e menos valias contabilísticas respeitam a ganhos (mais valias) e a perdas (menos valias)
de natureza patrimonial, pelo que:
Aquando de uma transacção geradora de mais ou menos valias, por regra a alienação de
investimentos técnicos ou financeiros, será necessário previamente apurar o seu valor para, de
seguida, se proceder ao seu registo contabilístico. Isto porque, de acordo com a estrutura das
contas definidas no SNC – Sistema de Normalização contabilística, estão previstas diferentes
naturezas de contas consoante se trate de ganhos ou perdas com essas operações.
Assim, no SNC preconizam-se as seguintes contas para relevação das perdas e ganhos que se
afigurem na categoria de mais e menos valias, designadamente:
As menos valias corresponderão a saldos devedores das citadas contas, enquanto que as mais
valias corresponderão a saldos credores das referidas contas.
De forma esquemática, uma mais ou menos valia será apurada pela expressão seguinte:
+- VALIA = VR - VC
VC …. Valor contabilístico
Quantia expressa na contabilidade do activo em apreço, a qual depende do
modelo de reconhecimento utilizado pela entidade na execução da sua
contabilidade.
A – Modelo do CUSTO
NO MODELO DO CUSTO os investimentos são reconhecidos pelo seu preço de custo (VC) que
integra todos os gastos incorridos até que se encontre em condições de utilização.
À medida que vai decorrendo a sua vida útil (período de tempo que se estima a geração de valor
económico) o activo deve ser depreciado de forma sistemática e durante esse período, sendo:
DA …. Depreciações acumuladas = [(VC-VR) / n] * t, em que:
VR…Valor residual (valor expectável para o activo no fim da sua vida útil)
n …. Nº de períodos de vida útil
t … Nº de períodos de vida útil decorrido até à data da alienação.
Foi vendido por 40.000 euros um equipamento que tinha sido adquirido em N-5 por
70.000 euros. Os gastos com a instalação ascenderam a 5.000 euros e a vida útil
estimada era de 8 anos, incluindo o ano da compra, esperando que ao fim desta
pudesse ser alienado por 15.000 euros.
Resolução do Exemplo 1
Hipótese 1:
Menos Valia [40.000 - (75.000 - 7.500*3)] -12.500 €
Hipótese 2:
Mais Valia [40.000 - (75.000 - 7.500*5)] 2.500 €
B – Modelo da REVALORIZAÇÃO
Admita-se que o equipamento referido no exemplo 1 foi revalorizado no fim do 4º ano tendo
o valor de aquisição e as respectivas depreciações acumuladas sido actualizado em 10%.
Apurar a mais ou menos valia admitindo que a venda ocorreu no decurso do 6º ano da vida
útil, no pressuposto de que o valor residual também se valorizaria em 10%.
Resolução do Exemplo 2
NO MODELO DO JUSTO VALOR os investimentos são inicialmente registados pelo seu preço de
custo e subsequentemente pelo seu justo valor, entendido este como o seu valor de mercado
(atentas as condições de uso em que se encontra).
Neste modelo o activo não deverá ser depreciado, mas apenas registadas as eventuais perdas por
imparidade.
JV…. Justo Valor
Valor atribuído no fim de cada período ao activo, tendo em atenção o seu valor de mercado,
atentas as condições de uso e localização em que o mesmo se encontra.
PI … notação anteriormente referida
Exemplo 3
Este imóvel tem vindo a ser reconhecido pelo justo valor e à data da venda
estava inscrito na contabilidade por 750.000 euros a que deve ser ajustada
uma perda por imparidade de 10.000 euros.
A – Modelo do CUSTO
NO MODELO DO CUSTO os investimentos financeiros são registados pelo seu preço de custo (VC)
que integra todos os gastos incorridos com a sua aquisição.
Contrariamente ao investimentos não financeiros, não estão sujeitos a depreciação, mas apenas a
perdas por imparidade.
A metodologia de cálculo da mais ou menos valia é equivalente à apresentada para os activos não
financeiros, pelo que remetemos para a consulta do exemplo 1 anteriormente apresentado.
