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CNPJ 04.855.275/0001-68
PSICOLOGIA SOCIAL
São Luís
2013
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Zordan, GiselliRamos
CDU: 159.9:36
3
Heraldo Marinelli
Coordenador Geral de Ensino a Distância
FLUXOGRAMA DE ESTUDO
ENTRADA
Inscrição / Seleção
TUTORIA
Recebimento do
Processo de Estudo
material
Independente Avaliação presencial
instrucional
T
Não alcançou Alcançou
U desempenho desempenho
satisfatório satisfatório
T
SAÍDA
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PLANO DE ENSINO
EMENTA
OBJETIVOS
Objetivos Específicos:
Compreender e conhecer conceitos vinculados à Psicologia Social de acordo
com os principais autores da área.
Debater a formação e o desenvolvimento de Ideologia, Identidade, Política e
Gênero.
Identificar a influência do social no comportamento humano.
Reconhecer e questionar relações de poder entre sujeitos e instituições.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RECURSOS
Quadro branco e acessórios;
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Textos;
Data Show;
Computador;
Material Impresso
AVALIAÇÃO
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Bibliografia Complementar
LANE, S.T.M.: (ORG.) Psicologia Social: o homem em movimento. 13 ed. São Paulo:
Brasiliense, 2006.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
CAPÍTULO I HISTÓRIA E CONCEPÇÃO DA PSICOLOGIA SOCIAL ............... 11
Unidade 1.1 Histórico da Psicologia Social .......................................................... 11
Unidade 1.2 Perspectiva Pragmática ................................................................... 15
Unidade 1.3 Perspectiva Fenomenológica ........................................................... 21
Unidade 1.4 Psicologia Social no Brasil ............................................................... 27
CAPÍTULO II CATEGORIAS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA SOCIAL ...... 37
Unidade 2.1 Valores e Atitudes ............................................................................ 37
Unidade 2.2 Relação Social e Influência Social ................................................... 41
Unidade 2.3 Cognição Social ............................................................................... 52
Unidade 2.4 Representação e Identidade Social ................................................. 56
CAPÍTULO III APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL.....................................64
Unidade 3.1 Psicologia Social nas Organizações..................................................64
Unidade 3.2 Psicologia Social e Desenvolvimento Comunitário............................70
Unidade 3.3 Psicologia Social e Saúde ................................................................ 76
Unidade 3.4 Críticas à Psicologia Social .............................................................. 82
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 89
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1 INTRODUÇÃO
Alguns autores dizem que a Psicologia Social tomou dois caminhos distintos:
um tenta atender às necessidades da Psicologia; o outro, atende à política das classes
dominantes. Assim sendo, torna-se difícil afirmar que a Psicologia Social está mais
próxima da Psicologia ou da Sociologia.
Para outros autores, a Psicologia Social surge graças aos êxitos das várias
Ciências Sociais. Entretanto, reconhece que só esse motivo não foi o bastante; o que
influiu mesmo foram os interesses ideológicos e políticos da burguesia. É reforçado
a idéia dos que vêem a Psicologia Social como um ramo da Sociologia burguesa,
pronta para defender a classe dominante do crescente movimento revolucionário da
classe operária.
Dentre o campo de pesquisa e estudo que a Psicologia Social atua, ela
possuiuma percepção social; a comunicação; as atitudes; a mudança de atitudes; o
processo de socialização; os grupos sociais e os papéis sociais. Essa percepção
social nos oferece um manancial de impressões de alteridade, com suas
características, dando subsídios para a consciência fazer uma organização e gerar
um sentido (ex: jovens com tênis, calça jeans e mochilas = grupo de estudantes).
A comunicação como processo de emissão/ codificação e
recepção/decodificação das mensagens é de suma importância para a Psicologia
Social, para verificação dos níveis e graus de influências, interdependência e poder
de persuasão, propriamente dito.
As atitudes são predisposições para agir favorável ou desfavoravelmente em
relação àspessoas e aos objetos presentes no meio social, mediante informações
acumuladas, com forte carga emocional, que dão indícios que o indivíduo tome
determinada ação, na direção de seu comportamento. Nós desenvolvemos atitudes
(crenças, valores e opiniões) em relação a qualquer elemento do meio social. As
atitudes são bons preditores de comportamentos.
A Mudança de Atitudes ocorre a partir de novas informações, novos afetos ou
novos comportamentos ou situações. (ex: um líder de opinião pode alterar as formas
como uma pessoa vê determinado produto, principalmente se ele for convincente e
alguém merecedor de respeito e confiança, além de admiração).
