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Indíce Pag.

DECLARAÇÃO DE AUTORIA .................................................................................................... II

DEDICATÓRIA ............................................................................................................................. II

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. III

RESUMO ...................................................................................................................................... IV

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5

I.2 Problematização ..................................................................................................................... 6

I.3 Local de Estudo e Delimitação do Tema ............................................................................... 7

I.4 Justificativa ............................................................................................................................ 7

I.5 Objectivos .............................................................................................................................. 8

I.5.1 Objectivo Geral: .............................................................................................................. 8

I.5.2 Objectivo Específicos:..................................................................................................... 9

I.6 Hipóteses ................................................................................................................................ 9

I.7 Organização do trabalho ........................................................................................................ 9

CAPĺTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 10

II.1 Fadiga ................................................................................................................................. 10

II.1.1 Fatores no ambiente de trabalho que podem propiciar o aparecimento da fadiga ....... 10

II.1.2 Consequências da fadiga para o trabalho e para a saúde do trabalhador ..................... 11

II.1.3 Project Horizon ............................................................................................................ 12

II.2 Factor Humano na segurança. ............................................................................................ 21

II.3 Pesca como actividade ........................................................................................................ 21

II.3.1 Pescador ....................................................................................................................... 21

II.4 Embarcação Ukhozi ............................................................................................................ 22

II.5 Orientações sobre fadiga .................................................................................................... 23


II.5.1 Fadiga, sensibilização e formação ............................................................................... 23

CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 24

III.1 Tipo de Pesquisa................................................................................................................ 24

III.2 Método de Abordagem ...................................................................................................... 24

III.3 População e amostra .......................................................................................................... 24

III.3.1 População.................................................................................................................... 24

III.3.2 Definição e descrição da amostra ............................................................................... 25

III.4 Técnicas de Colecta de Dados ........................................................................................... 25

III.4.1 Entrevista .................................................................................................................... 25

III.4.2. Questionário............................................................................................................... 26

III.4.3 Análise Documental ................................................................................................... 26

III.4.4 Observação ................................................................................................................. 26

III.5 Procedimentos ................................................................................................................... 26

III.5.1 Procedimentos Administrativos .................................................................................. 27

III.5.2 Procedimentos de selecção da amostra ....................................................................... 27

III.5.3 Procedimentos de recolha de dados ............................................................................ 27

III.6 Aspectos Éticos ................................................................................................................. 28

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .............. 29

III.1 dados obtidos do questionário ........................................................................................... 29

III.2 Dados obtidos da entrevista............................................................................................... 32

III.3 Verificação das Hipóteses ................................................................................................. 36

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 39

SUGESTÕES ................................................................................................................................ 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 41

APÊNDICE ................................................................................................................................... 41
Índice de tabelas

Índice Pág.

Tabela I- Amostra da pesquisa ...................................................................................................... 25

Tabela II- Visualização dos dados percentuais ............................................................................. 29

Tabela III- Visualização dos dados percentuais............................................................................ 30

Tabela IV- Visualização dos dados percentuais ........................................................................... 30

Tabela V- Visualização dos dados percentuais ............................................................................. 31

Tabela VI- Visualização dos dados percentuais ........................................................................... 32


Índice de figuras

Índice Pág.
FIGURA 1- Ferramenta MARTHA .............................................................................................. 13

FIGURA 2- Gráfico de previsão de fadiga para o elemento “A”, Dia 1 ...................................... 13

FIGURA 3- Gráfico de dados avaliados num panorama geral elemento “A”, Dia 1 ................... 14

FIGURA 4- Gráfico de previsão de fadiga para o elemento “A”, apenas para a W1 ................... 14

FIGURA 5- Avaliação de valores de Fatigue e Risk em horas .................................................... 15

FIGURA 6- Avaliação de valores de Fatigue e Risk em percentagem ......................................... 15

FIGURA 7- Tabela do panorama geral de Fatigue e Risk para 6 semanas ................................. 16

FIGURA 8- Tabela de valores panorama de Fatigue e Risk para 1 dia ........................................ 16

FIGURA 10- Resultado da fadiga no primeiro dia da semana ..................................................... 17

FIGURA 11- Percentagem de tempo em que o individuo poderá estar na presença de elevado
risco de fadiga para cada serviço ................................................................................................. 18

FIGURA 12- Tabela correspondente ao valor total de sono por dia ............................................ 19

FIGURA 13- Gráficos diários num panorama geral ..................................................................... 19

FIGURA 14- Botões para término das instruções iniciais ............................................................ 20


DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Eu, Milton Grácio Maibaze, declaro por minha honra que o presente trabalho é da minha autoria
e nele observei os requisitos e recomendações da Escola Superior de Ciências Náuticas,
concernentes à elaboração de trabalhos de investigação científica. Declaro ainda que este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico.

Maputo, Setembro de 2019

______________________________________
Milton Grácio Maibaze

I
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus que me sustenta e a toda a minha família, amigos
e namorada que sempre me apoiaram em todo o meu percurso académico.

II
AGRADECIMENTOS
A Deus que guia os meus passos e me sustenta todos os dias de minha vida.

Aos meus Pais André Fernando Maibaze e Glória Domingos Manjate, e as minhas irmãs Kátia
Rita Maibaze e Nilza Da Conceição Maibaze Chizavane que sempre me apoiaram durante o meu
percurso académico, me servindo de fonte de inspiração e motivação em cada passo que dei até
aqui.

A minha namorada e colega por toda a paciência, carinho e palavras de apoio ao longo destes
anos.

Aos meus amigos e fiéis companheiros Azevedo Sebastião Timóteo, Gervásio João Coana e Mok
Marques Comigo que sempre me apoiaram e incentivaram a prosseguir nesta longa caminhada e
aos meus colegas Eurico João Zandamela e Miguel Constantino Calime.

Aos meus docentes da Escola Superior de Ciências Náuticas, que me instruíram durante estes
quatro anos, me nutrindo de conhecimento.

Ao meu Supervisor, dr. Micélio Ubisse, pela sua paciência e tempo dedicado a mim de modo a
conseguir e prosseguir a recolha e analise de dados, foram noites em claro até a conclusão da
monografia.

As instituições que me forneceram o material necessário param a elaboração da monografia, em


especial aos Marinheiros do navio Ukhozi que se mostraram bastante receptivos desde o
primeiro dia.

A todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram nesta caminhada meu muito
obrigado.

III
RESUMO
A gestão e mitigação da fadiga nos Marítimos assume nos dias de hoje um papel de extrema
importância a nível internacional, e é na base desta preocupação que surgem organizações como
a International Maritime Organization (IMO) que proporciona padrão de modo a garantir a
segurança marítima, é ainda neste âmbito, que The Maritime Safety Committee, na sua
septuagésima primeira sessão de (19 a 28 Maio 1999), passou a considerar o problema da fadiga
humana e concordou em desenvolver diretrizes práticas para prover informação apropriada sobre
a fadiga a todas as partes envolvidas. Com o presente trabalho de pesquisa que teve como tema,
Gestão e Mitigação da Fadiga nos Navios Pesqueiros que Operam aa Baia De Maputo. Caso
Navio UKHOZI pretende-se responder a seguinte questão: Quais os principais desafios
enfrentados na gestão e mitigação da fadiga abordo do navio UKHOZI? Portanto, o objectivo do
estudo é analisar os factores que influenciam na má gestão e mitigação da fadiga, abordo do
navio. Por forma a alcançar o objectivo várias foram as abordagens feitas de modo a indicar as
actividades e métodos de destreza abordo do navio em estudo bem como descrever a vida dos
marinheiros a bordo. Com o estudo feito, conclui-se que a falta de actividades de destreza, a falta
de comunicação com o exterior do navio quando se fazem ao mar, o não comprimento dos
procedimentos de segurança e trabalho e as más condições de alojamento coadjuvado com o
tempo de permanência a bordo no mar assim como em terra; fazem parte do leque de desafios
enfrentados na gestão e mitigação da fadiga no navio Ukhozi.