+- VALIA = VR - VEP
Exemplo 4
Resolução do Exemplo 4
Tendo presente os artigos 9º e 10º do Código do IRS (CIRS), as + valias dizem respeito a
incrementos patrimoniais, ou seja, ganhos com:
Ainda, de acordo com os referidos artigos, as mais e menos valias deverão ser apuradas:
Se tivermos em atenção ainda o artigo 10º do CIRS, o valor das mais ou menos valias corresponde
a:
Pela importância recebida pelo cedente, deduzida do preço por que tenha obtido os direitos
e bens objecto de cessão, também devidamente actualizado pelos coeficientes de correcção
monetária, quando aplicável;
Pelos rendimentos líquidos, apurados em cada ano, provenientes das operações com os
anteriormente referidos instrumentos financeiros;
Pelos rendimentos líquidos, apurados em cada ano, provenientes das operações com
warrants autónomos.
O valor de aquisição deve ser actualizado mediante aplicação dos coeficientes de desvalorização da
moeda para o efeito publicados em portaria do Ministro das Finanças, sempre que, à data da
realização, tenham decorrido pelo menos dois anos desde a data da aquisição.
Esta correcção não se aplica no caso dos instrumentos financeiros, com excepção das partes de
capital, em que também é aplicável.
NO MODELO DO CUSTO o ajustamento para efeitos fiscais, desde que o activo tenha sido
adquirido há pelo menos dois anos, processa-se da seguinte forma:
Exemplo 1_B
Se a revalorização tiver sido efectuada por critérios que se afastem de correcção monetária
por coeficientes legais (v.g. justo valor), então deverão ser recalculados os valores de
custo, de depreciações acumuladas e de imparidades fiscalmente aceites, como se tivesse
adoptado o método do custo e proceder de seguida às respectivas correcções monetárias
Exemplo 2_B
Como se pode depreender e seria de esperar o modelo contabilístico adoptado (do custo ou da
revalorização) não afecta a quantia da mais ou menos valia fiscal.
No MODELO DO JUSTO VALOR que, de acordo com o SNC, pode ser utilizado para os
investimentos financeiros (neste caso partes de capital) com preço estabelecido em mercado oficial
e para as propriedades de investimento, deverão ser recalculados os valores de custo, de
depreciações acumuladas e de imparidades fiscalmente dedutíveis, como tivesse sido adoptado o
método do custo e proceder de seguida às respectivas correcções monetárias
Exemplo 3_B
Este activo tinha sido adquirido em 2002 por 400.000 euros, a que
acresceram despesas com impostos e registos de 30.000 euros.
Apurar a mais ou menos valia fiscal, sabendo que de acordo com a portaria
785/2010, o coeficiente é de 1,15.
+ - V A LIA _f = V R - ( V C _a - P I_a)
Os impactos das mais e menos valias no valor do resultado contabilístico e no valor do resultado
fiscal são, em regra, bastante diferentes devido fundamentalmente:
Com base no disposto do art. 48º do CIRC, “a diferença positiva entre as mais-valias e as menos-
valias, realizadas mediante a transmissão onerosa de activos fixos tangíveis, activos biológicos que
não sejam consumíveis e propriedades de investimento e activos não correntes detidos para venda,
é considerada em metade do seu valor, sempre que, no período de tributação anterior ao da
realização, no próprio período de tributação ou até ao fim do segundo período de tributação
seguinte, o valor de realização correspondente à totalidade dos referidos activos seja reinvestido na
aquisição, produção ou construção de activos fixos tangíveis, de investimentos biológicos ou em
propriedades de investimento, afectos à exploração, com excepção dos bens adquiridos em estado
de uso”.
B2.4 Impacto das mais e menos valias nas obrigações de registo e declarativas
Ocorrendo diferenças entre as mais e menos valias contabilísticas e as mais e menos valias fiscais
pelos motivos anteriormente apresentados e atendendo que o resultado fiscal é apurado a partir do
resultado contabilístico, torna-se necessário proceder a ajustamentos àquele.
As mais valias fiscais. Tendo sido eliminado do resultado contabilístico o efeito das mais e
menos valias contabilísticas, ou seja, é como se tivesse sido apurado o resultado sem ter
em consideração esta natureza de ganhos e perdas, então há que lhe somar as mais
valias que concorram para a formação do resultado tributável (mais valias fiscais).