Os papéis sociais, como médico, professor, pai, mãe, filho, aluno, entre outros,
são importantes para a Psicologia Social, pois assim poderemos ao certo saber o que
esperar de cada um – funcionando como reguladores dos comportamentos sociais,
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produtividade do grupo, que é uma atuação que se caracteriza pela euforia de uma
intervenção que minimizaria conflitos, tornando os homens reconstrutores da
humanidade que acabava de sair da destruição de uma II Guerra Mundial.
É interessante ressaltar o que Bernardes (2010) chama de concepções teóricas
que se desdobraram ou que se atravessaram na Psicologia Social: são as formas
elencadas por Farr(1996): psicológica e sociológica. Na primeira, as explicações do
coletivo e do social são reduzidos a leis individuais. O indivíduo é o centro da análise,
suas relações com o contexto social não influem. Há uma separação entre o homem
e o social. O que importa, neste caso, é o comportamento do indivíduo; na forma
sociológica, os estudiosos valorizam a relação entre o individual e o coletivo.
É exatamente esta psicologia social psicológica que se desenvolve na América
do Norte, como é ressaltado por Bernardes:"Seus princípios básicos nas explicações
dos fenômenos sociais são: tratá-los como fenômenos naturais através de métodos
experimentais, sendo que seus moldes explicativos nos remetem sempre, em última
instância, a explicações centradas no indivíduo." (2010, p. 27)
Referenciais teóricos como George Mead, que coloca o "estudo da linguagem
e do pensamento humano dentro de um contexto evolucionista"(BERNARDES,
2010.P. 29) e seu modelo de mente: " seu modelo de mente era síntese de fenômenos
tanto em nível coletivo quanto em nível individual"(Id.ib.), foram ignorados na
constituição da psicologia social norte americana.
Outra perspectiva deixada de lado foi a histórico- crítica, centrada nas idéias marxistas
de ideologia, alienação e consciência de classe, com objetivos de transformação.
A psicologia comportamental desenvolvida na América do Norte foi levada para
a Europa e lá, como nos diz Guarechi (2007,p.25) foi elaborado um verdadeiro "Plano
Marshal Acadêmico" para que a psicologia social nos moldes norte americanos tivesse
êxito. Graças à cientistas como Moscovici, que questionou a capacidade desta
psicologia de atender as necessidades do social, estas tentativas não vigoraram.
O papel de colonizado dos países latino-americanos, levou a importação do
modelo de psicologia social predominante na América do Norte, visto que segundo
Farr (1996), os renomados professores de Psicologia Social na América Latina fizeram
seus cursos de graduação nos Estados Unidos, exemplo disso foi Aroldo Rodrigues,
o grande representante da psicologia social cognitivista no Brasil. Nos anos de 1960
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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
reuni-las em uma unidade superior, nova e criadora" (Ibid, p. 497). Como se vê, há
uma alternativa de sentido, algo pejorativo, de simplesmente justapor-se teses de
sistemas distintos. Mas há também uma alternativa de significado positivo, de síntese
inovadora e de criação superior, que poderíamos ressaltar. É essa a posição que
poderia ser positiva no campo da Ciência. Porém, note-se que, aqui, talvez já
estejamos no âmbito daquilo que Kuhn chama de "pesquisa extraordinária" e de
"revolução científica", ou do que Bourdieu associa com as "estratégias de subversão"
no campo científico.
O sincretismo em Psicologia parte do ponto de vista, em minha opinião,
equivocado, de que cada abordagem teórica limita-se a enfocar um aspecto distinto
do fenômeno humano, como se se tratasse de dividir um bolo em fatias e atribuir a
cada uma delas o seu pedaço: aos behavioristas, o comportamento; aos sócio-
históricos, a atividade e a consciência; aos psicanalistas, o inconsciente; aos
cognitivistas, o pensamento racional e os processos de resolução de problemas, e
assim por diante, cada um recebendo seu justo quinhão.
A verdade é que cada abordagem teórica tem as suas próprias concepções de
ser humano, de universo psíquico, de realidade, de sociedade, de cultura, de vínculo
social e dos demais aspectos fundamentais com os quais é construída a estrutura
fundamental do seu paradigma para a abordagem do seu objeto de estudo: o ser
humano.
Isso não significa que a investigação de todos os aspectos esteja igualmente
desenvolvida nas diferentes teorias. Podemos pensar que cada teoria possa,
inclusive, beneficiar-se de algum nível de interação com as demais, no sentido de ter
sua atenção voltada para problemas e questões já anteriormente desenvolvidos em
campos de outros paradigmas. Porém, esse benefício nunca se limitará a uma simples
importação, sem alterações, de proposições e descobertas desses outros campos.