Palavras-chaves:
Gestão e mitigação, Fadiga, Navios pesqueiros e Navio Ukhozi

IV
INTRODUÇÃO
O presente projecto de pesquisa visa abordar o seguinte tema: Gestão e Mitigação da Fadiga
Nos Navios Pesqueiros Que Operam Na Baia De Maputo. Caso Navio UKHOZI. Este, surge no
âmbito do processo de elaboração do trabalho de final curso, como requisito essencial para a
obtenção do grau de licenciatura em Navegação Marítima na Escola Superior de Ciências
Náuticas.

A prática da pesca artesanal é uma actividade que existe há muito tempo, bem antes do
surgimento da pesca industrial na Idade Média, na Europa, como resultado da maior procura de
bacalhau para alimentação e da baleia para produção de óleo. Mais tarde, no final dos anos 1700,
o motor a vapor foi introduzido para permitir o exercício da pesca em profundidades maiores e
mais afastadas da costa, marcando assim uma grande transformação no sector das pescas, que
mais tarde se espalhou para outras partes do mundo (Smith, 2000; Gabriel et al., 2005).

Desde então, verificou-se a modernização da tecnologia, tanto dos barcos, assim como de
grandes artes de pesca no sec. XX, que permitiu um rápido desenvolvimento generalizado do
sector das pescas e tornou-se notório em muitas partes do mundo o domínio dos grandes barcos
movidos a motor com elevados níveis de produção e de receitas, pese embora o facto de a
contribuição decisiva do sector das pescas ser atribuída à pesca artesanal, no tocante à segurança
alimentar e de subsistência de milhões de pessoas a nível mundial (Smith, 2000).

Nos últimos anos, a pesca propriamente dita e o mercado de pescados se globalizaram cada vez
mais, a tecnologia no setor pesqueiro também mudou rapidamente, transformando
constantemente o modo que a captura é realizada e o tempo de permanência no mar.

Estas mudanças exigem uma norma de trabalho mundial que seja direcionada a todos os
pescadores (mulheres e homens), tanto a bordo de grandes barcos que realizam viagens
internacionais, como em pequenas embarcações que operam em águas nacionais perto da costa.

As condições de trabalho dos Marinheiros são diferentes das experimentadas pelos trabalhadores
de outros setores. A taxa de mortalidade dos pescadores é muito superior a de outros
trabalhadores. A pesca é uma atividade perigosa, ainda que comparada com ocupações como o
combate a incêndios e à mineração.
5
I.2 Problematização
A pesca é uma actividade que tradicionalmente se tem desenvolvido em Moçambique devido à
situação geográfica favorável, o trabalho neste sector evidencia algumas características
particulares, quer quanto ao modo de realização, os métodos, processos e equipamentos de
trabalho que utiliza, quer às exigências de qualificação dos seus profissionais, sendo-lhe
reconhecida uma especial perigosidade.

Da actividade económica da pesca decorrem riscos acrescidos de acidentes de trabalho e doenças


profissionais, resultantes das operações que se desenrolarem em embarcações de pesca que, por
natureza, são plataformas móveis sujeitas ao movimento das ondas, às condições atmosféricas e,
ainda, afastadas de meios de socorro rápidos.

A fadiga no mar, embora seja já há muito tempo uma problemática bastante conhecida no seio
dos Marítimos, apenas recentemente foram desenvolvidos estudos sobre as suas causas,
conseqüências e medidas para aprevenir.

No proscesso visita ao porto de Pescas de Maputo, a fadiga foi um dos problemas mais notórios
no seio dos Marinheiros no geral e nos Marinheiros do navio UKHOZI em particular, os
profissionais regressam da actividade apresentando este fenómeno e a frequente precariedade nas
relações laborais bem como a prática de horários de trabalho atípicos que assumem um impacto
fortemente negativo nas condições da segurança e saúde no trabalho.

Um estudo realizado pela Swedish Maritime Administration refere que entre 15 a 20 % dos
acidentes marítimos podem ser relacionados com a fadiga, levantando uma grande preocupação
sobre este tema no que diz respeito à segurança no mar (LUTZHOFT, 2008, p. 2).

O proponente sentiu a necessidade de fazer um estudo tendo em vista a relevância da gestão e


mitigação da fadiga abordo do navio UKHOZI, com a intenção de busca de soluções para a
melhoria das condições de trabalho no sector de pesca, dai que, se propõe a seguinte questão de
estudo:

 Quais os principais desafios enfrentados na gestão e mitigação da fadiga abordo do navio


UKHOZI?

6
I.3 Local de Estudo e Delimitação do Tema
O estudo foi realizado no porto de pesca de Maputo, especificamente nas embarcações de pesca
industrial UKHOZI que se encontra naquele porto. Esta pesquisa tem como abordagem apenas
aspectos relevantes que possam contribuir e dar suporte para a implementação e cumprimento
dos procedimentos técnicos que possam mitigar a fadiga abordo do mesmo navio, tendo em
conta o problema levantado e os objectivos que se pretendem alcançar.

I.4 Justificativa
A actividade pesqueira em Moçambique ocupa um lugar significativo na economia do país,
sendo considerada hoje uma das principais contribuintes para o auto-emprego, para a melhoria da
dieta alimentar da população e para o equilíbrio da balança comercial do país, estima-se que
cerca de 2/3 da população moçambicana vive na zona costeira e ganha a sua subsistência à custa
da exploração dos recursos ali existentes.

A fadiga no mar pode ter diversas causas como o pouco tempo de descanso entre períodos de
trabalho, más condições de habitabilidade, má alimentação e condições de saúde, entre outros.
Esta pode ter graves consequências no processo de decisão do ser humano, na medida em que
reduz a sua concentração e a sua fluidez de raciocínio (SQUIRE, 2013, p. 4). O ser humano é um
elemento fundamental na condução da navegação no mar, deste modo a sua resposta a qualquer
adversidade tem de ser rápida e eficaz. (Petrilli, 2002).

Os armadores das embarcações têm uma obrigação de prevenção segundo a qual devem
assegurar aos trabalhadores condições de segurança e saúde em todos os aspectos do seu
trabalho, para isso, devem dispor um sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho no
âmbito do qual são desenvolvidas as actividades de prevenção necessárias, de que avultam os
processos de avaliação dos riscos nos locais de trabalho e da tomada de medidas essenciais para
melhorar o seu nível de protecção.

A prevenção e controlo dos riscos profissionais no sector da pesca visam eliminar ou minimizar
os factores que conduzem à ocorrência de acidentes de trabalho e das doenças profissionais
através da introdução gradual e sustentada de processos de melhoria contínua das condições de
trabalho.

7
Daqui, decorre também o enorme potencial para reduzir o absentismo, aumentar a produtividade
do trabalho e, consequentemente, os lucros da empresa, assim como, os níveis de retribuição
paga aos trabalhadores no exercício das suas funções.

Ao contribuir dessa forma para um ambiente de trabalho mais saudável são ainda de esperar
vantagens ao nível do prestígio social da empresa e consequente reconhecimento social dos seus
trabalhadores, e da renovação da capacidade de atrair novos profissionais e profissionais mais
qualificados para a actividade pesqueira.

Fez-se a pesquisa devido a sua relevância que irá proporcionar aos profissionais de pesca e
armadores abordar a questão da gestão e mitigação da fadiga na actividade pesqueira e a Escola
Náutica que poderá a partir do trabalho desenvolver novas pesquisas. Visto que com a realização
da pesquisa identificaram-se as possíveis lacunas existentes na gestão e mitigação da fadiga e as
condições de trabalho a que são submetidos os profissionais de pesca, se avaliou o grau de
cumprimento dos procedimentos técnicos de segurança e saúde no sector pesqueiro e propor
medidas por forma a minimizar a ocorrência da fadiga.

I.5 Objectivos
Os objectivos do projecto de pesquisa, representam, as intenções do trabalho e possibilidades de
obtenção de resultados mediante o trabalho realizado, este divide-se 2 sendo: Objectivo geral que
segundo LAKATOS e MARCONI (2001:102) ”está ligado a uma visão global e abordagem do
tema, relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenómenos e eventos, quer das ideias
estudadas, vincula-se directamente a própria significação da tese proposta pelo projecto”. e
objectivos específicos que Segundo RICHARDDSON (1999: 1599) “apresentam carácter mais
concreto, tem a forma intermédia permitindo de um lado atingir o objectivo de modo a aplicar
esta a situações particulares”

I.5.1 Objectivo Geral:


O proponente levanta o seguinte objectivo geral:
 Analisar os factores que influenciam na má gestão e mitigação da fadiga, abordo do navio
UKHOZI.

