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27/07/2019 O princípio da decisão informada na mediação - ana luiza Isoldi - Medium
1. Introdução
Se o mediador não necessita ter formação em Direito, como pode dar plena informação
sobre?
E se mesmo informado, após assessoria jurídica, o mediando preferir abrir mão de seu
direito?
Busca-se com este texto provocar reflexões sobre estas e outras questões.
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O Código de Processo Civil, dentre outros, prevê que a mediação é pautada pelo
princípio da decisão informada[1], deixando em aberto sua conceituação.
2.2. Interpretação
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Pode atuar como mediador judicial, dentre outros requisitos, profissional graduado há
pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo
Ministério da Educação (art. 11, da Lei de Mediação, e art. 167, §1º, CPC).
Assim, apenas por esta norma, já fica claro que seria no mínimo imprudente a
exigência de que o mediador proveniente de outras áreas do conhecimento que não
fosse o Direito, prestasse assessoria jurídica.
Com todo respeito, exigir que um veterinário, engenheiro ou fonoaudiólogo seja capaz
de explicar juridicamente em que consiste uma guarda compartilhada, e todos os
efeitos e implicações de um acordo desta natureza, parece extrapolar a razoabilidade.
Mesmo que o mediador seja formado em Direito e atue como advogado, enquanto
mediador, e pela própria natureza e essência da mediação, não pode dar assessoria
jurídica aos mediandos, porque culminaria em sobreposição de funções e colocaria em
risco a imparcialidade, cometendo infração ética.
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Por isso não é possível que o mediador preste assessoria jurídica aos mediandos.
Fatalmente a imparcialidade ficaria prejudicada e cometeria infração ética.
Este foi o modo que o legislador encontrou para garantir que os mediandos possam
tomar decisões informadas, ao menos no que se refere ao Direito, evitando acordos que
violem a voluntariedade, ou que sejam nulos ou anuláveis por carecer dos requisitos
legais, já que não cabe ao mediador garantir estes requisitos.
Neste sentido, e para não pairar dúvidas, a própria Resolução CNJ nº 125/10, em
complemento ao princípio da decisão informada, determina entre as regras o dever de
o mediador informar que atua de modo desvinculado de sua profissão de origem e,
caso haja consenso, os mediandos podem convocar profissional técnico para dar
suporte.
“Em relação ao mérito da disputa, não cabe ao terceiro imparcial atuar como assessor
técnico ou advogado, mas checar se os envolvidos conhecem dados suficientes para que as
soluções construídas consensualmente possam ser escolhidas como fruto de genuíno e
esclarecido consentimento”[4].
“É recomendável que as partes estejam acompanhadas de seus advogados nas reuniões (ou
sessões ou audiências) de mediação, independentemente do tipo que for: judicial ou
extrajudicial.
Além de trazer mais conforto e segurança para as partes e, nessa medida, cooperar com
mencionado dever do mediador, até porque o exercício dessa função não requer formação
jurídica, tal assessoria técnica tende ainda a garantir que as partes tomem decisões
realmente informadas e, assim, que a mediação seja válida e mais produtiva”.[5]
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Ainda fica uma dúvida sobre como o mediador pode identificar a qualidade ou
quantidade ideal de informações fáticas e jurídicas para satisfazer “plenamente” o
mediando e possibilitar “perfeitamente a compreensão” do acordo.
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“Ser protagonista implica considerar-se autor, agente das ações que se desenvolvem e dos
discursos e narrativas que se constroem. Além disso, implica sentir-se responsável pelas
consequências boas ou más das ações e dos discursos que realizam”. [8] (tradução nossa)
“É necessário que esse trabalho não seja tomado como um modelo paternalismo, de modo a
fazer do cidadão dependente de orientação continuada. É necessário que se habilitem as
pessoas a assumirem uma posição ativa de tomada de posição, fazer com que elas definam
os caminhos que desejem seguir, pratiquem o exercício da autonomia no seu dia a dia,
passando a serem colaborativas na construção de soluções e corresponsáveis pelos
resultados alcançados”.[9]
A mediação pressupõe uma conversa entre pessoas capazes. Tratar os mediandos como
vítimas que necessitam de super proteção, em vez de gerar protagonismo, os coloca em
um lugar inferior, de pessoas incapazes de cuidarem de si.
Caso o mediador perceba que os mediandos não estão com capacidade plena para
compreender os termos da autocomposição, porque a voluntariedade não está firme e
clara, basta encerrar a mediação.
Por fim, muito embora apenas a legislação pertinente à mediação judicial apresenta o
princípio da decisão informada. Dada a sua importância, é frequente que tal regra
esteja presente nos códigos de ética relacionados à mediação e que também paute a
prática da mediação extrajudicial.
3. Considerações finais
acordo.
Gostou desse texto? Me incentive a escrever mais deixando suas palmas e me segundo
aqui no Medium. Adoraria comentários e sugestões de novos temas.
Referências bibliográficas
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. 4ª ed. São Paulo: Método, 2018.
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[1] Lei nº 13.105/2015. Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos
princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da
confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
[2] Resolução CNJ nº 125/2010, texto compilado a partir da redação dada pela
Emenda nº 01/2013 e emenda nº 02/2016.
[3] Art. 26, LM. As partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos,
ressalvadas as hipóteses previstas nas Leis nos 9.099, de 26 de setembro de 1995, e
10.259, de 12 de julho de 2001. (Juizados Especiais)
Art. 334, CPC. § 9o As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou
defensores públicos.
[7] A obrigatoriedade prevista no art. 334, do CPC, é apenas para estar na primeira
reunião da mediação, conhecer suas características e, com esta informação, escolher ou
não participar do procedimento, preservando-se a voluntariedade.
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