Sempre será necessário um processo de "metabolização" desses conhecimentos
oriundos de campos diferentes - uma articulação com os demais componentes do
paradigma - antes que eles possam ser úteis e se tornem disponíveis para uso no
novo campo para onde foram transpostos.
Devemos refletir sobre a respeito das implicações das diferentes alternativas
de relacionamento entre a Psicologia Social desenvolvida no Brasil e a desenvolvida
em outros centros, notadamente as dos países de maior desenvolvimento científico.
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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1.O que pode ser considerado como elemento essencial para o desenvolvimento da
psicologia social no Brasil? Comente sua resposta.
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2. O que você entende por SINCRETISMO?
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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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Importante:
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Ao estudar a natureza das relações sociais, antes de mais nada, o que precisa
ser esclarecido para entender a relação do “social” com a psicologia, quer concebida
como ciência da mente (psique) quer como ciência do comportamento é entender
como o “social” pode ser pensado e compreendido desde o caráter assistencialista ou
da gestão racional da indigência na idade média até emergência das concepções
democráticas ciências humanas no século XX passando necessáriamente pela
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permite ao sujeito compreendê-lo e agir sobre ele" (Silva, 1978, p. 20). Seria o que
Jodelet (1984) considera o "crivo de leitura" da realidade.
Sendo a representação social compreendida enquanto conteúdo e processo,
seu estudo remete necessariamente aos processos perspectivos e imaginários do
sujeito, às forças sociais e conteúdos culturais subjacentes às relações numa
sociedade determinada, bem como à sua função mediadora entre indivíduo e
sociedade.
Ao analisar as dimensões latentes sobre as quais se constrói a representação
social, Moscovici (1976) propõe três dimensões que dizem respeito à formação do
conteúdo da representação e que remetem ao quadro social em que se insere o
indivíduo:
a) Atitude - expressa uma resposta organizada (complexa) e latente
(encoberta). "Uma orientação geral face ao objeto de representação. Ela se apresenta
como uma pré-conceituação que é produto de relações, remanejamentos e
organizações da experência do sujeito com o objeto" (Silva, 1978, p. 21). A atitude é
ligada à história do indivíduo ou do grupo.
b) Informação - remete à quantidade e qualidade do conhecimento possuído a
respeito do objeto social. Pode-se, assim, distinguir níveis de conhecimento do objeto.
Esses dois elementos do conteúdo se estruturam no:
c) Campo da representação - "seria uma unidade hierarquizada dos
elementos que denota a organização desse conteúdo (preponderância, oposição etc,
de um elemento sobre o outro) e o caráter vasto desse conteúdo, suas propriedades
qualitativas e imageantes" (Silva, 1978, p. 22).
A análise dessas dimensões permite, segundo Moscovici (1976), descrever as
linhas sociais de separação dos grupos, comparando o conteúdo das representações.
No que se refere à elaboração das representações sociais, Moscovici (1976)
propõe dois processos como sendo fundamentais:
1) Objetivação - caracteriza-se pelo fato de que as idéias construídas em
contextos específicos são percebidas como algo palpável, concreto e exterior ao
sujeito. Essas realidades podem ser, em seguida, atribuídas aos outros ou a si
mesmo. Ela torna concreto o que é abstrato. Transforma um conceito em uma imagem
ou em núcleo figurativo. Por exemplo, o complexo da teoria psicanalítica não é mais
uma hipótese teórica mas um atributo real do outro (Tap, 1985).
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EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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ATIVIDADE AVALIATIVA
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e se dissociam de maneira bem variada, traz a estrutura de uma forma onde acontece
a organização dos valores intimamente ligados aos processos que a originaram e é
permanente, acomodando-se em constante mudança as transformações do ambiente
em que se encontra.
A organização é um pressuposto básico que é tomado como óbvio – afinal
organizações existem – para poder ir adiante na investigação de sua forma e natureza
de sua forma e natureza; seja de organizações boas (sindicais, comunitárias) ou más
(capitalistas, psiquiátricas). Mas será que esta crença básica tem validade, quando
vista pela ótica de uma psicologia social ativa e investigava voltada à análise de ação
social vista do lado do agente desta ação? Será que organizações existem?