8
I.5.2 Objectivo Específicos:
O proponente levanta os seguintes objectivos específicos:
 Identificar as actividades e métodos de destreza adoptados abordo do navio UKHOZI;
 Descrever a vida e actividade abordo do navio UKHOZI;
 Avaliar o grau de cumprimento dos procedimentos técnicos de segurança e saúde no
sector pesqueiro;
 Sugerir medidas por forma a maximizar a implementação de políticas de gestão da fadiga
bordo das unidades navais.

I.6 Hipóteses
 Falta de actividades de destreza abordo pode causar a fadiga aos Marinheiros do navio
UKHOZI;

 Falta de comunicação com o exterior e a permanência abordo do navio pesqueiro por


muito tempo pode dificultar a implementação das directrizes sobre a fadiga;
 Não cumprimento dos procedimentos de segurança e saúde no trabalho pode causar a
fadiga abordo;
 As pressões exercidas para reduzir o espaço de alojamento muitas vezes como
consequência de esforços para levar a bordo uma equipe maior e o maior número de
Marinheiros possível para o tamanho do barco podem dar lugar a condições
insustentáveis a bordo.

I.7 Organização do trabalho


CAPÍTULO I - é a introdução constituído pela problematização, a justificativa, objectivos e
hipóteses.

CAPÍTULO II - é a revisão da literatura, onde far-se-á a fundamentação teórica da pesquisa,


desde os conceitos chaves da pesquisa e toda revisão da literatura que será usada para a
realização da pesquisa.

CAPÍTULO III - será a metodologia onde falar-se-á do método e procedimentos metodológicos a


serem seguidos para se alcançar os objectivos e poder se verificar as hipóteses.

9
CAPĺTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Na generalidade dos casos, a abordagem de qualquer tema suscita, por um lado, a definição dos
conceitos de modo a colocar o leitor integralmente à par do assunto em estudo; e por outro, o
respectivo enquadramento teórico do estudo que se pretende realizar.

É neste contexto que o autor da monografia, trouxe conceitos básicos e informações pertinentes
sobre os aspectos a serem estudados e os objectos de estudo respectivamente. Assim, apresenta-
se o conceito de alguns itens relacionados com a questão em estudo.

II.1 Fadiga
A fadiga é considerada por diversos autores como um esgotamento físico e mental grave e
crónico que difere do cansaço e da falta de motivação por não ser atribuída a exercício físico ou a
uma enfermidade diagnosticável. É um fenómeno preocupante e de difícil conceituação,
interpretação e aferição, porque acaba por nomear um estado global resultante do desequilíbrio
interno devido ao sistema de relações do organismo, no qual muitas vezes a alteração de um
sistema afecta os demais. OLIVEIRA et al (2010, p.635)

Entende-se que a fadiga pode atingir indivíduos de todas as faixas etárias no desenvolvimento de
qualquer tipo de actividade realizada por um período de tempo. Além de ser um fenómeno que
causa mal-estar, ela provoca alterações no estado psicossomático, podendo ser encarada como
resultante de esforço físico e/ou mental associado às condições ambientais e psicológicas,
individuais e de trabalho Marziale &Rozestraten (1995, p.211).

II.1.1 Factores no ambiente de trabalho que podem propiciar o aparecimento da fadiga


O estudo de GLINA et al (2001 p. 611) apresenta um caso de um trabalhador de linha de
produção diagnosticado com neurastenia, cuja causa comprova-se estar relacionada com as
condições de trabalho. Entre os factores apontados como geradores do sintoma estão o excesso
de trabalho e a pressão por produção, “a existência de ritmo intenso, falta de autonomia, falta de
reconhecimento em relação ao desempenho, a automação gerando desemprego e modificando o
processo de trabalho sem a participação dos trabalhadores”.

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No estudo de Hernández-Penã et al (1999) a fadiga ocupacional foi associada a condições de
trabalho como: longa jornada, posturas corporais mantidas por tempo prolongado, esforço físico,
estresse e alguns elementos da exposição ambiental. Apontam ainda que as longas jornadas e a
ausência de dias de repouso acabam se tornando características do trabalho informal, pois este
não tem respaldo da lei.

Os estudos apresentados indicam que a estrutura actual do trabalho (longa jornada, pressão por
produção, falta de autonomia, pouco tempo para descanso e férias) e condições como alternância
de turnos, riscos físicos, complexidade da actividade, postura durante a execução, entre outras,
favorecem o aparecimento da fadiga, a qual pode manifestar-se em trabalhadores de diferentes
tipos de actividade, do mesmo modo, também as formas de manifestação desta vão se dar em
diferentes níveis, a depender da relação do indivíduo com a actividade.

II.1.2 Consequências da fadiga para o trabalho e para a saúde do trabalhador


O trabalho é uma actividade inerente ao indivíduo enquanto ser social. Como, o homem passa
grande parte de sua vida no ambiente laboral, ele está sujeito a diversos tipos de intercorrência
que poderão repercutir negativa ou positivamente sobre sua saúde física e mental. O trabalho,
para Dejours, Dessors e Desriaux (1993), é um factor de equilíbrio, de satisfação e de
desenvolvimento pessoal, mas pode também pode constituir-se em um factor de infelicidade e de
envelhecimento e causador de doenças.

O resultado disso na saúde do trabalhador, seja este prazeroso ou penoso, vai depender de ele
encontrar uma actividade equilibrada (fonte de realização profissional) ou um trabalho fatigante
(fonte de insatisfação, desmotivação, estresse e de doenças ocupacionais).

Como consequência de factores intrínsecos e extrínsecos ao trabalhador, a fadiga traz para o


ambiente organizacional diversas implicações, tanto para a saúde do trabalhador quanto para a
empresa, que precisa arcar com os prejuízos de um ou mais funcionários portadores da síndrome.
(OLIVEIRA et al. 2010, p.636)

11
II.1.3 Project Horizon
Project Horizon foi promovido pela União Europeia, com o objetivo de investigar os padrões de
eficácia de alerta dos elementos responsáveis pela condução e manutenção das plataformas
marítimas. Como produto final deste projeto europeu surge um protótipo de uma ferramenta de
previsão da fadiga. A ferramenta “MARTHA – maritime alertness”, permite relacionar horas de
descanso com horas de trabalho, sustentando a análise contínua do risco de fadiga.

A ferramenta MARTHA foi desenvolvida no âmbito do Project Horizon, como um protótipo de


software para a previsão da fadiga no mar. O Projet Horizon, parcialmente financiado pela
Comissão Europeia e com várias parcerias ao nível de instituições académicas e empresas
marítimas, teve como objectivo a investigação dos padrões de eficácia de alerta das pessoas
responsáveis pela condução dos navios. Esta pesquisa pioneira procurou avançar na compreensão
da fadiga no mar, enquanto fator prejudicial no processo cognitivo do ser humano, através da
análise científica de dados retirados em ambiente simulado por cenários reais de navios
(Consortium, Project Horizon, 2012).

II.1.3.1 Funcionamento da ferramenta MARTHA


As ilustrações que se seguem foram obtidas a partir do original fornecido pela Warsash Maritime
Academy citado por RUBINA (2016, p. 104). Tem como principal objectivo fornecer a qualquer
utilizador da ferramenta MARTHA, as noções essenciais para o funcionamento da mesma. A
MARTHA está disponível pelo Project Horizon e pode ser usada em qualquer plataforma
marítima no que diz respeito à gestão do risco de fadiga. Este sistema permite introduzir
qualquer sistema de horários implementados a bordo, fornecendo o respectivo registo de
previsão de fadiga num período de tempo de até seis semanas (Ibid).

Inicialmente, seleccione um dos programas de horários pré-estabelecidos pelo sofware. Sendo


que, estão disponíveis horários de 6-ON / 6-OFF, 4-ON / 8-OFF, 12-ON / 12 OFF.