As menos valias fiscais. Tendo sido eliminado do resultado contabilístico o efeito das mais
e menos valias contabilísticas, ou seja, é como se tivesse sido apurado o resultado sem
ter em consideração esta natureza de ganhos e perdas, então há que lhe diminuir as
menos valias que concorram para a formação do resultado tributável (menos valias
fiscais).
De forma esquemática e tendo por base os campos do quadro 7 da declaração modelo 22 em uso
para o ano de 2010, podemos apresentar o seguinte:
Exemplo 5
Considere que no caso referido nos exemplos 3 e 3_B havia a expectativa de se proceder ao
reinvestimento da totalidade do valor de realização no ano de venda e no ano seguinte, na medida
em que está em curso um investimento em activos fixos tangíveis superior a um milhão de euros.
Apurar a mais valia tributável e preencher os impactos no quadro 7 da declaração mod. 22 no ano da
alienação da propriedade de investimento. Considere que a empresa tinha apresentado um prejuízo
contabilístico de 32.500 € e que não havia quaisquer outros ajustamentos no quadro 07.
Resolução
Para as entidades sujeitas a IRC, foi definido um mapa específico para o apuramento das mais e
menos valias contabilísticas e fiscais realizadas em cada período económico e que devem arquivar
nos seus dossiers fiscais. Apresenta-se em Anexo modelo deste mapa preenchido com os exemplos
acima citados.
Apresenta-se também em anexo cópia do modelo oficial da declaração modelo 22 em vigor para o
período económico que findou em 31 de Dezembro de 2010.
Para as entidades sujeitas a IRS, em cada período de tributação o sujeito passivo deverá
apresentar declaração periódica de rendimentos, modelo 3, que inclui:
Anexo G, caso tenham sido obtidos rendimentos classificáveis como mais valias;
Anexo G1 caso se tenham obtido rendimentos não sujeitos a mais valia, tais como os
imóveis alienados que tenham sido antes da entrada em vigor do Código do IRS (1 de
Janeiro de 1989), cujos ganhos não eram sujeitos a Imposto de Mais-Valias (Código
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 46 673, de 9 de Junho de 1965), incluindo os ganhos
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derivados da alienação a título oneroso de prédios rústicos afectos ao exercício de uma
actividade agrícola ou da afectação destes a uma actividade comercial ou industrial,
exercida pelo respectivo proprietário, conforme estabelece o n.º 4 do art. 4.º e o art. 5.º
do Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de Novembro.
Apresenta-se também em anexo cópia dos modelos oficiais dos referidos Anexos à declaração de
rendimentos modelo 3.
De acordo com o art. 46º do Código do IRC (CIRC), consideram-se mais-valias ou menos-valias
realizadas os ganhos obtidos ou as perdas sofridas mediante transmissão onerosa, qualquer que
seja o título por que se opere e, bem assim, os decorrentes de sinistros ou os resultantes da
afectação permanente a fins alheios à actividade exercida, respeitantes a:
a) Activos fixos tangíveis, activos intangíveis, activos biológicos que não sejam consumíveis e
propriedades de investimento, ainda que qualquer destes activos tenha sido reclassificado
como activo não corrente detido para venda;
b) Instrumentos financeiros, com excepção dos reconhecidos pelo justo valor nos resultados
desde que, tratando-se de instrumentos do capital próprio, tenham um preço formado num
mercado regulamentado e o sujeito passivo não detenha, directa ou indirectamente, uma
participação no capital superior a 5% do respectivo capital social.