Durante muito tempo, e até pelo menos a década de 1930, organização,
enquanto palavra ‘descritora’ foi sempre associada à necessidade de dar ou pôr
ordem (ordenar) nas diversas ações que formavam o empreendimento industrial ou
comercial e o serviço público. A arte de administrar foi erguida em volta de atividades
tais como planejar, organizar, liderar e controlar; conseqüentemente a organização de
atividades fez parte do empreendimento ou serviço e não era sua característica
principal. Qualquer passagem pela arqueologia industrial inglesa mostra os portões
de fábrica e prédios do século dezenove onde o empreendimento era claramente
identificado: Fundação Soho, Tecelagem Bennet, Chapelaria Christie-Miller. Livros
escritos no início do século discutiam a organização e administração da fábrica, ou do
escritório, e ainda em 1974 George tinha isso a dizer ao resumir seu trabalho sobre a
história do pensamento administrativo:
“quando os administradores tentam criar um ambiente físico e mental eles
devem inculcar um certo grau de ordem no caos que a ignorância dos fatores
ambientais ocasionaria. Esse processo de ordenação, envolvendo o planejamento,
recebeu diversos nomes, sendo o mais comum de organização”
Na antropologia da mesma época, organização era usada de maneira genérica
para se referir aos processos sociais em agregações humanas, suas religiões, ritos,
estrutura familiar e modo de vida. Ninguém duvidava que estes processos sociais
tinham seu lado simbólico, como a citação de George deixa transparecer a partir do
uso da expressão ambiente mental; tratava-se, porém, de um processo de ordenação
no nível micro ou macro e não de algo em si.
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Estas idéias estão também presentes em outras áreas de análise social, onde
a noção de atividade processual que forma um cotidiano intersubjetivo vêm sendo
trabalhado durante algum tempo. Reconhecesse a presença de uma consciência
prática das contradições presentes nestes significados como também a possibilidade
de transcender parcialmente a consciência prática em relação a uma consciência
discursiva. Admite-se a possibilidade das pessoas assumirem a agência do autor no
ator social, porque a agência é própria da parte.
Ao reconfigurar a Psicologia Social enquanto ação processual a partir da
psicologia do fenômeno organizativo, abre-se a opção de reassumir a intervenção
investigativa da pesquisa-ação como base para um diálogo que apóia a agência do
outro na alteração de práticas e formas de agir. O estudo do fenômeno organizativo e
do trabalho tem muito a ganhar com sua proximidade a psicologia social – e talvez a
psicologia social tenha algo aprender também.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
como doença mental, pois há diferenças entre as pessoas por se tratar das diferenças
de cada indivíduo suas subjetividades e opiniões de classe social e racial.
Se tomarmos a acepção literal de psicologia aplicada ao estudo intervenções
na comunidade teremos esta(s) como sinônimo da psicologia social, ou seja, como os
mesmos problemas de método e definição do objeto de estudo que essa. A principal
diferença entre a psicologia social e comunitária vem da do uso específico que assume
o vocábulo comunidade contrapondo-se à sociedade enquanto segmento específico
por recorte territorial, identidade ou relação entre seus membros.
A descoberta da comunidade não foi um processo específico da psicologia
social. Fez parte de um movimento mais amplo de avaliação crítica do papel das
ciências sociais e, por conseguinte, do paradigma da neutralidade científica,
desencadeado nos anos 60 e culminado nas décadas de 70 e 80, quando o conceito
de comunidade invadiu literalmente, o discurso das ciências humanas e sociais,
especialmente as práticas na área da saúde mental. Sem deixar de ressaltar a
importância, para psicologia, dessa aquisição epistemológica (científico-analítica)
onde está implícita a perspectiva orientadora de ações e reflexões (construção /
modificação da realidade), o referido autor, assiná-la a o caráter utópico da proposição
bem como sua utilização demagógica em discursos políticos.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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Aquelas pessoas que possuem certo capital econômico têm que abrirmão de
muitas outras coisas para poderem financiar um plano privado de saúde.Violações à
saúde como a tortura física ou psicológica, assassinatos, estupros,fome e doenças
fatais são mais fáceis de serem percebidas e colocadas à distância porquem não as
sente na pele. Agora, violações como o hábito de esperar horas na filapara o
atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), ter uma consulta médica decinco
minutos, ter vergonha de sorrir por causa dos dentes cariados, ser proibida desair de
casa pelo parceiro, e fazer aborto em condições perigosas são alguns dosmuitos
exemplos de violações que as pessoas excluídas suportam todos os dias.
Nessas“pequenas misérias” a saúde coletiva também se enliou e as
responsabilidades dos
psicólogos também.Trajetórias da psicologia da saúde: psicologia social psicológica
ou psicologia
social sociológica?