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FIGURA 1: Ferramenta MARTHA

Fonte: RUBINA, (2016, P.105)

Seleccionando, por exemplo o botão 4C, veremos que os turnos de serviço são das 0800 às 1200
horas e das 2000 às 0000 horas. O cenário apresentado para as seis semanas é o seguinte:

FIGURA 2: Gráfico de previsão de fadiga para o elemento “A”, Dia 1

Fonte: RUBINA, (2016, P.106)

Analisando o Gráfico principal, temos a previsão para o primeiro dia de estudo, onde a
sombreado corresponde o período de sono inicial, a verde o primeiro turno, a amarelo o segundo
turno e a linha represente a evolução do risco de fadiga ao longo do dia. Na tabela à direita
podemos ter um panorama geral de todo o período de estudo, e é onde podemos seleccionar o dia
que pretendemos que seja apresentado no gráfico principal.

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A ferramenta permite também alterar os períodos de sono, através dos botões “Next Z” e “Prev.
Z” seleccionar o período pretendido e proceder à alteração desejada.

O período de sono automaticamente estabelecido pelo software, corresponde ao tempo de sono


que permite maior eficiência ao individuo, consoante o horário estabelecido.

FIGURA 3: Gráfico de dados avaliados num panorama geral elemento “A”, Dia 1

Fonte: RUBINA, (2016, P.107)

O quadro apresentado no canto inferior direito, demonstra os dados avaliados num panorama
geral, no entanto estes dados são apresentados consoante as semanas seleccionas. Por exemplo,
se seleccionar apenas a primeira semana, o panorama será o seguinte:

FIGURA 4: Gráfico de previsão de fadiga para o elemento “A”, apenas para a W1

Fonte: RUBINA, (2016, P.107)


Analisando o quadro de avaliação geral temos os seguintes parâmetros:

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 Work, corresponde ao tempo despendido nos serviços (no exemplo anterior o valor
corresponde a 2 dias, 8 horas e 10 minutos);
 Leisure, inclui os períodos em que o individuo se encontra acordado, mas fora dos
serviços;
 Awake é o total de tempo acordado, ou seja, a soma dos valores de Work e Leisure;
 Sleep é obviamente o tempo despendido a dormir efectivamente.
 Fatigue diz respeito à quantidade tempo com um KSS superior ou igual a 5
 Risk diz respeito à quantidade de tempo com um KSS superior ou igual a 8

Os valores de Fatigue e Risk podem ser apresentados em tempo ou em percentagem


FIGURA 5: Avaliação de valores de Fatigue e Risk em horas.

Fonte: RUBINA, (2016, P.108)

FIGURA 6: Avaliação de valores de Fatigue e Risk em percentagem.

Fonte: RUBINA, (2016, P.108)

15
Podemos então, ter a análise geral relativamente às seis semanas (seleccionando todas as
semanas).

FIGURA 7: Tabela do panorama geral de Fatigue e Risk para 6 semanas.

Fonte: RUBINA, (2016, P.108)

Analisando a Tabela do panorama geral, reparamos que existem dois valores para cada dia.
FIGURA 8: Tabela de valores panorama de Fatigue e Risk para 1 dia.

Fonte: RUBINA, (2016, P.109)

Estes valores dizem respeito aos dois serviços realizados durante o dia, por ordem cronológico,
ou seja, o primeiro valor corresponde ao primeiro serviço realizado no dia.
No entanto, para sabermos o significado destes valores, temos que analisar os botões
apresentados acima desta tabela.

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Se seleccionarmos o botão “Show Fatigue”, os valores indicados correspondem à percentagem
de tempo em que o individuo pode estar em reduzido estado de alerta (KSS ≥ 5)

FIGURA 10: Resultado da fadiga no primeiro dia da semana.

Fonte: RUBINA, (2016, P.109)

Ou seja, para o exemplo apresentado, do primeiro dia da primeira semana, prevê-se que o
individuo em 38% do tempo do segundo serviço (2000h – 2400h) esteja com um valor se
sonolência de KSS superior a 5.

Se seleccionarmos o botão “Show Risk”, será apresentado novamente um valor para cada
serviço, que neste caso representa a percentagem de tempo em que o individuo poderá estar na
presença de elevado risco de fadiga, ou seja KSS ≥ 8. Neste exemplo apresentado, vemos que
todos os valores são de 0%.

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FIGURA 11: Percentagem de tempo em que o individuo poderá estar na presença de elevado
risco de fadiga para cada serviço.

Fonte: RUBINA, (2016, P.110)

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Seleccionando o botão “Show Sleeps”, temos acesso ao valor total de sono por dia.
No entanto esta informação pode gerar alguma confusão, pelo facto de o dia no programa
começar às 0000 horas.
FIGURA 12: Tabela correspondente ao valor total de sono por dia.

Fonte: RUBINA, (2016, P.110)

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Temos ainda o botão de “Advanced View” que demonstra os gráficos diários num panorama
geral, como podemos ver:

FIGURA 13: Gráficos diários num panorama geral.

Fonte: RUBINA, (2016, P.111)

Por fim o botão “Help”, é isso mesmo uma ajuda ao utilizador, que ao colocar o cursor sobre
qualquer botão, irá aparecer no quadro inferior direito o significado do respectivo botão.

Para terminar as instruções iniciais, temos no canto superior esquerdo os botões que permitem as
informações introduzidas, quer diariamente, quer no período total.

FIGURA 14: Botões para término das instruções iniciais.

Fonte: RUBINA, (2016, P.111)

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II.2 Factor Humano na segurança.
Investigações recentes têm demonstrado resultados potencialmente perigosos para a fadiga no
que diz respeito a problemas de saúde e na diminuição do desempenho operacional
(Hetherington, Flin, & Mearns, 2006).

Actualmente, a importância do factor humano na segurança marítima é amplamente reconhecida


por organizações internacionais como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a IMO.
A resposta das sociedades, neste âmbito prende-se com a orientação de regras e princípios para a
conceição de estruturas marítimas, a sua manutenção e prontidão. Segundo a IMO (International
Maritime Organization, 2006) não existem maneiras rápidas e fáceis para demonstrar a
importância do elemento humano na segurança marítima.

II.3 Pesca como actividade


A pesca é o acto de capturar peixes ou outros animais aquáticos tais como crustáceos, moluscos,
equinodermes, nos rios, lagos ou nos mares com propósitos comerciais, de subsistência,
desportivos ou outros. A captura de algas designa-se por “apanha” e a captura de mamíferos,
como a baleia, é normalmente designada de “caça”. DIAS (2006/2007, p.01).

A pesca é uma actividade antiquíssima que, tal como a caça e a agricultura, é praticada pelo
homem desde a pré-história tendo em vista conseguir obter os meios necessários à sua
subsistência a partir do meio aquático – alimentação humana. DIAS (2006/2007, p.02).

Para além do aspecto fundamental da subsistência humana, a pesca é uma actividade económica
importante, geradora de várias outras actividades em terra (transporte, armazenamento,
transformação e venda dos produtos da pesca, construção e reparação das embarcações de pesca,
construção de artes e utensílios de pesca, etc.) empregando uma grande quantidade de pessoas.
DIAS (2006/2007, p.06).

II.3.1 Pescador
Profissionais que fazem da “pesca seus meios de vida, o individuo que sabe usar e desenvolver
as pescarias por conhecer e deter um ofício que aprendido, o pescador é um trabalhador singular,
cujo “foco é ir lá e pescar o peixe, de entender das coisas do mar. Sem dúvida, o pescador insere-

21
se numa trama social, onde cumpre determinado papel na escala socioeconómica da família e da
sociedade em que esta inserido. RAMALHO (2016, P. 395)

II.4 Embarcação Ukhozi


A embarcação Ukhozi é uma embarcação que se dedica a pesca industrial, esta embarcação tem
desenvolvido as suas actividades de pesca na costa Moçambicana já a aproximadamente 2 anos
mas foi construída em 1981. A embarcação Ukhozi tem 33 metros de comprimento, 8.68 metros
de boca e sua tonelagem bruta é de 301t, a mesma possui um convés principal, sala de
processamento do pescado, ponte e sala de máquinas. A embarcação Ukhozi é tripulada por 25
Marinheiros dentre os quais 13 são estrangeiro de nacionalidades Namibiana e Sul-africana os
restantes 12 Marinheiros são de nacionalidade Moçambicana.