a) No caso de troca, o valor de mercado dos bens ou direitos recebidos, acrescido ou diminuído,
consoante o caso, da importância em dinheiro conjuntamente recebida ou paga;
c) No caso de bens afectos permanentemente a fins alheios à actividade exercida, o seu valor
de mercado;
e) No caso de alienação de títulos de dívida, o valor da transacção, líquido dos juros contáveis
desde a data do último vencimento ou da emissão, até à data da transmissão, bem como da
diferença atribuível àqueles períodos, entre o valor de reembolso e o preço da emissão, nos
casos de títulos cuja remuneração seja constituída por aquela diferença;
a) No caso de alienação de direitos reais sobre bens imóveis deve adoptar-se, para efeitos da
determinação do lucro tributável, valores normais de mercado que não podem ser inferiores
aos valores patrimoniais tributários definitivos que serviram de base à liquidação do imposto
b) Quando, no caso referido na alínea anterior, o valor constante do contrato for inferior ao
valor patrimonial tributário do imóvel, é este o valor que deve ser considerado pelos
alienante e adquirente, para determinação do lucro tributável, ou seja, no caso de mais ou
menos valia, será a que resultar deste último valor.
Exemplo 6
A entidade XIS declarou ter vendido por 320.000 euros um imóvel, cujo preço de custo,
actualizado foi de 280.000 euros, pelo que declarou uma mais valia fiscal de 40.000
euros.
Contudo, como o valor matricial do imóvel ascendei a 342.000 mil euros, o valor a
considerar para efeitos de apuramento de mais valias será este último, salvo de
apresentar provas efectivas que sustentem o valor declarado da transacção. Assim, o
valor da mais valia fiscal seria de 62.000 euros e não os 40.000 inicialmente apurados.
a) A promessa de compra e venda ou de troca, logo que verificada a tradição dos bens;
Os coeficientes são publicados anualmente em portaria do Ministro das Finanças. Para o ano de
2010, foi publicada a Portaria n.º 785/2010, de 23 de Agosto, que se junta em Anexo.
A correcção monetária a que se refere o número anterior não é aplicável aos instrumentos
financeiros, excepto quando se trata de partes de capital que também deverão ser actualizados.
Tal como referido no bloco 2, caso ocorra reinvestimento do valor de realização de activos fixos
tangíveis, propriedades de investimento e activos não correntes detidos para venda, a mais valia é
tributada apenas em 50%.
O mesmo á aplicável em caso de alienação de partes sociais, desde que sejam verificáveis as
condições seguintes:
a) O valor de realização correspondente à totalidade das partes de capital deve ser reinvestido,
total ou parcialmente, na aquisição de participações no capital de sociedades comerciais ou
civis sob forma comercial ou de investimentos não financeiros, tal como definidos para estes;
b) As participações de capital alienadas devem ter sido detidas por período não inferior a um
ano e corresponder a, pelo menos, 10% do capital social da sociedade participada ou ter um
valor de aquisição não inferior a € 20.000.000;
c) As transmissões onerosas e aquisições de partes de capital não podem ser efectuadas com
entidades:
Não sendo concretizado, total ou parcialmente, o reinvestimento até ao fim do segundo período de
tributação seguinte ao da realização, será de integrar no rendimento desse período, a diferença ou
a parte proporcional da diferença não incluída no lucro tributável, majorada em 15%.
Não sendo mantidas na titularidade do adquirente, durante o período de uma ano, as partes de
capital em que se concretizou o reinvestimento, excepto em caso de fusão, cisão, entrada de
activos ou permuta de acções é aplicável, no período de tributação da alienação, o disposto na
alínea imediatamente anterior, com as necessárias adaptações
ANEXO A
QUADRO 09
Exemplo 7
Considere que a “Sociedade Invest” vendeu no ano N uma participação financeira por 850.000 que
havia adquirido no ano N-5 por 380.000 euros. Realizou um aumento de capital em dinheiro na sua
subsidiária no ano N+1 no valor de 500.000 euros, tendo a expectativa de que iria realizar os
restantes 350.000 euros no prazo previsto para cumprir com as regras de reinvestimento.
De facto acabou por não concretizar o investimento, pelo que no ano N+2 teve de proceder ao
acréscimo na sua matéria colectável da mais valia não tributada. Calcular valores sabendo que o
coeficiente de correcção monetária correspondente a n-5 é de 1,11 e que foi declarada a intenção de
reinvestir no período N.
Resolução do Exemplo 7
No caso de venda de um bem objecto de locação financeira desse bem ao mesmo, não há lugar ao
apuramento de qualquer resultado para efeitos fiscais em consequência dessa venda, continuando
o bem a ser depreciado ou amortizado para efeitos fiscais pelo locatário, de acordo com o regime
que vinha sendo seguido até então.