Nesse momento, tentar-se-á mostrar que, a psicologia, como um todo, se
constituiu
seguindo a mesma linha de pensamento de uma sociedade excludente e apoiada
emuma ética liberal.De acordo com Fonseca (1995), a psicologia instalou-se dentro
dos limites damodernidade, construindo concepções capazes de dizer que espécies
o universocontém como as que não contém.
Ela tem se revelado como prática discursivasintonizada com as ideologias de
dominação, com a ânsia de padronização ehomogeneização, como fonte legítima
para instaurar o desvio e o desviante.
O curso do desenvolvimento da psicologia social não foi muito diferente.
Sabemosque a psicologia social foi influenciada por eventos como o Facismo e a
SegundaGuerra Mundial (Farr, 1996; Moscovici, 1972), e que as pesquisas na
psicologia socialforam estimuladas pelas necessidades do mercado, nas quais o
centro da discussão éa motivação, o indivíduo, e os aspectos interacionais são postos
de lado. De fato, aquestão toda tem a ver com a resolução de conflitos. O que se quer
da psicologiasocial é que ela dê conta disso e, dessa maneira, possa servir aos
interesses da sociedadecapitalista.
Mas será que essa é a única forma de psicologia que encontramos? Não
teriahavido resistências ao enquadramento dessa disciplina na cosmovisão
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daárea, resumindo a postura atual sobre psicologia da saúde como aquela que
estudaos fatores emocionais, cognitivos e comportamentais associados à saúde e
àsdoenças físicas dos indivíduos. A psicologia da saúde integra conceitos
dediferentes disciplinas psicológicas, colaborando com o delineamento e aplicaçãode
programas de intervenções individuais, grupais e comunitários para a promoçãoe
prevenção da saúde, para o tratamento e reabilitação da doença e para a qualidadede
vida do doente.
Para Rodríguez-Marín (1995) e para Rodríguez e Garcia (1996), na
psicologiasocial da saúde interessa o estudo da conduta da saúde/doença em
interação comoutras pessoas ou, igualmente, com produtos da conduta humana,
técnicas diagnósticase de intervenção, organizações de cuidado de saúde, etc. Todas
as atividades queimplicam as atividades no conceito de psicologia da saúde são
resultado das interaçõesentre os profissionais e os usuários do sistema de saúde e se
desenvolvem em talinteração.Aletheia 26, jul./dez. 2007 87
Remor (1999) também apresentou uma interessante revisão sobre as origens,
objetivos
e perspectivas em psicologia da saúde, descrevendo que ela é “a disciplina que
explica oporquê de determinados hábitos de comportamento que favorecem ou
prejudicam a saúde.
É a encarregada de estabelecer estratégias de modificação do comportamento;
a que podeajudar ao doente a conviver com a doença ou com a dor; a que ensina o
tipo de interaçõesque devem dar-se entre o profissional da saúde e o paciente etc.”
(p.216).
Observem que a palavra-chave nas definições de psicologia da
saúde,apresentadas até aqui, é comportamento. Está relacionada diretamente à
mudança dehábitos, atitudes, condutas e sintomas. O objeto é bem concreto e
também é concretoseu objetivo: modificar o comportamento dos indivíduos de modo
que os mesmospermaneçam, ou se tornem, saudáveis, com qualidade de vida.
Enfim, a psicologia social da saúde, como produto da modernidade, adota
umaconcepção de saúde pessimista (baseada na doença), limitada (visa
mudarcomportamento/atitude), individualizante e discriminatória (atende
diferenciadamenteas pessoas). Como conseqüência, infelizmente, ela não tem
conseguido dar conta deproduzir significantes mudanças na área da saúde já que, no
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geral, as psicólogas e ospsicólogos não têm mais tempo de parar e refletir sobre que
tipo de psicologia estãofazendo, sobre seus valores e postura ética, pois a primazia
está na produção.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Esta linha de pensamento adota uma postura mais crítica no que tange à vida
social, e defende uma colaboração mais ativa da ciência para modificar a sociedade.
Assim, ela busca transcender os limites de sua antecessora.
Importante:
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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ATIVIDADE AVALIATIVA
REFERÊNCIAS
BELLO, Angela Ales. Fenomenologia e ciência humanas. Bauru, SP: EDUSC, 2004.
FREITAS, Maria de Fátima Quintal de. O movimento da lente focal na história recente
da
psicologia social latino-americana. In: CAMPOS, Regina Helena de Freitas;
GUARESCHI,
Pedrinho (Org.). Paradigmas em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia
fenomenológica. Aparecida, SP: Idéias& Letras, 2006.