A autonomia da embarcação permite que ela se mantenha em alto mar de 35 a 45 dias e durante
esse período os Marinheiros se dividem em actividades diversas como o governo da própria
embarcação, a pesca e o processamento do pescado. Durante a estadia no porto de Maputo
geralmente no período de uma semana os Marinheiros se dedicam a manutenção da própria
embarcação.

FIGURA 15: embarcação UKHOZI

Fonte: Paulo Figueiredo

22
II.5 Orientações sobre fadiga
O Comité de Segurança Marítima, em sua septuagésima primeira sessão (19 a 28 de maio de
1999), considerou a questão da fadiga humana e concordaram em desenvolver uma orientação
prática para fornecer informações adequadas sobre a fadiga para todas as partes envolvidas
(MSC.1 / Circ.1598 24 de Janeiro de 2019).

Para efeitos das diretrizes segundo a circular de 24 de Janeiro de 2019, a seguinte definição para
a fadiga é usada:

"Um estado de deficiência física e/ou mental resultante de factores como o sono inadequado, a
vigília prolongada, trabalho, requisitos de descanso fora de sincronia com os ritmos circadianos e
esforço físico, mental ou emocional que podem prejudicar a agilidade e a capacidade de operar
com segurança um navio ou desempenhar funções relacionadas com a segurança."

A organização desenvolveu estas orientações para ajudar todos os interessados em entender


melhor suas funções e responsabilidades em mitigação e gestão do risco de fadiga.

As directrizes são compostas de módulos, cada um dedicado a uma parte interessada. Os


módulos são:

 Módulo 1 Fadiga
 Módulo 2 Fadiga e a empresa
 Módulo 3 Fadiga e o marítimo
 Módulo 4 Fadiga, sensibilização e formação
 Módulo 5 Fadiga e estrutura do navio
 Módulo 6 Fadiga, as Autoridades do Estado da Administração e portuárias
 Apêndice 1 Exemplos de sono e ferramentas de monitoramento de fadiga
 Apêndice 2 Exemplo de informações fadiga relatório de eventos.

II.5.1 Fadiga, sensibilização e formação


Este módulo baseia-se nos módulos anteriores e contém informações práticas sobre detecção de
fadiga e treinamento destinado aos envolvidos na conscientização sobre fadiga e treinamento
relacionado. Recomenda-se que aqueles envolvidos na conscientização e treinamento sobre
fadiga se familiarizam com todos os outros módulos (MSC.1 / Circ.1598 24 de Janeiro de 2019)

23
CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
III.1 Tipo de Pesquisa
A investigação científica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos para
que seus objectivos sejam atingidos. Assim, a pesquisa a realizar será do tipo exploratória, este
tipo de pesquisa pode ser realizada através de diversas técnicas, geralmente com uma
pequena amostra, permite ao pesquisador definir o seu problema de pesquisa e formular a
sua hipótese ou questões de pesquisa com mais precisão, ela também lhe permite escolher as
técnicas mais adequadas para sua pesquisa e decidir sobre as questões que mais necessitam de
atenção e investigação detalhada, e pode alertá-lo devido a potenciais dificuldades, as
sensibilidades e as áreas de resistência.

III.2 Método de Abordagem


Para o presente trabalho usou-se uma abordagem combinada, o método qualitativo e quantitativo
tal como defendem MARCONI E LAKATOS (1999, p. 39), assim como vários autores actuais, a
maior parte das pesquisas actuais não dispensa a combinação de abordagens. Pois por um lado
esta permitiu compreender os motivos que levam os profissionais de pesca a ter uma deficiente
gestão e mitigação da fadiga abordo no navio Ukhozi, o que foi feito através do método
qualitativo, por outro lado, é necessário buscar o sentimento de todos os intervenientes na
actividade pesqueira, desde autoridades responsáveis pela pesca, armadores e os profissionais de
pesca. Buscando ainda a motivação destes durante o cumprimento das suas tarefas, isso pelo
método quantitativo.

III.3 População e amostra

III.3.1 População
Para o presente projecto, o autor escolheu a população alvo para a realização do estudo os
funcionários do Ministério do mar águas interior e pesca, autoridades responsáveis pela pesca na
baia de Maputo, armadores e pescadores, visto que estes é que estão ligados com a actividade
pesqueira.

24
III.3.2 Definição e descrição da amostra
Para o presente estudo optou-se por uma amostra não probabilística e acidental, que na
perspectiva de GIL (1989, p. 101) as amostras não probabilísticas não apresentam
fundamentação matemática ou estatística, dependendo unicamente de critérios do pesquisador e
são aplicados em estudos exploratórios ou qualitativos.

Desta feita a pesquisa teve uma amostra de 01 funcionários do Ministério do mar águas interior e
pesca, 01 autoridades responsáveis pela pesca na baia de Maputo, 1 armadores e 25 pescadores.

Tabela 1: Amostra da pesquisa

Função dos inqueridos Em número Em percentagem

Funcionários do ministério 01 03.6%


Autoridades 01 03.6%
Armadores 01 03.6%
Marinheiros 25 89.2%
Total 28 100%

Fonte: Autor da pesquisa

III.4 Técnicas de Colecta de Dados


As técnicas de colecta de dados recorridas para a pesquisa foram: A entrevista, questionário,
análise documental, a observação e procedimentos particulares.

III.4.1 Entrevista
Usar esta técnica é usar uma fonte oral para obter informações que muito se aproximam a
realidade dos acontecimentos no que diz respeito a fadiga dos Marinheiros abordo dos navios de
pesca, suas causas bem como o impacto destes fenómenos para actividade pesqueira.

A entrevista cingiu-se essencialmente numa conversa sistemática com funcionários do Ministério


do mar águas interior e pesca, autoridades responsáveis pela pesca na baia de Maputo e
armadores, facilitando deste modo a obtenção de informações do dia-a-dia e que não existam por
escrito.

25
Enquanto técnica de colecta de dados, a entrevista foi bastante adequada para a obtenção de
informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem
fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito das coisas
precedentes. Esta foi importante na obtenção de dados relacionados a realidade no terreno.

III.4.2. Questionário
É uma técnica de investigação que compreenderá em um documento composto por um certo
número de perguntas apresentadas por escrito, tendo por objectivo o conhecimento de opiniões,
sentimentos e interesses.

Ademais, atendendo a sensibilidade que o estudo encerra, esta técnica tem a vantagem de não
expor os pesquisados à influência do inquiridor.

III.4.3 Análise Documental


É resultante de arquivos públicos onde existem documentos oficiais, ou arquivos particulares,
estes foram importantes na consulta de registos, relatórios das actividades realizadas bem como
outros documentos que tiveram relevância para o trabalho.

III.4.4 Observação
Para além dos instrumentos descrito acima, para a realização da pesquisa fez-se observação
assistemática, também chamada espontânea, informal, simples, livre ou ocasional, caracteriza a
observação sem emprego de qualquer técnica ou instrumento, sem planeamento, sem controlo e
sem requisitos obrigacionais previamente elaborados. A observação é considerada uma colecta
de dados para conseguir informações sobre determinados aspectos da realidade. Ela obriga o
pesquisador a ter contacto directo com a realidade. Procurando fazer a recolha dos factos da
realidade, sem a utilização dos meios técnicos especiais.

III.5 Procedimentos
Segundo QUIVY (1999, p.95) procedimento “é uma forma de progredir em direcção a um
objectivo. O procedimento científico consiste em descrever os princípios fundamentais e colocá-
los em prática em qualquer trabalho de investigação”.

26
III.5.1 Procedimentos Administrativos
Para a concretização desta pesquisa, o pesquisador solicitou a Escola Superior de Ciências
Naúticas uma credencial que permitiu chegar ao campo que pretende realizar o estudo, e
permitiu que população alvo no geral e a amostra em particular percebesse a importância e a
pertinência do estudo, fazendo assim, com que estes, participassem de forma activa e consistente
no processo de recolha de dados.

III.5.2 Procedimentos de selecção da amostra


Segundo RICHARDSON (1999, p.157) “É impossível obter informação de todos os indivíduos
ou elementos que formam parte do grupo que se deseja estudar; seja porque o número de
elementos é demasiadamente grande, os custos são elevados ou ainda porque o tempo pode
actuar como agente de distorção”.