Neste caso, a mais ou menos valia decorrente da operação deverá ser afecta aos resultados, numa
base sistemática, durante a vida útil remanescente dos bens.
B3.5 Menos valias fiscais não aceites como gastos para efeitos tributários
Não relevam para efeitos fiscais, as menos-valias realizadas relativas a barcos de recreio, aviões de
turismo e viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, que não estejam afectos à exploração de
serviço público de transportes nem se destinem a ser alugados no exercício da actividade normal
do sujeito passivo, excepto na parte em que correspondam ao valor fiscalmente depreciável.
i) Tal porque, não sendo a depreciação destes bens um gasto fiscalmente dedutível,
compreende-se que o mesmo se aplique à menos valia.
ii) Da mesma forma também não releva para efeitos fiscais a menos valia sobre a parte das
“depreciações perdidas” quando se tenham praticado taxas de depreciação inferiores às
mínimas previstas no Decreto Regulamentar 25/09
Exemplo 8
Foi vendida por 18.000 euros uma viatura ligeira de passageiros que tinha sido adquirida
há cinco anos por 52.600 euros e que se encontrava amortizada em 30.000 euros.
Do ponto de vista fiscal o valor máximo depreciável é de 30.000 euros, pelo que se
pretende apurar a mais ou menos valia fiscal, tendo em atenção que se procedeu ao
reinvestimento do valor de aquisição e que o coeficiente de correcção monetária relativo
ao ano de compra +e de 1,08.
De acordo com os artigos 9º e 10º do Código do IRS (CIRS), as mais valias dizem respeito a
incrementos patrimoniais, ou seja, ganhos com:
- Alienação (cessão) onerosa de direitos reais e de posições contratuais e outros direitos sobre
bens imóveis;
São tributadas pela categoria G do IRS, sendo obrigatória a declaração dos rendimentos de
alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis, pertencentes ao património particular do
respectivo proprietário, (qualquer destas situações se aplica quer o bem tenha sido adquirido,
doado ou herdado), como sejam:
- Transmissões de terrenos;
- Cedência onerosa de posições contratuais ou outros direitos inerentes a contratos relativos a bens
imóveis;
Em qualquer dos casos referidos a sua transmissão, sendo de valor superior à aquisição origina
rendimentos. Estes ganhos obtidos constituem mais-valias sujeitas a tributação.
Em concreto a mais-valia resultante da alienação de direitos reais sobre bens imóveis é dada por:
MV = VR – (VA x coef. + EV + DAQ + DAL), sendo
VA – valor de aquisição
Nota:
Só existe tributação se a aquisição dos bens e direitos dos imóveis alienados tiver ocorrido a partir
de 01.01.89
- Em imóveis herdados ou doados, aquele que tiver sido considerado para efeito de liquidação do
imposto sobre as sucessões e doações, actualmente Imposto de Selo sobre Transmissões Gratuitas,
excepto nos casos em que os bens tenham sido objecto de doação, isenta daquele imposto, há
menos de dois anos caso em que se considera como valor de aquisição o valor patrimonial
tributário anterior à doação;
Nos casos enunciados prevalece o valor considerado para efeitos de IMT (compra e venda) ou de
IS (doações), se superior à quantias declaradas como valor de realização de imóveis.
VALOR DE REALIZAÇÂO
-
Valor de aquisição, incluindo despesas com esta ajustado pelo
coeficiente de correcção monetária à data de aquisição se tiveram
mais de 2 anos
-
Gastos com obras e outras valorizações do imóvel, documentadas,
realizadas nos últimos 5 anos
-
Gastos suportados com a venda do imóvel, devidamente
documentados
Não cabe ao contribuinte apurar o valor da mais ou menos valia resultante da alienação, basta
declarar os valores praticados na transacção. À semelhança do que sucede com os restantes
rendimentos quem apura a liquidação de IRS que resulta em imposto a pagar ou receber é a
Administração Fiscal.