Por estas e outras razões é que não se recomenda, em uma pesquisa, trabalhar com todos
elementos que compõem uma população, mas com parte dela. Pelo facto dos elementos
componentes de uma população não serem idênticos, faz-se necessário escolher quais elementos
devem compor a amostra de uma população. De forma a garantir a existência de um controle,
que estabeleça uma amostra adequada aos objectivos da investigação.

III.5.3 Procedimentos de recolha de dados


A eleição dos instrumentos de recolha de dados, por si só, não pode surtir os efeitos desejados,
quando esta não for acompanhada por um plano devidamente estruturado e como serão
operacionalizados esses instrumentos. Assim, mostrou-se importante definir a sequência das
etapas por obedecer:

A primeira etapa consistiu na análise documental, de forma a buscar informações relevantes


sobre o tema em alusão, este processo, permitiu que o pesquisador entrasse em contacto com a
amostra munido de um domínio e conhecimento significativo do assunto a ser estudado.

A seguir fez-se a observação por forma a viver de perto o problema e perceber como tem sido o
trabalho realizado no dia-a-dia, os desafios e dificuldades enfrentadas no exercício das
actividades dos pescadores. Este método permitiu que o pesquisador entre em contacto com a

27
amostra da pesquisa munido de dados reais, podendo fazer uma comparação, entre os dados
colhidos com a amostra e os aspectos observado no terreno.

Por fim entrou-se em contacto com a população alvo e a respectiva amostra, começando por um
contacto inicial com os alvos definidos neste plano amostral, que foi realizado por meio de uma
carta de apresentação do projecto de pesquisa, e, por fim, será feita a entrevista estruturada e o
questionário, perfazendo deste modo a conclusiva etapa da recolha de dados.

III.6 Aspectos Éticos


Segundo Creswell (2007:141) que “para ter apoio dos participantes, o pesquisador qualitativo
convence aos participantes no estudo, explica os objectivos do estudo, e não se dedica a enganar
sobre a natureza do estudo”.

Quanto a segurança dos dados refere Berg (2001:59) que “os pesquisadores devem
intencionalmente tomar precauções para assegurar que a informação não caia acidentalmente em
mãos alheias ou tornar-se pública”.

Para o caso em estudo o pesquisador obedecerá os princípios propostos por Bogdan e Biklen
(1994:77):

 Anonimato: as identidades dos respondentes serão protegidas;


 Respeito e honestidade: é preciso tratar respeitosamente os respondentes para obter a sua
cooperação e abster-se de mentiras e não registar conversas ou imagens com gravadores
escondidos;
 Negociação: negociar de forma clara e explicita os termos de acordo e respeitá-los até á
conclusão da pesquisa. É preciso ser realista.
 Autenticidade: o pesquisador deve ser autêntico ao escrever os resultados, mesmo que
estes entrem em conflito com as suas convicções ideológicas ou por pressão de terceiros,
isto é, deve ser fiel aos dados que obtiver.

28
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Neste capítulo fez-se a apresentação de dados consoante a análise e interpretação conseguida
através de diferentes Marinheiros membros da tripulação pertencentes a embarcação UKHOZI
que era o grupo alvo do estudo.

Os resultados da análise serão apresentados em forma de tabela percentual e em de texto


descritivo, posteriormente serão analisados de acordo com as categorias propostas para o
desenvolvimento desta pesquisa de modo a permitir a verificação das hipóteses.

III.1 dados obtidos do questionário


Actividades de destreza abordo do navio UKHOZI
De forma a saber se existiam actividades de destreza abordo do navio por forma a mitigar a
fadiga, colocou-se aos profissionais de pesca e outra parte da tripulação do navio em alusão a
seguinte questão:

Existem actividades de destreza a bordo do navio?

Tabela II
Resposta Sim As vezes Não Total
Marinheiros 0 06 19 25
Percentagem 0,0% 24% 76% 100%
Fonte: Autor da pesquisa

Questionados 25 marinhos sobre a actividade de destreza abordo, 06 correspondendo a 24%


afirmam que por vezes tem se verificado as actividades de destreza abordo, avançando com
exemplos, tais como, jogos de cartas, dama, xadrez, filmes e musicas. 19 Destes correspondentes
a 76% afirmam que não existem actividades de destreza abordo da embarcação de pesca
UKHOZI, pois as improvisadas são insignificantes, visto que não são actividades programadas
pela liderança do navio mas sim improvisos implementados pelos marinheiros em seus tempos
livres. Pela tabela percebe-se que nenhum dos inqueridos assume que a bordo da embarcação
UKHOZI existem actividades de destreza.

29
Comunicação com o exterior e a permanência abordo do navio pesqueiro por muito tempo
Quanto a comunicação com exterior e a permanência dos funcionários de pesca abordo da
embarcação colocaram-se as questões abaixo a 25 marinheiros.

Durante as actividades no mar tem possibilidade de comunicar com o exterior do navio,


principalmente com a família?

Tabela III
Resposta Sim As vezes Não Total
Marinheiros 16 07 02 25
Percentagem 64% 28% 08% 100%
Fonte: Autor da pesquisa

Dos 25 marinheiros questionados, 16 correspondente a 64% disseram que tinham comunicação


com exterior do navio sempre que o navio se encontre em posições que tenha coberto das redes
de telefonia móvel; os outros 07 marinheiros o correspondente a 28% assumem que por vezes
tem tido comunicação com exterior mas e muito difícil pois na maioria das vezes que se
encontram em uma posição com cobertura de rede de telefonia móvel eles estão em trabalho ou a
descansar por conta da fadiga depois do trabalho duro que estão submetidos; 02 do total de 25
marinheiros, o correspondente a 08% afirmam que não tem espaço para manter comunicação
com exterior pois passam mais tempo no trabalho e quando não se esta a trabalhar a única coisa a
ser feita e descansar para ver se consegue recuperar as energias para faina seguinte.

O tempo de permanência a bordo do navio e aceitável?


Tabela IV
Resposta Sim Talvez Não Total
Marinheiros 02 0 23 25
Percentagem 08% 0% 92% 100%
Fonte: Autor da pesquisa

Questionados 25 marinheiros sobre o tempo de permanência abordo, 02 correspondentes a 08%


responderam que era aceitável, pois ficam um tempo no mar e outro em terra em descanso e
consideram o intervalo de descanso bom mas 23 destes consideram o tempo de trabalho,

30
permanência abordo no mar demasiado, para estes o tempo de descanso não compensa sendo
obrigados a regressar a actividade antes de se sentirem com as energias recuperadas para o efeito.

Procedimentos de segurança e saúde no trabalho


Considerado que as condições de trabalho, a higiene e a saúde podem de certa forma contribuir
para a fadiga e o mau estar dos profissionais de pesca, colocou-se a questão a seguir para
perceber se na embarcação de pesca Ukhozi são cumpridos os procedimentos de segurança e
saúde abordo.

São cumpridos os procedimentos de segurança e saúde no trabalho abordo do navio Ukhozi?


Tabela V
Resposta Sim As vezes Não Total
Marinheiros 03 05 17 25
Percentagem 12% 20% 68% 100%
Fonte: Autor da pesquisa

Nesta questão 03 dos 25 marinheiros inqueridos, o correspondente a 12% disseram que os


procedimentos de segurança abordo do navio eram cumpridos, para estes todos marinheiros que
se fazem abordo são instruídos palestrados sobre as medidas de segurança pela natureza do seu
trabalho. Em contra partida 05 destes afirmam que nem sempre as medidas de segurança e
trabalho abordo são respeitadas, principalmente na hora da pesca. 17 Marinheiros dos inqueridos,
correspondente a 68% afirmam que a bordo do navio não são cumpridos os procedimentos de
segurança de trabalho, para estes o patronato só se importa com o resultado da actividade que é o
pescado independentemente dos riscos que estes correm, mesmo fatigados eles devem se fazer a
actividade sob pena de serem expulsos se não forem, afirmam ainda que não há condições para o
atendimento imediato em casos de acidente, isso é, primeiros socorros deixa a desejar.