Regras de excepção – Exclusões de tributação
Ø Prédios rústicos ou urbanos, com excepção de terrenos para construção, que tenham sido
adquiridos, a título oneroso ou gratuito, antes de 1 de Janeiro de 1989;
Ø Terrenos para construção, adquiridos a título gratuito ou oneroso, antes de 9 de Junho de 1965.
B4.2.2 Reinvestimento
As mais valias obtidas com a transmissão de imóveis destinados à habitação própria e permanente
do sujeito passivo e do agregado familiar não serão tributadas se nos 36 meses subsequentes o
valor de realização (deduzido da amortização de eventual empréstimo com a mesma) for
reinvestido na aquisição de outro imóvel com as mesmas finalidade ou terrenos para construção ou
melhoramento de imóvel para habitação.
Este benefício é proporcional à parte do valor de realização que vier a ser reinvestido, caso se
verifique apenas o reinvestimento parcial do valor de realização.
Dados
Valor Ano
Valor Aquisição 70.000,00 € 1999
Valor de Realização (venda) 200.000,00 € 2010
Valor em divida à data do empréstimo antigo 20.000,00 €
Nova aquisição 300.000,00 € 2010
Recurso ao crédito para a nova habitação 170.000,00 €
MV = VR - (VA x coef. + EV + DAQ), sendo
Total
VR - valor de realização (valor da venda) 200.000,00 €
VA - valor de aquisição 70.000,00 €
Coef. - coeficiente de desvalorização monetária
(valor obtido na Portaria 429/2006) 1,30
DAQ - despesas com a aquisição e alienação 2.170,00 €
Mais Valia 106.830,00 €
Tributação recai sobre 50% da Mais valia 53.415,00 €
Sobre o valor a tributar aplica-se a taxa de IRS do conjunto
dos rendimentos do agregado (exemplo para uma taxa de
34%) 18.161,10 €
Preenchimento do anexo G
Quadro 4 Anexo G
Realização Aquisição
Despesas e
Campos 401 Ano Valor Ano Valor encargos
2010 200.000 € 1999 70.000 € 2.170,00 €
Identificação matricial do imóvel
Residentes:
Não Residentes:
O rendimento das mais valias é tributado a uma taxa especial de 25%, podendo os
residente da EU optar por regime de taxas progressivas em caso de intercâmbio de
informação
- Alienação onerosa de partes sociais, incluindo a sua remissão e amortização com redução
do capital;
- Valor atribuído aos associados em resultado da partilha, na parte que exceda o considerado
como rendimentos de capitais;
- Operações relativas a instrumentos financeiros derivados, com exclusão de swaps
(rendimentos de capitais);
Refira-se que a Lei n.º 15/2010, de 26 de Julho, altera o Código do Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Singulares e o Estatuto dos Benefícios Fiscais, introduzindo um regime de tributação
das mais-valias mobiliárias à taxa de 20 %, com regime de isenção para os pequenos investidores.
Este regime passa a ser igualmente aplicável aos rendimentos obtidos por fundos de investimento
mistos ou fechados de subscrição particular.
Refere o n.º 16 do art.º 22.º do EBF, aditado pela referida Lei que, “O saldo positivo entre as mais-
valias e menos-valias resultante da alienação de acções detidas por fundos de investimento durante
mais de 12 meses, obrigações e outros títulos de dívida, está excluído de tributação, excepto
quando obtido por fundos de investimento mistos ou fechados de subscrição particular aos quais se
aplicam as regras previstas no Código do IRS”.
Deste modo, as acções, ainda que detidas mais de 12 meses, por um sujeito passivo particular,
alienadas no ano de 2010 a um outro particular, não beneficiarão da exclusão anteriormente
prevista no n.º 2 do art.º 10.º do CIRS, uma vez que o mesmo foi revogado pela Lei supra
indicada, nem tão pouco, da exclusão prevista no n.º 16 do art.º 22.º do EBF, uma vez que nesta
exclusão apenas estão compreendidas, as mais-valias resultantes da alienação de acções detidas
por fundos de investimento durante mais de 12 meses.