Espaço de alojamento abordo da embarcação Ukhozi


Tendo em conta que os espaços de alojamento contribuem não só para o bem-estar dos
marinheiros mas também para a saúde física e mental, visto que pode proporcionar melhor
descanso no período de actividades reduzidas, procurou-se saber de 25 marinheiros que
trabalham abordo da embarcação Ukhozi o seguinte:

31
Como são as condições de alojamento na embarcação?
Tabela VI
Resposta Boas Razoáveis Más Total
Marinheiros 00 04 21 25
Percentagem 00% 16% 84% 100%
Fonte: Autor da pesquisa
No que diz respeito a condições de alojamento na embarcação Ukhoze, nenhum dos 25
marinheiros inqueridos considera boas, para estes as condições de alojamento são inadequadas
principalmente para os simples marinheiros, aqueles que dedicam directamente a actividade de
pesca, vivem em camarotes apertados, sem ar condicionados nem ventilação adequada para o
número de tripulantes que alberga. 04 Dos 25 marinheiros inqueridos, correspondentes a 16%
consideram razoáveis as condições de alojamento e 21 destes correspondentes a 84% consideram
as condições de alojamento más, pois os camarotes são pequenos e não tem espaço suficiente e
por vezes devem ceder alguns para conservar o pescado, o cheiro do peixe se faz sentir como
enorme impacto pois os camarotes não tem nenhum sistema de ventilação eficaz.

III.2 Dados obtidos da entrevista


No acto da entrevista, que foi feita ao inspector da actividade de pesca do ministério do mar
águas interiores e pesca, ao responsável pela embarcação de pesca Khoze e ao Agente da
embarcação Ukhozi foram colocadas diversas questões conforme o apêndice (Guião de
entrevista), das questões colocadas destacam-se as seguintes:

I. Considera que as actividades de destreza a bordo de pesca pode contribuir para a gestão e
mitigação da fadiga, se sim, como?

Segundo o inspector do Ministério do mar águas interiores e pesca, as actividades de destreza


abordo de qualquer que seja o navio é indispensável, principalmente para as embarcações de
pesca pela natureza da actividade, frisou ainda que, o ministério obriga as embarcações a
adoptarem essa cultura porque de certa forma contribuem para o bom desempenho dos
marinheiros.

32
Para o responsável da embarcação de pesca, sem a destreza não tem como ter uma boa equipa de
trabalho, pois as actividades de destreza não só ajudam na gestão e mitigação da fadiga como
também cria um coesão na equipe de trabalho, o que ajuda na hora da actividade aqui os
marinheiros estejam sujeitos.

O agente da embarcação afirma que as actividades de destreza são sem dúvida uma das formas a
ser adoptada para a gestão e mitigação da fadiga, é verdade que quando nos vemos ao mar para
mais uma jornada de pesca é difícil encontrar um espaço para realizar actividades de destreza,
pois, nos tempos de actividade reduzida os marinheiros optam por descansar.

II. Será que a comunicação com o exterior do navio, principalmente com a família pode
minimizar a fadiga?

De acordo com o Inspector a comunicação com o exterior e principalmente com os ente-queridos


é fundamental na medida em que é junto a família em que nos buscamos as nossas forcas em seja
qual for a área de trabalho em estejamos inseridos, no caso dos marinheiros o mesmo considera
como sendo um agravante devido ao tempo em que estes permanecem longe de suas famílias.

Segundo o responsável da embarcação a comunicação com o exterior não facilita o trabalho


manual mas serve sim de conforto e de uma motivação extra para continuar as actividades
abordo do navio.

O agente do navio considera a Marinharia um estilo de vida, algo que se escolhe atendendo as
consequências que desta podem advir, a maioria dos Marinheiros, considera ele, como sendo
Homens bravos o suficiente para ultrapassar a fadiga mental e tendo a possibilidade de com a
famílias se comunicar, o mesmo considera sim o factor comunicação com a família como
atenuador da fadiga mental.

III. Acha que o tempo de permanência abordo, seja em actividade ou com o navio atracado
pode contribuir para fadiga dos profissionais de pesca?

O inspector do ministério do mar águas interiores e pesca considera que o tempo de permanência
pode sim contribuir para a fádica, para este os profissionais de pesca deviam era ter um descanso
digno assim que regressassem de mais uma jornada, os responsáveis pelas embarcações de pesca
deviam adoptar uma técnica que pudesse facultar um descanso digno aos seus trabalhadores por

33
forma a tê-los como mais moral e vontade de trabalhar na próxima jornada, assim como a
permanência no mar, longe de tudo e de todos, seria que bom que não fosse demasiado, tempo
superior a 30 dias por exemplo.

O responsável pela embarcação considera este assunto muito complicado, pese embora concorde
que o tempo de permanência abordo contribui de forma clara para a fadiga dos seus
trabalhadores esse percebi que n tem alternativa, e comum receber muitas reclamações do género
mais n se pode abandonar uma jornada de pesca por conta disso assim como n se pode abandonar
a embarcação enquanto estiver a atracada, este assunto tem mesmo haver coma a segurança da
própria embarcação, para minimizar este fenómeno fazemos uma escala de serviço quando
estamos atracado, assim, facilita que os trabalhadores tenham alguns dias de descanso junto as
suas famílias.

Pois, isso contribui e muito para a fádica, alias arrisco em afirmar que isso estressa mais os
trabalhadores que a própria actividade de pesca, disse o agente, este, afirma ainda que
infelizmente não tem, como reverter este cenário, a embarcação tem uma tripulação e esta
estende se em tudo que actividade abordo, seja no alto mar assim como atracados, a ansiedade de
chegar a terra e ter um tempo em casa com a família em tanta mas eles sabem que o trabalho
deve estar em primeiro, em difícil ter gerir isso mas temos que ser duros por vezes para incutir
nos trabalhadores.

IV. Considera como sendo cumpridos os procedimentos de segurança e saúde no trabalho


abordo do navio Ukhozi?

De acordo com o inspector ainda devem ser criadas as condições tanto em termos de legislações
como em termos de mudança de mentalidade para poder lidar com esta problemática, por vezes
não se trata apenas de falta de fiscalização pois alguns pescadores os que fazem o processamento
de pescado por exemplo, são submetidos a exames pelo INP (Instituto Nacional de Pescado),
sem prolongar o mesmo considera a segurança abordo dos pesqueiros como algo que deixa a
desejar devido a inexistência de exercícios de treinamento periódicos abordo dos navios
pesqueiros.

O responsável pela embarcação considera que há ainda muito que se fazer no tocante a segurança
e saúde no trabalho abordo porém há que se ter em conta que há doenças profissionais bastante

34
comuns nos que trabalham abordo como é o caso de fungos, porém os marinheiros fazem tudo o
que podem para se manter saudáveis e seguros abordo.

O agente considera os procedimentos de segurança e saúde no trabalho, como sendo um


problema difícil de se ultrapassar visto que envolve varias variáveis, contudo considera os
procedimentos usados abordo como sendo aceitáveis para o universo dos navios pesqueiros mas
reitera, mas que isso não significa que não haja nada que melhorar.

V. Como considera as condições de alojamento nas embarcações?

Segundo o inspector as condições de alojamento abordo das embarcações de pesca são em geral
bastante pobres em todos os aspectos, verifica-se que os espaços nos camarotes são
propositalmente bastantes apertados por forma as embarcações poderem levar toda forca possível
e assim flexibilizar o trabalho exercido em alto mar uma vez.

O responsável do navio considera críticas as condições de alojamento a que os marinheiros se


encontram muitas vezes sujeitos, porem rebate as afirmando que os turnos que são aplicados
muitas vezes amenizam a enchente nos camarotes usando um sistema 12on/12off.

O agente considera as condições de alojamento tidas abordo como não ideias, visto que, por
vezes o patronato não busca considerar a comodidade do Marinheiro como algo primordial, mas
sim se agrada na operacionalidade e lucros que a embarcação pode proporcionar.

35
III.3 Verificação das Hipóteses
Hipótese I
 Falta de actividades de destreza abordo pode causar a fadiga aos Marinheiros do navio
UKHOZI.
Dos resultados obtidos em relação a hipótese colocada, foi possível perceber que abordo do
navio Ukhoze não existem actividades de destreza, algo que para os entrevistados é um factor de
estrema relevância para a gestão e mitigação da fadiga abordo de qualquer navio, pois, as
actividades de destreza de certa forma contribuem para o bom estado de estado de espirito e
coesão da equipe de trabalho o que facilita na hora da faina.

Com estes dados a hipótese colocada é tida como válida.

Hipótese II
 Falta de comunicação com o exterior e a permanência abordo do navio pesqueiro por
muito tempo pode dificultar a implementação das directrizes sobre a fadiga.

A comunicação com o exterior do navio e principalmente com as famílias alivia o estresse,


proporciona a moral e gosto pelo trabalho, a comunicação em essencial, pois, algumas
preocupações são de forma resolvidas mesmo estando a distância. Infelizmente no questionário
feito constatou-se que o profissional de pesca pouco tem espaço para manter esta comunicação
com o exterior, não só pela natureza do trabalho mas também por falta de condições para o
efeito. Os entrevistados consideram que se houvesse condições para a comunicação com exterior
acredita-se que podia contribuir para minimizar a fadiga mental, pois isto criaria um semblante
encorajador nos profissionais, mas também consideram que algumas chamadas podem ser
prejudicais dependendo da informação que poderá receber, contudo é imprescindível que se
mantenha a comunicação com exterior do navio e principalmente com os familiares.

Falta de comunicação, muito tempo fora, ouvindo as ondas do mar e sentindo o cheiro do peixe,
sinceramente não tem como estes itens não proporcionar a fadiga e por vezes ate uma fadiga
psicológica, foi possível constatar isso durante a recolha de dados sendo que a maioria dos
questionados e entrevistados concordaram que estes fenómenos contribuem para a gestão e
mitigação da fadiga.

36
Assim, a hipótese antes colocada é validada

Hipótese III
 Não cumprimento dos procedimentos de segurança e saúde no trabalho pode causar a
fadiga abordo.

A segurança e saúde no trabalho abordo de qualquer que seja o navio é obrigatória, aliás é um
dos factores relevantes para se fazer ao mar, este factor contribui não só para a saúde e bem-estar
dos tripulantes a bordo como também para a moral e o consequente alcance dos objectivos da
actividade marítima. A maioria dos inqueridos sobre este assunto afirmam que o patronato da
embarcação Ukhoze só se importa com o resultado da actividade que é o pescado
independentemente dos riscos que os trabalhadores correm, mesmo fatigados eles devem se fazer
a actividade sob pena de serem expulsos, se não forem, afirmam ainda que não há condições para
o atendimento imediato em casos de acidente. A segurança abordo dos pesqueiros é algo que
deixa a desejar, por um lado devido a inexistência de exercícios de treinamento periódicos
abordo dos navios pesqueiros e por outro o não cumprimento dos procedimentos de segurança
padronizados, afirmou o inspector do ministério do mar águas interiores e pesca. Sem dúvida a
falta de cumprimento dos procedimentos de segurança e saúde no trabalho a bordo dos navios
contribui para a fadiga excessiva dos profissionais de pesca.

A hipótese colocada é desta forma considerada válida, pois é possível perceber pelo resultado
dos dados colhidos que o cumprimento dos procedimentos de segurança e saúde no trabalho
contribuem para gestão e mitigação da fadiga.

Hipótese IV
 As pressões exercidas para reduzir o espaço de alojamento muitas vezes como
consequência de esforços para levar a bordo uma equipe maior e o maior número de
Marinheiros possível para o tamanho do barco podem dar lugar a condições
insustentáveis a bordo.

Um bom descanso depois de uma dura actividade ajuda, as condições de alojamento, desde o
tamanho dos camarotes ate as condições dos mesmos servem de catalisadores para proporcionar

37
um carregamento de energias agradável para a próxima jornada de trabalho. Ora o Inspector
afirma que infelizmente as condições de alojamento abordo das embarcações de pesca são em
geral bastante pobres em todos os aspectos, pois, verifica-se que os espaços nos camarotes são
propositalmente bastantes apertados por forma a levar o máximo de força humana possível com
o intuito de flexibilizar o trabalho e maximizar os resultados. O responsável pela embarcação
Ukhoze considera críticas as condições de alojamento a que os marinheiros se encontram muitas
vezes sujeitos, porem rebate as afirmando que os turnos que são aplicados muitas vezes
amenizam a enchente nos camarotes usando um sistema 12on/12off e o agente considera as
condições de alojamento tidas abordo como não ideias, visto que, por vezes o patronato não
busca considerar a comodidade do Marinheiro como algo primordial, mas sim se agrada na
operacionalidade e lucros que a embarcação pode proporcionar. Dos inqueridos na sua maioria
clamam pelas condições de alojamento, para além de serem muitos a bordo para as condições
que a embarcação oferece alguns compartimentos são usados para armazenar e/ou conservar o
pescado, sem deixar de lado o facto deque os pequenos espaços existentes n oferecem boas
condições para o descanso.

Esta situação permite que o autor da pesquisa considere a hipótese coloca como válida.

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CONCLUSÃO
O presente trabalho de pesquisa subordinou-se ao tema Gestão e Mitigação da Fadiga Nos
Navios Pesqueiros Que Operam Na Baia De Maputo. Caso Navio UKHOZI, este, surge no
âmbito da elaboração de um trabalho de pesquisa como um dos requisitos para a obtenção do
grau de licenciatura em navegação marítima na Escola Superior de Ciências Náuticas.

O trabalho tinha como objectivo, analisar os factores que influenciam na má gestão e mitigação
da fadiga, abordo do navio UKHOZI, uma embarcação de pesca industrial que opera na baia de
Maputo. Aqui, por forma a alcançar o objectivo colocado foram identificadas as actividades e os
métodos de destreza adoptados abordo do navio UKHOZI, foi descrita a vida e actividade abordo
do navio UKHOZI e foi avaliado o grau de cumprimento dos procedimentos técnicos de
segurança e saúde no sector pesqueiro.

A pesquisa foi do tipo exploratória e usou-se o método abordagem combinada (qualitativo e


quantitativo) e os instrumentos usados para a recolha de dados foram: o questionário, a
entrevista, observação e procedimentos particulares o que permitiu o alcance do objectivo da
pesquisa.

Feito o estudo, concluiu-se que os factores que contribuem para a má gestão e metigação da
fadiga abordo da embarcação de pesca Khoze são os seguintes:

 Falta de actividades de destreza a bordo;


 Falta de comunicação com o exterior e a longa permanência;
 Não cumprimento dos procedimentos de segurança e saúde no trabalho;
 As pressões exercidas para reduzir o espaço para levar a bordo uma equipe maior, o que
condiciona as condições de alojamento

Importa referir que, estes factores não são os únicos que influenciam na má gestão e mitigação
da fádica, mas são os que haviam sido colocados como possíveis respostas da questão em estudo
e foram comprovadas.

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SUGESTÕES
Feitas as conclusões inerentes ao tema em abordagem, e apresentados os dados indicativos da
importância da gestão e mitigação da fadiga nos navios pesqueiros que operam na baia de
Maputo, no caso navio Ukhozi, por forma a melhorar as condições de trabalho dos marinheiros, a
saúde e o bem-estar da própria embarcação, sugerimos as seguintes medidas:

 Consciencialização da fadiga e aceitação de que todos experimentam fadiga


independentemente das áreas de trabalho em que se encontram e que esta não é uma
deficiência pessoal ou fraqueza;
 Conhecer fazer conhecer a todos os envolvidos sobre sinais e sintomas de fadiga a curto e
longo prazo, incluindo seus efeitos e possíveis medidas preventivas e atenuantes;
 Maximizar capacidade de desenvolver e implementar estratégias de gerenciamento de
fadiga para prevenir ou minimizar a fadiga a bordo;
 Promover treinamentos sobre as causas e sobre o gerenciamento da fadiga se estende da
ciência subjacente;
 Criação de uma clara separação entre trabalho e lazer, o que pode influenciar o seu bem-
estar mental e emocional;
 Reavaliar aspectos relativos a lotação;
 Criar e ou adoptar actividades de destreza a bordo da embarcação
 Criar condições para que os marinheiros mantenham contacto com os seus familiares
mesmo estando no alto mar;
 Elaborar uma escala de trabalho que permita ao marinheiro horas de descanso
recomendadas
 Cumprir com os procedimentos de segurança e saúde no trabalho
 Criar condições de alojamento aceitáveis, que possam proporcionar o bem-estar dos
marinheiros

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