VALOR DE REALIZAÇÂO
-
Valor de aquisição, incluindo despesas com esta
devidamente justificadas
-
Gastos suportados com a venda das partes sociais e dos
valores mobiliários
- No caso de opção sobre valores mobiliários o valor do bem ou direito no momento em que
exerce a opção: o preço de subscrição ou o valor de mercado
- No caso de valores mobiliários de idêntica natureza (v.g. acções), pela adopção do FIFO
(First In First Out);
- Quando obtidos por incorporação de reservas em capital e aumento de capital, pelas datas
em que ocorreram essas incorporações ou aumentos;
- Na transformação de sociedades por quotas em anónimas, as datas das acções resultantes
da transformação são as datas das quotas que lhe deram origem.
- Nas permutas de capital e nas situações de fusões e cisões, pelo somatório do período em
que foram detidas as partes de capital e as recebidas em troca ou por processo de fusão
ou cisão.
Exemplo 9
O Sr. Investidor decidiu vender por 150.000 euros, 3.000 acções das 5.000 que detinha
na sociedade S.A.. A sua carteira foi obtida da seguinte forma;
• 1.200 por compra em Abri de N-5, ao preço de 20 € cada;
• 1.000 por compra em Junho de N-3, ao preço de 28 € cada;
• 1.500 por aumento de capital em N-2, valor nominal de 10 €;
• 1.300 por compra em Setembro de N ao preço de 32 € cada.
Apurar a mais valia decorrente desta venda, bem como a quantia tributável, sabendo que
a S.A.. é qualificada como pequena empresa e que os custos de venda foram de 2.200 €.
Resolução do Exemplo 9
No caso de alienação antecipada, as mais e menos valias são apuradas, no caso de:
No caso de compra ou venda do activo subjacente (exercício do direito) as mais e menos valias são
apuradas da seguinte forma:
B4.3.2 Reinvestimento
Não está previsto qualquer benefício por reinvestimento do valor de realização de valores
mobiliários e de outros instrumentos financeiros realizadas em sede de IRS.
Residentes:
O rendimento das mais valias referidas nesta secção é tributado à taxa de 20%, excepto
quando se tratar de alienação de partes sociais de micro e pequenas empresas1 não
cotadas nos mercados regulamentados ou não regulamentado na bolsa de valores, caso
em que considera apenas 50%;
As menos valias podem ser reportadas nesta categoria de rendimentos nos 2 anos
seguintes ao que respeita caso se tenha optado pelo englobamento;
Em caso de alienação de acções detidas por um prazo superior a um ano, não existe
incidência de mais valias se estas foram detidas por SGPS – Sociedades Gestoras de
Participações Sociais, com excepção das que respeitem a sociedades cujo activo seja
constituído por imóveis, ou direitos reais sobre bens imóveis, em mais de 50%.
Não Residentes:
1
O conceito de micro e pequena empresa está definido no Decreto Lei nº 372/2007 de 6 de Novembro.
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São ainda sujeitos a mais valias, os ganhos obtidos:
Exemplo 10
Foi liquidada a sociedade por quotas SQ, tendo os seus 2 sócios, Sr. A e Sr. B, recebido
o resultado da partilha. O valor da partilha foi de 725.000 euros, cabendo ao sócio A
60% e ao sócio B 40%, de acordo com as respectivas participações sociais.
O capital social da sociedade SQ era de 100.000 euros, sendo que o sócio A vem desde
o momento de constituição da empresa onde realizou a sua quota de 60% pelo valor
nominal e o sócio B adquiriu a sua quota no ano N-6 por um valor de 38.000 euros.
Resolução do Exemplo 10
Sócio A
Valor atribuido na partilha (725.000 * 60%) 435.000 €
Valor nominal da quota (100.000 * 60%) 60.000 €
Valor de aquisição (= ao valor nominall) 60.000 €
Mais valia [(435.000-60.000)-(435.000-60.000)] 0 €
Sócio B
Valor atribuido na partilha (725.000 * 40%) 290.000 €
Valor nominal da quota (100.000 * 40%) 40.000 €
Valor de aquisição 38.000 €
Mais valia [(290.000-38.000)-(290.000-40.000)] 2.000 €
Observação: O restante ganho é rendimento de capitais